domingo, 30 de novembro de 2014

Evangelho Dominical: "Digo a todos: vigiai!”

“Cuidado! Ficai atentos, pois não sabeis quando chegará o momento. É como um homem que, ao viajar, deixou sua casa e confiou a responsabilidade a seus servos, a cada um sua tarefa, mandando que o porteiro ficasse vigiando. Vigiai, portanto, pois não sabeis quando o senhor da casa volta: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Não aconteça que, vindo de repente, vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: vigiai!” Mc 13,33-37


Advento, tempo de graça

Com o primeiro domingo do Advento, começamos um novo ano litúrgico. Para os cristãos, trata-se de um verdadeiro início de ano, pois a vida cristã é marcada pela celebração do mistério de Deus, revelado em Jesus Cristo. O Advento é um tempo de graça, um itinerário que nos prepara para celebrarmos o mistério do Natal do Senhor. A disposição requerida para esse tempo é a “vigilância”.

No centro do trecho do livro do profeta Isaías está a confissão da culpa do povo: ele se afastou do Deus único e verdadeiro. É em razão dessa distância que o povo não consegue mais reconhecer a face de Deus (64,6). O mal em nós oculta a imagem de Deus, faz os nossos olhos pesados, incapazes de reconhecer o Senhor e a sua ação, na história, em favor do povo, porção de sua herança. “Escondeste de nós a tua face” (64,6). O autor do nosso texto talvez não imaginasse que a verdadeira face de Deus só poderia ser conhecida em Jesus Cristo, “imagem do Deus invisível” (Cl 1,15).

O capítulo treze do evangelho de Marcos é denominado de discurso escatológico de Jesus, isto é, discurso sobre as coisas últimas ou definitivas. Esse tipo de discurso não tem por finalidade prever ou contar como será o futuro, mas insiste sobre a necessidade de se estar espiritualmente preparado para os eventos que acontecerão. Fundamentalmente, podemos falar de três aspectos dessa preparação espiritual: “superar a superficialidade da vida; vencer as armadilhas da sensualidade que nos mantêm prisioneiros das coisas terrenas; desmontar o engano proveniente das necessidades da existência”, que fecham cada um na busca desenfreada do seu próprio bem-estar. Nesse sentido, a vigilância é uma atitude de quem está atento aos enganos do inimigo da natureza humana e, com a graça de Cristo, supera suas armadilhas. “Vigiar” é, ainda, se manter fiel à tarefa dada por Deus; trata-se de assumir o seu papel e sua tarefa no Reino de Deus. A vigilância exige, ainda, a oração para não cair no poder da tentação (cf. Lc 22,46).

Carlos Alberto Contieri - Paulinas / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 29 de novembro de 2014

Advento: O primeiro olhar é para a vinda definitiva do Senhor

O primeiro olhar é para a vinda definitiva do Senhor

A Igreja realiza sua missão evangelizadora no tempo e no espaço que a Providência de Deus lhe concede. Compete a ela a busca contínua da fidelidade ao seu Senhor, pois a visibilidade dos sinais da graça de Deus lhe foi entregue, enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus Cristo. Seu Mistério Pascal de Morte e Ressurreição e o final dos tempos, quando virá para julgar os vivos e os mortos, são dois polos de tensão, com os quais buscamos a fidelidade ao Evangelho, praticando o amor a Deus e ao próximo, somos fermento de vida e esperança para o mundo e continuamos a anunciar o nome de Jesus Cristo, único e suficiente Salvador de todos os homens e mulheres que vierem a esta terra.


A sabedoria de Deus concedida à sua Igreja suscitou um caminho formativo amadurecido no correr dos séculos, o Ano Litúrgico, para manter viva esta tensão positiva, que gera testemunho de vida cristã e realização profunda para as pessoas. Tudo começou com o dia da Ressurreição, o Domingo, Páscoa semanal. A cada semana, tornar presente a Morte e a Ressurreição de Cristo, quando a Comunidade Cristã, reunida em torno da Palavra de Deus e da Mesa Eucarística, se edifica como Corpo de Cristo. À Eucaristia de Domingo os cristãos levam suas lutas e seus trabalhos, louvam ao Senhor e encontram o sustento para a fé, na vida quotidiana. As gerações que se sucederam começaram a celebrar anualmente a Páscoa do Senhor, hoje realizada de modo solene no que chamamos Tríduo Pascal, de quinta-feira santa ao cair da tarde até o Domingo de Páscoa, com seu ponto mais alto na grande Vigília Pascal. É Páscoa anual! Quando celebramos a Missa em qualquer tempo do ano, acontece a Páscoa diária. É o mesmo e único mistério de Cristo. Não fazemos teatro, mas realizamos a presença do Senhor, que entregou à Igreja a grande tarefa: “Fazei isto em memória de mim” (1 Cor 11, 24-25).

Como é grande o Mistério, o Ano Litúrgico veio a se compor pouco a pouco, contemplando anualmente todos os grandes eventos de nossa Salvação, enriquecendo com abundância de textos bíblicos as grandes celebrações, valorizando as orações que foram compostas e expressam a vivência da fé, recolhendo nos diversos ritos a grandeza da vida que o Senhor oferece. O Ano da Igreja, que começa no Primeiro domingo do Advento, em 2014 celebrado no dia 30 de novembro, tem dois grandes ciclos, o do Natal e o da Páscoa, com os quais somos pedagogicamente conduzidos a aperfeiçoar a vida cristã, de forma que o Senhor nos encontre, a cada ano, não girando em torno de um mesmo eixo, mas crescidos, como uma espiral que aponta para a eternidade, enquanto clamamos “Vem, Senhor Jesus”!

E o Tempo do Advento, que agora iniciamos, é justamente marcado pela virtude da esperança, que somos chamados a testemunhar e oferecer ao nosso mundo cansado, pois só em Jesus Cristo, única esperança, encontrará seu sentido e realização a vida humana. A Igreja nos propõe quatro semanas de intensa vida de oração e de exercício das virtudes. O primeiro olhar é para a vinda definitiva do Senhor, que um dia virá ao nosso encontro, cercado de glória e esplendor. É hora de refletir sobre a relatividade das coisas e preparar-nos para o encontro pessoal com o Senhor, quando nos chamar à sua presença. Em seguida, durante duas semanas a Igreja nos faz olhar para o tempo presente de nossa fé. Ouvimos o convite à conversão, somos levados a arrumar a casa de nossa vida para a grande presença do Senhor. Aquele que um dia virá, vem a nós nos dias de hoje. Para ajudar-nos, a Igreja apresenta duas figuras, que podem ser chamadas de “padrinhos” de Advento, o Profeta Isaías e São João Batista. Na última semana antes do Natal, aí, sim, nosso olhar se volta para Belém de Judá, Presépio, Pastores, Reis Magos. É a oportunidade para preparar a celebração do Natal. Quem nos toma pela mão na etapa final do Advento, para acompanhar os acontecimentos vividos em primeira pessoa, é a Virgem Santa Maria, Mãe de Deus e nossa. Daí a necessidade de corrigir com delicadeza nosso modo de viver este período. Maior do que o dia de Festa no Natal é a realidade do Senhor Jesus que virá, vem a nós e um dia veio! Torna-se vazia uma festa sem a presença daquele que é o coração da história humana, nosso Senhor Jesus Cristo.

Uma Igreja em estado de Advento é o que queremos oferecer-nos mutuamente e dar de presente ao nosso mundo. Estimulemos uns aos outros na vivência da esperança, certos da necessidade da redenção de Cristo, que nos diz “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5). Cresça nossa abertura, cheia de esperança, a Cristo e à sua Palavra Salvadora. Caiam todos os obstáculos e defesas, venha a graça da fidelidade ao Senhor. E a vida cristã não tenha receio de olhar para a eternidade, onde Cristo está sentado, à direita do Pai (Cf. Ef 1, 20-23). Temos uma eternidade inteira para viver na Comunhão com a Santíssima Trindade, os Anjos e os Santos. É nossa vocação e nosso ponto de chegada. Com esta luz, os cristãos são chamados a serem homens e mulheres capazes de iluminar com a esperança todos os recantos da humanidade. A graça da vocação cristã nos faça responsáveis pelo anúncio do Evangelho e pela salvação dos outros (Cf. Rm 8, 29). Ninguém fique desanimado, desde que encontre um cristão autêntico, mesmo que este saiba ser limitado, tantas vezes frágil e marcado pelo pecado, mas nunca derrotado.

As pessoas que tiverem contato com os cristãos neste período, descubram-nos rezando mais e rezando melhor. As Novenas de Natal, celebradas em grupos de famílias, são um excelente testemunho de vida de oração. Seja uma oração cheia de humildade, sinceridade, abertura maior para Deus e obediência às suas promessas.

E como falamos de esperança, temos o direito e o dever de sonhar com um mundo mais justo e fraterno. Queremos antecipá-lo, em estado de Advento, na experiência da caridade e da partilha dos bens. Em nossa Arquidiocese de Belém, realizamos durante o Advento o projeto “Belém, Casa do Pão”. Cresce a cada ano, ao lado do compromisso de nossas Paróquias, a adesão da sociedade ao nosso modo de comprometer as pessoas com a partilha dos bens, realizando a vocação que se encontra em nosso nome, Belém!

Dom Alberto Taveira - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Advento, tempo de faxina interior

As estações da natureza nos ensinam a reconciliar em nosso coração o tempo dos mistérios que abraçam nossa fé. Advento é o tempo da espera. Ainda não é Natal, mas antecipa a alegria desta festa. Viver cada tempo litúrgico com o coração é um jeito nobre de não adiantar um tempo que ainda não chegou. Na sobriedade que este tempo litúrgico exige, vamos tecendo a colcha das alegrias do Cristo que vem ao nosso encontro.

Esperar é uma alegria antecipada de algo que ainda não chegou. A mulher grávida vive na alma a felicidade antecipada pela vida que, em seu ventre, vai sendo gerada no tempo que lhe cabe. A natureza cumpre o ritual das estações para que cada tempo seja único. Os casais apaixonados esperam o momento do encontro. As famílias organizam a casa no cuidado da espera dos parentes que vão chegar. Esperar é uma metáfora do cotidiano da vida. No contexto do Advento, a espera ganha tonalidades alegres e sóbrias.

Casa mal arrumada não é adequada para acolher os amigos e familiares que irão chegar. Jardim sujo não pode se tornar um canteiro para novas sementes. Esperar é também tempo de cuidado, tempo de organização.

No tempo da espera, o tempo do cuidado na vida espiritual. Chegando ao final de mais um ano, muitos corações se encontram totalmente bagunçados. Raivas armazenadas nos potes da prepotência, mágoas guardadas nas gavetas do rancor, amizades sendo consumidas pelo micro-ondas da inveja, tristezas crescendo no jardim da infelicidade, violência sendo gerada no silêncio do coração.

Enquanto as lojas fazem o balanço, somos convidados a fazer o balanço de nossa situação emocional. No balancete da vida, o amor deve sempre ser o saldo positivo que nos impulsiona a sermos mais humanos a cada dia.

Casa mal arrumada não é local adequado para receber quem nos visita. Coração bagunçado dificilmente tem espaço para acolher quem chega. Neste tempo do advento, a faxina da espera deve remover as teias de aranha dos sentimentos que estacionaram em nossa alma. O pó que asfixia o amor deve ser varrido. Tempo novo exige um coração novo.

Jesus, com Seu amor sem limites, adentrava o coração de cada pessoa e fazia uma faxina de amor, abria as janelas da vida que impediam cada pessoa de ver a luz de um novo tempo chegar, devolvia às flores já secas pelas dores e tristezas as alegrias da ressurreição, semeava nos sertões sem vida as sementes do amor e da paz.

No Advento da Vida, as estações do coração se tornam tempo propício para limpar os quartos da alma à espera do Cristo que vem. Se o jardim do coração estiver sendo cuidado, as sementes da esperança irão germinar no tempo que lhes cabe e o Amor irá nascer nas alegrias da chegada.

Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Qual o caminho para as surpresas de Deus?

Muitos caminham, mas nem todos percebem as delicadezas e as surpresas de Deus em seu caminhar

Todo caminho é uma ponte que nos liga ao próximo. Caminhar é preciso, porém há de se ter o cuidado necessário para contornar as pedras sem se ferir. É preciso a delicadeza de alma para contemplar as belezas da vida sem se perder de si mesmo. Cada passo é sempre uma oportunidade de fazermos do hoje o mais belo dia de se viver.


Muitos caminham, mas nem todos percebem as delicadezas e as surpresas de Deus em seu caminhar. Vivemos em uma sociedade altamente veloz. Tudo é muito rápido e, ao mesmo tempo, líquido. Estabelecemos relações de amizade que se desfazem com um clique. A vida está passando por nós e com ela os recados de Deus que se perdem em nosso tumultuado caminhar. É tempo de pararmos de correr e seguir a vida sem fazer do tempo o nosso inimigo.

Na maratona da vida, é necessário cultivarmos a delicadeza interior de parar para descobrirmos os recados de Deus. Há cada instante de nosso caminhar, o Senhor fala conosco. No entanto, é preciso que estejamos com o coração livre e aberto para acolhermos esta voz que se comunica conosco no cotidiano da vida.

Em cada acontecimento: alegre ou triste, trágico ou glorioso, Deus tem um recado para nós. Sábio será aquele que acolher com sensibilidade o sopro do Espírito Santo em seu coração. Como uma brisa suave, a voz de Deus chega mansamente à nossa alma. Longe do tumulto da vida, Ele se manifesta no silêncio da oração.

Não pensemos descobrir as surpresas de Deus em meio às agitações da vida. Será preciso redescobrirmos em nosso caminhar o tempo da oração. Colocar-se na presença do Senhor, despoluir a alma das agitações supérfluas e acolher o divino mensageiro que com Seu sopro de amor traz a voz serena e mansa de um Deus que se comunica sem pressa, mas no tempo que lhe oferecemos.

O caminho para as surpresas de Deus é fruto do silêncio que se alimenta de nossos tempos de oração. Parar um pouco e descansar a vida em Deus é deixar que Ele se revele a nós na serenidade por onde nossos passos estão a caminhar.

Ouvir a voz de Deus é descobrir no ordinário da vida o extraordinário. É contemplarmos a flor daquele jardim que floresce sem aplausos, mas louva o Senhor pela sua delicadeza e beleza escondida das multidões que passam todos os dias por ela. É fazermos de nossos pequenos gestos uma oportunidade para a prática do bem. É compartilhar amor em gestos concretos, que não necessitam de curtidas e comentários no mundo virtual. É sermos um com toda a beleza da vida que revela em cada momento a sempre nova surpresa de sermos amador por Deus.

Enquanto a nossa vida não recuperar o tempo como espaço para a manifestação de Deus, continuaremos a buscar a Sua presença em quintais sem vida e caminhos sem chegada.

Padre Flávio Sobreiro - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Padre explica o Advento destacando necessidade de vigilância

“Que o Senhor não nos encontre dormindo, mas vigilantes”, diz Padre Mário destacando o Advento como tempo de vigilância e obras de caridade

O termo Advento vem do latim adventum que significa vinda ou chegada e refere-se às quatro semanas antes do Natal. Pelo Advento, nos preparamos para celebrar a primeira vinda do Senhor, ou seja, o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo e a expectativa da segunda vinda do Senhor. Por isso a característica deste tempo, com o qual começa o ano da Igreja, é a penitência como preparação para receber Aquele que está para vir. O caráter penitencial do advento é acentuado pela cor litúrgica, que é o roxo.


O tempo de Advento recorda-nos a realidade de um Senhor que vem ao encontro dos homens e que, no final da nossa caminhada por esta terra, nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim. O tempo do Advento é, também, o tempo da espera do Senhor. A palavra fundamental é “vigilância”: o verdadeiro discípulo deve estar sempre “vigilante”, cumprindo com coragem e determinação a missão que Deus lhe confiou. Estar “vigilante” não significa, contudo, preocupar-se em ter sempre a “alma” limpa para que a morte não o apanhe com pecados; mas significa viver sempre ativo, empenhado, comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz.

Pedagogicamente dizendo, advento é um tempo que a Liturgia dispõe à Igreja com a finalidade de preparar os cristãos para a celebração do Natal. Como é natural, trata-se de uma preparação espiritual, incentivando os católicos a preparar o coração e a alma para o encontro com o Senhor. Mas, não é somente preparação do Natal. No caso do Advento, estamos diante de dois aspectos desta preparação: aquela da 2ª vinda e que Paulo escreve aos Tessalonicenses sobre o “Dia do Senhor”, o dia do juízo final, quando nos encontraremos face a face com Deus (1Ts 5,1-6) e, a preparação da 1ª vinda, que celebramos no Natal.

Quanto ao primeiro aspecto do Advento, de preparar-se para a 2ª vinda do Senhor, a vigilância espiritual pode ser considerada a partir do cuidado em vista do encontro final com o Senhor, no Final dos Tempos. Para isso, é preciso ficar atentos aos sinais dos tempos, como o próprio Jesus adverte, e o melhor meio para não se descuidar e nem se distrair dos sinais dos tempos é pela vigilância espiritual. Por vigilância espiritual entende-se o cuidado, para que o nosso espírito não se afaste das coisas de Deus, mas se mantenha fiel ao projeto divino. São muitas as ocasiões para distrair-se das coisas de Deus, podendo nos anestesiar daquilo que é divino e descuidar-nos de alimentar nosso espírito com as coisas do alto.

O Advento é tempo para incentivar com mais intensidade a oração, a leitura da Palavra, a penitência e as obras de caridade. A vigilância é feita preferencialmente com a oração e, a oração nos mantém acordados para o encontro do Senhor, em sua 2ª vinda.

Quanto ao segundo aspecto do Advento, da preparação para o Natal de Jesus, é a alegria da nossa salvação pela encarnação do Verbo de Deus. Neste tempo que a publicidade natalina vem alimentar nosso espírito com “belas” e “boas” mensagens de tempos novos, repletos de paz e de harmonia fraterna, é preciso ficar atentos para não nos alimentar com fantasias e imagens enganosas. O alimento espiritual deste tempo que nos aproxima do Natal não pode se limitar a poesias ou mensagens vazias. Precisa de algo mais sólido como a oração diária, a meditação da Palavra de Deus e as obras de caridade.

A coroa do Advento

Um dos muitos símbolos do Natal é a coroa do Advento que, por meio de seu formato circular e de suas cores, expressa a esperança e convida à alegre vigilância. Na confecção da coroa são usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno, ou seja, mesmo em tempos difíceis. Os ramos verdes são sinais da vida que resiste; são sinais da esperança. A coroa é envolvida com uma fita vermelha que lembra o amor de Deus que nos envolve e nos foi manifestado pelo nascimento de Jesus. Na coroa, são colocadas quatro velas referentes a cada domingo que antecede o Natal. A luz vai aumentando à medida em que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo, quando a luz da salvação brilha para toda humanidade.

Quanto às cores das quatro velas, a mais usada é a cor vermelha. Em alguns lugares costumava-se usar velas nas cores roxa e uma vela cor rósea referente ao terceiro domingo do Advento, quando celebra-se o  “Domingo Gaudete” (Domingo da Alegria), a alegria de quem se sente perdoado. O terceiro domingo se inicia com a seguinte proclamação: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”. Estando já próxima a chegada do Homem-Deus, a Igreja pede que “a bondade do Senhor seja conhecida de todos os homens”. Atualmente em muitos lugares tem-se usado cada uma de uma cor.

O tempo do Advento quer sensibilizar-nos para a celebração do Natal do Senhor e para a segunda vinda de Jesus. O apelo que Cristo nos lança à vigilância é para ser tomado bem a sério. Que o Senhor não nos encontre dormindo, mas vigilantes. Este é o convite que Jesus nos faz: “Vigiai!” Como os Profetas, Maria, José, os pastores, os Reis Magos… Se vigiamos, o nosso presente e o nosso futuro encontrar-se-ão. É isso a Esperança.

Padre Mário Marcelo Coelho - Canção Nova / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Papa pede Igreja pobre e que não se vanglorie de si mesma

Na Missa de hoje, Francisco voltou a pedir que a Igreja seja pobre; ela precisar brilhar não com luz própria, mas com a luz de Cristo

Na Missa desta segunda-feira, 24, na Casa Santa Marta, o Papa Francisco voltou a pedir uma Igreja pobre, que não se vanglorie de si mesma. Ele explicou que, quando a Igreja é humilde e pobre, então é fiel a Cristo; do contrário, é tentada a brilhar com luz própria em vez de doar ao mundo a luz de Deus.


As reflexões do Papa partiram do Evangelho do dia, que retrata as ofertas oferecidas ao Templo por pessoas ricas e por uma viúva. Trata-se de duas atitudes diferentes: doar muito e publicamente, ostentando a riqueza; e doar o pouco que se tem, atraindo a atenção apenas de Deus. Segundo o Papa, são duas tendências sempre presentes na história da Igreja: aquela que é tentada à vaidade e a outra que é pobre.

Francisco associou a figura da Igreja à da viúva, já que a essa espera a volta do seu Esposo. A viúva não era importante, seu nome não aparecia nos jornais, não brilhava com luz própria. “A grande virtude da Igreja deve ser de não brilhar com luz própria, mas sim com a luz que vem do seu Esposo. E nos séculos, quando a Igreja quis ter luz própria, errou”.

O Papa reconheceu que, algumas vezes, Deus pode pedir que a Igreja tenha um pouco de luz própria, mas isso se entende pelo fato de que, se a missão dela é iluminar a humanidade, a luz doada deve ser unicamente aquela recebida de Cristo com humildade.

“Todos os serviços que nós fazemos na Igreja são para nos ajudar nisso, a receber aquela luz. E um serviço sem essa luz não é bom: faz com que a Igreja se torne rica e poderosa ou que procure o poder ou erre o caminho, como aconteceu tantas vezes na história e como acontece nas nossas vidas, quando nós queremos ter outra luz que não é aquela do Senhor: uma luz própria”.

Quando a Igreja é fiel à esperança e ao seu Esposo, ela fica alegre de receber essa luz, reiterou o Papa. Fica feliz em ser, nesse sentido, “viúva” à espera, como a lua, do sol que virá.

“Quando a Igreja é humilde, quando é pobre, mesmo confessa as suas misérias – pois todos nós as temos – ela é fiel. A Igreja diz: ‘Eu sou escura, mas a luz vem dali!’, e isso nos faz tão bem. (…) Tudo para o Senhor e para o próximo. Humildes. Sem nos vangloriarmos de ter luz própria, procurando sempre a luz que vem do Senhor”.

Canção Nova, com Rádio Vaticano / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 22 de novembro de 2014

Evangelho Dominical: O amor é o critério do julgamento

“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, ele se assentará em seu trono glorioso. Todas as nações da terra serão reunidas diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me’. Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede, e te demos de beber? Quando foi que te vimos como forasteiro, e te recebemos em casa, sem roupa, e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade, vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’ Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: `Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar'. E responderão também eles: `Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos?' Então o Rei lhes responderá: `Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!' Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”. Mt 25,31-46

O critério último da salvação é a caridade

Neste último domingo do ano litúrgico, celebramos a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do universo. Enquanto Rei, e como tal, Jesus Cristo é o pastor que reúne, cuida e conduz às boas pastagens o rebanho de Deus. A sua vida e a sua presença gloriosa (Mt 28,20) iluminam o ser humano, fazendo com que cada um esteja diante da verdade de si mesmo.

O profeta Ezequiel, contemporâneo do profeta Jeremias, foi com os exilados para a Babilônia. Papel fundamental do profeta Ezequiel foi o de exortar o povo para que não caísse no desânimo e confiasse que Deus, que nunca os havia abandonado, iria reconduzi-los à terra de Israel. Diante da infidelidade dos pastores de Israel que apascentavam a si mesmos e abandonaram o rebanho (Ez 34,1-10), Deus mesmo promete apascentar, cuidar e curar das feridas o seu rebanho. Deus, o pastor de Israel, promete, Ele mesmo, reunir as ovelhas que foram dispersas por causa da maldade daqueles que tinham por missão cuidar do povo de Deus.

O evangelho de hoje é uma parábola no contexto do discurso escatológico (24–25). De certa forma, essa parábola resume todo o evangelho e, particularmente, é um resumo dos capítulos que integram o discurso escatológico. A manifestação definitiva do mistério do Reino de Deus se dará em gestos pequenos, simbólicos e significativos. Alguns desses gestos, como os elencados em nosso texto, fazem parte de nossa vida cotidiana: dar de comer aos que têm fome, de beber aos que têm sede, vestir os que estão nus etc. O que é dito no texto vale não somente para os cristãos, mas para todo ser humano que vive neste mundo. É bastante provável que Ez 34,17-22 tenha servido de inspiração para esse discurso escatológico. Lá também encontramos a separação de ovelhas, carneiros e bodes pelo pastor. A separação, ou juízo, é feita em razão da vida vivida na caridade ou pela indiferença diante do sofrimento e necessidade alheios. Somente o olhar penetrante do pastor, do Filho do Homem, que ultrapassa as aparências, pode com verdade conhecer a situação de cada um e o que se é de fato. Se o texto fala de condenação, é para fazer apelo a viver no amor que exige o serviço ao semelhante. O critério último da salvação, que é dom de Deus, não é a fé, mas a caridade.

Carlos Alberto Contieri - Paulinas / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

O que é a solenidade de Cristo Rei?

A solenidade deste último domingo do ano litúrgico da Igreja nos coloca frente à realeza de Jesus. Criada em 1925, pelo Papa Pio XI, esta festa litúrgica pode parecer pretensiosa e triunfalista. Afinal, de que realeza se trata?


Para superar a ambiguidade que permanece, precisamos ir além da visão do Apocalipse, cujo hino na segunda leitura canta que “Jesus é o soberano de todos os reis da terra”. Ora, reis e rainhas não servem de modelo para a representação gloriosa de Jesus. Mesmo que seja para colocá-Lo acima de todos os soberanos. Riquezas, palácios, criadagem e exércitos não são elementos que sirvam para exaltar a entrega de Jesus por nós. Jesus está na outra margem, Ele é a antítese da realeza da riqueza e do poder. Não é por acaso que os evangelhos da liturgia de hoje, nos ciclos litúrgicos A, B, e C da Igreja, sempre nos colocam no contexto da Paixão de Jesus para contemplar Sua realeza.

Jesus foi Rei, durante sua vida, em apenas dois momentos: ao entrar em Jerusalém como um Rei pobre, montado em um jumento emprestado e ao ser humilhado na Paixão, revestido com manto de púrpura-gozação e capacete de espinhos; Rei ao morrer despido e com o peito traspassado na cruz. Rei da paz e Rei do amor sem limite até a morte. A realeza de Jesus é a realeza do Amor Ágape de Deus por toda a humanidade e por toda a criação.

Esta festa é ocasião propícia para podermos reconhecer, mais uma vez, que na cruz de Jesus o poder-dominação, o poder opressor, criador de desigualdades e exclusões, espalhador de sofrimento por todos os lados, está definitivamente derrotado. Isso se deu pelo seu modo de viver para Deus e para os outros. O fracasso na cruz é a vitória de Jesus sobre o mal, o pecado e a morte, por meio de Sua Ressurreição.

Essa festa se torna então reveladora de um tríplice fundamento para a nossa esperança de que as promessas de Deus serão cumpridas até o fim.

O surgimento da matéria e sua evolução, desde o big-bang ─ quando toda a energia do Universo se concentrava em um único ponto menor do que o átomo ─ são o primeiro fundamento de nossa esperança.

Deus é criador respeitando as leis daquilo que criou. Nós nos damos conta de que a soberania d’Ele vem se cumprindo num Universo em expansão, uma vez que a evolução da matéria atingiu seu ponto ômega ao dar à luz Jesus de Nazaré, por meio de Maria, porque n’Ele está a Humanidade humanizada para todos os homens e mulheres, de todas as gerações.

O segundo fundamento é a pessoa de Jesus de Nazaré. O sonho de uma humanidade humanizada ─ tornada aquilo que ela é ─ vem expresso na primeira leitura do livro de Daniel, na figura de um Filho de Homem ─ figura antitética dos filhos de besta, filhos da truculência, dos povos pagãos que oprimiram Israel com seus exércitos. O sonho tornou-se realidade em Jesus Cristo. Ele nos humaniza com a Sua divindade: nunca Deus esteve tão perto de nós, sendo um de nós e sem privilégios; mas também sem crimes nem pecados (cf. epístola aos Hebreus). Jesus nos diviniza com a sua humanidade, tão humano que é, que só pode vir de Deus e ser d’Ele mesmo.

O terceiro fundamento de nossa esperança é a comunidade eclesial de fé, dos amigos e discípulos de Jesus. Olhando essa grandeza, entendemos o sentido último de nosso batismo, pois na realeza de Jesus fomos batizados para sermos reis e rainhas; no sacerdócio de Jesus, para sermos sacerdotes e sacerdotisas; no profetismo de Jesus, para sermos profetas e profetisas, para viver segundo o imperativo da Palavra de Deus revelada em Seu Filho.

A soberania dessa realeza consiste no serviço da cultura da paz e da solidariedade, da compaixão e da fraternidade. O poder que corresponde a essa realeza é o do exercício da autoridade que serve, para fazer o milagre da diversidade tornar-se unidade.

No sacerdócio de Jesus nos unimos à Sua missão de gastar a vida pelos demais. Sabemos por Ele qual o modo de existir que nos conduz à vida verdadeira; qual a religião que agrada a Deus. A esperança posta no sacerdócio de Jesus é também certeza de que a vida gasta por compaixão e solidariedade é a vida feliz e bem vivida.

Nossa esperança é profética, pois a força da Palavra inaugura o futuro. “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia…”, cantava Chico Buarque nos anos da ditadura. Era a palavra do poeta vencendo a força bruta. Vivendo o tempo presente no coração da comunidade de fé, que é a Igreja, sentimos que uma força maior se move em nós, nos comove para abrir-nos em direção ao futuro, pois nossa esperança não se funda somente em Deus, sentido radical do futuro ou, como diz o provérbio, que “o futuro a Deus pertence”. Mas é o Senhor mesmo a quem esperamos e quem nos espera no futuro. Isso que é ter esperança: esperar Deus mesmo!

A festa de hoje nos faz contemplar a existência do universo, necessária para que surgisse o grande presente de Deus oferecido a toda a criação, que é Jesus. Desta forma, nossa esperança se sustenta também nos cantos dos bem-te-vis e sabiás; nas rosas e margaridas; nas crianças e nas borboletas; nos homens e mulheres de boa vontade; nas pedras e nos vulcões; nas nuvens, na lua e nos planetas; nas estrelas e nas galáxias. Se existe tudo isso e não o nada, nossa esperança tem pé, cabeça e coração.

Assim, como São Paulo, vivemos na esperança, mas sabendo de seu tríplice fundamento: aquele da evolução do universo, que culminou em Jesus, pelo dom de Maria; aquele que é Jesus, que por nós se doou na cruz, abrindo para nós um modo de viver para Deus e para os outros, que é verdadeira salvação; e aquele que é a Igreja, a nossa comunidade de fé, que nos lança e sustenta na abertura radical ao futuro, esperando Deus que vem e que nos acolhe com amor infinito, por meio do seguimento de Seu Filho, por quem recebemos a vida e a plenitude da graça de Deus.

Padre Anderson Marçal - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Por que sentimos preconceito?

Temos a tendência de traduzir o diferente como uma forma de inimizade

“Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem” (cf. Mt 5,44). Talvez este seja o versículo mais desafiador da Bíblia. Jesus propõe o extremo do amor, um amor que é capaz de dar a vida por um inimigo. “E Ele assim o fez” (cf. Rm 5,6-10).

Quem são nossos inimigos? Talvez vejamos como inimigos aqueles que, de alguma forma, declararam guerra contra nós ou nos fizeram algum mal. Mas o texto quer nos mostrar que mesmo estes devem ser amados. Existem formas amenas de inimizade, que são muito mais corriqueiras e, talvez por isso, mais desafiadoras. Uma delas são as diferenças entre nós, pois temos a tendência de traduzir o diferente como uma forma de inimizade.


Existem muitas formas de diversidades: raça, sexo, idade, capacidades naturais, religião, cultura, posição política, condição social, grupo social etc. Poderíamos ouvir Jesus dizer: “Amai os diferentes”.

Existem dois tipos de diferenças fundamentais:

Aquelas que advêm de uma condição natural. Um exemplo fundamental é a raça, a etnia, e podemos colocar aqui a diferença de cultura. Também aquelas que surgem por uma condição limitadora natural, como doenças, condições sociais, idade, capacidades naturais etc. Essas diferenças não carregam em si um valor moral. Elas estão acima de qualquer condicionamento, e qualquer restrição ao diferente fere gravemente a lei do amor. Nesse aspecto, o mais típico exemplo de violação ao respeito ao próximo é o racismo.

Outra forma de diversidade advém de ideias e opções contrárias entre as pessoas. Alguns exemplos são divergências de religião, posição política, grupos sociais e opções morais. Essas, sim, têm significado moral e, por isso, carregam uma complexidade maior na relação entre os diferentes. Jesus nos ensina a amar essas pessoas, o que não significa necessariamente concordar com a ideia ou opção delas. Ele acolhe e perdoa a adúltera, mas é incisivo em determinar seu valor de vida: “Vá e não peques mais” (Jo 8,11). Nessa forma, o desafio é muito maior, porque podemos fazer duas confusões: misturar as ideias com as pessoas, em que os conflitos de pensamentos se transformam em conflito de pessoas, ou estar bem com o diferente, abrir mão de minhas ideias ou, pior ainda, abrir mão do valor dos pensamentos (meus e do outro), considerando tudo igual. Esse é o famoso relativismo, que tenta superar as diferenças abrindo mão da verdade. Nada mais simplório e enganosa solução.

É verdade também que as diferenças nos planos das ideias e opções podem ter um significado comunitário/social que atinge as liberdades ou impõe modelos que ferem a lei natural. Essas divergências acabam por se configurar como verdadeiras ameaças, gerando graves inimizades. Nesse caso, somente o significado mais radical do “amor aos inimigos” é capaz de superar essas disparidades.

Essa tendência de ver a diferença como sinônimo de conflito se agrava na cultura marxista em que vivemos. Nessa ideologia, a diferença é um mal e tem sempre um culpado; e de forma simplória, a culpa é do mais dotado, mais forte e mais rico. O pobre é pobre, porque o rico é rico, e sendo rico, ele é o opressor. Cria-se, assim, uma mentalidade de conflito entre as diferenças humanas. Nessa ideologia, as divergências devem ser superadas pela igualdade que passa a ser um bem social absoluto. Esquece-se de que entre os seres humanos só existe igualdade absoluta na dignidade humana, e fora disso, tudo sempre será diverso. Os pensamentos diferentes sempre existirão (sempre haverá inteligentes e limitados, bonitos e feios, simpáticos e chatos etc). Essa situação só vai se harmonizar na complementaridade, que surge da justiça e da caridade. Existe uma confusão fundamental entre igualdade e justiça, que parecem coisas semelhantes, mas, na verdade, são quase antagônicas.

O fato é que temos uma tendência maligna de entender o “eu” e o “tu” em contraposição natural. Assim, tudo que está fora do “eu” (pessoa ou grupo) se torna um inimigo. Tantas vezes, não é fácil combater em nós esse sentimento. É tão difícil, que ao defender o bem entre os diferentes, fazemos outros inimigos. Jesus nos ensina a superar essa tendência entendendo o outro como uma extensão de nós mesmos, amando-o como nos amamos (cf. Mt 22,39-40). E Ele assim o faz, porque se identifica com todos os que sofrem (cf. Mt 25,40). Somente quando, de alguma forma, nos sentimos presentes no outro, é que vamos saber respeitá-lo como queremos ser respeitados. Ser irmão é isso, é ver no outro uma parte de nós mesmos, e assim sermos capazes de tratá-lo com verdadeiro respeito e dignidade. É interessante ver como os laços familiares favorecem o amor. Neles, a família, especialmente os pais, fazem a experiência de compreender que uma parte deles está no outro, e assim formam juntos um “nós”. Este, quando verdadeiro, não exige igualdades forçadas, acolhe as diferenças e nos torna capazes de dar a vida pelo outro.

É verdade que, tantas vezes nós, cristãos, não amamos direito nem mesmo os amigos. Esse contra-testemunho tem favorecido o surgimento de ideologias que visam resolver as diferenças e os conflitos entre os homens, mas com outros métodos. Jesus nos ensina que a harmonia entre os homens nasce da justiça, que tem como base a verdade e que, se for verdadeira, faz surgir aquela que é a soberana entre todas as virtudes: a caridade. Enquanto nosso Cristianismo fizer de nós pessoas boazinhas, “faremos como os pagãos” (Mt 5,47) e colocaremos em dúvida o bem da fé cristã para o mundo. O que faz do Cristianismo um caminho inigualável é essa busca do significado mais radical do amor, onde um da “raça divina” dá a vida pelos desprezíveis de raça humana enquanto estes ainda eram Seus inimigos (cf. Rm 5,6-10).

André Botelho - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Campanha Natal Solidário 2014 - Paróquia de Sant'Ana

A Paróquia de Sant’Ana inicia mais uma campanha beneficente “Natal Solidário”, em sua 10ª Edição – Ano 2014. A iniciativa anual mobiliza todos os paroquianos em prol das famílias carentes de Bom Jardim, visando proporcionar um Natal do Senhor de fartura e, consequentemente, de felicidade. Participe doando 1 Kg de alimento não perecível até o dia 17 de dezembro.


A arrecadação dos donativos está sendo realizada na Secretaria Paroquial, na Igreja Matriz de Sant’Ana, ou através dos agentes de coleta credenciados.

No dia 18 de dezembro, quinta-feira, às 19h00, estaremos reunidos na Praça Frei Damião (Rua do Frade) em mais um grandioso momento de partilha e solidariedade.

Seja você também um multiplicador da solidariedade. Compartilhe!

Realização: Paróquia de Sant'Ana / Coordenação: Miriam Arruda / Apoio: Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

CNBB lança ação de incentivo ao diagnóstico precoce do HIV

A CNBB junto do Departamento de DST/HIV e Aids do Ministério da Saúde dará início a campanha de incentivo ao diagnóstico precoce do HIV

No dia 27 de novembro iniciará, na sede da CNBB, em Brasília (DF), a campanha de incentivo ao diagnóstico precoce do HIV, cujo tema é: “Cuide bem de você e de todos que você ama”.

A ação tem por objetivo incentivar a população na busca antecipada do diagnóstico para a AIDS.

Mesmo que não haja sintomas, há uma grande necessidade em alertar as pessoas sobre a doença, informando sobre a importância de fazer o teste do HIV.

O evento contará com a presença do Ministro da Saúde, Arthur Chioro, e do Secretário Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner.

Os materiais publicitários serão enviados para as dioceses, coordenadores diocesanos e regionais da Pastoral da Aids, para desenvolver ações de incentivo ao diagnóstico precoce.

Esta campanha tem o apoio do Departamento de DST/HIV e Aids do Ministério da Saúde e terá peças publicitárias cartazes, folders, spots para rádio e VT para TV que serão veiculados a nível nacional.

Canção Nova Notícias / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 15 de novembro de 2014

Evangelho Dominical: Colaboração ou omissão?

“O Reino dos Céus é também como um homem que ia viajar para o estrangeiro. Chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens: a um, cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um – a cada qual de acordo com sua capacidade. Em seguida viajou. O servo que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles e lucrou outros cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só, foi cavar um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, o senhor voltou e foi ajustar contas com os servos. Aquele que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. O senhor lhe disse: ‘Parabéns, servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!’ Chegou também o que havia recebido dois talentos e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. O senhor lhe disse: ‘Parabéns, servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!’ Por fim, chegou aquele que havia recebido um só talento, e disse: ‘Senhor,Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: `Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. O senhor lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence.' Em seguida, o patrão ordenou: `Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. Quanto a este servo inútil, lançai-o fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’” Mt 25,14-30

Que tipo de servo Deus deseja

A leitura de Provérbios trata da característica da mulher, entenda-se, esposa ideal. A mulher ideal é aquela que vive no temor a Deus ou, o que é o mesmo, no reconhecimento reverencial de que todo bem procede de Deus. A palavra temor pode, legitimamente, ser compreendida como amor. A mulher ideal, então, é aquela que, em primeiro lugar, ama a Deus. É em razão desse amor que ela, na sua casa, dá segurança ao marido e faz sua família viver das obras da sua mão. Não é a beleza nem a formosura que caracteriza a mulher ideal, mas o temor de Deus. A beleza e a formosura desaparecem com o tempo. O amor, no entanto, não passa (cf. 1Cor 13,13). O amor faz viver para o outro, dá sentido e gosto a tudo. A mulher é para o nosso texto símbolo do povo de Deus. Daí que a característica fundamental do povo de Deus é o temor do Senhor, no sentido que acima expusemos.

O evangelho deste domingo, a parábola mais extensa do Novo Testamento, apresenta o colaborador que Deus deseja, o discípulo que o Senhor deseja. A parábola é parte do discurso escatológico (24–25). Ela insiste no juízo do terceiro servo que enterrou o talento recebido. Se observarmos bem, dos dezessete versículos que integram o nosso texto, sete são dedicados a ele. Essa insistência é para alertar os discípulos, destinatários da parábola, contra a atitude representada pelo terceiro servo. Na antiguidade, uma moeda valia por seu peso. Um talento equivale a 34 quilos. Os dois primeiros servos não se limitaram a executar ordens, nem a se proteger, enterrando o bem do seu patrão. Eles tomaram a iniciativa de fazer render os bens e os multiplicaram. O terceiro servo, ao contrário, enterrou o talento que havia recebido. Para a mentalidade rabínica, o terceiro servo agiu em conformidade com a lei (Ex 22,6-7; Lv 5,21-26), donde se conclui que não há o que reprová-lo em sua atitude. Mas essa não é a posição de Jesus. O comportamento do terceiro servo é motivado pelo medo (cf. Rm 8,15). O que o “patrão” reprova é a mentalidade de escravo que impede de agir livremente e acomoda a pessoa nas suas próprias seguranças. Não se pode viver e servir a Deus sem arriscar. O espírito servil faz com que a pessoa não faça nada além do estritamente necessário e do que ela julga ser o seu dever. Elogiando os dois primeiros servos e repreendendo o terceiro, o evangelho indica que tipo de servo Deus deseja: aquele que faz valer o dom de Deus e não mede esforços para tal.

Carlos Alberto Contieri - Paulinas / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Diocese de Nazaré anuncia transferências

TRANSFERÊNCIAS

Pe. Artur Alexandre - Pároco de São José de Surubim e Vice-Reitor do Seminário Propedêutico
Pe. Pedro Francisco - Pároco do Divino Espírito Santo de Paudalho
Pe. Marcos Lucena - Vigário Paroquial de Paudalho
Pe. Severino Filho - Pároco Nossa Senhora do Desterro de Itambé
Pe. João Santana - Pároco de São Sebastião de Surubim e Reitor do Seminário Propedêutico
Pe. Anael Figueredo - Vigário Paroquial de Nossa Senhora da Apresentação de Limoeiro
Pe. Diego Roberto - Administrador do Setor Praia de Goiana
Pe. Limacedo Antônio - Pároco de Nossa Senhora do Rosário de Goiana
Pe. José Ramos Falcão - Administrador Paroquial da Área Pastoral de Nossa Senhora das Dores de Casinhas
Pe. José Roberto Pimentel - Pároco de São Sebastião de Itaquitinga
Pe. Luíz Gonçalves - Vigário Paroquial de São Sebastião de Surubim
Diác. Alex Antõnio - São José de Surubim
Diác. Dijailson Canuto - Glória do Goitá
Diác. Eduardo Tenório - Goiana
Diác.Genilson Souza - Orobó


Diocese de Nazaré / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant’Ana – http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O que é a Liturgia?

A palavra Liturgia vem do grego λειτουργία, que significa ação do povo. Para a Igreja Católica, a Liturgia apresenta-se como o fio condutor de toda e qualquer ação religiosa, segundo definição do Concílio Vaticano II.

“Toda celebração litúrgica, enquanto obra de Cristo e do seu corpo, que é a Igreja, é ação sacra por excelência” (Sacrosanctum concilium, n.7).

De acordo com a professora Maria Bonetti Rafaelli, a liturgia é o cume no qual se funda a ação da Igreja e a fonte da qual brotam todas as virtudes. “Os filhos de Deus mediante a fé e o batismo, se reúnem em assembleia, louvam a Deus na Igreja, participam do Sacrifício e comem da ceia do Senhor”, ressalta.

A Liturgia na vida da Igreja Católica

A liturgia é ação de Cristo, eterno sacerdote. Quando se diz que a “assembleia celebra”, é a comunidade dos batizados que “festeja” os dons recebidos. Trata-se de um encontro com o Cristo Ressuscitado que mediante as celebrações litúrgicas vem ao encontro de cada ser humano pessoalmente. Jesus se faz presente no sacrifício da missa seja na pessoa do ministro, seja sobretudo nas espécies eucarísticas. Está presente nos Sacramentos, de modo que quando um batiza é o próprio Cristo quem batiza, por exemplo.

O Senhor Jesus, se entretém conosco como amigos, falando-nos através das Sagradas escrituras, nos doa o Seu Filho na Eucaristia para que tenhamos a força de sermos luz e sal da terra, mas sobretudo para que possamos reconhecê-lo sempre mais intimamente, explica a professora.


Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Consagração: caminho para encontrar o Amor

A consagração a Nossa Senhora é um caminho escolhido por Deus para que encontremos o Amor.

A consagração a Nossa Senhora é um caminho para encontrar o Filho do Altíssimo, Jesus Cristo, Deus que é Amor e se fez homem. O Filho de Deus nos ensinou a amar por sua entrega total à vontade do Pai, mas por nós mesmos somos incapazes desse amor incondicional. Por isso, precisamos entrar na escola da Virgem Maria, aquela que gerou o Amor e correspondeu totalmente a Ele, dedicando-Lhe toda a sua vida, até as últimas consequências. Mãe e Filho estiveram juntos até o fim, numa entrega total de si mesmos por amor a Deus e a humanidade. Não tendo mais o que nos dar, nos últimos instantes de sua vida terrena, Jesus confiou-nos, em seu testamento espiritual, aquela que mais amava neste mundo: “Eis a tua Mãe!”. Por isso, “os verdadeiros devotos de Nossa Senhora devem amá-la não simplesmente com um amor humano, mas com amor teologal, amor caridade, por causa de Deus, de modo que, quando louvem Maria e contemplem suas virtudes, Deus seja amado e glorificado”.


Deus quis a devoção a Nossa Senhora para que, amando-a, O amássemos de modo mais perfeito. Mas, resta-nos perguntar: porque nos consagrar a Virgem Maria? A resposta é bem simples. Basta lembrarmos que a consagração é a Jesus Cristo, a Sabedoria encarnada, pelas mãos de Maria. Nos entregamos ao Filho, por meio de sua Mãe. Não fazemos a consagração diretamente a Jesus porque Ele mesmo, na Cruz, inaugurou a mediação maternal de Maria, quando disse ao Discípulo Amado: “Eis a tua mãe”, e à sua Mãe: “Mulher, eis o teu filho”. A Palavra de Deus atesta que “a partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu”, acolhendo-a, mais do que em sua casa, em seu coração. Por isso, à imitação de João, devemos nos entregar totalmente a Maria, repetindo o que também fez o Papa João Paulo II, que deixou sua consagração mariana explícita no lema de seu pontificado: “Totus tuus ego sum, Maria, et omnia mea tua sunt – Sou todo teu, Maria, e tudo o que é meu pertence a ti”.

Na história da Igreja, houve devotos críticos e escrupulosos, que chamavam de indiscretos ou exagerados os piedosos atos de amor que os fiéis ofereciam a Nossa Senhora. Na passagem do século XVII para XVIII, na França da época de São Luís Maria, os jansenistas chegaram a distribuir vários panfletos com advertências contra supostos excessos de amor à Mãe de Deus. Para justificar essa conduta, esses críticos diziam que o próprio Jesus tratava com desprezo sua Mãe. Nada mais falso, pois Nosso Senhor “quis humilhá-la e escondê-la durante a vida para favorecer a sua humildade”. Mas, depois de elevar-Se aos Céus, Jesus glorificou sua Mãe. Desse modo, passou a cumprir-se a profecia de Maria no cântico do Magnificat: “doravante, todas as gerações hão de chamar-me bem-aventurada”, e também a visão do livro do Apocalipse: “Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas”.

A Virgem Maria está em corpo e alma nos Céus, mas também permanece em nossas vidas, por meio de uma presença virtual e de uma presença afetiva. Esta presença virtual de Nossa Senhora é ativa e não simbólica ou uma imagem do real. Em teologia, virtual (do grego virtus) significa força, ação, atividade. “Pelo maravilhoso mistério da comunhão dos santos, a Virgem Santíssima, mesmo estando gloriosa no Céu, está bem perto de nós. Quanto à sua presença afetiva, diz respeito ao amor que ela nos devota e ao qual nós devemos corresponder, por amor a Deus”. Pois, crescer em santidade significa um crescimento generoso no amor.

Portanto, Jesus escondeu a sua Mãe Santíssima aqui na Terra para elevá-la e glorificá-la nos Céus. O próprio Cristo se escondeu neste mundo, vivendo a maior parte de sua vida ocultamente em Nazaré, e quer que nossa vida esteja escondida com Ele. Pois se, à imitação de Maria, formos pobres, humildes, e cheios de graça nesta vida, glória semelhante à sua possuiremos no Reino dos Céus. Para a nossa salvação, a consagração a Nossa Senhora não é necessária, mas ela é essencial para alcançarmos a perfeição, a santidade. Se desejamos simplesmente nos salvar, podemos contentar-nos simplesmente em cumprir os Mandamentos de Deus e da Igreja. Mas, se queremos ser santos, além disso, devemos consagrar-nos inteiramente a Jesus Cristo, amando-O de modo mais perfeito, por meio da Virgem Maria. Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!

Natalino Ueda - Canção Nova Formação / Foto: Bruno Araújo - Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Quais são os erros mais comuns na educação dos filhos?

“Sua mãe é quem decide.”
“Espere. Quando seu pai chegar, você vai ver, vou contar tudo a ele.”

Quem nunca disse ou ouviu essas coisas em casa, na criação dos filhos? Crenças e costumes vão tornando a prática educacional muitas vezes sem medida e não se percebe os erros cometidos. A falta desta percepção persiste e quando os pais se dão conta, já é tarde. Os frutos já nasceram e, muitas vezes, só lhes resta colhê-los. Por causa dessa necessidade em perceber o que e como se está fazendo para ver os filhos educados e bem criados é que todos os pais devem render-se a fazer uma constante avaliação da sua prática educacional. Precisaria de uma receita pronta para criar filhos? Mas quem iria prescrevê-la? Pediatras? Padres? Professores? Psicólogos? Avós? Juízes? Conselhos Tutelares? Impossível!


Seria muita pretensão encontrar uma cartilha pronta, escrita por alguém. Talvez, aí esteja um erro possível de não cometer. Ter consciência de que os pais não estão prontos e que não são perfeitos. Essa certeza os tira da condição de culpados por tudo que não deu certo na vida dos seus rebentos. E, esses filhos, por sua vez, vão exigir menos dos seus pais por entenderem que eles também erram ou que tentam evitar ao máximo os piores erros. Erros que afetam o casamento, a vida dos filhos e a si próprios. Então, mesmo sabendo que nenhuma família é perfeita, existem erros possíveis de serem evitados na educação dos filhos.

Errar ou não errar está muito associado à concepção de homem que cada família traz consigo. A forma com que ela enxerga a vida e como ela interage no ambiente será o caminho com que conduzirá a educação dos seus filhos. Os erros que os filhos não deveriam ter persistem nas criações por conta da cultura que as famílias desenvolvem. Portanto, para muitas, não se trata de erros, mas de continuidade de experiências familiares ou da prática de valores que passaram a adquirir pelas possíveis circunstâncias da vida. É muito comum, no ambiente escolar, ouvir de um pai:  “Eu bato no meu filho. Meu pai me bateu a vida toda e eu não me transformei numa pessoa ruim”.

Para identificar os erros que não deveriam fazer parte da educação dos filhos, faz-se necessário identificar as crenças que também conduzem esta relação; portanto, fiquem atentos:

Os filhos crescem e desenvolvem um comportamento por imitação ou por modelagem. A modelagem é um instrumento de modificar comportamentos por meio de intervenções e orientações da família, da escola e/ou da própria Igreja. A imitação acontece de forma natural quando o organismo seleciona comportamentos a partir do que vê, ouve, sente, toca, cheira, enfim, a partir do que percebe ou do que lhe atinge, mesmo que não tenha ainda construído um valor.

Ainda com os filhos pequenos, os pais apresentam um procedimento inadequado em relação à alimentação. Oportunizando-os a escolher o que querem comer, onde e como comer, fazem desse momento motivos de conflitos em casa, pois permitem que, quando pequenos, comam em frente à TV deitados no sofá. Mas quando veem seus filhos crescidos, os obrigam a voltar para a mesa, porque lá é o lugar em que a família se reúne. E não era antes? O mimo excessivo gera superproteção; consequentemente, os filhos desenvolvem procedimentos que demonstram fragilidades referentes à autonomia emocional e intelectual. Eles têm quem pensem e quem sintam por eles. Esse erro se torna grave com o passar do tempo. Há pouco tempo, no Instituto de Psicologia, ouvi um pai se redimindo com sua filha: “Filha, desculpe-me por todas as vezes que fiz por você o que você deveria ter feito”.

Os filhos precisam viver experiências mesmo que amargas ou frustrantes. Negar a dor da criança ou do filho adolescente quando acaba o namoro, por exemplo, também pode ser considerado um erro evitável. Este se encontra no campo dos mimos excessivos, mas que acabam por desqualificar o que verdadeiramente o filho está sentindo. Tudo por quê? Porque os pais não conseguem ver filhos sofrendo. Quando o filho cai, a mamãe diz: “Não foi nada, filho. Isso passa!”. Se o namorado da filha termina o namoro, a mesma mãe diz: “Que bobagem! Você está novinha, e homem é assim, vai um vem outro. Serviu de experiência!”. O que esperar dessa educação baseada na fuga e na esquiva? Também não é possível buscar a radicalidade para ajustar tais comportamentos. Nem oito nem oitenta. Portanto, a linguagem verbal ou não verbal que os familiares fazem uso, poderá ser um grande acerto ou um sério erro para se estabelecer o respeito, o amor, a confiança e a amizade entre os membros. A crítica e o elogio demais e desnecessários maculam não só a educação dos filhos, mas o ambiente doméstico. Pais que se agridem, que não se valorizam, não cuidam um do outro, apresentam aos filhos um comportamento facilmente imitado e reproduzido. O bom senso é a melhor medida. Só não insistam no erro já detectado.

Busquem dentro da família ou peçam ajuda para sair de situações que vocês pais não admitem mais no ambiente familiar. É triste ouvir o quanto os meninos e meninas, os adolescentes, jovens e até mesmo filhos adultos têm recebido rótulos, críticas pesadas por causa de alguns tipos de comportamentos que corrompem o que a sociedade espera, quando eles foram formados para agir de tal forma. Quem quer uma geração de filhos estudiosos, responsáveis, obedientes, amáveis, dóceis, cuidadores do ambiente, da natureza precisará parar de facilitar tudo na vida deles e não os levar à loucura da inabilidade social. A escola, a família, a Igreja, o Estado tendem a apressar o caminho dos homens. É importante não desistir de ensinar.

Ensinar a aguardar o pijama, a pendurar a toalha de banho no varal, tirar a feira do carro. Ensinar o filho a fazer um chá quando a mamãe estiver doente, a fazer companhia aos avós. Como diz o ditado, “é de pequeno que se torce o pepino”. Em outras palavras, é de pequeno que os pais devem ser para os filhos o que estes esperam que eles sejam.

Autoridades do amor, da convivência, do limite, do reconhecimento, da evangelização doméstica e do trabalho. Tapar o sol com a peneira, querendo ser amigo do filho e esquecer os limites é um caminho sem volta. Nós seres humanos precisamos e buscamos limites, e quando não os encontramos em casa, nos diriam os antigos, vamos encontrar na rua e o que tem na rua.  E ai está um grande erro: não apresentar aos filhos o que tem na rua. Quando muitos a descobrem, passam a chamá-la de internet, família do vizinho, lugares indevidos, filmes inapropriados para idade do seu filho, área livre do condomínio. Deixar o filho ser criado por tudo e por todos, menos por você, é o único erro que não deverá haver na educação dos seus filhos.

É tempo de sentir-se culpado? Não. É tempo de reagir, de buscar suas próprias melhoras, mudar a forma de pensar, sair da preguiça e transformar. Pais, vocês são autoridades, vocês poder formar os melhores, porque Deus quer assim. Perdoem-se e perdoem aos outros, sigam conduzindo os filhos de vocês sem desistir de ensinar, de escutar, de mar, de exigir, de ser uma família cristã.

Judinara Braz - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/