terça-feira, 28 de abril de 2015

Na escola do Bom Pastor

Na escola do Bom Pastor aprendemos com ele e dele receber as graças necessárias para o tempo em que vivemos

A Igreja celebra a cada ano, iluminada pelo facho de luz da Ressurreição do Senhor, a Festa do “Bom Pastor”, olhando para aquele que dá a vida pelo seu povo, tantas vezes chamado carinhosamente de rebanho, para manter a fidelidade à imagem utilizada por Jesus. E ele, ao contar as três pequenas parábolas chamadas do Bom Pastor (Cf. Jo 10, 1-18), sofria pressões de todas as partes, tanto que, com muita força, fala de mercenários, cujos interesses não se tinham manifestados os mais puros diante do povo a ser conduzido a boas pastagens. A figura do Bom Pastor, tão admirada por nós, provocou séria divisão, com os adversários de Jesus tramando armadilhas para condená-lo (Cf. Jo 10, 19-21).


No entanto, de geração em geração os ensinamentos do Senhor conduzem os cristãos a descobrirem riquezas sempre novas nas referidas parábolas. Não podemos nos furtar a desfrutá-las, entrando na escola do Bom Pastor, para aprender com ele e dele receber as graças necessárias para o tempo em que vivemos. O contexto não é muito diferente, pois também hoje assistimos a uma crise significativa na compreensão e no exercício do poder. Parece que a humanidade tem tendência de voltar à idade da pedra, mudando apenas as armas e as técnicas, quando se vê a barbárie de gestos, palavras e atitudes em todos os níveis! Mas vamos entrar na escola!

O mercenário trabalha por dinheiro, sem laços com o rebanho, comprometendo-se apenas até o momento em que recebe seu pagamento. No rebanho de Cristo, ao invés, se entra por amor e se trabalha por amor. Não se sustenta qualquer outro argumento, até porque o que se envolve com o Senhor assume riscos que podem custar-lhe a própria vida. O amor traz consigo a exigência da gratuidade. Entra-se na Escola do Bom Pastor por atração, por liberdade que se compromete com alguém, com paixão pelos valores que caracterizam sua vida. E todas as pessoas que tiverem experimentado um autêntico encontro pessoal com Jesus Cristo estarão envolvidas nestes laços irresistíveis. Vale inclusive para analisar nosso relacionamento com a Igreja, pois quando se começa a tomar distância, analisá-la com pretensa objetividade, é sinal de que faltou este compromisso de coração, até porque com ele vem também a misericórdia, com a qual os eventuais limites das pessoas são alcançados e superados.

No rebanho de Cristo não existem apenas números, mas nomes e histórias das pessoas. Consola saber que Jesus conhece as suas ovelhas pelo nome, sabe dos caminhos que estas percorrem, pensa nelas, vai ao seu encontro, coloca-as, sobre os ombros, cuida como o Bom Samaritano de outra parábola, escreve nos céus os nomes dos que lhes são confiados.

Exuberante lição, diante das muitas e tantas vezes impessoais redes de nosso tempo, com as quais as pessoas no fundo se escondem ou se expõem indevidamente. Muitos até perguntam se não pode acontecer validamente a administração de um Sacramento por meios eletrônicos! A Igreja sempre haverá de propor à humanidade o “olho no olho”, o relacionamento pessoal, a força do encontro em comunidade, que questiona, provoca positivamente e é sinal sacramental do seu Senhor, que nunca abandona seu povo, pois está conosco até o fim dos tempos.

Na Escola de Cristo se estabelece um sonho, com o qual todos são incluídos, até que haja um só rebanho e um só Pastor. A Igreja há de aprender continuamente com o seu Senhor, a pensar em quem está mais distante, nas periferias geográficas e existenciais, expressão tão cara ao Papa Francisco. O mais distante pode estar na casa do vizinho, ou dentro de nossa própria casa! Trata-se de abrir os olhos e o coração, para prestar mais atenção aos gritos ou sussurros das pessoas.

Enfim, do Senhor se aprende e se recebe a graça da liberdade. Ele dá a vida por si mesmo, pois tem o poder de entregá-la e recebê-la novamente (Cf. Jo 10, 18). Os cristãos não se encontram na Igreja por constrangimento, remorsos mal trabalhados ou apenas por tradições recebidas, ainda que estas sejam preciosas. É necessário renovar a liberdade do dom, abraçar com alegria o relacionamento com Deus e com o próximo proporcionado pela aventura da vida cristã.

Tais lições se aplicam para todas as pessoas que assumem responsabilidades em relação aos outros. Da família ao trabalho, na escola ou nas organizações sociais, mais cedo ou mais tarde todos podem de alguma forma “conduzir” os outros, e esta é uma arte que se aprende no discipulado, caminhando com Jesus.

É neste contexto que celebramos o Dia Mundial de Orações pelas Vocações Sacerdotais, no Domingo do Bom Pastor, no qual o Papa Francisco propõe para o seguimento de Jesus a experiência do Êxodo, “paradigma da vida cristã, particularmente de quem abraça uma vocação de especial dedicação ao serviço do Evangelho. Consiste numa atitude sempre renovada de conversão e transformação, em permanecer sempre em caminho, em passar da morte à vida, como celebramos em toda a liturgia: é o dinamismo pascal.

Fundamentalmente, desde o chamado de Abraão até Moisés, desde o caminho de Israel peregrino no deserto até à conversão pregada pelos profetas, até à viagem missionária de Jesus que culmina na sua morte e ressurreição, a vocação é sempre aquela ação de Deus que nos faz sair da nossa situação inicial, nos liberta de todas as formas de escravidão, nos arranca da rotina e da indiferença e nos projeta para a alegria da comunhão com Deus e com os irmãos. Por isso, responder ao chamado de Deus é deixar que ele nos faça sair da nossa falsa estabilidade para nos pormos a caminho rumo a Jesus Cristo, meta primeira e última da nossa vida e da nossa felicidade…Tudo isto tem a sua raiz mais profunda no amor.

De fato, a vocação cristã é, antes de mais nada, um chamado de amor que atrai e reenvia para além de si mesmo, descentraliza a pessoa, provoca um ‘êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si e, precisamente dessa forma, para o reencontro de si mesmo, mais ainda para a descoberta de Deus’” (Bento XVI, Carta enc. Deus caritas est, 6) – (Mensagem para o Dia Mundial de Orações pelas Vocações de 2015).

domingo, 26 de abril de 2015

Visita aos Doentes, Caminhada e Santa Missa marcam o Domingo do Bom Pastor, na Comunidade do Sítio Feijão II

Mutirão de evangelização leva a Palavra de Deus aos moradores do Sítio Feijão II

Neste domingo (26/04), dia do Bom Pastor, a Comunidade do Sítio Feijão II realizou um grandioso mutirão de evangelização, mobilizando pregadores, catequistas, catequizandos, crismandos e moradores da localidade e região, com o propósito de levar a Palavra de Deus àqueles que estão dispersos na fé, ou sob alguma limitação que inviabilize a presença nas celebrações religiosas.


Pela manhã, Pe. Elias Roque (Pároco) realizou visita aos doentes e participou de ação evangelizadora.


Às 14h00, os fiéis participaram da grande caminhada, que saiu da residência da Sra. Florenice, rumo à Capela de Nossa Senhora das Graças, onde foi celebrada a Santa Missa.


Durante homilia, Pe. Elias Roque destacou o pastoreio de Jesus como principal referência de vida missionária, comprometida em conduzir à plenitude da Palavra Salvífica.

“O exemplo do Bom Pastor deve ser o grande referencial na condução das situações do nosso dia a dia. É n’Ele que encontramos toda inspiração necessária para exercermos bem os ofícios que nos são confiados. Quando priorizamos o dinheiro, perdemos muito espiritualmente. Deixamos de enxergar as necessidades do próximo e alimentamos em nosso coração o egoísmo e a arrogância. Servir a Deus é trabalhar pelo engrandecimento do Reino, abdicar das superficialidades e amar incondicionalmente o irmão, como nos recomenda o próprio Cristo”, salientou Pe. Elias Roque.


A animação ficou por conta do Ministério de Música Nossa Senhora de Fátima, do Sítio Campestre; e contou ainda com a participação das Comunidades de Barroncos e Torto.

Por Bruno Araújo / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant’Ana – http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 25 de abril de 2015

Evangelho Dominical: Eu sou o bom pastor!

Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor e a quem as ovelhas não pertencem, vê o lobo chegar e foge; e o lobo as ataca e as dispersa. Por ser apenas mercenário, ele não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. (Tenho ainda outras ovelhas, que não são deste redil; também a essas devo conduzir, e elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.) É por isso que o Pai me ama: porque dou a minha vida. E assim, eu a recebo de novo. Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade. Eu tenho poder de dá-la, como tenho poder de recebê-la de novo. Tal é o encargo que recebi do meu Pai. Jo 10, 11-18

Jesus é o pastor segundo o coração de Deus

Os domingos do tempo pascal são verdadeira catequese sobre a ressurreição, o mistério pascal e suas consequências para a vida dos cristãos. No evangelho de hoje, Jesus se insere na corrente dos profetas que denunciam os falsos pastores e anunciam para Israel um pastor segundo o coração de Deus, compassivo, misericordioso. No século VI a.C., o profeta Jeremias denunciava que os falsos pastores, aqueles a quem era atribuído o título de pastor – os reis, em especial –, conduziam o povo para longe do Deus único e verdadeiro; levaram o povo a adorar os ídolos e a abandonar os mandamentos de Deus. A aflição do povo, o desejo de um único e verdadeiro pastor para que as ovelhas não se desgarrassem, fará com que Deus, diante da fraqueza e da infidelidade dos que estavam à frente do povo, prometa conduzir, ele mesmo, a porção de sua herança, qual um pastor. Essa promessa nós a vemos realizada em Jesus, Bom Pastor. Jesus é o Pastor segundo o coração de Deus, Pastor compassivo e misericordioso, que conduz e protege as suas ovelhas. Não somente isso, mas Jesus é o Bom Pastor que entrega livremente a própria vida em favor de suas ovelhas. A cada celebração da Eucaristia recordamos essa palavra do Senhor: “isto é o meu corpo entregue por vós... isto é o meu sangue derramado por vós”. Entre o Pastor e as ovelhas há uma relação profunda: ambos se conhecem. Trata-se do modo joanino de afirmar que a relação entre o Bom Pastor e as suas ovelhas é participação na relação que existe entre o Pai e o Filho. A relação que Jesus estabelece conosco é como um prolongamento de sua relação com o Pai. Por causa dessa relação tão estreita, selada com amor profundo, que o Bom Pastor oferece livremente a sua vida em favor de suas ovelhas. Essa entrega corresponde ao desejo salvífico de Deus; por isso, Jesus diz: “O Pai me ama porque eu dou a minha vida”. E em seguida, ele diz: “para receber de novo”. É uma referência ao mistério pascal: Jesus entrega a sua vida livremente e a recupera pela vitória sobre a morte. Nós somos convidados, diante de tudo isso, a entrar nesse dinamismo do amor de Deus: “Vede que grande amor nos concedeu o Pai...” (1Jo 3,1). Finalmente, a força da ressurreição de Jesus transforma profundamente a vida de quem o segue. O Pedro da paixão que negou Jesus três vezes foi transformado pela ressurreição do Senhor e pela força do Espírito Santo. Na sua pregação ele experimenta um vigor extraordinário que o faz vencer o medo e aderir plenamente a Cristo ressuscitado e a seu projeto salvífico.

Pe. Carlos Alberto Contieri - Paulinas / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Festa de São Jorge reúne centenas de devotos na Comunidade da Vila Noelândia, em Bom Jardim

Promessa vira tradição entre os fiéis e se confirma como evento do calendário religioso bonjardinense

No dia 23 de abril, a Igreja celebra a memória daquele que viveu sob o senhorio de Cristo e testemunhou o amor a Deus e ao próximo, São Jorge. Na Comunidade da Vila Noelândia, município de Bom Jardim, Agreste de Pernambuco, a solenidade em honra ao “santo guerreiro” teve início na residência da Sra. Carminha Salviano (às 19h00), com procissão percorrendo as principais ruas da cidade, rumo à residência da Sra. Ana Flora; local onde aconteceu a Santa Missa, presidida pelo Pe. Elias Roque (Pároco).


A celebração, animada pelo Coral do Grupo Terço dos Homens, é resultado de uma promessa mantida pela Sra. Ana Flora, e reúne tradicionalmente os fiéis bonjardinenses num clima de fé, louvor e devoção ao grande mártir do ano 303 da era cristã.


São Jorge não queria estar a serviço de um império perseguidor e opressor dos cristãos, que era contra o amor e a verdade. Foi perseguido, preso e ameaçado. Tudo isso com o objetivo de fazê-lo renunciar ao seu amor por Jesus Cristo. São Jorge, por fim, renunciou à própria vida e acabou sendo martirizado. (Canção Nova – Santo do Dia)


Segundo Pe. Elias Roque, o testemunho cristão exercido por São Jorge nos transmite a coragem necessária para lutarmos contra qualquer adversidade que atente contra nossa fé.

“No mundo contemporâneo, a perseguição aos cristãos está se tornando algo cada vez mais comum. Grupos extremistas e seus abomináveis requintes de crueldade, estão tentando silenciar a voz daqueles que seguem e testemunham a única e verdadeira ‘libertação’, Jesus Cristo. Será que nós, assim como aqueles cristãos coptas egípcios, mortos pelo Estado Islâmico, estamos dispostos a seguir Jesus Cristo até as últimas consequências? Que São Jorge, com o seu intrépido testemunho de luta e perseverança, nos confira forças para lutarmos em defesa da nossa fé”, frisou o Pároco.


A festividade, tradicionalmente celebrada no dia 23 de abril, dia de São Jorge, ao longo dos anos de sua realização vem se afirmando como evento do calendário religioso bonjardinense, fortalecendo ainda mais a fé e preservando as tradições religiosas existentes no município.


Por Bruno Araújo / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant’Ana – http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quinta-feira, 23 de abril de 2015

São Jorge, viveu o bom combate da fé

Conhecido como ‘o grande mártir’, foi martirizado no ano 303. A seu respeito contou-se muitas histórias. Fundamentos históricos temos poucos, mas o suficiente para podermos perceber que ele existiu, e que vale à pena pedir sua intercessão e imitá-lo.

Pertenceu a um grupo de militares do imperador romano Diocleciano, que perseguia os cristãos. Jorge então renunciou a tudo para viver apenas sob o comando de nosso Senhor, e viver o Santo Evangelho.

São Jorge não queria estar a serviço de um império perseguidor e opressor dos cristãos, que era contra o amor e a verdade. Foi perseguido, preso e ameaçado. Tudo isso com o objetivo de fazê-lo renunciar ao seu amor por Jesus Cristo. São Jorge, por fim, renunciou à própria vida e acabou sendo martirizado.

Uma história nos ajuda a compreender a sua imagem, onde normalmente o vemos sobre um cavalo branco, com uma lança, vencendo um dragão:

“Num lugar existia um dragão que oprimia um povo. Ora eram dados animais a esse dragão, e ora jovens. E a filha do rei foi sorteada. Nessa hora apareceu Jorge, cristão, que se compadeceu e foi enfrentar aquele dragão. Fez o sinal da cruz e ao combater o dragão, venceu-o com uma lança. Recebeu muitos bens como recompensa, o qual distribuiu aos pobres.”

Verdade ou não, o mais importante é o que esta história comunica: Jorge foi um homem que, em nome de Jesus Cristo, pelo poder da Cruz, viveu o bom combate da fé. Se compadeceu do povo porque foi um verdadeiro cristão. Isto é o essencial.

Ele viveu sob o senhorio de Cristo e testemunhou o amor a Deus e ao próximo. Que Ele interceda para que sejamos verdadeiros guerreiros do amor. São Jorge, rogai por nós!

Santo do Dia - Canção Nova / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A condição do clima é culpa de São Pedro?

Estamos diante de uma situação sem precedentes com o nosso clima. Mas quem é, afinal, o responsável pelas condições climáticas?

O clima está nos habituando a presenciar situações extremas cada vez com maior frequência: inundações, ondas de frio e calor, deslizamentos de terra, secas prolongadas…. A causa é simples: a atmosfera é uma máquina térmica (parecida a uma panela de pressão) movimentada por energia solar. Nos últimos 150 anos, o homem tem lançado na atmosfera quantidades sem precedentes de gases que incrementam a capacidade de reter o calor, conhecidos como gases de efeito estufa. Assim, o aumento da temperatura do ar nas últimas décadas não tem precedentes na história do nosso planeta. Em outras palavras, a “máquina térmica” nunca teve tanta energia para produzir extremos climáticos.

O Brasil não está isento desse problema e contribui para aumentá-lo com altíssimas taxas de desmatamento e queimadas. As consequências também são claras: é só lembrar os deslizamentos de terra no Vale de Itajaí, em 2008; de Angra dos Reis, em 2010; as inundações do rio Mundaú no mesmo ano; as recentes inundações no Acre e Rondônia e, como esquecer, da tragédia da Região Serrana do Rio de Janeiro em 2011. Esses são apenas alguns exemplos dos muitos desastres naturais que poderiam ser citados nas diferentes regiões do país, apenas nos últimos anos.

O ano de 2014 não foi diferente. A Região Sudeste sofre com a maior seca da sua história recente. As estatísticas dirão, em função dos dados disponíveis, que não chove tão pouco há pelo menos meio século e que a vazão do Sistema Cantareira não atingia um nível tão baixo há pelo menos 80 anos. Se, além disso, levarmos em conta a “dimensão humana” (segundo o IBGE, São Paulo passou de 3 milhões de habitantes em 1950 aos atuais mais de 20 milhões, incluindo a região metropolitana), estamos diante de uma situação sem precedentes.

Lembrando que na região sudeste mais da metade da chuva anual cai entre os meses de dezembro a fevereiro, a crise hídrica atual se deve à falta de chuva do último verão. Os meses de dezembro de 2013, janeiro e fevereiro de 2014 foram extremamente secos, os mais secos que temos memória. Em particular, entre início de janeiro e meados de fevereiro de 2014 praticamente não choveu, fato extremamente raro.

A causa principal dessa anomalia climática foi a atuação de uma área de alta pressão atmosférica localizada sobre a região sudeste e o mar adjacente. A alta pressão atmosférica deixou o ar mais denso e pesado, fazendo com que o ar seco, normalmente restrito a grandes alturas, fosse carregado até a superfície. Isso inibiu a ascensão do ar úmido desde a superfície até os altos níveis da atmosfera, necessária para a formação das nuvens e, portanto, da precipitação. Essa área de alta pressão é conhecida tecnicamente, na meteorologia, como “bloqueio atmosférico”, já que, devido à sua grande extensão, alta densidade do ar e deslocamento muito lento, “bloqueia” a passagem de sistemas meteorológicos como as frentes frias ou as zonas de convergência, normalmente responsáveis pelas maiores precipitações ao longo da estação chuvosa.

Os bloqueios atmosféricos são típicos das latitudes altas e ocorrem com maior frequência sobre o Oceano Pacífico. A duração média? Apenas 7 ou 8 dias, sendo que os casos que chegam a permanecer mais de 15 dias são muito raros. Por que, então, um sistema desses se posicionou sobre a região sudeste e permaneceu por surpreendentes 45 dias? Estamos em presença de um fenômeno novo? Ele foi causado pelo aquecimento global? Ele vai se repetir no futuro próximo? Essas são perguntas que os cientistas estamos tentando responder. Porém, mais urgente ainda será fazermos frente à crise que afeta uma boa parte da população. Um aspecto muito importante é que não bastará uma próxima estação chuvosa normal para solucionar o problema. A crise, muito provavelmente, deverá se prolongar durante alguns anos.

A sociedade brasileira, ao longo de sua história, tem demonstrado, e continua demostrando a cada dia, a sua imensa capacidade solidária. Nestes momentos de “torneiras magras”, devemos fazer o maior esforço possível para economizar água e, assim, evitar que outras pessoas sofram com a falta dela. Talvez, a crise hídrica de 2014 tenha nos ensinado uma lição dolorosa: a água é um recurso valioso e escasso, mesmo num país onde normalmente chove muito! E se não o soubemos cuidar dela, sofreremos as consequências. Essa lição inclui vários capítulos: devemos conservar as nascentes e mananciais, mantendo a flora natural; devemos cuidar da qualidade d’água, evitando jogar lixo em locais inapropriados ou despejar esgoto nos rios; devemos evitar as queimadas e o desmatamento  e assim por diante. Enfim, devemos cuidar do nosso patrimônio natural e utilizá-lo de forma racional e responsável.

Por isso, nesses momentos de crise, devemos fazer o nosso maior esforço para economizar água. Por exemplo: tomando banhos curtos, fechando a torneira para lavar a louça ou escovar os dentes, reutilizando a água da máquina de lavar e evitando lavar tudo aquilo que não seja imprescindível. O esforço deve ser de todos e de cada um! Assim, a calçada suja, o carro empoeirado ou, especialmente, a sua conta d’água serão os melhores comprovantes da sua solidariedade.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Convite

A Comunidade da Vila Noelândia, através da paroquiana Ana Flora, convida a todos para participarem da tradicional festa em honra ao Glorioso São Jorge, na próxima quinta-feira (23/04), com procissão saindo da residência da Sra. Carminha Salviano (em frente ao Antigo Cinema), às 19h00, rumo à residência da Sra. Ana Flora (Vila Noelândia), onde acontecerá a Santa Missa, presidida pelo Pe. Elias Roque.

Desde já, agradecemos a presença de todos.
São Jorge, rogai por nós!


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segunda-feira, 20 de abril de 2015

Dom Sérgio da Rocha é eleito novo presidente da CNBB

O arcebispo de Brasília (DF), dom Sérgio da Rocha, foi eleito na manhã desta segunda-feira, 20, como presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O novo presidente foi escolhido ainda no primeiro escrutínio, após receber 215 votos, superando assim os 196 que corresponderam aos dois terços necessários para a eleição.

Currículo de dom Sérgio

O arcebispo de Brasília e novo presidente da CNBB nasceu em Dobrada, no estado de São Paulo, em 1959 e foi ordenado presbítero na Matriz do Senhor Bom Jesus de Matão (SP) em 1984.

Foi nomeado bispo pelo papa João Paulo II em 2001, como auxiliar de Fortaleza (CE) e sua ordenação episcopal foi realizada em agosto do mesmo ano, na Catedral de São Carlos (SP), pelos bispos ordenantes dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, dom Joviano de Lima Júnior e dom Bruno Gamberini.

Em janeiro de 2007 o papa Bento XVI o nomeou como arcebispo coadjutor da arquidiocese de Teresina (PI). Também pelo papa Bento XVI, em 2011, foi nomeado para arcebispo metropolitano de Brasília.

Dom Sérgio estudou Filosofia no Seminário de São Carlos (SP) e Teologia na Pontifícia Universidade de Campinas (SP). O arcebispo é mestre em Teologia Moral pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (SP) e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma.

Dom Sérgio tem como lema episcopal “Omnia in Caritate” – “Tudo na caridade”.

Fonte: CNBB / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

domingo, 19 de abril de 2015

Santo Expedito, o santo das causas urgentes

Nosso santo guerreiro marcou a história por seu testemunho de vida. Mártir da fé, morreu decapitado, em abril do ano 303, sob o comando do Imperador Diocleciano. Expedito era soldado romano, levava uma vida devassa, até que teve um marcante encontro com Deus. Tocado pela graça divina, ele se converteu e mudou radicalmente de vida. Quando também teve início o seu sofrimento ao ser tentado pelo inimigo da salvação dos homens, que quis ludibriá-lo. O espírito do mal apareceu diante dele em forma de corvo e lhe segredou: “ crás..! crás…! crás…!” Palavra latina que quer dizer: “Amanhã…! amanhã…!amanhã…!” Enganador que é, eis a proposta do maligno: Deixe para amanhã. Não tenha pressa! Adie sua conversão!

Esse grande santo da Igreja, cansado daquela vida, não titubeou e pisoteou o corvo, esmagando-o e gritando: HODIE!, que quer dizer: “HOJE”! Nada de adiamento! É para já! Agora! Determinado, sabia que qualquer demora lhe poderia causar prejuízo e a morte eterna. Por isso é considerado o “santo das causas urgentes”, da “solução imediata” para qualquer pedido ou situação. É bastante conhecido por essa característica no Brasil.

Santo Expedito não adia o auxílio que pode nos oferecer para amanhã; sua determinação nos estimula a nunca adiar nossa conversão para amanhã.

A tradição o apresenta como chefe da 12ª Legião Romana, conhecida como “Fulminante” em memória de uma façanha que se tornou célebre. Localizava-se em Militene, província romana da Armênia. Em sua maioria era formada por soldados cristãos que defendiam as fronteiras orientais contra os ataques de bárbaros asiáticos.

Ele destacou-se no comando dessa legião por suas virtudes de cristão e chefe ligado à sua religião, a seu dever, à ordem e à disciplina.

É o santo dos negócios que precisam de pronta solução, cuja invocação nunca é tardia; também é o protetor dos estudantes. Sua data festiva é no dia 19 de abril.

Canção Nova - Clube de Evangelização / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 18 de abril de 2015

Evangelho Dominical: Jesus aparece aos discípulos

Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão. Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!”. Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um espírito. Mas ele disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. E dizendo isso, ele mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas eles ainda não podiam acreditar, tanta era sua alegria e sua surpresa. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?”. Deram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele o tomou e comeu diante deles. Depois disse-lhes: “São estas as coisas que eu vos falei quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Então ele abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e disse-lhes: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destas coisas”. Lc 24, 35-48

O Ressuscitado convida a reler a história à luz do evento pascal

O evangelho de hoje é a sequência do relato dos discípulos de Emaús. Trata-se, ainda, da manifestação de Jesus ressuscitado aos apóstolos, reunidos no Cenáculo. A comunicação espiritual da experiência do Ressuscitado é ocasião em que o próprio Senhor se faz presente. Mas sua presença não é evidente a todos nem nas mesmas circunstâncias. A presença do Ressuscitado não é desvario ou ilusão; ela é real. Ele não é um fantasma; ele tem um corpo. Jesus sabe que os apóstolos estão assustados e que eles têm dificuldade em aceitar essa nova realidade de sua presença. Os apóstolos têm dificuldade de compreender o que é realmente a ressurreição. Eles têm dúvida. Por isso, Jesus ressuscitado convida a olhar as suas mãos e os seus pés e a tocá-lo. Ele é um homem com um corpo e uma alma. Mas o seu corpo de ressuscitado é bem diferente do corpo que tinha quando de sua existência terrestre. Do ponto de vista bíblico, o corpo é um instrumento que Deus colocou à nossa disposição para que possamos viver a nossa vida em plenitude. A experiência que faz sentir uma alegria que perdura para além de um momento aprazível é o modo de conhecer que o Senhor está presente. Nosso texto de hoje afirma uma identidade diferenciada: o Crucificado é o Ressuscitado. Essa é a mensagem contida no convite a olhar as mãos e os pés que trazem a marca da paixão. Embora o seu corpo traga as marcas de sua paixão, trata-se de um corpo glorioso para o qual não há lugar nem situação onde ele não possa estar. É um modo de presença que ultrapassa os limites do visível e do imediatamente perceptível. Ele exige fé. A vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo são indissociáveis. A presença de Jesus ressuscitado ilumina a memória e convida a reler a história à luz do evento pascal. A manifestação de Jesus ressuscitado aos apóstolos, no cenáculo, os abre para o futuro. Quando da sua existência terrestre e finita, a missão de Jesus se limitava às ovelhas perdidas da casa de Israel. Após sua paixão e ressurreição, a missão dos apóstolos se estende para o mundo inteiro. A liturgia deste dia nos convida a aprofundar nosso engajamento e nossa adesão a Cristo ressuscitado e nossa disposição em realizar a sua vontade salvífica.

Pe. Carlos Alberto Contieri - Paulinas / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Bento XVI festeja os 88 anos com orações e poucas visitas

Papa emérito vive em um mosteiro e não terá celebração pública em seu aniversário; secretário particular diz que a morte é um assunto cada vez mais presente


Nesta quinta-feira, 16, o Papa emérito Bento XVI completa 88 anos. Este domingo, 19, marcará os 10 anos de sua eleição como 265º Papa da Igreja Católica. O Papa Francisco ofereceu a Missa de hoje na Casa Santa Marta ao Papa emérito: “Quero recordar que hoje é o aniversário do Papa Bento XVI. Eu ofereci a missa por ele e também convido todos a rezar por ele, para que o Senhor lhe sustente e lhe dê muita alegria e felicidade”.

Como no ano passado, Bento XVI não participará de nenhuma celebração pública e passará estes dias em clima de recolhimento e oração, sem festejos especiais. Seu secretário particular, Dom Georg Gänswein, disse que Bento XVI está bem, para a sua idade e caminha todos os dias cerca de meia hora nos Jardins Vaticanos. “Em geral eu vou com ele, rezamos juntos o terço. Ele, que sempre teve passo rápido, agora, seguindo conselho médico, usa um andador em seus passeios, e em casa, uma bengala”, comentou o arcebispo, em recente entrevista.

Dom Georg disse ainda que o Papa emérito, durante o dia, reza, lê, estuda, responde a muitas cartas e frequentemente toca piano à tarde, mas não se dedica mais a escritos teológicos ou científicos; diz que com os três volumes sobre Jesus concluiu a sua obra. Quando completou 87 anos, o Papa Francisco o felicitou por telefone e o recordou na celebração da missa na Capela da Casa Santa Marta, convidando os fiéis a rezarem por ele.

Joseph Ratzinger celebrou seu último aniversário como Papa aos 85 anos. Em 16 de abril de 2012, iniciou o dia de seu aniversário celebrando uma missa na Capela Paulina do Palácio Apostólico Vaticano com a presença de seu irmão, um grupo de bispos da Baviera e uma delegação desta região alemã.

O “último período de sua vida”

Bento XVI disse que se encontrava diante do “último período de sua vida” e que não sabia o que o esperava”, mas afirmou que “a luz e a bondade de Deus são mais fortes do que qualquer escuridão e de qualquer mal deste mundo”.

Orações, música, poucas visitas, uma vida de ‘monge’: é o que quer ser Papa emérito, desde que renunciou à Sé de Pedro, em 11 de fevereiro de 2013. “No entanto, o pensamento da morte se faz cada vez mais presente”, revela ainda seu secretário, Dom Georg.

“Falamos sobre isso muitas vezes, mesmo sendo ele pessoa muito discreta e reservada. Sua vida é uma arte cristã, porque se preparar para a morte significa preparar-se ao encontro com Deus, um encontro decisivo”.

Joseph Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927 em Marktl am Inn, município da Baviera, no sudeste da Alemanha. Estudou na Escola Superior de Filosofia em Freising e na Universidade de Munique. Foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1951.

Pouco se sabe de sua agenda diária, mas no último dia 11 de abril, o Papa emérito recebeu a visita de seminaristas das Dioceses de Munique e Freising.

Redação Canção Nova - com Rádio Vaticano / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Cerimônia marca abertura da 53ª Assembleia da CNBB

“Quero uma Igreja missionária, solidária e que saiba ouvir!”, com esse refrão cantado pela Assembleia, os bispos do Brasil deram início, em Aparecida (SP), ao 53º encontro do episcopado do país. O arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal dom Raymundo Damasceno pediu as bênçãos para os trabalhos que se realizarão de hoje, 15, até o dia 24 de abril.

Alguns objetivos dessa assembleia foram previamente anunciados pela CNBB: a revisão das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil; a ação dos leigos na Igreja; e as eleições gerais para os serviços da presidência e das comissões episcopais. Além disso, serão eleitos os delegados da Conferência para o Sínodo dos Bispos e do Conselho Episcopal Latino Americano (Celam). As eleições, novamente, serão feitas por meio de urnas eletrônicas.

O prefeito da cidade de Aparecida, Antônio Marcio de Siqueira, e o reitor do Santuário Nacional, padre João Batista de Almeida, deram suas palavras de boas-vindas aos bispos. “Gostaríamos de convidar os senhores para fazer uso do teleférico para ir rezar no Morro do Cruzeiro”, acrescentou o reitor.

Evangelização dos leigos

Dom Giovanni d'Aniello, Núncio Apostólico no Brasil, agradeceu o convite e a hospitalidade dos bispos. “Obrigado a todos aqueles que, durante esses dias, tomarão conta de nós” e em seguida retransmitiu um abraço especial do papa Francisco. O Núncio ressaltou a memória dos 50 anos da conclusão do Concílio Vaticano II e ainda a realização do Sínodo Ordinário, deste ano, sobre a Família.

Dom Giovanni também chamou atenção para um dos temas dessa assembleia, a participação dos leigos na Igreja, e confirmou que o cristão leigo enfrenta o mundo dando razões da sua própria esperança. Dom d'Aniello enumerou os campos de apostolado dos leigos: “a educação, a assistência, social, o progresso cientifico e a política”. Ele lembrou ainda que a evangelização dos leigos constitui um grande desafio pastoral. “O cristão leigo exerce uma ação apostólica que lhe é peculiar” e não somente um trabalho complementar ao dos ministros ordenados, disse o representante diplomático do papa.

Dom Damasceno finalizou as intervenções da abertura da assembleia. Ele esclareceu que a assembleia dos bispos do ano passado decidiu que as Diretrizes Gerais para o próximo quadriênio não serão inteiramente novas, mas profundamente renovadas, principalmente à luz da Encíclica Evangelii Gaudium e das palavras do papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada no Rio de Janeiro, em julho de 2013.

Fonte: CNBB / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

terça-feira, 14 de abril de 2015

Os estragos da TV brasileira

A televisão brasileira, infelizmente, tornou-se uma das piores do mundo no que se refere aos valores morais, à alienação do povo e sua deseducação

Em duas oportunidades – antes de surgir as TVs católicas –, o falecido Cardeal e ex-Primaz do Brasil, Dom Lucas Moreira Neves, publicou, no Jornal do Brasil, dois famosos artigos sobre a televisão brasileira. Esses foram publicados também na Revista “Pergunte e Responderemos” (n. 375, 1993, pg. 357ss)”. No primeiro texto, cujo título é J’Accuse! (Eu acuso!), o prelado afirmava entre outras coisas:

“Eu acuso a TV brasileira pelos seus muitos delitos. Acuso-a de atentar contra o que há de mais sagrado, como seja, a vida. Acuso-a de disseminar, em programas variados, ideias, crenças, práticas e ritos ligados a cultos. Ela se torna, deste modo, veículo para a difusão da magia, inclusive magia negra, satanismo, rituais nocivos ao equilíbrio psíquico.

Acuso a TV brasileira de destilar em sua programação e instalar nos telespectadores, inclusive jovens e adolescentes, uma concepção totalmente aética da vida: triunfo da esperteza, do furto, do ganho fácil, do estelionato. Nesse sentido, merece uma análise à parte as telenovelas brasileiras sob o ponto de vista psicossocial, moral e religioso […]

Qual foi a novela que propôs ideais nobres de serviço ao próximo e de construção de uma comunidade melhor? Em lugar disso, as telenovelas oferecem à população empobrecida, como modelo e ideal, as aventuras de uma burguesia em decomposição, mas de algum modo atraente”.

Acuso, enfim, a TV brasileira de instigar à violência: A TV brasileira terá de procurar dentro de si as causas da violência que ela desencadeou e de que foi vítima […]”.

No segundo artigo (27/01/93), sob o título de “Resistir, quem há de?”, o cardeal pede uma mobilização da família cristã contra isso: “Opino que a família deve estar na linha de frente de resistência: os pais, os filhos, os parentes e os agregados – toda a constelação familiar. Ela é a primeira vítima, torpemente agredida dentro da própria casa; deve ser também a primeira a resistir. É ela quem dá IBOPE, deve ser também quem o negue, à custa de fazer greve ou jejum de TV. Cabe, pois, às famílias, ‘formar a consciência crítica’ de todos os seus membros frente à televisão; velar sobre as crianças e os adolescentes com relação a certos programas; mandar cartas de protesto aos donos de televisão; chamar à atenção os anunciantes, declarando a decisão de não comprar produtos que financiam programas imorais ou que servem de peças publicitárias ofensivas ao pudor, exigir programas sadios e sabotar os mórbidos para que não se diga que o público quer uma TV licenciosa, violenta e deseducativa”.

É preciso meditar profundamente nesta grave acusação de Dom Lucas Moreira Neves. Os pais e educadores, sobretudo os cristãos, não podem deixar as crianças e os jovens à mercê de uma televisão baixa, imoral, deseducativa, amedrontadora e desleal. A TV tem sido a grande promotora da destruição dos valores morais e da família.

O próprio Walter Clark, falecido em 1997, fundador e ex-diretor da TV Globo, também deu o seu testemunho contra essa situação, por intermédio do jornal Estado de Minas (07/01/93, pg 13), afirmando, entre outras coisas, que “A TV brasileira está vivendo um momento autofágico. Lamento ter contribuído, de alguma forma, para que ela chegasse aonde chegou. A emissora está nivelando por baixo: existem traições, incestos, impulsos sexuais incontidos, cobiça, ódio… Tudo isso existe, mas não é só isso. A  sociedade, que já está violenta, acaba tendo no seu registro mais forte de comunicação, que é a TV, só violência”.

Já faz quase vinte anos que esses alertas foram feitos, mas parece que pouco mudou. É verdade que, graças a Deus, surgiram as TVs católicas, que fazem uma “pregação sistemática de valores”, contrapondo-se a outras que fazem o contrário: “uma pregação sistemática de antivalores”.

A televisão brasileira, infelizmente, tornou-se uma das piores do mundo no que se refere aos valores morais, à alienação do povo e sua deseducação. O que temos visto nos famosos “reality shows”, nas novelas e outros programas de auditório? Algo deprimente. Jovens e artistas que expõem suas intimidades ao público em busca de fama e dinheiro fácil, dando aos milhões de jovens mau exemplo de vida. A única coisa nobre nesses programas é o horário; são, na verdade, um fomento à mais mesquinha fofoca em horário nobre. Explora-se, de modo sutil, com um marketing refinado, a miséria das pessoas, seus problemas sentimentais, afetivos, morais, espirituais, num desrespeito profundo à dignidade do ser humano. Ele ali é usado e enganado para dar IBOPE e lucro, nada mais.

Esses programas e outros, repito, em horários nobres, aos quais crianças e jovens assistem, levam-nos ao esquecimento de nós mesmos, à alienação, à futilidade e imoralidade. São cenas contínuas de incitamento sexual, masturbação, convite à fornicação e outras tristezas. Não há cultura, não há formação, não há boa informação; é apenas apelo aos vícios: exibicionismo, soberba, cultura do prazer, sexismo, pornografia, homossexualidade, competição baixa, infidelidade conjugal, preguiça, ociosidade, intrigas, strip-tease e disputas desumanas que levam as pessoas à exaustão física e mental. Tudo em busca de sucesso e dinheiro fácil. Tudo contra o que nos ensina Jesus Cristo. O importante é se tornar uma “celebridade nacional” com direito a outros sucessos. Mas com base em que conteúdo?

A consequência de tudo isso é que se vai aumentando o número de adolescentes grávidas, os abortos, estupros, infidelidades conjugais, homossexualidade, casais separados, jovens abandonados vivendo no crime, na droga e na bebida. Por outro lado, o povo é massificado.

Explora-se maldosamente o mórbido gosto natural pela fofoca e “bisbilhotagem” da vida alheia, fazendo da massa popular como que um rebanho que não pensa e não critica. É uma alienação e desserviço à população. Explora-se comercialmente, “inteligentemente”, a falta de cultura de povo oriundo de uma escola fraca; aumenta-se, como disse alguém, o seu “emburramento”.

Ora, a lei diz que televisão – cuja concessão é do Estado – tem a missão de educar, formar, informar, dar cultura e educação. É isso que temos visto? Não, não e não. Temos visto uma TV que destrói a família  e seus valores sagrados. Com um faturamento financeiro enorme, vende-se alienação numa enorme vitrine de propaganda patrocinada por ricas empresas. Uma campanha na internet contra tudo isso chegou a anunciar: “Quem patrocina a baixaria é contra a cidadania”, é contra o povo; então, como disse o Cardeal Dom Lucas, é preciso o boicote dos cidadãos, especialmente dos cristãos, a quem fomenta a imoralidade.

Lutar contra tudo isso não é moralismo, mas defesa dos valores morais e da família, coluna da sociedade. O povo brasileiro tem sido ofendido e chocado com as barbaridades apresentadas em novelas, com cenas chocantes, palavras chulas e obscenas, que não se pode escrever aqui. Tenta-se, de maneira sutil e maliciosa, passar isso ao povo como “se tudo fosse normal e lícito”, como se o sexo fosse apenas atos de genitalidade, apenas prazer sem uma visão moral e um compromisso com a vida e com o outro, como se fossemos irracionais.

O Congresso Teológico Pastoral de Valencia, na Espanha, no V Encontro do Papa com as famílias, disse que “a família vive uma crise sem precedentes na história”, cujas raízes se encontram na “pressão ideológica” exercida pela “mentalidade consumista” e pela ação de “um laicismo de raiz niilista e relativista”.

É preciso reagir contra esse estado de coisas. Não podemos ficar calados e inertes diante desta cultura niilista e sem Deus que quer tudo destruir.  Se não nos mobilizarmos contra isso, estaremos sendo coniventes com a destruição da família e da sociedade, diante de Deus e dos homens.

O que queremos para os nossos filhos e netos?

Professor Felipe Aquino - Canção Nova / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

domingo, 12 de abril de 2015

Divina Misericórdia

A Misericórdia Divina de Deus está sempre disponível, visto que o Seu plano e desejo é ter misericórdia de todos nós. Ele quer que ninguém escape ao Seu coração Misericordioso.

Devido ao nosso livre-arbítrio, podemos frustrar o seu plano, não aceitando o Seu amor. A misericórdia de Deus é como o sol. Ele está sempre sobre nós, mas podemos optar por fugir do seu calor e da sua luz escondendo-nos na fria escuridão das nossas próprias cavernas. Deus nos ama, não importa o que façamos, e está sempre pronto a perdoar. Então, nesse sentido, não podemos jamais escapar da realidade da Sua misericórdia.

Mas, infelizmente, podemos rejeitá-la. Podemos continuar até o fim rejeitando a grande misericórdia de Deus, recusando-nos a aceitar o amor e o perdão que Ele nos oferece, resistindo aos Seus constantes esforços de trazer-nos de volta a Ele.

Para aqueles que escolhem a justiça de Deus, em vez de a misericórdia que Ele deseja conceder, as palavras “sem escapatória” assumem um significado diferente. Eles escaparam da Sua misericórdia recusando-se a aceita-la, e para eles não haverá escapatória da Sua justiça, não haverá escapatória da sua auto-imposta prisão do pecado e das trevas.

Sou três vezes Santo e abomino o menor pecado. Não posso amar uma alma manchada pelo pecado, mas, quando se arrepende, não há limites para minha generosidade com ela.
A minha misericórdia a envolve e a justifica. Com a Minha misericórdia persigo os pecadores em todos os seus caminhos, e o Meu coração se alegra quando eles voltam a Mim. Esqueço as amarguras com que alimentaram o Meu coração e alegro-Me com a volta deles.

Diz aos pecadores que ninguém escapará ao meu braço. Se fogem do Meu misericordioso Coração, hão de cair nas mãos da Minha justiça. Diz aos pecadores que sempre espero por eles, preciso atenção ao pulsar dos corações deles, para ver quando batem por Mim. Escreve que falo a eles pelos remorsos da consciência, pelos malogros e sofrimentos, pelas tempestades e raios; falo pela voz da Igreja e, se menosprezarem todas as Minhas graças, começarei a Me zangar com eles, deixando-os a si mesmos, e dou-lhes o que desejam”.

(Jesus a Santa Faustina) - Devocionário à Divina Misericórdia - Canção Nova / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 11 de abril de 2015

Evangelho Dominical: Meu Senhor e meu Deus

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: “A paz esteja convosco”. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor. Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Então, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos”. [...] Oito dias depois, os discípulos encontravam-se reunidos na casa, e Tomé estava com eles. Estando as portas fechadas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”. Jesus lhe disse: “Creste porque me viste? Bem-aventurados os que não viram, e creram!”. Jesus fez diante dos discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. Jo 20, 19-31

Como se chega à fé na ressurreição de Jesus Cristo?

Os textos do evangelho dos domingos do tempo pascal são uma catequese sobre a ressurreição. Eles não dizem como Jesus ressuscitou dos mortos, mas comunicam a experiência daqueles que, por primeiro, experimentaram que o Senhor, no Espírito, estava vivo no meio deles, e, ainda, indicam os critérios pelos quais se pode experimentar e reconhecer a presença de Jesus ressuscitado. Como se chega à fé na ressurreição de Jesus Cristo? Nosso texto apresenta duas etapas com um intervalo de oito dias. Na primeira etapa, Tomé não estava; na segunda, ele estava reunido com os outros discípulos.

Os discípulos se encontram reunidos no primeiro dia da semana. É como se fosse o primeiro dia da criação, em que a luz foi feita (Gn 1,3). Efetivamente, a ressurreição do Senhor é luz que anuncia uma nova criação em Cristo. No lugar em que os discípulos estavam reunidos, as portas estavam aferrolhadas por medo dos judeus. Essa observação seguida da notícia de que Jesus se colocou no meio deles é importante para compreender que a presença do Senhor não exige mais um corpo carnal para ser reconhecida. O seu corpo é glorioso e sua presença prescinde da visibilidade. O que ele comunica é a paz, sinal e dom de sua presença. É nesse primeiro dia da semana que o Espírito é dado como sopro do Senhor para a missão e a reconciliação. A ausência de Tomé é importante para o propósito do texto. Ele se recusa a crer no que os outros discípulos anunciavam: “Vimos o Senhor”. Passados oito dias, estando Tomé com os demais discípulos, no mesmo lugar da reunião, Jesus se faz presente e é sentido e reconhecido com o sinal de sua presença: a paz. O diálogo de Jesus com Tomé permite ao leitor compreender que se chega à fé no Cristo Ressuscitado e na sua gloriosa ressurreição através do testemunho da comunidade.

Não há acesso imediato à ressurreição de Jesus Cristo, mas somente mediato, isto é, através do testemunho. É a recepção desse testemunho que permite experimentar na própria vida os efeitos da Ressurreição do Senhor. Nesse sentido, a fé é fundamentalmente “tradição”. Mas Tomé não é, no relato, o homem da dúvida somente e que busca crer por si mesmo ou que julga que só é digno de fé o que pode ser tocado ou demonstrado. Ele é homem de fé, transformado pelo Senhor, capaz de reconhecer o dinamismo próprio pelo qual se chega à fé. A ressurreição de Cristo é o nosso grande bem. Ela é a vida nova de Jesus Cristo, no Espírito Santo. Essa vida nova nos é comunicada pela ação do Espírito que Deus, na sua imensa bondade, quis fazer habitar em nossos corações.

Pe. Carlos Alberto Contieri - Paulinas / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Dom Hélder Câmara é declarado “Servo de Deus” pela Santa Sé

Aval do Vaticano para abertura do processo de canonização foi enviado ao arcebispo local; primeira reunião para andamento do processo será em 3 de maio

Conhecido como o “Dom da paz”, o ex-arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, recebeu o título de “Servo de Deus”. A Congregação para a Causa dos Santos emitiu o parecer favorável autorizando o início do processo de beatificação e canonização do religioso.


O aval da Santa Sé foi comunicado por meio de carta do presidente da Congregação, Cardeal Angelo Amato, menos de dez dias depois que o responsável pelo dicastério confirmou o recebimento do pedido de abertura do processo de Dom Helder, no dia 16 de fevereiro. Contudo, a correspondência só chegou à arquidiocese nesta segunda-feira, 6.

O atual arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, atendeu a imprensa nesta quarta-feira, 8, para explicar como será o andamento do processo daqui para frente. Ele leu o comunicado oficial, traduzido do latim para o português.

A etapa seguinte consiste em reconhecer as “virtudes heróicas” do ex-arcebispo que há 50 anos desembarcou no Estado. Para isso, uma comissão jurídica será nomeada por dom Fernando Saburido, informou a assessoria de comunicação da arquidiocese.

O tribunal, como é chamado o grupo de trabalho, será formado por cinco membros: juiz delegado e promotor de justiça (ambos canonistas), notário, notário adjunto e cursor. A primeira sessão de atividades da comissão será no próximo dia 3 de maio, durante Missa presidida pelo arcebispo, às 9h, na Igreja Catedral Sé de Olinda. Na ocasião haverá a nomeação oficial e o juramento dos escolhidos.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

A importância da Oitava de Páscoa

Após o domingo de Páscoa a Igreja vive o Tempo Pascal; são sete semanas em que celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos, dando-lhes as suas últimas instruções (At1,2). Quarenta dias depois da Ressurreição Jesus teve a sua Ascensão ao Céu, e ao final dos 49 dias enviou o Espírito Santo sobre a Igreja reunida no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa. O Espírito Santo dado à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso.


O Tempo Pascal compreende esses cinquenta dias (em grego = “pentecostes”), vividos e celebrados “como um só dia”. Dizem as Normas Universais do Ano Litúrgico que: “os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, “como se fosse um único dia festivo”, como um grande domingo” (n. 22).

É importante não perder o caráter unitário dessas sete semanas. A primeira semana é a “oitava da Páscoa”. Ela termina com o domingo da oitava, chamado “in albis”, porque nesse dia os recém batizados tiravam as vestes brancas recebidas no dia do Batismo.

Esse é o Tempo litúrgico mais forte de todo o ano. É a Páscoa (passagem) de Cristo da morte à vida, a sua existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, seu Corpo. No dia de Pentecostes a Igreja é introduzida na “vida nova” do Reino de Deus. Daí para frente o Espírito Santo guiará e assistirá a Igreja em sua missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a Parusia. Com a vinda do Espírito Santo à Igreja, entramos “nos últimos tempos” e a salvação está definitivamente decretada; é irreversível; as forças o inferno vencidas pelo Cristo na cruz, não são mais capazes de barrar o avanço do Reino de Deus, até que o Senhor volte na Parusia.

A Igreja logo nos primórdios começou a celebrar as sete semanas do Tempo Pascal, para “prolongar a alegria da Ressurreição” até a grande festa de Pentecostes. É um tempo de prolongada alegria espiritual. Esse tempo deve ser vivido na expectativa da vinda do Espírito Santo; deve ser o tempo de um longo Cenáculo de oração confiante.

Nestes cinquenta dias de Tempo Pascal, e, de modo especial na Oitava da Páscoa, o Círio Pascal é aceso em todas as celebrações, até o domingo de Pentecostes. Ele simboliza o Cristo ressuscitado no meio da Igreja. Ele deve nos lembrar que todo medo deve ser banido porque o Senhor ressuscitado caminha conosco, mesmo no vale da morte (Sl 22). É tempo de renovar a confiança no Senhor, colocar em suas mãos a nossa vida e o nosso destino, como diz o salmista: “Confia os teus cuidados ao Senhor e Ele certamente agirá” (Salmo 35,6).

Os vários domingos do Tempo Pascal não se chamam, por exemplo, “terceiro domingo depois da Páscoa”, mas “III domingo de Páscoa”. As leituras da Palavra de Deus dos oito domingos deste Tempo na Santa Missa estão voltados para a Ressurreição. A primeira leitura é sempre dos Atos dos Apóstolos, as ações da Igreja primitiva, que no meio de perseguições anunciou o Senhor ressuscitado e o seu Reino, com destemor e alegria.

Portanto, este é um tempo de grande alegria espiritual, onde devemos viver intensamente na presença do Cristo ressuscitado que transborda sobre nós os méritos da Redenção. É um tempo especial de graças, onde a alma mais facilmente bebe nas fontes divinas. É o tempo de vencer os pecados, superar os vícios, renovar a fé e assumir com Cristo a missão de todo batizado: levar o mundo para Deus, através de Cristo. É tempo de anunciar o Cristo ressuscitado e dizer ao mundo que somente nele há salvação.

Então, a Igreja deseja que nos oito dias de Páscoa (Oitava de Páscoa) vivamos o mesmo espírito do domingo da Ressurreição, colhendo as mesmas graças. Assim, a Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de que “o tempo especial de graças” que significa a Páscoa, se estenda por oito dias, e o povo de Deus possa beber mais copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável, onde o céu beija a terra e derrama sobre elas suas Bênçãos copiosas.

Mas, só pode se beneficiar dessas graças abundantes e especiais, aqueles que têm sede, que conhecem, que acreditam, e que pedem. É uma lei de Deus, quem não pede não recebe. E só recebe quem pede com fé, esperança, confiança e humildade.

As mesmas graças e bênçãos da Páscoa se estendem até o final da Oitava. Não deixe passar esse tempo de graças em vão! Viva oito dias de Páscoa e colha todas as suas bênçãos. Não tenha pressa! Reclamamos tanto de nossas misérias, mas desprezamos tanto os salutares remédios que Deus coloca à nossa disposição tão frequentemente.

Muitas vezes somos miseráveis sentados em cima de grandes tesouros, pois perdemos a chave que podia abri-lo. É a chave da fé, que tão maternalmente a Igreja coloca todos os anos em nossas mãos. Aproveitemos esse tempo de graça para renovar nossa vida espiritual e crescer em santidade.

O Círio Pascal

O Círio Pascal estará acesso por quarenta dias nos lembrando isso. A grande vela acesa simboliza o Senhor Ressuscitado. É o símbolo mais destacado do Tempo Pascal. A palavra “círio” vem do latim “cereus”, de cera. O produto das abelhas. O círio mais importante é o que é aceso na vigília Pascal como símbolo de Cristo – Luz, e que fica sobre uma elegante coluna ou candelabro enfeitado. O Círio Pascal é já desde os primeiros séculos um dos símbolos mais expressivos da vigília, por isso ele traz uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, para indicar que a Páscoa do Senhor Jesus, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos alcança com força sempre nova no ano concreto em que vivemos. O Círio Pascal tem em sua cera incrustado cinco cravos de incenso simbolizando as cinco chagas santas e gloriosas do Senhor da Cruz.

O Círio Pascal ficará aceso em todas as celebrações durante as sete semanas do Tempo Pascal, ao lado do ambão da Palavra, até a tarde do domingo de Pentecostes. Uma vez concluído o tempo Pascal, convém que o Círio seja dignamente conservado no batistério. O Círio Pascal também é usado durante os batismos e as exéquias, quer dizer no princípio e o término da vida temporal, para simbolizar que um cristão participa da luz de Cristo ao longo de todo seu caminho terreno, como garantia de sua incorporação definitiva à Luz da vida eterna.

No Vaticano, a cera do Círio Pascal do ano anterior é usada para a confecção do “Agnus Dei” (Cordeiro de Deus), que muitos católicos usam no pescoço; é um sacramental valioso para nos proteger dos perigos desta vida, pois é feito do Círio que representa o próprio Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele é confeccionado de cera branca onde se imprime a figura de um cordeiro, símbolo do Cordeiro Imolado para reparar os pecados do mundo.

Esses “Agnus Dei” são mergulhados pelo Papa em água misturada com bálsamo e o óleo Sagrado Crisma. O Sumo Pontífice eleva profundas orações a Deus implorando para os fiéis que os usarem com fé, as seguintes graças: expulsar as tentações, aumentar a piedade, afastar a tibieza, os perigos de veneno e de morte súbita, livrar das insidias, preservar dos raios, tempestades, dos perigos das ondas e do fogo – impedir que qualquer força inimiga nos prejudique – ajudar as mães no nascimento das crianças.

Prof. Felipe Aquino / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/