quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Ano Novo... Vida nova...

Acho positivo avaliar os fatos da vida e assim perceber “o bem maior” que eles sempre nos trazem, “muito embora, às vezes, de forma oculta ao menos por um tempo”. Passagem de ano é a época propícia para avaliação! A descoberta que partilho, é o fato de avaliar os lucros e vitórias de cada situação, com os olhos da fé.


Cada vez mais a mídia, embalada pelo consumismo e materialismo, insiste em nos ensinar a medir o sucesso apenas pelas conquistas materiais, desconsiderando total ou parcialmente, as conquistas interiores, que na verdade, são as mais valiosas e duradouras.

O “ser” tem dado lugar ao “ter” e assim os valores se confundem, nos levando ao egoísmo exagerado do possuir, custe o que custar. Com os olhos da fé podemos contemplar uma outra realidade: Deus, em sua infinita misericórdia, providencia o necessário para cada dia e nos segura com seu amor de Pai.

Quando se fala em avaliação do ano, é indispensável considerarmos “o bem maior” que cada situação nos proporcionou. Portanto, o sucesso do ano, não está na compra de um carro novo, casa ou algo assim, mas na conquista de relacionamentos profundos, nas novas amizades, no crescimento da intimidade com Deus, nas descobertas interiores e tantos outros benefícios, frutos do encontro com Deus e consigo mesmo em meio aos altos e baixos do dia-a-dia.

O saldo positivo do ano vivido, portanto, está nas vitórias interiores e, no amor que semeamos e colhemos de cada coração.

Em clima de avaliação e expectativas na fronteira do novo ano, somos contagiados pelas palavras e testemunho do Santo Padre, o Papa, que nos garante: “(…) a paz continua possível, então a paz é um dever!”

Para termos neste novo ano a Vida Nova que desejamos, precisamos assumir, antes de tudo, nossa identidade de filhos amados de Deus e, portanto, construtores da paz; considerarmos o “ser” muito mais que o “ter” e, acolhermos com amor o “bem maior” que cada situação nos oferece.

Feliz Ano Novo! Feliz Vida Nova!

Dijanira Silva - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O que será novo no ano novo?

Será novo o ano em que mudarmos nosso olhar sobre a vida e sobre os problemas. Ao longo de nossa caminhada aprendemos a triste lição de ficarmos presos a somente um ponto de vista. Aprendemos a olhar a vida de maneira míope. O que será novo em nós começa a nascer de novos olhares que em nós se escondem. A luz de um novo tempo brilha silenciosamente nos jardins secretos que em nós habitam.


Talvez o poeta consiga enxergar o que muitos desejariam. Ele contempla o silêncio das palavras e nelas descobre a essência das palavras ainda não escritas. Ele dá vida a sementes que silenciosamente dormem nos canteiros da alma. Palavras germinam como as sementes: silenciosamente. No solo em que foram sepultadas as palavras brotam sob olhares de novas possibilidades.

Cada flor que nasce do silêncio é um olhar totalmente novo diante da vida. Cada esquina da alma revela o que antes nunca tínhamos visto. Caminhar entre os nossos sonhos, nas campinas verdes da esperança, é fazer do cotidiano a mais bela experiência de ser humano.

Olhar a vida com os olhos da bondade é acreditar que o mundo pode ser diferente se mudarmos o nosso olhar em relação a ele. A mudança não começa no outro, ela nasce em nós primeiro. O mundo quem em nós carregamos só começará a mudar quando mudarmos a nós mesmos. A mudança começa a cada nova manhã que se despede das trevas de uma noite que se tornou passado. Experiências de ressurreição nascem do que foi sepultado nas noites que não mais serão as mesmas.

Nem sempre é fácil mudar o olhar. É preciso que antes nasça o desejo em nosso coração. Muitos olham e não enxergam. Muitos enxergam e não conseguem olhar. Olhar é ir além do que vemos. É atravessar pontes e descobrir novos territórios em terras antigas.

A ponte que une é mais bonita que o muro que separa. O sertão que em nós habita pode ser tão bonito quanto o oásis com qual um dia sonhamos. Nos poentes da vida nosso olhar contemplará uma linda manhã que está para chegar.

Canção Nova - Espiritualidade / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

domingo, 27 de dezembro de 2015

Evangelho Dominical

Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: - “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus respondeu:- “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?”. Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas. E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens. Lc 2,41-52


Homilia

Neste domingo solene, na Oitava do Natal de Jesus Cristo, celebramos a Sagrada Família: Jesus, Maria e José. A família é algo tão sagrado e sublime para Deus, que Ele mesmo quis nascer no seio dela. Ele poderia ter sido um homem sozinho neste mundo, poderia ter vindo ao mundo de outra forma, como Deus quisesse, mas a forma sublime de estar entre nós é na família e pela família.

Toda família é sagrada para Deus

Desse modo, toda família é sagrada para Deus, é uma bênção para Ele! É nela que o Senhor reside e a graça maior acontece. Jesus é família desde toda a eternidade, e a Santíssima Trindade também é por excelência. Uma vez que Jesus não estava só, enquanto Filho de Deus na Sua visita à humanidade, nasceu e cresceu no seio de uma família.

Deus quer abençoar a sua família, mas Ele quer que você entenda quão sagrada e sublime ela é! Ame, respeite, valorize, louve a Deus pela família que você tem!

A presença de Deus

É verdade que temos muitas famílias machucadas, dilaceradas e desfeitas. Há as que se romperam, mas isso não tira a graça e o valor delas, não tira, de forma nenhuma, a presença de Deus da sua casa. Mesmo que a família esteja machucada e ferida, é ali que Deus precisa estar mais ainda.

Nesta festa da Sagrada Família, queremos exaltar a família como lugar da presença de Deus e, ao mesmo tempo, honrar os compromissos que todos precisamos ter: maridos amem muito vossas esposas, e esposas amem muito seus esposos, sejam fiéis uns para com os outros, e acima de tudo, respeitem-se e tenham cordialidade um para com o outro. Que aos filhos nunca falte o cuidado, a educação e a atenção de seus pais.

É importante falar ao coração de cada filho que a bênção de Deus está sobre eles quando sabem honrar seus pais, mesmo que tenham defeitos e já tenham lhes contrariado muito. Suporte os defeitos, os limites, as dificuldades, mas não grite com seus pais, não os desonre, não os maltrate nem os deixe de lado.

Pai e mãe são presentes e presença sublime de Deus entre nós! Muitas vezes, não compreendemos nem somos compreendidos por nossos pais, mas tudo isso não torna menor o efeito da graça. Muito pelo contrário, a humildade em saber acolher o limite do outro faz a graça de Deus crescer entre nós! Deus abençoe nossas casas, nossas famílias e nossos lares!

Padre Roger Araújo – Canção Nova / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 26 de dezembro de 2015

O Salvador nasceu! Como devemos acolhê-lo em nossa vida?

A Vida e os sofrimentos de Jesus, sua dolorosa Paixão e morte de Cruz, nos leva a concluir que somente Ele poderia salvar a humanidade da perda eterna por causa do pecado original e de nossos pecados pessoais. Com certeza o Pai não permitira que seu Único Filho amado, voluntariamente se submetesse a tanta dor e sofrimento, se houvesse outro caminho melhor de salvação; se houvesse outro salvador que o pudesse isentar de tanto sofrimento.


Tudo isso nos faz entender com clareza meridiana aquilo que São Pedro disse aos judeus em Jerusalém depois de ter curado aquele aleijado na porta do Templo: “Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do Céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4,11-12).

Infelizmente Jesus continua sendo desprezado por muitos que, enganados, pensam que há salvação fora Dele. Só Cristo pode nos salvar porque somente Ele pode oferecer à Justiça divina uma reparação necessária e suficiente, de intensidade Infinita, em vista dos pecados da humanidade, que ferem a Majestade infinita de Deus. Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja, disse que: “Sendo Deus um bem infinito, a ofensa cometida contra Ele pede satisfação infinita”. Só a Igreja fundada por Jesus tem o poder de através dos seus ministros, pelos Méritos de Sua Paixão, pode perdoar os pecados e dar a salvação. Ninguém mais. Os que buscam a salvação em outros caminhos estão profundamente enganados.

Então, devemos acolher esse Menino Deus que nasce no Natal, como nosso único Senhor e Salvador, Mestre divino e Redentor. Se entendemos o que Ele fez por nós, só nos resta uma alternativa: segui-lo como seguiram os seus Apóstolos até o fim. Só Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida”. Não há outro caminho de salvação; não há outra verdade que liberte e não há outra vida que perdure por toda a eternidade. Ele deixou tudo isso muito claro: “Eu Sou a Luz do mundo; aquele que Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (João 8,12).

E disse aos judeus que disputavam com Ele: “Por isso vos disse: morrereis no vosso pecado; porque se não crerdes que Eu Sou, morrereis no vosso pecado” (João 8,24). “Se permanecerdes na Minha Palavra, sereis meus discípulos; conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (João 8,31-32). “Se, portanto, o Filho vos libertar sereis verdadeiramente livres” (João 8,36). “Em verdade, em verdade vos digo, antes que Abraão existisse Eu Sou” (João 8,58); quer dizer Eu sou Deus, Eu existia.

Diante de tanta certeza da divindade de Jesus, e de ser Ele o nosso único Salvador, nossa imediata decisão deve ser a de segui-lo, amá-lo com amor puro e com reta intenção, vivendo segundo a Sua santa Vontade. Ele disse no Sermão da Montanha que quem o seguisse seria feliz, mas pereceria que o conhecesse e o abandonasse:

“Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína” (Mt 7,24-27).

Esta ruina a que Jesus se refere é a vida daquele que O conhece, conhece o Evangelho, mas lhes vira as costas, e prefere seguir outros mestres, outros pretensos doutores, e outras filosofias deste mundo.

Uma conclusão lógica é esta: Depois que o Verbo se fez carne, depois que Jesus sofreu tudo o que sofreu por nós, seria insensatez e falta de juízo não segui-lo. Diante da festa do Seu Nascimento, esta deve ser a nossa mais importante decisão: seguir Jesus. Há uma bela música que diz: “Seguir somente a Ti Senhor, seguir somente a Ti Senhor; seguir somente a Ti Senhor, e não olhar atras; seguir seu caminhar Senhor, seguir sem vacilar Senhor; prostrar-me em Teu altar Senhor, e não olhar pra trás…”

É isso ai, seguir Jesus com determinação; sem olhar para trás. Sem desanimar e sem desesperar nunca. Olhando para Ele sempre como diz a Carta aos Hebreus: “Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus” (Heb 12,1).

Sabemos que seguir Jesus não é fácil, mas é a única coisa sensata que podemos fazer nesta vida. O Santo João Paulo II nos disse: “Não tenham medo, o Senhor ressuscitado caminha conosco”. Nesta fé este Papa santo enfrentou inúmeras dificuldades em seus 25 anos de Pontificado, mas nunca desistiu; nunca se deixou vencer pelo medo. Muitas vezes Jesus disse a seus discípulos, e diz também a nós: “Não temais”. “Eu venci o mundo”.

Mas para viver assim, fortalecido pelo amor de Jesus, que nos dá a paz que supera todo entendimento, é preciso viver em comunhão com Ele, lutando constantemente contra o pecado, o maior mal do mundo. Para isso Jesus nos dá a sua graça, especialmente pelo sacramento da Confissão e da Eucaristia. Sua presença contínua e permanente em todos os Sacrários da Terra, é a garantia de Sua presença amiga a nos acompanhar e socorrer.

Jesus disse que sem Ele não podemos nada. Querer seguir Jesus sem a Sua graça é utopia. Sua exigência supera nossas forças humanas: “Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz a cada dia e me siga-me” (Lc 9,23). Só na companhia doce e agradável de Jesus será possível viver este projeto de salvação. Mas é possível. Por isso Ele exige: “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim, nada podeis fazer” (João 15,1-5).

Logo, contemplando o Nascimento de Jesus temos de pedir a graça de “permanecer Nele”, ouvindo-o em Suas Palavras, recebendo sempre o Seu perdão na Confissão, alimentando-nos sempre com o Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade; levando-o aos que não o conhecem, edificando a Sua santa Igreja, orando sem cessar como disse São Paulo. Seguindo assim o Senhor seremos felizes, como garante o Apóstolo:

“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus” (Fil 4,4-7).

A melhor maneira de acolher Jesus que chega no Natal é tomar a decisão de segui-lo todos os dias da vida, buscando fazer Sua santa vontade.

Prof. Felipe Aquino / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O verdadeiro sentido do Natal de Jesus

Uma reflexão sobre o verdadeiro sentido do Natal e a segunda vinda de Jesus Cristo ao mundo


No final do Tempo do Advento e na proximidade das festas natalinas, o verdadeiro sentido do Natal, da vinda de Jesus Cristo ao mundo, pode ficar obscurecido em meio a tantas coisas que podemos julgar importantes, mas na realidade não são. Neste tempo, é normal que nos preocupemos com a ceia de Natal, com os presentes, com a roupa que vestiremos e tantos outros detalhes que fazem parte das comemorações. No entanto, celebrar o Natal não é simplesmente festejar o aniversário de Jesus Cristo. Em festas de aniversário, normalmente a preparação se limita ao cuidado com o lugar da festa, as comidas, as bebidas, a lista de convidados e outros detalhes exteriores. Mas, celebrar o nascimento de Jesus Cristo, “Deus conosco”, exige muito mais do que a simples preparação exterior. A este respeito, podemos até dizer que nos confessamos e fizemos atos de caridade, que neste tempo são práticas comuns. Estas nos ajudam a nos preparar para o Natal, mas não suficientes. O Menino Deus precisa ser acolhido e, para saber se estamos prontos para isso, podemos fazer a nós mesmos algumas perguntas: temos lugar para Deus em nossas vidas? Onde acolheremos o Senhor? Qual será a nossa atitude depois de acolher Jesus Cristo em nossas vidas? Responder a estas perguntas pode nos revelar qual é o verdadeiro sentido do Natal.

Não havia lugar para acolher a Sagrada Família

Em Belém, ninguém quis acolher São José e a Virgem Maria, e com ela o Menino Deus. Neste fato, temos uma imagem da realidade espiritual de que, quando deixamos de acolher a Mãe, deixamos de acolher também o Filho. Como não havia outro lugar, a Santíssima Virgem “deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria”. Esta hospedaria é a imagem dos corações ingratos, que acolhem qualquer tipo de pessoas, mas não tem lugar para Deus. A este respeito, “Maria Santíssima disse a uma alma devota: Foi uma disposição divina que a mim e a meu Filho nos faltasse agasalho da parte dos homens, afim de que as almas cativadas pelo amor de Jesus se oferecessem a si próprias para o acolherem e o convidassem amorosamente a tomar morada em seus corações”. Depois de dois mil anos, Jesus Cristo continua a vir e procurar um lugar para nascer. Entretanto, quantas vezes não somos nós mesmos que não temos lugar para Ele, por que amamos muito mais as criaturas do que o Criador? Por vezes, nossos corações são como uma péssima hospedaria, cheia de hóspedes das piores estirpes: egoístas, mentirosos, arrogantes, preguiçosos, amantes do prazer. Quantas vezes dizemos que não temos tempo para rezar, mas na correria do dia a dia temos tempo para tudo e para todos, menos para o Senhor do tempo? Por estas e outras razões que nos venham ao pensamento nestas reflexões, este Natal é um convite para que preparemos o nosso interior e acolhamos o Menino Jesus, que fará morada Sua em nossos corações.

O Menino Deus procura um lugar para ser acolhido

Jesus Cristo veio ao mundo, que “foi criado por ele e para ele”, mas não foi acolhido pelos homens: “Veio para o que era seu e os seus não o receberam”. Por isso, o Natal é sempre um convite para preparar os nossos corações para acolher o Menino Jesus. Pois, “a Verdade que salva a vida acende o coração de quem a recebe com um amor para com o próximo que move a liberdade a voltar a dar aquilo que se recebeu gratuitamente”. Esta é uma oportunidade que não devemos desprezar, já que “ser alcançados pela presença de Deus, que se faz próximo de nós no Natal, é um dom inestimável. Dom capaz de nos fazer ‘viver no abraço universal dos amigos de Deus’ naquela ‘rede de amizade com Cristo, que une céu e terra’, que alarga a liberdade humana para o seu cumprimento e que, se for vivida na sua verdade, floresce ‘num amor gratuito e cheio de solicitude pelo bem de todos os homens’. Nada é mais belo, urgente e importante que voltar a dar gratuitamente aos homens o que recebemos gratuitamente de Deus!”. Nada nos dispensa ou livra deste grave e fascinante compromisso. Dessa forma, “a alegria do Natal, que já conhecemos, enquanto nos enche de esperança, estimula-nos ao mesmo tempo a anunciar a todos a presença de Deus no meio de nós”.

O verdadeiro anúncio é levar Jesus Cristo

Neste anúncio, temos a Virgem Maria como modelo incomparável de evangelização, pois ela “comunicou ao mundo não uma ideia, mas Jesus, Verbo encarnado”. Depois de receber o anúncio do Arcanjo São Gabriel e da realização do Mistério da Encarnação do Verbo, a Virgem de Nazaré partiu apressadamente para as montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou sua prima Santa Isabel. “Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo”. Em Santa Isabel e em seu filho São João Batista, ainda em seu ventre, se realiza o primeiro milagre de Jesus Cristo na ordem da graça. Ambos recebem o Espírito Santo através da simples saudação da Santíssima Virgem, pois ela levou o Menino Deus em seu seio à casa de São Zacarias e Santa Isabel. O Evangelho ainda não fora anunciado por Jesus Cristo, mas Ele, a Boa Nova em pessoa, estava no ventre de Maria. A Virgem Maria sempre leva seu Filho Jesus nos lábios e no coração, por isso, sua ação foi tão eficaz. Por isso, invoquemos Nossa Senhora com confiança, para que recebamos a graça de levar Jesus Cristo, o Salvador, aos homens do nosso tempo. Dessa forma, cada um de nós deve sentir a alegria de partilhar com os outros a Boa Nova do Filho de Deus: “de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Jesus Cristo está presente no meio de nós. Ele é o Emanuel, que significa Deus conosco. Jesus não é um Deus distante, mas está sempre presente em nossas vidas. Esta presença de Jesus Cristo é o motivo de nossa alegria, que nos impulsiona a anunciar esta Boa Nova, e o verdadeiro sentido do Natal.

O Natal e a expectativa da vinda gloriosa de Jesus Cristo

Portanto, o verdadeiro sentido do Natal é que Jesus Cristo veio ao mundo e permanece em nosso meio: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”. O Emanuel está e estará sempre presente, nos sacrários por toda a terra, na celebração dos Sacramentos, mas principalmente em nossos corações, até sua vinda definitiva no fim dos tempos. Neste sentido, a preparação para o Natal se reveste de um caráter permanente. Pois, o Senhor Jesus está sempre conosco, mas ao mesmo tempo, a sua presença se renova através dos Sacramentos, especialmente na Liturgia. Além disso, devemos vigiar e orar, pois podemos perder a presença do Senhor por causa de nossos pecados e também por que não sabemos o dia nem a hora, se estamos ou não na iminência da segunda e definitiva vinda de Jesus Cristo. Na expectativa da vinda gloriosa do Senhor, devemos preparar continuamente os nossos corações. No entanto, na segunda vinda do Senhor, não seremos mais nós que O acolheremos em nossos corações. Mas, será o próprio Filho de Deus quem preparará um lugar para nós e nos acolherá: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo”. Sendo assim, o Natal é tempo de alegria pela vinda do Menino Jesus ao mundo, mas também é o tempo propício para renovarmos o compromisso de nos preparar continuamente para a segunda vinda do Senhor. Pois, são “felizes aqueles que lavam as suas vestes [e as alvejaram no sangue do Cordeiro] para ter direito à árvore da vida e poder entrar na cidade pelas portas. Isto posto, a partir deste Ano Santo da Misericórdia, acolhamos a misericórdia de Deus em nossas vidas e assumamos com determinada determinação a nossa vida espiritual. Por fim, acolhamos com amor a Virgem Maria em nossos corações, pois com ela acolheremos seu divino Filho, e vivamos com alegria a expectativa da vinda gloriosa do Salvador: “Vem, Senhor Jesus!”.

Natalino Ueda – Canção Nova / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant’Ana – http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Natal Solidário 2015: Ação solidária beneficia mais de duzentas e cinquenta famílias carentes, em Bom Jardim

Há 12 anos, iniciativa mobiliza população bonjardinense em prol da solidariedade

Mais uma edição da campanha beneficente "Natal Solidário", coordenada pela Pastoral do Dízimo da Paróquia de Sant’Ana, do município de Bom Jardim, no Agreste pernambucano, foi realizada com grande êxito na noite da última terça-feira (22), na Quadra Poliesportiva Dr. Edson José de Andrade Coutinho.


A celebração, transferida da Praça Frei Damião, em decorrência das insistentes chuvas, contou com Missa presidida pelo pároco local, Pe. Elias Roque, louvor com o Grupo Terço dos Homens, apresentação musical e distribuição de mais de duzentas e cinquenta cestas de donativos, arrecadados em pouco mais de um mês e meio de campanha, entre as famílias pré-cadastradas.


Para a Professora Miriam Arruda, coordenadora do projeto, a iniciativa serve como estímulo, para que ações similares sejam realizadas ao longo de todo o ano.

“Obrigado a todos aqueles que colaboraram para a realização de mais um Natal Solidário da Paróquia de Sant’Ana. A nossa equipe sabe que esses simples donativos não resolverão um problema tão presente em nossa sociedade: a fome. Porém, também sabemos que esta iniciativa solidária transmite algo muito além do pão material. Ensina que devemos partilhar com o próximo aquilo que temos. Que ao celebrar o Natal do Senhor, lembremos sempre dos marginalizados, dos excluídos, dos esquecidos, dos famintos e miseráveis, para que possamos, de fato, viver o autêntico espírito do Natal”, salientou a coordenadora.


Além do Natal Solidário, a Paróquia de Sant’Ana realiza, ao longo do ano, outras campanhas beneficentes de grande expressão no município, com o propósito de conferir assistência religiosa e social às comunidades carentes e longínquas, atendendo suas necessidades específicas.


Por Bruno Araújo / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant’Ana – http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

domingo, 20 de dezembro de 2015

Evangelho Dominical

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. Lc 1,39-45


Homilia

Neste 4º Domingo do Advento, contemplamos Maria, a mulher que se põe a caminho. Ela é a mulher cheia de Deus, que O carrega dentro de si e vai ao encontro do outro.

Maria vai ao encontro de sua prima Isabel, grávida, necessitada de ajuda e presença. Ela não põe dificuldades, sobe aquela região montanhosa da Judeia e vai ao encontro de sua parenta, para estar a serviço dela nesse tempo de espera.

Sabe, meus irmãos, Maria é para nós modelo de mulher temente a Deus, mulher orante, que confia e se submete a fazer a vontade do Senhor em sua vida.

A fé precisa ser operante

A fé opera na caridade e no serviço, quando, ao sermos cuidados por Deus, cuidamos do outro em Seu nome. Por isso, Maria é aquela que sai ao encontro do outro. E todos nós somos chamados a sair ao encontro do outro e cuidar dele, estar à disposição dos mais sofridos. Não podemos ficar naquela condição de dizer: “Eu sou coitado! Não tenho tempo! Eu já tenho muita coisa! Eu preciso ser cuidado!”, porque não entendemos nada dos cuidados de Deus e vivemos uma fé, muitas vezes, egoísta.

Quando Deus nos manda em missão ao batismo, à Eucaristia – “Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe” –, Ele quer nos acompanhar na missão de cuidar dos outros. Ele cuidou de nós, alimentou-nos e encheu-nos da Sua graça; agora precisamos fazer o mesmo.

Sejamos a presença amorosa de Deus

Que este tempo que nos aproxima da semana do Natal nos dê a oportunidade de refletirmos, com um pouco mais de seriedade e profundidade, de quem precisamos ir ao encontro, com quem precisamos nos encontrar neste tempo, com quem precisamos ser a presença amorosa de Deus.

Não podemos viver o Natal acomodados, apenas cuidando de nossas coisas e assim por diante. Precisamos ir ao encontro do outro, levar o Deus que está em nós para as outras pessoas; assim, a graça divina acontece, quando somos a presença de Deus na vida do nosso próximo, nosso semelhante!

Padre Roger Araújo - Canção Nova / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

E vós, quem dizeis quem eu sou?

Jesus tornou-se tão significativo para humanidade tanto quanto tentou ser ele mesmo “insignificante” no que diz respeito ao exercício da autoridade divina que lhe cabia. Ou seja, Ele não buscou os holofotes nem se usou do seu poder divino para provar ter significância, mas demonstrou sua grandeza pela sua aparente pequenez. Sua forma majestosa de ser humilde começa já de seu nascimento paradoxal; um rei que nasce numa manjedoura. Aquele que criou o espaço quase não teve espaço para nascer! Ele quebrou os conceitos do mundo sobre o poder e a majestade, buscando na fraqueza a força sendo ele Deus.


Como escreveu São Paulo aos Filipenses:

“Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,6-8).

A influência dos ensinamentos de Jesus na história engloba a todos; cristãos e não cristãos, pois foram ensinamentos que falavam a alma do ser humano, e perscrutava suas mentes e suas intenções; os corações e os seus sentimentos. Jesus exerceu muito mais influência pelo que disse do que pelos milagres que realizou. Pois os milagres são para os que creem e abrange e uma parcela menor de pessoas, mais os seus ensinos morais são para toda humanidade; para todo homem e mulher de boa vontade, pois revelam mais sua humanidade e nos faz poder está mais próximo de Deus a partir dela, sendo Ele também um “nascido de mulher” como nós. Ele não foi apenas um curador de doenças físicas e um intervencionista das leis da natureza, mas um curador de almas doentes e retificador da natureza humana pecaminosa.

Seu legado foi tão precioso e caro à humanidade, que na história nunca ninguém obteve tanta importância, a julgar pelos fatos posteriores que se seguiram ligados a sua pessoa. Pois quantos não foram aqueles que se inspiraram a seguir seus exemplos, quantos não foram os testemunhos de pessoas que tiveram grandes experiências místicas com Ele, mesmo depois de sua passagem pela Terra; quantos não foram martirizados em causa do Seu nome, e por se dizerem seguidores d’Ele. Tudo isso por alguém que fora considerado um marginal, e que fora julgado, condenado, crucificado e morto. Nunca um “morto” havia sido tão recordado e invocado para aliviar dores, para operar milagres e animar os tristes. Mas também tudo isso nos mostra que o Reino de Deus é agora, já acontecendo no meio de nós, toda vez que nos assemelhamos ao Cristo em suas atitudes. O Reino de Deus já veio e cabe a nós concretizá-lo no nosso dia-a-dia, pois Jesus já nos deu a direção. 
Jesus é o perfeito modelo do homem, antes de perder a graça. Ele é o novo Adão, como nos diz a tradição da Igreja. Sua humanidade só pode ser divina!

Por Adjair Brasiliano / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

domingo, 13 de dezembro de 2015

Evangelho Dominical

Naquele tempo, as multidões perguntavam a João: “Que devemos fazer?”. João respondia: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!”. Foram também para o batismo cobradores de impostos, e perguntaram a João: “Mestre, que devemos fazer?”. João respondeu: “Não cobreis mais do que foi estabelecido”. Havia também soldados que perguntavam: “E nós, que devemos fazer?”. João respondia: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!”. O povo estava na expectativa e todos perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele virá com a pá na mão: vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”. E ainda de muitos outros modos, João anunciava ao povo a Boa Nova. Lc 3,10-18

Comentário

O Evangelho deste domingo é para nós um provocador, neste tempo de conversão que vivemos que é o tempo do Advento. E João Batista é para nós um referencial, um homem que nasceu santo e viveu convertido, caminhou na graça de Deus e no deserto muitos o procuravam para mudar de vida.

A pergunta que todos faziam era: “Mestre, que devemos fazer?” (Lucas 3, 12). A pergunta que todos nós devemos dirigir ao nosso Mestre Jesus é esta também: “Mestre, o que devo fazer?”.

Sabe, meus irmãos, não adianta palavras ou apenas propósitos e boa vontade, precisamos fazer algo para que a conversão seja real em nossa vida! Vai dizer o Evangelho que aquele que têm duas túnicas, dê uma a quem não tem; quem cobrou a mais, devolva e não cobre mais. Assim cada um vai olhar para a sua própria vida e Deus vai dizer: ‘Repara isso!’.

Nós temos muitas coisas para reparar em nossa vida! E “reparar”, em primeiro lugar, quer dizer: deixar o mal ou as coisas erradas que costumamos fazer, corrigir os nossos passos e direcionar a nossa vida pela estrada correta. Não podemos viver apenas de boas intenções e boa vontade; é preciso, de fato, converter-se e deixar de lado, deixar de fazer aquilo que não edifica a nossa vida nem a do outro.

O primeiro meio de correção é reconhecer o que precisamos mudar em nós e fazer um esforço possível para mudar isso. Se foi injusto com alguém, não seja mais!

É verdade que, em algumas situações, precisamos reparar o mal cometido; se pegamos o que era de alguém, precisamos devolver;  se falamos mal de alguém, precisamos agora falar bem e corrigir o mal que falamos.

Nós não podemos ser pessoas néscias e achar que fizemos algo errado e mau e que tudo fica por isso mesmo, porque Deus é bom, é misericórdia. Deus é muito bom e muito misericordioso! E por que Deus é misericordioso? Porque a sua misericórdia ilumina o nosso coração para repararmos o mal que fizemos a nós, ao outro e a quem for.

A graça é essa que São João anuncia, ele está batizando com a água que lava e purifica, mas Jesus nos batiza no Espírito Santo. Se precisamos da água para nos lavar, a água do batismo, a consciência reta e limpa, precisamos do fogo do Espírito para termos coragem, fortaleza para sairmos do caminho do mal e fazermos o que é correto e justo! Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo - Canção Nova / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 12 de dezembro de 2015

Como viver o Ano da Misericórdia?

O Ano da Misericórdia será intenso, será uma preparação para a segunda vinda de Cristo

A Palavra meditada está em São Matheus 25, 31-46: “Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estão à direita: – Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes;  nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim.  Perguntar-lhe-ão os justos: – Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar? Responderá o Rei: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes. Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: – Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes. Também estes lhe perguntarão: – Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos? E ele responderá: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna.”

Ao lermos essa Palavra, diante do tempo que estamos vivendo na Igreja – o Ano da Misericórdia –, ela parece um pouco contraditória, mas não é. É a oportunidade de estarmos mais próximos de Deus.

Papa Francisco revelou a ‘Bula de convocação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, intitulada “vultus Misericordiae”’. Não tenho dúvida, e ouso dizer, que Deus inspirou o nosso Papa a proclamar o Ano da Misericórdia a cada um de nós, para que vivamos a experiência da misericórdia divina.

Por meio dessa bula, o Papa quer que experimentemos o perdão, a reconciliação e o amor; ele quer que voltemos para a presença de Deus.

“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3, 16).

Jesus passou seus 33 anos de vida fazendo o bem, libertando os pecadores, curando os enfermos e proclamando o ano da graça. É Aquele que veio redimir a todos, que nos salvou na cruz com Sua grande atitude de misericórdia.

Estamos preparados para o grande dia?

O Ano da Misericórdia será intenso, será uma preparação para a segunda vinda de Cristo.  Entretanto, não há nenhum calendário nos lembrando o dia em que o Senhor voltará; dessa forma,  precisamos viver um intenso Advento, preparando-nos para a vinda do Senhor.

O Evangelho nos traz as obras de preparação corporais, mas devo apresentar também as espirituais. São quatorze obras de misericórdia: sete corporais e sete espirituais. Essas obras são um grito da Virgem e do Espírito Santo nos comunicando: “Maranata, vem Espírito de Deus!”.

As obras de misericórdia corporais são:

Dar de comer a quem tem fome:

“Porque tive fome e me destes de comer” (Mateus 25, 35). Não é dar o resto, o que sobra; precisamos ajudar os mais necessitados. Estamos nos tornando indiferentes à pobreza, estamos focados somente em nós, pensamos somente no individual.

Dar de beber a quem tem sede:

“Tive sede e me destes de beber” (Mateus 25, 35). Esse é um compromisso dos nossos governantes, mas pode ser também o nosso!

Dar pousada aos peregrinos:

“Era peregrino e me acolhestes” (Mateus 25, 35). Não quer dizer que devemos pegar os moradores de rua e levá-los para dormir conosco, mas precisamos entender que a Igreja tem obras de misericórdia que acolhem aqueles que não tem teto e levá-los até esses lugares.

Vestir os nus:

“Estava nu e me vestistes” (Mateus 25,36). Não é só doar as roupas velhas, mas dar também as novas. Precisamos sair do egoísmo, ter a coragem do desprendimento e de dar talvez aquilo que mais nos agrade; dar de graça para o pobre que mais necessite.

Visitar os enfermos:

“Estava enfermo e me visitastes” (Mateus 25, 36). Precisamos ser presença na vida daqueles que estão padecendo, que se encontram enfermos; dispor-nos num trabalho com os presos que, muitas vezes, são abandonados pelas famílias.

Enterrar os mortos:

No Livro de Tobias, encontramos o seguinte: “Tobit, com uma solicitude toda particular, sepultava os defuntos e os que tinham sido mortos” (Tb 1, 20). Devemos enterrar os nossos e também os mais próximos de nós.

As obras de misericórdia espirituais são:

Ensinar os ignorantes, aqueles que não conhecem a Palavra de Deus. Precisamos nos abrir para que outros façam a experiência com Cristo.

Dar bons conselhos: Só pode dar conselho aquele que já teve a experiência com Deus. Direcione as pessoas, mostre a elas aquilo que é bom e certo.

Corrija os que erram: Precisamos corrigir aqueles que estão no erro; corrigi-los com amabilidade e caridade ao dizer que não estão certos; ajudá-los a encontrar a misericórdia, a justiça e a paz.

Perdoar as injúrias: Perdoar aqueles que nos ofenderam, perdoar as mágoas. Precisamos ser como Jesus, que perdoava a todos.

Animar os tristes: Precisamos estar presentes na vida das pessoas, sairmos do individualismo. Quantos idosos abandonados nos asilos, tristes, esperam a visita de alguém! Se morreu alguém da família, seja presença para aqueles que precisam.

Sofrer com paciência às fraquezas do próximo: É difícil, ainda mais quando o próximo é quem dorme ao nosso lado e come na mesma mesa que nós. É pedir a Deus a longanimidade e saber esperar o tempo de Deus trabalhar na vida daquela pessoa.

Rezar pelos vivos e defuntos: Nós precisamos rezar pelos políticos, precisamos abençoá-los, pedir ao Senhor que tenha compaixão e transforme suas vidas. Precisamos orar pelas pessoas que estão nas ruas. Abramos o nosso coração para que essas pessoas experimentem a presença de Deus.

Diante de tudo isso, o Papa está provocando a nossa consciência. É uma maneira de acordar a nossa sociedade diante da pobreza.

É a hora de abrirmos as portas do nosso coração para o próximo, para que façam a experiência com a misericórdia divina. Precisamos, neste Ano da Misericórdia, parecermo-nos mais com Cristo.

“O amor é a flor; a misericórdia é o fruto”, dizia Santa Faustina.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Ano da Misericórdia: entenda o significado

O que é o Ano Santo?

O Papa Francisco anunciou o Jubileu do Ano Santo da Misericórdia por meio da Bula de Proclamação Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia). O Jubileu iniciou em 08 de dezembro de 2015 e se concluirá no dia 20 de novembro de 2016, com a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo.


A celebração do Jubileu se origina no judaísmo. Consistia em uma comemoração de um ano sabático que tinha um significado especial. A festa se realizava a cada 50 anos. Durante o ano os escravos eram libertados, restituíam-se as propriedades às pessoas que as haviam perdido, perdoavam-se as dívidas, as terras deviam permanecer sem cultivar e se descansava. Era um ano de reconciliação geral. Na Bíblia, encontramos algumas passagens dessa celebração judaica (cf. Lv 25,8).

O que significa Jubileu?

A palavra Jubileu se inspira no termo hebreu de yobel, que se refere ao chifre do cordeiro que servia como instrumento musical. Jubileu, também tem uma raiz latina, iubilum que representa um grito de alegria. Na tradição católica, o Jubileu consiste em que durante um ano se concedem indulgências aos fiéis que cumprem certas disposições estabelecidas pelo Papa. O Jubileu pode ser ordinário ou extraordinário. A celebração do Ano Santo Ordinário acontece em um intervalo a cada 25 anos, com o objetivo de que cada geração experimente pelo menos uma em sua vida. Já o Ano Santo Extraordinário se proclama como celebração de um fato destacado. O Jubileu proclamado pelo Papa Francisco é um Ano Santo Extraordinário. É um convite para que, de maneira mais intensa, fixemos o olhar na Misericórdia do Pai.

Por que abrir uma porta no Ano Santo?

A Porta Santa, na Basílica de São Pedro, em Roma, só se abre durante um Ano Santo e significa que se abre um caminho extraordinário para a salvação. Na cerimônia de abertura, o Papa toca a porta com um martelo 3 vezes enquanto diz: “Abram-me as portas da justiça; entrando por elas confessarei ao Senhor”. Depois de aberta, entoa-se um canto de Ação de Graças e o Papa atravessa esta porta com seus colaboradores.

O que fazer nesse ano?

Na Bula Misericordiae Vultus, o Papa Francisco sugere algumas iniciativas que podem ser vividas em diferentes etapas:

Realizar peregrinações;
Praticar as obras de misericórdia;
Intensificar a oração;
Passar pela Porta Santa em Roma ou na Diocese;
Perdoar a todos;
Buscar o Sacramento da Reconciliação;
Superar a corrupção;
Receber a indulgência;
Participar da Eucaristia;
Fortalecer o ecumenismo;
Converter-se.

O que é a indulgência?

Indulgência é a remissão diante de Deus da pena devida aos pecados, cuja culpa já foi perdoada. Cada vez que alguém se arrepende e se confessa, é perdoado a culpa dos pecados cometidos, mas não a pena. Por exemplo, se alguém mata uma pessoa e se arrepende, depois pede perdão e procura o Sacramento da Penitência, receberá o perdão. Contudo, como repassar o mal cometido que tirou a vida de alguém? Por isso permanece uma pena após o perdão. Essa situação pode ter um indulto, uma indulgência, que a Igreja oferece em certas condições especiais e quando o fiel está bem disposto a buscar a santidade de vida, aproximando-se cada vez mais de Deus. A Igreja pode oferecer a indulgência pelos méritos de Cristo, de Maria e dos santos que sempre participam da obra da salvação. Sobre isso, escreveu o Papa Francisco: “No sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos nossos comportamentos e pensamentos permanecem. A misericórdia de Deus, porém, é mais forte também do que isso. Ela torna-se indulgência do Pai que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a agir com caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado” (Misericordiae Vultus, 22).

Como receber a indulgência?

Para receber a indulgência todos são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à Celebração da Eucaristia com uma reflexão sobre a Misericórdia. Será necessário acompanhar essas celebrações com a profissão de fé e com a oração pelo Papa, para o bem da Igreja e do mundo inteiro.

Há indulgências para os falecidos?

A indulgência pode ser obtida também para os que faleceram. A eles estamos unidos pelo testemunho de fé e caridade que nos deixaram. Assim como os recordamos na Celebração Eucarística, também podemos, no grande mistério da Comunhão dos Santos, rezar por eles, para que o rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa abraça-los na felicidade sem fim.

E os doentes e idosos?

Para eles será de grande ajuda viver a enfermidade e o sofrimento como experiência de proximidade ao Senhor que no mistério da sua paixão, morte e ressurreição indica o caminho para dar sentido à dor e à solidão. Viver com fé e esperança este momento de provocação, recebendo a comunhão ou participando na Celebração Eucarística e na oração comunitária, inclusive através dos vários meios de comunicação, será, para eles, o modo de obter a indulgência jubilar.

As obras de misericórdia

A experiência da misericórdia torna-se visível pelo testemunho concreto. Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente, obterá a indulgência jubilar.

Obras corporais

Dar de comer aos famintos;
Dar de beber aos que tem sede;
Vestir os nus;
Acolher o estrangeiro;
Visitar os enfermos;
Visitar os encarcerados;
Sepultar os mortos.

Obras espirituais

Aconselhar os duvidosos;
Ensinar os ignorantes;
Admoestar os pecadores;
Consolar os aflitos;
Perdoar as ofensas;
Suportar com paciência as injustiças;
Rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Nossa Senhora da Imaculada Conceição

Neste dia, estamos solenemente comemorando a Imaculada Conceição de Nossa Senhora, a Rainha de todos os santos

Esta verdade, reconhecida pela Igreja de Cristo, é muito antiga. Muitos padres e doutores da Igreja oriental, ao exaltarem a grandeza de Maria, Mãe de Deus, usavam expressões como: cheia de graça, lírio da inocência, mais pura que os anjos.


A Igreja ocidental, que sempre muito amou a Santíssima Virgem, tinha uma certa dificuldade para a aceitação do mistério da Imaculada Conceição. Em 1304, o Papa Bento XI reuniu na Universidade de Paris uma assembleia dos doutores mais eminentes em Teologia, para terminar as questões de escola sobre a Imaculada Conceição da Virgem. Foi o franciscano João Duns Escoto quem solucionou a dificuldade ao mostrar que era sumamente conveniente que Deus preservasse Maria do pecado original, pois a Santíssima Virgem era destinada a ser mãe do seu Filho. Isso é possível para a Onipotência de Deus, portanto, o Senhor, de fato, a preservou, antecipando-lhe os frutos da redenção de Cristo.

Rapidamente a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, no seio de sua mãe Sant’Ana, foi introduzido no calendário romano. A própria Virgem Maria apareceu em 1830 a Santa Catarina Labouré pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.

No dia 8 de dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Deus do Papa Pio IX, a Igreja oficialmente reconheceu e declarou solenemente como dogma: “Maria isenta do pecado original”.

A própria Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo para Santa Bernadette e para todos nós: “Eu Sou a Imaculada Conceição”. Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!

Canção Nova - Santo do Dia / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

sábado, 5 de dezembro de 2015

Evangelho Dominical: Preparai o caminho do Senhor

No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da Traconítide, e Lisânias, tetraraca de Abilene, enquanto Anás e Caifás eram sumos sacerdotes, a Palavra de Deus foi dirigida a João, o filho de Zacarias, no deserto. Ele percorreu toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados, como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: “Voz de quem clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele. Todo vale será aterrado; toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas serão endireitadas, e os caminhos esburacados, aplanados. E todos verão a salvação que vem de Deus”. Lc 3,1-6

Comentário

O trecho do evangelho que lemos neste segundo domingo do advento, tempo de graça que nos prepara para celebrar o Natal do Senhor, é, no evangelho segundo Lucas, o prelúdio do ministério público de Jesus. Nosso texto apresenta a missão de João Batista, precursor do Messias. Uma das características do evangelho segundo Lucas é o sincronismo histórico, isto é, ele visa situar os acontecimentos da história da salvação na história da humanidade.

Com isso o autor do terceiro evangelho insiste na dimensão histórica desses acontecimentos. O evangelista nos dá uma indicação temporal: décimo quinto ano do império de Tibério César, ou seja, por volta do ano 28 d.C. Em seguida, traz uma visão panorâmica da situação política do momento: Pôncio Pilatos, governador da Judeia; Herodes, tetrarca da Galileia; Filipe, seu irmão, da Itureia e da Traconítide; Lisânias, de Abilene. Ele nos diz também que Anás e Caifás eram os sumos sacerdotes em Jerusalém. João, filho de Zacarias, é um profeta da transição entre o Antigo e o Novo Testamento. Por isso, de modo solene, como para os profetas antigos (cf. Jr 1,4), se diz que a Palavra de Deus foi dirigida a ele, impelindo-o a pregar um batismo de conversão para a remissão dos pecados. O batismo de João prepara um evento muito mais importante: a vinda do Senhor.

Somente removendo todo obstáculo é que a salvação de Deus se tornará acessível a todas as pessoas. A voz de João Batista convida a nos prepararmos para receber o Senhor. O que significa endireitar as veredas? Significa fazer com que nossa conduta seja conforme a vontade de Deus. Quando perdemos a confiança em Deus e a esperança, nos tornamos como um vale que precisa ser aterrado. Como? Pela confiança em Deus. Para receber o Senhor é preciso humildade; é isso que significa que toda montanha e colina serão rebaixadas. Todos dependemos da bondade do Senhor; sem ela não somos nada; por isso, devemos renunciar e lutar contra o orgulho e a soberba. A voz de João no deserto nos convida neste tempo do advento a examinar nossa consciência para ver em que precisamos ser purificados e transformados para reconhecer e acolher o Senhor que vem ao nosso encontro.

Pe. Carlos Contieri - Paulinas / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/