sábado, 31 de janeiro de 2015

Evangelho Dominical: Jesus ensina e age com autoridade

Entraram em Cafarnaum. No sábado, Jesus foi à sinagoga e pôs-se a ensinar. Todos ficaram admirados com seu ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas. Entre eles na sinagoga estava um homem com um espírito impuro; ele gritava: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: o Santo de Deus!”. Jesus o repreendeu: “Cala-te, sai dele!”. O espírito impuro sacudiu o homem com violência, deu um forte grito e saiu. Todos ficaram admirados e perguntavam uns aos outros: “Que é isto? Um ensinamento novo, e com autoridade: ele dá ordens até aos espíritos impuros, e eles lhe obedecem!”. E sua fama se espalhou rapidamente por toda a região da Galileia. Mc 1, 21-28


Jesus é o profeta prometido

Na primeira leitura, do livro do Deuteronômio, Deus promete, pela boca de Moisés, um profeta semelhante a ele, escolhido entre os membros do povo eleito. Característica desse profeta é que ele falará o que o Senhor mandar e inspirar. Os profetas foram enviados por Deus para conduzir o seu povo e exortá-lo a permanecer fiel à Aliança. Os profetas chamam a atenção do povo contra a idolatria que ameaça a vida e a fé no Deus único e verdadeiro. Os profetas falam com autoridade porque falam em nome e por inspiração de Deus. Mas a promessa de enviar um profeta semelhante a Moisés não se realizou (cf. Dt 34,10). O evangelho deste domingo, ao afirmar o ensinamento realizado com autoridade por Jesus, diz, indiretamente, que ele é o profeta prometido e semelhante a Moisés. No seu discurso, depois da ressurreição de Jesus, Pedro afirma que Jesus é não somente semelhante a Moisés, mas maior que ele (cf. At 3,21-22). Cafarnaum fica às margens do mar da Galileia; a sinagoga, a poucos metros da casa de Simão e André. É sábado, dia dado por Deus a seu povo para que, cessando o trabalho, o povo de Deus possa recordar o dom da criação e da Lei, o dom da vida e da liberdade. O ensinamento de Jesus causa admiração de todos os que estão presentes na sinagoga; a causa da admiração é a “autoridade” do ensinamento, isto é, o ensinamento de Jesus faz sentido e dá sentido à vida das pessoas; ele é um verdadeiro sopro que comunica a brisa suave do Espírito ao coração do ser humano. E o que Jesus faz, nesse dia, naquela sinagoga importante, expulsando de um homem um “espírito impuro”, também é reconhecido por todos os que estão na sinagoga como um “ensinamento novo”. A palavra de Jesus, qual uma luz, ilumina o coração do homem revelando o mal que o aflige e o distancia do Deus da vida e dos seus semelhantes. A luz da palavra do Senhor descortina o mal para destruí-lo. Jesus é apresentado como aquele que não somente tem poder de destruir o mal, mas efetivamente o faz. E o ser humano passa a compreender que a sua vida, pela graça de Cristo, não está fadada à submissão do mal, pois, em Cristo, o mal já está vencido. Este é o ensinamento novo!

Pe. Carlos Alberto Contieri - Paulinas / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O 'sim' da conversão

Converter-se é deixar de viver longe de Deus. Sair do estado de perdição, deixar o pecado. Não somente o ato mau em si, mas deste resulta no estado da perda da salvação e o sentimento de inimizade contra Deus. Conversão consiste em voltar para o Senhor com todo coração, retomar o caminho das suas veredas.


A conversão é um conceito complexo, que significa uma profunda mudança de coração sob o influxo da Palavra de Deus. Essa transformação interior exprime-se nas obras e, por conseguinte, na vida inteira do cristão. A conversão significa a vitória sobre o “homem velho” que está enraizado (a existência carnal) e o começo de uma vida nova (a vida no Espírito) criada e governada pelo Espírito Santo de Deus. É um fato que na História da Salvação, após o pecado original, cada vez que Deus vai ao encontro do homem para com ele dialogar. Faz isso para provocar no mesmo ser humano a conversão do coração.

Não basta renunciar somente a um ato mau nem a um hábito pecaminoso. Precisa-se ir ao centro da existência; todo coração e todo o procedimento devem ser mudados. O afastamento de Deus somente termina quando o próprio Deus se achega pessoalmente ao homem.

A conversão como saída do estado de pecado, de ausência de Deus e de perda da salvação está unida à aceitação incondicional da soberania divina. Reconhecer que praticou o mal, que tem necessidade de redenção e de uma transformação completa.
Quem realmente se converte, submete-se de boa vontade à lei divina. Renuncia à vida de ilegalidade.

Converter-se é deixar de viver na injustiça. Quem se converte reconhece o quanto deve a Deus e esforça-se por Lhe dar a devida honra. Todo pecado cria um estado permanente de sonegação de justiça para com Deus. É uma inimizade habitual, uma injustiça. É uma recusa permanente de dar ao Senhor a glória que Lhe pertence e de prestar ao Pai a obediência e o amor filial. A conversão tira-nos deste mísero estado. Supõe uma renovação integral do coração.

Converter-se é deixar de viver na mentira. Quem se converte afasta-se da mentira. O pecado é mentira. Por isso, a conversão requer uma mudança total de mentalidade, um espírito novo, o Espírito da Verdade. A conversão é um ‘sim’ à verdade.

Conversão é a volta à casa do Pai e a entrada no Reino. É a passagem das trevas do pecado para a luz da Graça. O caminho que Deus aponta conduz a uma conversão séria e autêntica do coração. Deus apela para a liberdade humana e que a íntima conversão desta liberdade é obra Sua.

A conversão se inicia no momento em que Deus se digna de derramar “o espírito de graça e de preces” (Zac 12, 10). Porém, nossa conversão não se realizará sem o ‘sim’ de nossa liberdade.

A conversão culmina – é próprio da sua essência – em um novo nascimento, num renascimento do alto, de Deus. A volta à casa do Pai é a reintegração nos direitos de filho. Não é algo que se processa unicamente no exterior, mas é uma ação interior, uma modificação vital, um nascimento pelo Espírito. Para o homem, a conversão é, pois, infinitamente mais que o simples fato negativo de se livrar da escravidão do pecado, porque, para Deus, converter-se é infinitamente mais que perdoar pecados, é fazer o dom de uma vida nova. O homem torna-se filho de Deus.

O único modo efetivo de descobrir sempre mais a própria identidade é árduo, mas consolador, caminho da conversão sincera e pessoal, com um humilde reconhecimento das próprias imperfeições e pecados; e a confiança na força da ressurreição de Cristo. Essa transformação interior exprime-se nas obras e, por conseguinte, na vida inteira do cristão.

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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Acolhimento, uma forma concreta de amar

"O Sal é bom. Mas se este perde o sabor, com que se há de salgar? Não serve nem pra jogar na terra, nem para o esterco, mas só para ser jogado fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça." (Lc 14,34-35)

Somos criados por Deus para uma finalidade: sermos Seus filhos e adorá-Lo, por isso o nosso primeiro chamado é a santidade. (cf. Ef 1,4). Se nossa vida perde este sentido primário (a santidade), não serve para mais nada, pois fica sem sabor. Então, seremos apenas seres ambulantes num espaço chamado Terra.

Como consagrados pelo batismo, escolhidos e separados por Deus e para Ele, recebemos do Senhor uma missão. Porém, cada pessoa chamada recebe dons diferentes para que a missão aconteça com a contribuição de cada um. No entanto, os dons recebidos de Deus precisam ser instrumentos eficazes para nossa vida e para a vida dos outros. O dom se torna “graça” quando colocado à disposição da vida daqueles que nos rodeiam.

O acolhimento é, antes de tudo, ver no outro aquilo que ele é sem colocar-lhe máscaras. Seja qual for o lugar – na escola, no trabalho, na paróquia, no ônibus, em todo tempo e lugar -, sejamos acolhedores. O mundo está carente de amor e nós podemos dar a ele o amor puro e gratuito que recebemos de Deus.

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Comunidade de fiéis: Um caminho de comunhão e de solidariedade

Num mundo marcado pelo individualismo, somos chamados à comunhão de vida. Comunhão esta que é plano de Deus para a humanidade. Aliás, comunhão presente em Deus, um só em três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.


Toda missão deve objetivar a comunhão. Afinal, fomos criados à imagem e semelhança deste Deus Uno e Trino.

A vida só tem sentido quando partilhada. “Quem quiser ganhar a sua vida vai perdê-la, quem perder a sua vida por causa de mim, irá ganhá-la” (cf. João 12,25).

Quando vemos uma sociedade marcada pelo pensamento do buscar sempre a própria felicidade, encontramos barreiras para que o plano do Todo-poderoso se propague. Formamos um só corpo, que deve estar bem unido e em que todas as divisões devem ser superadas.

Cada membro do corpo tem sua função em prol do todo (cf. 1 Coríntios 12, 12-30). Na Igreja, vivemos e proclamamos esse caminho de comunhão. Cada um na sua função específica buscando o bem de todos.

Como sacerdote, tenho de ser um animador de comunidade. É preciso levar vida ao que fazemos. Ser animador é justamente fazer isso, ou seja, vivificar pela força do Espírito nossas atividades, entrar no dinamismo do Espírito de Deus.

Como casal e pais, sacerdotes do lar, a missão é ensinar o mundo a crer no amor. Sempre digo que cada casal torna-se “uma parábola viva do Amor de Deus!” Quando unimos essas duas missões, fazemos acontecer o sonho do Criador: Vida Plena e marcada pelo Amor!

Em nossas comunidades, junto às crianças, aos adolescentes e aos jovens, temos que fazer acontecer este testemunho de comunhão. Ninguém vive para si: “Se vivemos, é para o Senhor que vivemos…” (Romanos 14,8). E o Senhor se identifica com o Seu Corpo Místico, que é a Igreja, aí o Senhor se encontra. “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (cf. Mateus 18,20).

Criemos, ou mesmo, reativemos nossos espaços de solidariedade, de animação da vida e de vivência concreta do amor em nossos grupos. É pelo amor entre nós e para com os outros que somos reconhecidos como discípulos-missionários de Jesus. O Documento de Aparecida pede à Igreja uma “conversão pastoral”.

Penso que essa conversão passe por aí, ou seja, fazer com criatividade a Vida e o Amor acontecerem.

Sua vida tem sido sinal de comunhão? Vamos assumir os planos de Deus? Não ao egoísmo, ao egocentrismo, ao individualismo! Sim à vida, sim à comunhão. Existimos para fazer outros felizes, para marcarmos a história passando pelo mundo a fazer o bem. “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma…” (cf. Atos dos Apóstolos 4,32).

Que nos vendo em nossas comunidades ou em nossas casas os de fora possam dizer: “Vejam como eles se amam!”

Quem se prepara para alguma missão, tenha sempre em vista o bem dos outros, o amor aos seus semelhantes! Eis o caminho de todo ser humano, eis o sentido de toda vocação!

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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Igreja e Reino de Deus

O Concílio Vaticano II ensina que o Reino de Deus se identifica com a Igreja.
“A Igreja recebe a missão de anunciar e estabelecer em todas as gentes o Reino de Cristo e de Deus, e constitui ela própria na terra o germe e o início desse Reino” (LG, 5).


Portanto, Cristo fundou a Igreja sobre Pedro e os Apóstolos para que ela fosse a “semente” do Reino de Deus, que Ele veio inaugurar entre os homens. Sem a Igreja não pode haver, então, o Reino de Deus.

As próprias imagens são sinais que Jesus usou para revelar a Igreja, e mostram a sua natureza íntima e a sua missão.

Na “plenitude dos tempos” (Gal 4,4), Deus enviou o seu Filho ao mundo para realizar o plano da salvação. Esta é a Missão de Jesus, porque o Pai quis “restaurar todas as coisas em Cristo” (Ef 1,10). Para cumprir a vontade do Pai, Jesus inaugurou na terra o Reino dos Céus, através da instituição da Igreja e do anúncio do Evangelho.

“A Igreja, diz o Concílio, reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus…” (LG 3).

Note bem que com esta expressão o Concílio identifica a Igreja com o Reino de Cristo, já presente neste mundo em mistério.

Jesus iniciou a Igreja pregando a Boa Nova, a Boa Notícia, isto é, a “chegada do Reino de Deus” aos homens, prometido nas Escrituras havia séculos. “Os tempos estão cumpridos, e o Reino de Deus está iminente” (Mc 1,15).

Pela presença de Jesus, por suas palavras e por seus milagres, o Reino de Deus começa a surgir entre os homens.

“Mas, se Eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, é que chegou até vós o Reino de Deus” (Lc 11,20; Mt 12,28).

O germe e o começo do Reino é aquele “pequeno rebanho” que Jesus chamou para viver com Ele e dos quais se tornou Pastor.
“Não temas, pequeno rebanho, porque foi do agrado de nosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32).

É nesse “pequeno rebanho” de discípulos que surge a Igreja destinada a ser a “família de Deus” (Ef 2,20). Era a família de Jesus, que ele cuidou como o bom Pastor. “Eu sou o bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim” (Jo 10,14).

Ela é comparada pelo Senhor a um redil, cuja porta única e necessária é Cristo.

“Em verdade eu vos digo: eu sou a porta das ovelhas… Se alguém entrar por mim será salvo” (Jo 10,8-9).

A Igreja é o rebanho de Deus; Ele mesmo é o seu Pastor. Embora seja guiado por pastores humanos, no entanto, são conduzidos e alimentadas pelo próprio Cristo.

Professor Felipe Aquino - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Santíssima Trindade

O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Deus se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo. Foi Nosso Senhor Jesus Cristo quem nos revelou este mistério. Ele falou do Pai, do Espírito Santo e d’Ele mesmo como Deus. Logo, não é uma verdade inventada pela Igreja, mas revelada por Jesus. Não a podemos compreender, porque o Mistério de Deus não cabe em nossa cabeça, mas é a verdade revelada.


Santo Agostinho (†430) dizia que: “O Espírito Santo procede do Pai enquanto fonte primeira e, pela doação eterna deste último ao Filho, do Pai e do Filho em comunhão” (A Trindade, 15,26,47).

Só existe um Deus, mas n’Ele há três Pessoas divinas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Não pode haver mais que um Deus, pois este é absoluto. Se houvesse dois deuses, um deles seria menor que o outro, e Deus não pode ser menor que outro, pois não seria Deus.

A Trindade é Una. “Não professamos três deuses, mas um só Deus em três Pessoas: “A Trindade consubstancial” (II Conc. Constantinopla, DS 421). “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por natureza” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). “Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina” (IV Conc. Latrão, em 1215, DS 804).

A Profissão de Fé do Papa Dâmaso diz: “Deus é único, mas não solitário” (Fides Damasi, DS 71). “Pai”, “Filho”, “Espírito Santo” não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: “Aquele que é Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). São distintos entre si por suas relações de origem: “É o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede” (IV Conc. Latrão, e, 1215, DS 804).

A Igreja ensina que as Pessoas divinas são relativas umas às outras. Por não dividir a unidade divina, a distinção real das Pessoas entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras:

“Nos nomes relativos das Pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo aos dois; quando se fala destas três Pessoas, considerando as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou substância” (XI Conc. Toledo, DS 675). “Tudo é uno [n’Eles] lá onde não se encontra a oposição de relação” (Conc. Florença, em 1442, DS 1330). “Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho” (Conc. Florença, em 1442, DS 1331).

Aos Catecúmenos de Constantinopla, S. Gregório Nazianzeno (330-379), “o Teólogo”, explicava:

Antes de todas as coisas, conservai-me este bem depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todos os males e desprezar todos os prazeres: refiro-me à profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que daqui a pouco vou mergulhar-vos na água e vos tirar dela. Eu vo-la dou como companheira e dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe Una nos Três, e que contém os Três de maneira distinta. Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior que rebaixe […]. A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um considerado em si mesmo é Deus todo inteiro […]. Deus os Três considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade, e a Trindade me banha em Seu esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade toma conta de mim (Or. 40,41).

O primeiro Catecismo, chamado “Didaqué”, do ano 90 dizia:

“No que diz respeito ao Batismo, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo em água corrente. Se não houver água corrente, batizai em outra água; se não puder batizar em água fria, façais com água quente. Na falta de uma ou outra, derramai três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Didaqué 7,1-3).

São Clemente de Roma, Papa no ano 96, ensinava: “Um Deus, um Cristo, um Espírito de graça” (Carta aos Coríntios 46,6). “Como Deus vive, assim vive o Senhor e o Espírito Santo” (Carta aos Coríntios 58,2).

Santo Inácio, bispo de Antioquia (†107), mártir em Roma, afirmava: “Vós sois as pedras do templo do Pai, elevado para o alto pelo guindaste de Jesus Cristo, que é a sua cruz, com o Espírito Santo como corda” (Carta aos Efésios 9,1).

“Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos Apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, na carne, ao Pai, e os apóstolos se submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja união, tanto física como espiritual” (Carta aos Magnésios 13,1-2).

São Justino, mártir no ano 151, escreveu essas palavras ao imperador romano Antonino Pio: “Os que são batizados por nós são levados para um lugar onde haja água e são regenerados da mesma forma como nós o fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção na água. Este rito foi-nos entregue pelos apóstolos” (I Apologia 61).

São Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de S. João evangelista, mártir no ano 156, declarou: “Eu te louvo, Deus da Verdade, te bendigo, te glorifico por teu Filho Jesus Cristo, nosso eterno e Sumo Sacerdote no céu; por Ele, com Ele e o Espírito Santo, glória seja dada a ti, agora e nos séculos futuros! Amém” (Martírio de Policarpo 14,1-3).

Teófilo de Antioquia, ano 181, confirmou: “Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade: de Deus [=Pai], de seu Verbo [=Filho] e de sua Sabedoria [=Espírito Santo]” (Segundo Livro a Autólico 15,3).

S. Irineu de Lião, ano 189, afirmou: “Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus […]” (Contra as Heresias I,10,1).

“Já temos mostrado que o Verbo, isto é, o Filho esteve sempre com o Pai. Mas também a Sabedoria, o Espírito estava igualmente junto d’Ele antes de toda a criação” (Contra as Heresias IV,20,4).

Tertuliano, escritor romano cristão, no ano 210: “Foi estabelecida a lei de batizar e prescrita a fórmula: ‘Ide, ensinai os povos batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo'” (Do Batismo 13).

E o Concílio de Nicéia, ano 325, confirmou toda essa verdade:

“Cremos […] em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido do Pai como Unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial com o Pai, por quem foi feito tudo que há no céu e na terra. […] Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o qual falou pelos Profetas” (Credo de Nicéia).

Professor Felipe Aquino - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

domingo, 25 de janeiro de 2015

Procissão da Bandeira e Celebração Eucarística marcam o início do novenário em honra ao Glorioso Mártir São Sebastião, em Bom Jardim

Há 89 anos, bonjardinenses celebram a abertura solene dos festejos dedicados ao seu co-padroeiro

A maior festa religiosa realizada no município de Bom Jardim, resultado de uma promessa fortalecida pela Srta. Otília Engrácia de Oliveira (Tila), no ano de 1926, reuniu centenas de fiéis na noite do último sábado (24/01), durante a Procissão da Bandeira e Celebração Eucarística, marcando o início do novenário em honra ao Glorioso Mártir São Sebastião.


Dentro da proposta da temática central: “Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia”, o novenário trabalhará subtemas específicos que abrangerão assuntos relativos à vivência qualitativa dos fiéis no âmbito paroquial.

Segundo Pe. Elias Roque e Pe. Jorge Sousa (Pároco e Vigário Paroquial), o tema é bastante oportuno para se repensar sobre o papel dos fiéis como membros constituintes de uma Igreja viva e atuante na comunidade.

“Somos, mais uma vez, convidados a celebrar a Festa de São Sebastião em nossa comunidade paroquial. A Igreja nos convida a viver o espírito de comunidade a exemplo dos primeiros cristãos que ‘tinham tudo em comunidade’ e viviam a fraternidade. Ao vivenciar o novenário, é necessário que tenhamos o desejo sincero da conversão e do comprometimento com a Igreja do Senhor como autênticos missionários. Participar, diariamente, das celebrações religiosas nos aproxima daquilo que o Senhor espera de nós: o desprendimento dos regozijos superficiais do mundo, oferecendo-nos como servos do Seu ministério redentor. Esse é o verdadeiro sentido de celebrarmos a festa de São Sebastião. Que o exemplo de Sebastião e dos primeiros cristãos nos inspire a viver e celebrar a vida fraterna, na perspectiva de um mundo melhor. Boa festa para todos e que Deus seja louvado e amado”, frisaram os sacerdotes.

O dia festivo, patrocinado pelo Exmo. Sr. Marcelo Pereira Bandeira (juiz da festa), e sua Ilmª. esposa, a Srª. Cleonice Albertina Bandeira (juíza da bandeira), e demais famílias patrocinadoras da primeira noite do novenário, contou ainda com a tradicional alvorada dos músicos do Grêmio Lítero Musical Bonjardinense, como também o hasteamento da bandeira marcando o início dos louvores a Deus por intermédio de São Sebastião.

A programação religiosa se estenderá até o próximo dia 02 de fevereiro, na Capela de São Sebastião (centro de Bom Jardim), com a realização da Novena de São Sebastião e celebração da Santa Missa, sempre a partir das 19h00.


Por Bruno Araújo – Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant’Ana – http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 24 de janeiro de 2015

Convite

“Cheios de júbilo e ungidos no Senhor, somos, mais uma vez convidados a celebrar a Festa de São Sebastião em nossa comunidade paroquial. A Igreja nos convida a viver o espírito de comunidade a exemplo dos primeiros cristãos que ‘tinham tudo em comunidade’ e viviam a fraternidade. Que a exemplo de São Sebastião e dos primeiros cristãos nos inspire a viver e celebrar a vida fraterna, na perspectiva de um mundo melhor. Boa festa para todos e que Deus seja louvado e amado.”

Pe. Elias Roque e Pe. Jorge Sousa


89ª Festa do Glorioso Mártir São Sebastião
De 24/01 a 02/02/2015

Dia 24/01 – Sábado
Abertura do Novenário do Glorioso Mártir São Sebastião
05h30: Alvorada Festiva e Repique de Sinos
18h30: Procissão da Bandeira, saindo da Avenida Presidente Castelo Branco (próximo ao Quartel da Polícia Militar - Vila Itagiba)
19h00: Novena de São Sebastião
19h30: Celebração Eucarística
Tema do Dia: "As primeiras comunidades cristãs" (CAP II)
Local: Capela de São Sebastião

Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Paróquias: Laboratórios da perfeição da vida cristã

“A Igreja tem consciência viva de que a palavra do Salvador, 'Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus', se aplica a ela com toda a verdade. Assim, ela acrescenta de bom grado com São Paulo: 'Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; é antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho' [...]. Nós queremos confirmar, uma vez mais ainda, que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja; tarefa e missão, que as amplas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes. Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na Santa Missa, que é o memorial da Sua morte e gloriosa ressurreição” (EN 14).


Anunciar Jesus Cristo começa com o testemunho de vida. Nossas Paróquias, com suas Comunidades, Pastorais, Movimentos e Serviços, são chamadas a resplandecer pela alegria da acolhida. Conheço uma família que retornou à prática da vida cristã apenas porque encontrou o Pároco cumprimentando os fiéis à porta da Paróquia. A resposta que esta esperava chegou antes do sermão!

Nossas Paróquias são chamadas a serem verdadeiros laboratórios da perfeição da vida cristã, o que se alcança na abertura à graça de Deus expressa numa intensa vida sacramental. A prática do sacramento da penitência será um dos “treinamentos intensivos” nesta estrada de santidade. A Eucaristia, bem preparada e celebrada, será o ponto alto de nossa vida, pois para ela convergem nossos esforços para viver como cristãos e de lá, fonte inesgotável, brotam todas as graças, pois perfeição cristã é antes dom do que conquista.

Evangelizar é falar de Deus! Faz-se necessário rever continuamente nossa linguagem de evangelizadores. Da Homilia à Leitura Orante da Palavra, das Comunidades menores aos Grupos de reflexão dos diversos movimentos, todos são chamados a rever sua forma de comunicar a Palavra do Evangelho. Deus não é complicado, mas vem ao nosso encontro, tanto que o Verbo se fez carne! É bom aprender de novo com as parábolas do Evangelho e aceitar o desafio de chegar, com palavras atuais, mas verdadeiras, ao coração de todos, especialmente os jovens. Recentemente fiz um convite a um grupo de universitários e o estendo a todos: a se tornarem parábolas vivas para o mundo em que vivemos.

Evangelizar é ainda um exercício de criatividade, numa Igreja que é muito rica de manifestações da fé. Não desejamos passar um "rolo compressor", escolhendo apenas uma forma de trabalho, mas estar abertos aos caminhos suscitados pelo Espírito Santo. Ser criativos é também valorizar o que os outros sabem e podem fazer, sem ciúme nem inveja. Que todos os grupos e métodos de apostolado aqui existentes olhem todo o bem que se faz e todos os métodos de trabalho como propriedade da família dos filhos de Deus, sem exclusivismos nem julgamentos. Da parte do Pastor da Igreja, saibam que haverá a plena abertura para o discernimento e o apoio a quem quer anunciar o Evangelho, inclusive abrindo fronteiras até agora inexploradas.

Enfim, evangelizar é justamente olhar com abertura para o horizonte missionário que se abre, pois muitas pessoas ainda se encontram ou se sentem afastadas da Igreja. Trata-se de uma verdadeira conversão pastoral, como pediu o Documento de Aparecida, uma “firme decisão missionária que deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais de dioceses, paróquias, comunidades religiosas, movimentos e de qualquer instituição da Igreja. Nenhuma comunidade deve se isentar de entrar decididamente, com todas suas forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” (DA 365).

Dom Alberto Taveira Corrêa - Canção Nova / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Uma nova paróquia

A paróquia é a casa, por excelência, de todos os fiéis, onde eles devem encontrar o Cristo Ressuscitado. A paróquia é lugar de acolhida, de orientação, de ajuda espiritual e material. É a partir da paróquia que se podem descobrir os espaços não evangelizados de um território ou as situações que demandam atenção especial: escolas, hospitais, prisões, invasões, migrantes, favelas. A paróquia deve atingir o meio cultural e proporcionar ação pastoral que alcance o mundo da cultura e das artes.


A partir das paróquias pode acontecer uma renovada evangelização. Assim sendo, nossas paróquias devem ser acolhedoras, missionárias, fomentando redes de comunidades vivas e atuantes, que sejam irradiadoras de vida e, portanto, evangelizadoras. Acolhimento e missão formando discípulos de Cristo Ressuscitado que vivam na unidade.

Devemos apostar na presença da Igreja, em forma de pequenas comunidades, em todos os cantos e recantos do território paroquial, naquilo que se chama capilaridade. As pequenas comunidades bem orientadas e unidas na caminhada de Igreja podem ser um bom caminho de renovação da paróquia, porque possibilitam responder à vocação cristã que se realiza sempre em comum.

A renovação da paróquia é fundamental para a Igreja enfrentar os desafios pastorais, a missão… Enfim, evangelizar, levar a Boa Nova de Jesus Cristo a todas as pessoas, formando pequenos núcleos pastorais, como células vivas da grande mãe, chamada paróquia. As migrações arrancaram as pessoas de suas raízes e trouxeram-nas para as cidades. Hoje, a nossa vida em geral é urbana.

Na paróquia, temos três compromissos fundamentais, os quais provêm da essência da Igreja e do ministério sacerdotal. O primeiro é o serviço sacramental. Entre os sacramentos, o que se destaca, é claro, é a Eucaristia, centro e fonte de nossa vida cristã. Porém, temos dois sacramentos que merecem uma atenção especial devido às atuais circunstâncias. Um deles é o sacramento do batismo, a sua preparação e o compromisso de dar continuidade às recomendações batismais, e que já nos colocam também em contato com quantos não são muito crentes. Temos, nesse trabalho, a importante iniciação cristã. O compromisso de preparar o batismo, de abrir as almas dos pais, dos parentes, dos padrinhos e das madrinhas à realidade do sacramento, já pode e deveria ser um compromisso missionário, que vai muito além dos confins das pessoas já “fiéis”. Ao preparar o batismo, procuramos fazer compreender que este sacramento é inserção na família de Deus, pois Ele vive e se preocupa conosco. Esse sacramento nos faz aprofundar em toda a vida cristã.

Outra preocupação paroquial a ser considerada diz respeito ao sacramento do matrimônio. Também ele se apresenta como uma grande ocasião missionária, porque, hoje, graças a Deus, temos muitos que desejam se casar na Igreja, inclusive tantos que, mesmo batizados, não a frequentam muito. É uma ocasião para levar estes jovens a confrontar-se com a realidade, que é o matrimônio cristão, o matrimônio sacramental. A preparação para o matrimônio é uma ocasião de grandíssima importância, de missionariedade para anunciar, de novo, no sacramento do matrimônio, o sacramento de Cristo. Aqui se insere toda a questão da vida e família.

O segundo compromisso fundamental da paróquia é o anúncio da Palavra, com os dois elementos essenciais: a homilia e a catequese. Urge redescobrirmos que a homilia deve ser a “ponte” entre a Palavra de Deus, que é atual, e deve chegar ao coração das pessoas. Devo dizer que a exegese histórico-crítica com frequência não é suficiente para nos ajudar na preparação da homilia. Observemos que o próprio Papa Francisco, na sua celebração cotidiana na Capela da Casa Santa Marta, onde está residindo, de maneira muito atual para a vida da Igreja e de todos os batizados, está atualizando a Palavra de Deus para vivermos a nossa vocação batismal. Ele assim também se expressou à comissão bíblica internacional nestes dias.

O terceiro compromisso fundamental da paróquia é a questão social: a “charitas”, a “diakonia”. “Somos sempre responsáveis pelos que sofrem, pelos doentes, pelos marginalizados e pobres”. Pelo retrato da diocese, vejo que são numerosos os que têm necessidade da nossa diakonia e esta também é uma ocasião sempre missionária. Assim, tenho a impressão de que a ‘clássica’ pastoral paroquial se autotranscenda nos três setores e se torne pastoral missionária.

Por isso, não podemos nos descurar do respeito que devemos dar aos nossos agentes de pastoral. O pároco não tem como fazer tudo! É impossível! Hoje, quer nos movimentos, quer nas pastorais, nas associações ou nas novas comunidades que existem, temos agentes que podem ser colaboradores para a constituição de uma verdadeira rede de comunidades, para que a paróquia atinja a todos os que não são tocados pela nossa pastoral clássica.

Dom Orani João Tempesta - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O que é um santo?

A santidade é basicamente a estreita união do homem com Deus; desse contato resulta a perfeição moral. Deus é santo por natureza; os homens são santos na medida em que se aproximam d’Ele.

No céu todos os bem-aventurados estão intimamente unidos a Deus pela visão imediata d’Ele. Isso é chamado de “visão beatífica”. Todos os que estão no céu atingiram a santidade perfeita. Aqui na terra os homens são unidos a Deus por meio da graça divina. Essa graça é um dom, livremente dado por Ele, por meio do qual nos tornamos “participantes da natureza divina”, como São Pedro afirma (cf. 2 Pd 1, 4). Quanto mais graça um homem tem, tanto mais semelhante a Deus se torna.

Um santo canonizado foi alguém que na terra praticou a bondade heroica em todas as suas ações. Um homem ou uma mulher não é canonizado por ter uma só virtude. Não é suficiente que ele não tenha faltas salientes. Mesmo uma pequena fraqueza é uma grande falta num santo. Um santo tem um controle perfeito de todas as virtudes. O santo não faz da sua vida espetáculo. Começa pelas virtudes sólidas, comuns da vida cristã, e depois as desenvolve até um grau extraordinário. São Vicente de Paulo costumava dizer que “um cristão não deveria fazer coisas extraordinárias, mas sim fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias”.

Os seres humanos chegam à santidade travando uma árdua batalha com eles mesmos, com a carne e com o demônio. Partem do triste estado da nossa fraqueza comum, porém, antes de morrerem, atingem a santidade pela graça de Deus. E isso é possível a todos os batizados. Muitos santos não foram tão santos antes de se colocarem nesse caminho. Santo Agostinho assombrou o mundo pela sua “Confissão”, obra que fala como ele fora na sua mocidade, um moço desajuizado que viveu as suas farras na África e na Europa até se converter. Era amasiado e tinha um filho (Adeodato) antes de se converter aos 33 anos.

Um santo vence a fraqueza. Por isso, a Igreja Católica não hesita em examinar no processo de beatificação minuciosamente tudo o que um santo fez. Santo Tomás de Aquino nasceu aristocrata e se tornou professor numa universidade. A sua característica era a simplicidade e a humildade em investigar a verdade como um dos mais profundos intelectuais de todos os tempos. Era santo. Em cada santo encontramos uma singularidade.

Os santos não foram pessoas raras e especiais que viveram numa só terra ou numa só época particular. Pertencem a todas as épocas e a todas as nacionalidades. São Policarpo, natural da Ásia Menor, viveu no século II; já São Pio X foi um italiano e um Papa do século XX. E os quatro homens que são chamados os Padres do Ocidente, a saber: Santo Agostinho, São Jerônimo, Santo Ambrósio e São Gregório Magno, eram respectivamente da África do Norte, da antiga Iugoslávia e da Itália, e viveram entre os séculos quarto e sexto. Santa Francisca Cabrini era uma freira italiana que fundou hospitais em Nova York e em Chicago. Houve mártires em Nagassaki, no Japão, e padres na Rússia, que foram declarados santos pela Igreja Católica.

O que talvez seja mais surpreendente é a enorme variedade de personalidades entre esses santos. Eram reis e rainhas; sapateiros e agricultores; sacerdotes, bispos, freiras; soldados; juristas; professores; donas-de-casa e mulheres profissionais, que se elevaram às alturas da santidade. Nenhuma classe tem o monopólio da santidade, embora talvez bispos e religiosos, por força da sua profissão, tenham mais frequentemente chegado à santidade.

Professor Felipe Aquino - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

São Sebastião, defensor da Igreja

O santo de hoje nasceu em Narbonne; os pais eram oriundos de Milão, na Itália, do século terceiro. São Sebastião, desde cedo, foi muito generoso e dado ao serviço. Recebeu a graça do santo batismo e zelou por ele em relação à sua vida e à dos irmãos.


Ao entrar para o serviço no Império como soldado, tinha muita saúde no físico, na mente e, principalmente, na alma. Não demorou muito, tornou-se o primeiro capitão da guarda do Império. Esse grande homem de Deus ficou conhecido por muitos cristãos, pois, sem que as autoridades soubessem – nesse tempo, no Império de Diocleciano, a Igreja e os cristãos eram duramente perseguidos –, porque o imperador adorava os deuses. Enquanto os cristãos não adoravam as coisas, mas as três Pessoas da Santíssima Trindade.

Esse mistério o levava a consolar os cristãos que eram presos de maneira secreta, mas muito sábia; uma evangelização eficaz pelo testemunho que não podia ser explícito.

São Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão e também como apóstolo dos confessores, daqueles que eram presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida. O coração de São Sebastião tinha esse desejo: tornar-se mártir. E um apóstata denunciou-o para o Império e lá estava ele, diante do imperador, que estava muito decepcionado com ele por se sentir traído. Mas esse santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado pelo Espírito Santo, que o melhor que ele fazia para o Império era esse serviço; denunciando o paganismo e a injustiça.

São Sebastião, defensor da verdade no amor apaixonado a Deus. O imperador, com o coração fechado, mandou prendê-lo num tronco e muitas flechadas sobre ele foram lançadas até o ponto de pensarem que estava morto. Mas uma mulher, esposa de um mártir, o conhecia, aproximou-se dele e percebeu que ele estava ainda vivo por graça. Ela cuidou das feridas dele. Ao recobrar sua saúde depois de um tempo, apresentou-se novamente para o imperador, pois queria o seu bem e o bem de todo o Império. Evangelizou, testemunhou, mas, dessa vez, no ano de 288 foi duramente martirizado. São Sebastião, rogai por nós!

Santo do Dia - Canção Nova / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O martírio da reconciliação

Celebramos, ao longo dos anos, momentos que a Igreja nos apresenta no ofício de memória por aqueles que derramaram o sangue em defesa da verdadeira fé.


A Escritura Sagrada relata o martírio de muitos santos que suportaram bravamente as conseqüências de suas convicções. Para nós, muitas vezes, a ideia de viver o martírio de sangue nos assusta. Poderíamos suportar as mesmas provas que suportaram os irmãos Macabeus (cf. 2 Macabeus 6,18-31)? Ou ainda o martírio de São Lourenço, que sendo amarrado, foi assado vivo?

Todas essas mensagens nos apontam como resultado a elevação dos martirizados aos altares.

Tão desafiante quanto foi para os primeiros cristãos professar sua fé a ponto de sangue, faz-se necessário para nós viver um martírio tão exigente quanto aqueles primeiros.

Nos dias atuais os algozes se disfarçam em atitudes egoísticas, prepotentes, autoritárias ou de completa indiferença. São atitudes defendidas em favor da necessidade da ‘sobrevivência’ ou que assumimos por considerarmos inerentes à nossa própria personalidade conformista; como por exemplo – “Sou assim mesmo!, Quando me conheceram eu já era assim!, Que me amem como sou! Etc..etc.”.

Sem a pressa de derramar nosso sangue, esses algozes, drenam pouco a pouco valores como solidariedade, compreensão, amizade, afinidade; conduzindo-nos de maneira inteligente a abdicar das instruções expressas por Jesus – “Amai-vos uns aos outros” – em nome da urgência secular e da ‘esperteza’ em nossa própria defesa.

Podemos até nos permitir romper com tal ensinamento, defendendo como desculpa o fato de não sermos santos.

Antes mesmo de pensarmos na possibilidade de um remoto martírio de sangue, e longe das ‘desculpinhas’ defendendo nossas tendências humanas, fixemos nossos propósitos na aceitação da urgência presente.

Para todos os cristãos que pleiteiam o acesso à morada eterna com os anjos e santos, esforcemo-nos a considerar a importância em nos prepararmos para o martírio de amor.

Desta maneira, estaremos nos oferecendo ao martírio cotidiano em cada momento que colocamos prontos a viver o perdão e a reconciliação que é exigido para todos aqueles que aspiram por santidade.

Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

domingo, 18 de janeiro de 2015

Evangelho Dominical: Os primeiros discípulos encontram o Mestre

No dia seguinte, João estava lá, de novo, com dois dos seus discípulos. Vendo Jesus caminhando, disse: “Eis o Cordeiro de Deus!”. Os dois discípulos ouviram esta declaração de João e passaram a seguir Jesus. Jesus voltou-se para trás e, vendo que eles o seguiam, perguntou-lhes: “Que procurais?”. Eles responderam: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?”. Ele respondeu: “Vinde e vede!”. Foram, viram onde morava e permaneceram com ele aquele dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido a declaração de João e seguido Jesus. Ele encontrou primeiro o próprio irmão, Simão, e lhe falou: “Encontramos o Cristo!” (que quer dizer Messias). Então, conduziu-o até Jesus, que lhe disse, olhando para ele: “Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas!” (que quer dizer Pedro). Jo 1, 35-42

Jesus chama à comunhão com Ele no seguimento

Deus fala ao ser humano e sua voz pode ser ouvida e reconhecida. Deus chama Samuel; Jesus, os seus discípulos. A voz que fala em nós precisa ser discernida, para que a voz de Deus não se confunda com outras tantas vozes que falam em nosso interior. Do ser humano é requerida abertura do coração para deixar Deus falar e para escutar a sua voz.

Confiado por sua mãe ao sacerdote Eli, Samuel cresceu no Templo do Senhor. Eli ensinou Samuel a reconhecer a voz do Senhor e a se dispor generosamente a escutá-lo. Para isso, é preciso fazer calar toda fantasia e barulho interno. Sob a orientação de Eli, Samuel pôde se abrir à graça da presença de Deus: “Fala que teu servo escuta!”. Diante de sua disposição, abre-se para ele um verdadeiro caminho de serviço a Deus. No evangelho, é Jesus quem chama e convida à comunhão com ele no seu seguimento: “vinde e vede”.

João Batista não era um asceta itinerante; ele continuava em Bethabara, do outro lado do Jordão, lugar em que ministrava um batismo provisório para a conversão, tendo em vista a vinda do Messias (cf. Jo 1,28). Somente o evangelho de João informa ao leitor de que discípulos de João Batista se tornaram discípulos de Jesus. Nisso também se mostra que a missão do Batista estava orientada para o Messias. Uma das características do quarto evangelho é a corrente de testemunhas que, no trecho de hoje, tem sua origem no testemunho de João Batista sobre Jesus. João aponta para Jesus nomeando-o com um título soteriológico: “cordeiro de Deus”. Com isso, deixa livre os seus discípulos para irem atrás de Jesus. Os dois discípulos, um dos quais o leitor não conhece o nome, aceitam o convite de Jesus, de conhecerem não um lugar, mas a relação que une o Pai e o Filho.

Tendo aceitado o convite, eles decidem “permanecer” com o Senhor, isto é, viver em comunhão com o Senhor. A nomeação de André, irmão de Simão Pedro, prepara o encontro deste com Jesus, encontro que mudará profundamente a orientação da sua vida.

Foi André quem apresentou seu irmão a Jesus. O outro discípulo, no entanto, como dissemos, permanece anônimo, sugerindo que o leitor se identifique com ele e deseje, como ele, conhecer e viver com Jesus. A vida cristã se exprime nesse desejo contínuo de “permanecer” com Jesus.

Pe. Carlos Alberto Contieri - Paulinas / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 17 de janeiro de 2015

Desafios da evangelização: O exercício missionário como sinal fecundo das graças de Deus

Com pouco mais de um ano de missão, “Evangelizadores de Fátima” ajudam a resgatar a prática da oração em família e na comunidade


Quando recebemos o Sacramento do Batismo, tornamo-nos, automaticamente, missionários do Reino Salvífico. É a certificação de nossa aptidão para o exercício de um testemunho convicto de libertação, fundamentado nos preceitos d’Aquele que se ofereceu em sacrifício pela remissão dos nossos pecados.

Diz o evangelista Marcos no capítulo 16:15: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. Somos, por natureza batismal, convocados ao testemunho missionário ininterrupto do Reino de Deus. Um chamado irrecusável, que propõe o anúncio de uma palavra libertadora àqueles que carecem de uma fé fundamentada em Jesus Cristo.

No mundo contemporâneo, existem inúmeros obstáculos que acometem a prática missionária qualitativa dos cristãos. São investidas pesadas de uma sociedade cada vez mais indiferente para com as questões religiosas, que prioriza o acúmulo de bens oriundos do capitalismo compulsório e compactua de uma vivência autossuficiente do ser humano.

É necessário perseverança diante de tudo aquilo que atenta contra a nossa fé; força para transpor as barreiras do pecado e da submissão; coragem para abdicar dos prazeres momentâneos, que apenas nos distanciam da graça de Deus; e foco para desempenhar um autêntico testemunho missionário.


São baseados nesses princípios salutares, que os “Evangelizadores de Fátima”, assim como os demais grupos de oração/evangelização atuantes em nossa comunidade paroquial, vêm desempenhando um ministério de resgate da prática da oração entre os fiéis bonjardinenses.


“Os Evangelizadores de Fátima surgiram de um desejo entre amigos, logo após o milagre que restaurou a vida da minha família. Foi através do singelo testemunho da Virgem Maria, nossa querida mãe, que o caminho de uma família completamente desestruturada tomou um novo rumo em Cristo. E, claro, com o total respaldo de autênticos anjos em minha vida, meus queridos amigos: Amanda Pereira, Erivaldo Alves, Iara Nunes e João Farias. Foram necessárias duras provações para que eu reconhecesse o amor incondicional de Deus por mim. Alcancei n’Ele a restituição da minha família, e hoje vivo em virtude da evangelização como forma de gratidão. Apesar dos momentos de turbulência, nunca perdi a esperança de que Ele me restauraria por completo. Acreditei sempre, e hoje estou dando testemunho das maravilhas do Senhor. Devemos buscar em Cristo o entusiasmo necessário para sermos bons missionários, acolhendo a todos sem distinção.  As oportunidades de trilharmos um caminho de santidade existem, basta abrirmos o nosso coração aos desígnios do Altíssimo e tudo acontecerá conforme a Sua vontade. O desafio dos Evangelizadores de Fátima está em, de forma simples, apresentar Jesus Cristos aos sedentos de Sua graça. Desta forma, temos a convicção de que estamos no caminho certo, e que toda essa obra de evangelização não será em vão.” (Vânia Lima – Coordenadora dos Evangelizadores de Fátima)


“Dentro da Igreja, muitas vezes, corremos o risco de ter uma consciência pagã. Como está a sua família? Ela está sendo exemplo para os outros? Evangelizar é propor uma nova realidade, e isso pode acontecer de várias formas. Você já fez a experiência de ter um encontro com Deus por meio de um sorriso? Por meio de um abraço? O amor de Jesus se manifesta também nas coisas simples.” (Padre Adriano Zandoná)

Por Bruno Araújo / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant’Ana – http://matrizdesantana.blogspot.com.br/