quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Você já sabe em quem vai votar?‎

Mais uma vez, estamos às portas das eleições. Nosso envolvimento com a política é uma obrigação como cidadãos, mas também como cristãos. Na Encíclica Populorum Progressio, o Papa Paulo VI (1963-1978) afirma que a política é a forma mais elevada de exercício da caridade. Portanto, para colaborarmos com a construção do Reino de amor de Cristo, temos que aprender a lidar com as questões políticas.


Política não se faz nem se vive somente em tempo de eleições. Ao contrário, é preciso que estejamos sempre atentos ao mundo político, acompanhando os acontecimentos e, de forma especial, verificando como o candidato que elegemos está gerindo o poder público, ao qual ele teve acesso com o nosso voto. As questões sociais, o bem comum e os problemas da sociedade também devem fazer parte do nosso dia a dia. Se isso não for possível por intermédio de um protagonismo social, ao menos, que o façamos ao acompanharmos as coisas que estão acontecendo no mundo ao nosso redor.

Nós cristãos, se quisermos refletir e agir na nossa sociedade com coerência, precisaremos ter algum conhecimento da Doutrina Social da Igreja. A fé não é – e não pode ser! – um baú enterrado dentro de nós! A fé cristã ilumina e orienta tudo aquilo que o cristão vive e faz. Portanto, a fé tem grande significado na forma como o cristão reflete sobre a sociedade e no modo como ele vê e lida com a política.

Sem dúvida, o tempo das eleições é um tempo privilegiado de viver a cidadania, e, sobretudo, de escolher aqueles que vão nos representar nos poderes públicos do Legislativo e do Executivo.

Contudo, precisamos ter algumas referências básicas, seja para a escolha de um candidato, seja quanto à cobrança de suas ações depois de eleitos. Sugiro as seguintes referências:

– O primeiro requisito é a honestidade e a transparência do político. Nisso se inclui uma vida social e moral íntegra; o respeito às leis e às normas sociais.

– É preciso ver o que motiva o candidato a exercer um mandato político, ou seja, se realmente está interessado no bem comum ou se sua preocupação central é consigo mesmo e com interesses pessoais. Exercer um mandato público não pode ser uma aventura pessoal, mas sim uma missão que se assume visando ao bem comum.

– Observar se o candidato tem uma história pregressa de dedicação à sociedade e seus problemas. É estranho que uma pessoa que nunca tenha se importado com isso e que nunca tenha dedicado seus esforços ao bem comum, agora queira exercer um poder público que existe para gerir questões da sociedade…

– O preparo do candidato quanto à capacidade de fazer política, ou seja, verificar se ele é preparado para se relacionar politicamente, sendo capaz propor e realizar projetos. Também é relevante a competência para representar o povo nas diversas questões da sociedade e do Estado e, desse modo, não ser um joguete nas mãos dos interesses de grupos organizados.

– É preciso considerar a coragem e a firmeza do candidato com relação a seus valores. Não se trata de ter uma concepção puritana da política, entendendo que, às vezes, é preciso abrir mão do que é periférico e acidental para garantir o essencial. Mas sim de que o político deve ter a coragem de enfrentar seus opositores e manter-se firme diante dos desafios da vida política e pública.

– Ponto fundamental são os valores do candidato. Para nós, católicos, é essencial que os princípios de nosso candidato sejam realmente cristãos. Em meio a tantas ideologias que penetram na cultura e na política, o político precisa ter firmeza na sua fé, tanto no conhecimento como no testemunho daquilo em que crê.

Desta forma, estaremos convencidos de que um bom político não é somente aquele que ganha um mandato cheio de boas intenções. Sabemos que o sistema político brasileiro é altamente corruptor. Para que ele se mantenha nos seus ideais, é fundamental que seja cercado por uma estrutura que o oriente, o acompanhe e o ajude em todos os âmbitos: do aspecto espiritual à sabedoria de saber se posicionar de maneira correta diante das questões mais difíceis e complexas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O papel dos cristãos nas eleições

A principal arma dos cidadãos no regime democrático é o voto. É através dele que o povo pode fazer valer a sua vontade e o seu legítimo poder. É pelo voto que cada cidadão participa dos destinos de sua nação. É pelo voto que ajuda a nação a mudar de rumo, que elimina os maus governantes, etc.


Diz a nossa Constituição que todo poder emana do povo e que em seu nome é exercido. Portanto, como dizem os sociólogos, todo povo tem o governo que merece”. O governante sai do meio do povo e é escolhido pelo povo.

O cristão precisa exercer sua cidadania na construção de uma sociedade justa e solidária. Por isso é importante despertar o senso global das responsabilidades políticas.

Se o povo sabe votar bem e escolher homens e mulheres honestos e capazes para dirigir a cidade, o estado e a nação, então, esse povo terá bons governantes, honestos e justos, que saberão priorizar bens os recursos públicos, os impostos pagos pelos cidadãos, etc. No entanto, se o povo votar mal, escolher seus governantes por motivos escusos e egoístas, interesseiros, sem escolher bem os candidatos, então, terá certamente governantes que serão politiqueiros, e não políticos. Qual é a diferença entre uns e outros?

O político verdadeiro é aquele que governa e dirige para o bem comum; para o bem do povo; priorizando certamente os mais necessitados e as medidas mais urgentes que beneficiem a todos de modo geral. O verdadeiro político decide em função do bem comum e não de seus interesses eleitoreiros ou corruptos. Infelizmente muitos deles se servem da política ao invés de servir ao povo; muitos fazem da oportunidade de exercer um cargo público uma maneira de se enriquecer, empregar os familiares mais próximos, etc. É por isso que hoje o conceito dos políticos está lá em baixo; mas o povo tem culpa também nisso, pois é ele quem elege esses maus políticos. Se o povo escolhesse melhor, com mais consciência e seriedade, conhecendo cada um, as coisas seriam diferentes.

O verdadeiro político olha somente para o bem dos cidadãos e não para os seus interesses pessoais; não fica de olho na próxima eleição, mas realiza hoje o que é necessário para a cidade e para o povo, independente se isto ou aquilo que faz vai lhe dar mais ou menos votos. Alias, o que dá voto é exatamente o bom governo, a honestidade e o caráter do governante.

Quantas obras importantes e urgentes de serem realizadas não são feitas, simplesmente porque não dão votos. Mas, a politicagem um dia aparece clara aos olhos do povo. Disse alguém que é possível enganar a muitos durante pouco tempo, ou a poucos durante muito tempo, mas que é impossível enganar a todos o tempo todo. Um dia a casa cai.

Para o cristão, a política tem uma importância enorme, tanto para aquele que é simples eleitor, como para aquele que é candidato a algum cargo. O eleitor cristão precisa ter em mente que quando ele vota está exercendo um certo poder, e Jesus disse que todo poder vem do alto e é dado por Deus.

Nos regimes totalitários, como o comunismo, o povo não pode votar com liberdade; as eleições são simulacros de eleições; mas nas verdadeiras democracias o povo vota livremente. Então o cristão tem dupla responsabilidade de votar bem, como cristão e como cidadão.

É pecado vender o seu voto ou votar mal; isto é, dar o seu voto a alguém que não merece, que ele sabe que não é competente e nem honesto. O cristão não pode votar com segundas intenções”, só porque aquele candidato vai-lhe ajudar depois de eleito, com um emprego, facilidades outras, etc. O cristão deve votar com a consciência, escolhendo entre todos os candidatos o melhor, independente de interesses, sentimentalismos ou grau de parentesco ou amizade. Também disso vamos prestar contas a Deus um dia.

O cristão não pode votar em candidatos que sejam inimigos da fé católica ou da Igreja; especialmente aqueles que apoiam os procedimentos morais condenados pela Igreja: aborto, distribuição de “camisinhas”, distribuição de pílulas do dia seguinte, que são abortivas, eutanásia, manipulação de embriões, etc.

No entanto; às vezes o cristão pode se ver diante de uma situação em que não sabe em quem votar, uma vez que nenhum dos candidatos merecem o seu voto e não lhe inspiram confiança. O que fazer? Votar em branco? Anular o voto? Não; esta medida não resolve nada porque alguém será eleito de qualquer forma.

O que se deve fazer é votar no menos ruim, já que todos lhe parecem ruins. Votando em branco ou anulando o voto, podemos estar beneficiando o mais ruim.

Para que o cristão tenha uma participação ativa na política é necessário incentivar o levantamento e o debate dos problemas sociais em cada município, os problemas do estado e do pais. Sem informação, sem estar inteirados dos problemas do povo, não se pode votar bem. É importante participar de debates, diálogos entre amigos e familiares no sentido de instruir os que não têm informações corretas para que não sejam manipulados pelas propostas eleitoreiras.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

São Vicente de Paulo

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e espírito e amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mat 22,37.39).


Se não foi o lema da vida deste santo, viveu como se fosse. O santo de hoje, São Vicente de Paulo, nasceu na Aquitânia (França) em 1581. No seu tempo a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras.

Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados mas se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem foi preso e, com grande humildade, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguiu depois de dois anos sua liberdade.

A partir disso, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a “Congregação da Missão” (lazaristas) e unido a Santa Luísa de Marillac, edificou as “Filhas da Caridade” (irmãs vicentinas).

Sabia muito bem tirar dos ricos para dar aos pobres, sem usar as forças dos braços, mas a força do coração. Morreu quase octogenário, a 27 de setembro de 1660.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Sim, Deus pode me chamar

“Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro e seu irmão André. Estavam jogando as redes ao mar, pois eram pescadores… Prosseguindo adiante viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu e seu irmãos João. Estavam no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes.”.


Quatro pescadores: o que tem de especial nesses homens para serem os escolhidos por Jesus como primeiros discípulos? Assim como não há nada em nós que nos faça merecer a escolha de Deus.

A realidade é que eles corresponderam imediatamente ao chamado que receberam, deixando tudo para seguir Jesus Cristo. Deus pode te chamar também, sim, ele pode, e surpreenderá você com a novidade que só ele pode oferecer.

Ao acolher esse chamado, os discípulos inauguraram a companhia de pesca de Jesus, criada para pescar homens. Curioso é que Jesus escolheu membros de uma mesma família tanto com Pedro e André quando com Tiago e João. Isso significa que na sua família Deus também pode fazer esse chamado, porque não?

Mas será que todos estão prontos para ouvir a voz de Deus chamando seu nome a uma vocação específica? Os que ouvem, estão prontos para seguir? Se me perguntassem o que há de diferente na vocação dos primeiros discípulos para nós, a resposta está na pergunta: eles foram os primeiros!

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Como incentivar as crianças a gostarem da Palavra de Deus?

As crianças são de grande importância para o Reino de Deus. É prazer de Deus, por intermédio do Seu Filho Jesus Cristo, alcançar o coração delas. Conduzi-las a ter um encontro pessoal com Jesus é um grande desafio, mas também a mais doce esperança de um mundo melhor. Não foi por acaso que Jesus ordenou que deixassem as crianças irem a Ele. O Senhor estava diante de cristãos em potencial. Ao proferir essas palavras, diz a Escritura que Ele estendeu as mãos sobre as crianças e as abençoou.


O ensino bíblico para crianças deve ser valorizado por todos que fazem parte da vida delas. Este, sim, é um valioso investimento! Não vai existir fase mais adequada – para que sejam construídos e reconstruídos os pilares para uma vida saudável e comprometida com o mundo – do que a infância.

A figura da criança é apresentada, na Bíblia, desde muito cedo. Moisés e João Batista são exemplos de apóstolos que eram comprometidos com o mundo espiritual desde que eram crianças. Moisés recebeu um chamado, João Batista foi batizado no Espírito enquanto sua mãe, Isabel, recebia a visita de Maria.

A Palavra de Deus nos ensina por onde e como conduzir os filhos a este encontro com Deus, preservando a criança dos valores passageiros, impostos por ensinamentos que vêm de outras palavras. Como a palavra proferida pelas novelas, pelos excessos de desenhos animados, pelos colegas da escola e, também, pelo livre acesso a certos conteúdos da internet. É preciso deixar claro que a Palavra à qual me refiro está na Sagrada Escritura. Portanto, os filhos deverão ter a oportunidade de conhecê-la com a decisão da família de ser ou não ser uma família cristã. E a partir disso promover ações possíveis em que seus filhos consigam se aproximar da leitura bíblica.

Será primeiramente pelo testemunho dos pais que os filhos vão se deixar seduzir pela Palavra do Senhor. É comum ver pais ensinarem aos filhos quem é o Papai do Céu e a pedirem a Sua bênção, contudo, o tempo passa e este ensinamento não evolui. É uma fé tipicamente folclórica. A criança não frequenta a igreja, nunca viu os pais lendo a Palavra, não experimenta fazer caridade desde a mais tenra idade, não cresce habituada a reconhecer os seus pecados (mesmo tão mínimos) e cresce longe do costume de orar pelas pessoas que estão ao seu redor, em sua cidade e no mundo.

Incentivar um filho a gostar de ler e viver a Palavra de Deus é, antes de tudo, habituá-lo ao ambiente que tenha sinais de Deus. A criança é muito inteligente para perceber quando a família fala e não vive. Principalmente, aquelas que dizem crer em Deus, mas não testemunham esta crença com atos concretos de fé.

Seria muito bom que, antes de dormir, as crianças ouvissem histórias bíblicas ou assistissem a DVDs sobre os milagres e o amor de Jesus. É importante escolher um lugar da casa em que seja possível colocar algo que sinalize que, naquele ambiente, os seus proprietários são cristãos. As visitas, os vizinhos e os familiares precisam saber e respeitar essa decisão. É fundamental também educar os filhos dentro dos ensinamentos do Evangelho, mostrando-lhes sempre, com as leituras, como Deus gostaria que eles crescessem em graça e sabedoria.

Mesmo tendo a religião e a espiritualidade como base familiar, é necessário cautela, prudência, informação e inteligência para que nada saia diferente do que se espera. Várias são as passagens bíblicas que confirmam este querer de Deus com relação aos nossos filhos. Deuteronômio 6:4-9; Marcos 10:13-16; Josué 4:1-9  são passagens bíblicas que causam nas crianças a curiosidade sobre o mundo espiritual.

Como incentivar as crianças a gostarem da Palavra de Deus?

Sendo pais que se lembrem do jeito de ser de Jesus! Caso contrário, os filhos terão aversão não só à Palavra como também a tudo que lembre o Divino. Em seguida, colocando em prática o que aqui foi proposto.

Os catequistas também precisam fazer uso de metodologias mais inovadoras e tecnológicas para esses ensinamentos ministrados nas paróquias. O sacerdote, por sua vez, ao perceber a presença de crianças nas Celebrações Eucarísticas, deverá referir-se a elas de forma especial, distante de uma linguagem complexa. Dentro desse contexto é muito bom ressaltar que nossa espiritualidade nos aproxima de Deus, com isso, contagiamos as pessoas que estão ao nosso redor sendo amáveis, dóceis e responsáveis com nossa família e com o mundo no qual estamos inseridos, usando uma linguagem decente e respeitosa. E demonstrando que queremos ser filhos de Deus amáveis e amados. Este será sempre um bom começo pra que os nossos rebentos possam entender a Palavra de Deus e gostar dela.

domingo, 18 de setembro de 2016

Evangelho do 25º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, Jesus dizia aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o que fazer para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’. Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. E eu vos digo: usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Lc 16,1-13


Homilia

Às vezes, quando ouvimos essa Palavra de Deus, achamos que Ele tem um desprezo pelo dinheiro, que este é uma coisa amaldiçoada e diabólica. Porém, o dinheiro tem seu valor, sua utilidade e importância na nossa vida.

Somos nós quem temos de ter controle sobre o dinheiro e não ele sobre a nossa vida, porque, quando qualquer coisa controla a nossa vida, passamos a segui-la. Sabemos da dependência que temos do dinheiro para tudo o que vamos fazer, para comer, beber, vestir e cuidar dos nossos. Muitos podem pensar: “E a Igreja?”. Até a Igreja precisa de dinheiro para levantar o templo e para tantas outras necessidades. Nem preciso fazer uma colocação grande para falar de algo que faz parte do nosso cotidiano. No entanto, uma coisa é precisarmos do dinheiro, outra é nos escravizarmos por causa dele, porque Deus não quer ninguém escravo. Toda escravidão é opressão e toda opressão nos afasta de Deus.

Quando o Senhor está nos dizendo que não podemos servir a Deus e ao dinheiro, é porque quando nos tornamos escravos do dinheiro, ele nos rouba do Pai. Agora, quando colocamos a serviço da vida o dinheiro que temos, pouco ou muito, aí é outra realidade. Somos nós quem fazemos o bom uso do dinheiro que temos, aplicamos de forma correta. Não perdemos a paz, a tranquilidade e servimos a Deus com todo o nosso coração.

Jesus está, hoje, dando o exemplo do administrador desonesto. De forma nenhuma, Ele está exaltando a desonestidade, a astúcia do coração humano, mas está nos dizendo que aqueles que fazem as coisas do mundo, as fazem tão bem e com tanta astúcia, que conseguem bons resultados. Entretanto, nós, que nos consideramos bons e justos, honestos, que somos de Deus, da Igreja, somos tão devagar, sem iniciativa e não conseguimos produzir muitos frutos por causa disso. Por que será que as coisas do mundo se tornam tão mais atrativas? Porque eles colocam vida, alma e coração para fazer aquilo. E nós, muitas vezes, fazemos as coisas de Deus de qualquer jeito, de mau jeito e vemos no que dá.

Amados, para servir ao Senhor, maior riqueza e tesouro da nossa vida, tem de ser de coração; temos de ser inteiros, tem de fazer tudo de corpo, de alma e espírito, com aquilo que temos e somos. Temos de empreender o melhor das nossas energias, da nossa capacidade parar tirar das garras do mal aquele que foi roubado pelo maligno. Deus nos dá a graça para isso, basta que nos apliquemos bem para assim o fazer!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Refletindo sobre a morte e a vida

Diante do mistério da morte, especialmente a partir da dor da perda de um ente querido, sempre vem à tona o questionamento acerca da vontade de Deus. O argumento é muito simples. Se tudo que acontece é com o consentimento de Deus, por que Ele não impede a morte de alguém? Se até nosso cabelo está contado? No pai-nosso aprendemos a rezar: “seja feita a Vossa vontade”, então, por que a morte não é vontade de Deus? Por que Deus não protege um filho cuja mãe reza tanto por sua proteção, mesmo sabendo da imprudência desse filho? Se Deus é tão bom por que não impede a morte de uma pessoa? Por que permite o sofrimento? É pecado se revoltar contra Deus?


Tente responder, serenamente, a cada uma dessas perguntas. Esse é um segredo para a cura dos traumas de morte. A própria notícia a respeito da morte de alguém pode ser uma fonte permanente de traumas, além das dificuldades relacionadas com a morte: solidão, saudade, aceitação, sentimento de perda, ausência, medo de morrer, sofrimento…

Muitas vezes, pela dor da perda e pela dificuldade de aceitação, a pessoa cria mecanismos psicológicos como tentativa de defesa. Conforme a intensidade da relação com o falecido, chega-se a sentir, quase que fisicamente, a presença da pessoa. Na verdade, isso é uma projeção do inconsciente. A pessoa morta jamais entrará em contato com o mundo dos vivos. A morte cria-lhe uma barreira eterna. A única comunhão possível é da parte dos vivos.

Sentir a presença de quem já morreu é uma tentativa do inconsciente de amenizar a dor da perda e também de resolver problemas que não foram resolvidos em vida. Essa sensação é infantil e muito perigosa, já que ajuda a criar falsas doutrinas sobre a morte e sobre a vida eterna.

Só existe uma coisa que podemos fazer pelos nossos falecidos: oração! Que pode ser pessoal, comunitária, litúrgica, na igreja ou no cemitério. Fora isso, qualquer coisa que se fale é “inspiração encardida” que precisa ser eliminada. A oração ajuda os vivos e os mortos.

A certeza da vida eterna nos torna mais responsáveis pela conseqüência de todos os nossos atos. A fruta caída do pé da árvore morre, mas deixa sua semente. Assim acontece conosco.

A sociedade capitalista do Ocidente tenta negar não só a morte, mas tudo que possa lembrar nossa situação de finitude e fraqueza. A idéia falsa da eterna juventude, os ideais dos progressos científicos, a acumulação dos bens e o apelo ao consumismo são tentativas de negar o que todo mundo sabe. O presente perpétuo e imediato é sonho estragado que nasce no coração de todos aqueles que não assumem a morte como uma amiga, que nos revela quem verdadeiramente somos. Conforme se vive, se morre.

Segundo a fé cristã, a morte não é o fim, mas o novo começo; é o encontro definitivo com Deus e a entrada numa dimensão plena junto a Ele. O cristão jamais pode falar de morte sem falar em ressurreição. Todos seremos ressuscitados por Deus, do mesmo jeito como Ele ressuscitou Jesus.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Nossa Senhora das Dores

Assim, a Igreja reza a Maria neste dia, pois celebramos sua compaixão, piedade; suas sete dores cujo ponto mais alto se deu no momento da crucificação de Jesus. Esta devoção deve-se muito à missão dos Servitas – religiosos da Companhia de Maria Dolorosa – e sua entrada na Liturgia aconteceu pelo Papa Bento XIII.


A devoção a Nossa Senhora das Dores possui fundamentos bíblicos, pois é na Palavra de Deus que encontramos as sete dores de Maria: o velho Simeão, que profetiza a lança que transpassaria (de dor) o seu Coração Imaculado; a fuga para o Egito; a perda do Menino Jesus; a Paixão do Senhor; crucificação , morte e sepultura de Jesus Cristo.

Nós, como Igreja, não recordamos as dores de Nossa Senhora somente pelo sofrimento em si, mas sim, porque também, pelas dores oferecidas, a Santíssima Virgem participou ativamente da Redenção de Cristo. Desta forma, Maria, imagem da Igreja, está nos apontando para uma Nova Vida, que não significa ausência de sofrimentos, mas sim, oblação de si para uma civilização do Amor.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Igreja e eleições

Estamos no tempo da campanha eleitoral. É um período intenso e fecundo para aprofundar e aperfeiçoar a democracia. Doravante, como eleitores, somos convocados a participar. O futuro do município onde moramos está em questão e a escolha de seu melhor caminho depende de todos. Este também é um momento em que os cidadãos se candidatam e são apresentados pelos seus partidos à sociedade. Um exaustivo trabalho se inicia, sob intenso esforço, para expor planos do governo, estratégias de ação e, especialmente, alternativas para os grandes problemas coletivos.


A Igreja acompanha e participa deste momento com muita atenção e responsabilidade. Ela se distingue do Estado e exercita o recíproco respeito à liberdade, autonomia e missão, das distintas instâncias de organização. Todavia, a política visa ao bem-comum e à justiça e, sob estas dimensões, há uma abrangência ética que atinge também o núcleo da fé cristã. Assim, ao professar comunitária e publicamente sua fé, a Igreja também testemunha seu compromisso de amor, sua intrínseca exigência de solidariedade.

Como cristãos, jamais poderíamos ficar indiferentes às condições sociais, culturais, econômicas e ambientais da sociedade e do mundo. Professar a fé é dizer sim à vida, dom de Deus, é cuidá-la com gestos pessoais e coletivos, é organizar-se para servir aos irmãos de modo planejado e abrangente.

À luz de seu compromisso ético, a Igreja no Brasil tem uma peculiar e responsabilidade social. Na história política brasileira, sua participação foi decisiva. Houve acertos e erros, hoje avaliados com cuidado devido à longa experiência. Ainda estão em nossa memória os difíceis tempos do regime militar e a importante atuação política de milhares de cristãos, dentre eles muitos bispos. A redemocratização do Brasil, porém, na década de 1980, exigiu criativos reposicionamentos.

Não bastava defender a democracia; era preciso defender a ética na política. Por isso, dentre as várias iniciativas, uma delas foi a coleta de mais de 1 milhão de assinaturas a fim de apresentar um projeto-lei que cassasse políticos envolvidos em corrupção eleitoral. É a lei 9.840. Desde então, é proibido, em troca de voto, prometer emprego, distribuir cestas básicas durante a campanha eleitoral, usar carros, prédios e funcionários públicos nas campanhas de candidatos, pagar despesas de campanha com dinheiro público. Centenas de candidatos já foram cassados por terem se envolvido em corrupções.

Essa participação política da Igreja, como vemos pela sua histórica atuação, tem possibilidades e limites, com lúcidos critérios de discernimento. Não compete à Igreja envolver-se na política partidária, nem colocar sua estrutura a serviço dos candidatos políticos, nem usar seu nome ou sua credibilidade junto ao povo para pedir votos a candidatos ou participar de campanhas eleitorais.

Os fiéis leigos podem e devem sim, assumir a vida pública e a política partidária, por especial vocação, missão e condição. Os padres, por sua vez, devem estar acima de qualquer facção ou partido político (Diretório para o ministério e a vida de presbítero, n.33) a fim de preservarem sua missão de pastores de todos, construtores da unidade e comunhão.

Também devem respeitar a orientação política dos seus fiéis e ajudá-los a crescerem responsavelmente na consciência e na participação política. Que nenhum espaço eclesial seja instrumentalizado e que nenhum presbítero se engaje na política partidária. Eis aí nossa exigente vocação e missão, como servidores do Evangelho, para a justiça e a esperança do mundo.

domingo, 11 de setembro de 2016

Evangelho do 24º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Então Jesus contou-lhes esta parábola: Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’. Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’. Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”. Lc 15,1-10


Homilia

Esse homem é Jesus, que ia ao encontro da humanidade do jeito que ela estava. Em outras palavras, Ele não faz distinção de pessoas; ao lado d’Ele, não andam somente os bons, santos e virtuosos. Jesus quer, na verdade, que sejamos santos e virtuosos, mas vai nos pegar do jeito que estamos. E todos nós somos encontrados, buscados, resgatados por Ele na condição de pecadores! Até hoje, o pecado tem força e influência em nós, mas não é ele que nos distancia de Deus, somos nós quem nos afastamos e vamos para longe d’Ele por causa de nossos pecados. Deus é aquele que se aproxima do pecador, que se aproxima mais de nós quando nos vê no perigo do pecado, porque sabe que podemos cair e perecer. Nenhum pai quer que seus filhos pereçam, que se percam ou morram por causa do perigo do pecado e da morte! O bom pai estende a mão e o coração, vai por inteiro para salvar seu filho pecador. Por isso, Jesus fazia refeição e estava na companhia dos pecadores, para resgatar, para se fazer presente junto a eles, para mostrar a cada pecador e também a cada um de nós, que o Reino de Deus é para todos! Não feche a porta do seu coração para ninguém, sobretudo, se a pessoa parece perdida e não tem jeito. É para elas que precisamos abrir o nosso coração, abrir as portas de nossas igrejas, de nossos grupos, de nossas capelas, para que elas encontrem a misericórdia de Deus, porque, no céu, há muito mais alegria por um só pecador que precisa ou que encontrou a conversão, que mudou de vida, do que por noventa e nove pessoas justas, piedosas, que se sentem justificadas e santificadas e nem precisam da misericórdia de Deus (cf. Lucas 15,7). A alegria de Deus é quando nós, pecadores, reconhecemos os nossos pecados, deixamos eles de lado e nos arrependemos. No entanto, às vezes, acontece de já nos acharmos santificados, porque vamos sempre à Missa e estamos sempre na Casa do Senhor; então, os pecados ou os “pecadinhos” que cometemos tratamos com pouca importância, porque já nos achamos bons. “Quem precisa se converter é quem está no mundão! É aquele que está perdido aí fora!”. Muitas vezes, as pessoas que parecem perdidas encontram a porta do céu mais rápido e de forma muito mais eficaz do que nós, que já estamos na Casa de Deus, mas não buscamos cada dia a porta da salvação.

sábado, 10 de setembro de 2016

Por que dedicar um mês à Bíblia?

Este mês foi escolhido, porque o grande São Jerônimo, que traduziu a Bíblia do hebraico e grego para o latim, tem sua memória litúrgica celebrada no dia 30 de setembro. Ele foi secretário do grande Papa São Dâmaso (366-384), que o incumbiu dessa grande obra chamada “Vulgata”, por ser usada em toda a parte.


São Jerônimo levou cerca de trinta e cinco anos fazendo essa tradução nas grutas de Belém, vivendo a oração e a penitência ao lado da gruta onde Jesus nasceu. O santo disse que “desconhecer as Escrituras é desconhecer o próprio Cristo”. Ele nos deixou um legado de grande amor às Sagradas Escrituras. E possuía grande cultura literária e bíblica, sabia grego, latim e hebraico.

A Sagrada Escritura é alimento para a nossa alma e fonte de vida. Jesus conhecia profundamente a Bíblia. Mais do que isso: Ele a amava e se guiava por suas palavras. Isso é o suficiente para que todos nós façamos o mesmo. Na tentação do deserto, quando o demônio investiu contra o Senhor, Ele o rebateu com as palavras da Escritura. Quando o tentador pediu que Ele transformasse as pedras em pães para provar Sua filiação divina, Jesus lhe disse: “O homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor” (Dt 8,3c).

Quando o tentador exigiu que Ele se jogasse do alto do templo, Jesus lhe respondeu: “Não provocareis o Senhor vosso Deus” (Dt 6,16a). E quando satanás tentou fazer com que Cristo o adorasse, ouviu mais uma vez a Palavra de Deus: “Temerás o Senhor, teu Deus, prestar-lhe-ás o teu culto e só jurarás pelo seu nome” (Dt 6,13). O demônio foi vencido e se afastou, porque não tem poder diante da Palavra de Deus.

Não é sem razão que São Pedro disse: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2 Pd 1,20-21).

A importância do mês da Bíblia é que o povo brasileiro a conheça melhor e seja motivado a estudá-la com mais profundidade, uma vez que não é fácil compreendê-la, especialmente o Antigo Testamento. A Bíblia não é um livro de ciência, mas sim de fé. Utilizando os mais diversos gêneros literários, ela narra acontecimentos da vida de um povo guiado por Deus, quatro mil anos atrás, atravessando os mais variados contextos sociais, políticos, culturais, econômicos, entre outros. Por isso, a Palavra de Deus não pode sempre ser tomada ao “pé da letra”, literalmente, embora muitas vezes o deva ser. “Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2 Cor 3,6c), disse São Paulo.

Portanto, para ler a Bíblia de maneira adequada, exige-se, antes de tudo, o pré-requisito da fé e da inspiração do Espírito Santo na mente, sem o que a interpretação da Escritura pode ser comprometida. Mas é preciso também estudá-la, fazer um curso bíblico, entre outros.

A Carta aos Hebreus diz que “a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma A carta aos hebreus diz que “a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes, e atinge até à divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12).

“Vossos preceitos são minhas delícias.
Meus conselheiros são as vossas leis.” (v. 24)
“O único consolo em minha aflição
É que vossa palavra me dá vida.” (v. 50)
“Quão saborosas são para mim vossas palavras,
mais doces que o mel à minha boca.” (v. 103)
“Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos. E uma luz em meu caminho.” (v. 105)
“Encontro minha alegria na vossa palavra,
Como a de quem encontra um imenso tesouro.” (v.162)espada de dois gumes, e atinge até à divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12).

Para que a Palavra de Deus seja eficaz em nossa vida, precisamos, pela fé, acreditar nela e colocá-la em prática objetivamente. Em outras palavras, precisamos obedecê-la, pois, ao fazer isso, estaremos obedecendo ao próprio Senhor.

Mas nem sempre a Bíblia é fácil de ser interpretada pelas razões já expostas. É por isso que Jesus confiou a interpretação dela à Igreja Católica, que o faz por meio do Sagrado Magistério, dirigido pela cátedra de Pedro (o Papa) e da Sagrada Tradição Apostólica, que constitui o acervo sagrado de todo o passado da Igreja e de tudo quanto o Espírito Santo lhe revelou e continua a fazê-lo no presente. (cf. Jo 14, 15.25; 16, 12-13).

A alma da Igreja é o Espírito Santo dado em Pentecostes; por isso a Igreja não erra na interpretação da Bíblia, e isso é dogma de fé. Jesus mesmo lhe garantiu isso: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16,13a).

Embora seja feita de homens, santos e também pecadores, a Igreja Católica tem a garantia de não errar na interpretação dos assuntos da fé. Entretanto, ela não despreza a ciência; muito pelo contrário, a valoriza tremendamente para iluminar a fé e entender a revelação.

O Vaticano possui a “Pontifícia Academia de Ciências”; em Jerusalém está a Escola Bíblica que se dedica a estudar exegese, hermenêutica, línguas antigas, geologia, história antiga, paleontologia, arqueologia e tantas outras ciências, a fim de que cada palavra, cada versículo e cada texto da Bíblia sejam interpretados corretamente. É a fé caminhando junto com a ciência. Tudo isso para que possamos dizer como o salmista, no Salmo 118:

“Vossos preceitos são minhas delícias.
Meus conselheiros são as vossas leis.” (v. 24)
“O único consolo em minha aflição
É que vossa palavra me dá vida.” (v. 50)
“Quão saborosas são para mim vossas palavras,
mais doces que o mel à minha boca.” (v. 103)
“Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos. E uma luz em meu caminho.” (v. 105)
“Encontro minha alegria na vossa palavra,
Como a de quem encontra um imenso tesouro.” (v.162)

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Natividade de Nossa Senhora

Hoje é comemorado o dia em que Deus começa a pôr em prática o Seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Esta “casa”, que é Maria, foi construída com sete colunas, que são os dons do Espírito Santo.


Deus dá um passo à frente na atuação do Seu eterno desígnio de amor, por isso, a festa de hoje, foi celebrada com louvores magníficos por muitos Santos Padres. Segundo uma antiga tradição os pais de Maria, Joaquim e Ana, não podiam ter filhos, até que em meio às lágrimas, penitências e orações, alcançaram esta graça de Deus.

De fato, Maria nasce, é amamentada e cresce para ser a Mãe do Rei dos séculos, para ser a Mãe de Deus. E por isso comemoramos o dia de sua vinda para este mundo, e não somente o nascimento para o Céu, como é feito com os outros santos.

Sem dúvida, para nós como para todos os patriarcas do Antigo Testamento, o nascimento da Mãe, é razão de júbilo, pois Ela apareceu no mundo: a Aurora que precedeu o Sol da Justiça e Redentor da Humanidade.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Pátria e Bíblia

O relacionamento fraterno constrói uma sociedade mais justa e saudável para todos. É a Palavra bíblica que educa as pessoas para o diálogo, para a relação fraterna e para uma Pátria verdadeiramente de paz. Não basta celebrar a Semana da Pátria e mês dedicado à Bíblia se não há comprometimento com a felicidade e a vida de todo o povo.


O Brasil tem experimentado diversos tipos de avanços. Em muitos deles não conseguimos sentir verdadeiros sinais de vida digna. O “Grito dos Excluídos” do Sete de Setembro ainda acontece de forma abafada, porque muita gente continua excluída, sem as condições reais de cidadania e de valores nos campos sociais, políticos e econômicos.

A Bíblia provoca atitudes de luta, de força em prol da justiça e de denúncia dos responsáveis pela prática das injustiças. Ela é como sentinela que aponta para direções justas. Seu objetivo é salvar a vida do povo. É a voz de Deus que vem importunar os mecanismos que favorecem determinados grupos privilegiados.

Almejamos uma Pátria de amor, porque onde há amor, não pode existir a prática do mal. É a justiça do Reino de Deus, no cumprimento e na fidelidade ao projeto querido por Deus. É o Reino do perdão, da acolhida e da reintegração das pessoas na comunidade. Faz pensar num pastor de ovelhas que, quando perde uma delas, vai à sua procura até encontrá-la.

Nunca teremos uma Pátria de irmãos se não contarmos com os ensinamentos da Bíblia. Ela é Palavra de Deus que anuncia princípios de fraternidade, de honestidade, de transparência e de tudo que leva à vivência do bem. O país precisa garantir e cultivar a justiça para que seu povo tenha vida e liberdade plena.

Corremos o perigo de uma religião fácil, sem compromisso com a criação e com os Mandamentos da Sagrada Escritura. Qualquer ofensa a alguém é romper com a vida de todos na comunidade. Por isso temos que lançar mão dos instrumentos que integram na prática da convivência e no valor da vida no país.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Qual o propósito da Bíblia?

O fator mais importante –que classifica a Bíblia como o livro mais singular– é a influência que ela tem sobre a vida dos homens. Embora a Sagrada Escritura seja um grande tesouro devido à sua contribuição para a humanidade em literatura, filosofia e história, o maior valor desse livro se encontra na grande influência que exerce sobre as pessoas.


Por meio de suas páginas, o homem se vê exposto à sua verdadeira condição diante de Deus; a Palavra é como uma espada que penetra até os pensamentos e propósitos do homem e o convence de seus pecados diante do Todo-poderoso (cf. Hb 4,12). “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”.

Santo Agostinho era um homem indisciplinado e libertino em sua juventude, porém, sua mãe orava por ele enquanto ele crescia. Depois de levar uma vida dissoluta por muitos anos, certo dia, com trinta e um anos de idade, ao ler a Bíblia debaixo de uma figueira, chegou ao trecho que diz “Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e nada disponhais para a carne, no tocante às suas concupiscências” (Rm 13,13-14). Essas palavras o convenceram dos seus pecados e ele se arrependeu diante do Senhor e se tornou um servo de Cristo.

No curso da história, muitas pessoas famosas foram movidas a crer em Cristo e a ler a Sagrada Escritura. O imperador francês Napoleão, após ter sido derrotado e exilado na ilha de Santa Helena, confessou que embora ele e outros grandes líderes tivessem fundado seus impérios com uso da força, Jesus Cristo edificou Seu Reino com amor. E também confessou que embora pudesse reunir seus homens em torno dele em prol de sua própria causa, ele teria de fazê-lo falando-lhes face a face, enquanto, por dezoito séculos [na época], incontáveis homens e mulheres se dispuseram a sacrificar, com alegria, a própria vida por amor a Jesus Cristo, sem tê-Lo visto sequer uma vez.

O Cristo revelado na Bíblia

A razão pela qual muitos se dispuseram a deixar tudo para seguir Cristo e serem martirizados por causa d’Ele, é que eles O viram revelado na Bíblia. Esse Livro Sagrado tem sido a fonte de inspiração para que muitos creiam em Nosso Senhor Jesus Cristo. E embora muitos reis, imperadores e governantes tenham tentado erradicar a Bíblia, nos últimos dois mil anos, a começar pelos imperadores romanos do primeiro século até os governos ateus deste século, nenhum poder sobre a terra tem conseguido abalar a atração do homem por esse Livro Sagrado e pela Pessoa maravilhosa que ele revela. O Cristo revelado na Bíblia continua hoje tão vivo como há dois mil anos.

A Bíblia existe para que possamos compreender, temer, respeitar e amar Deus sobre todas as coisas, assim ela se denomina como a Sagrada Escritura: “E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (cf. II Tm 3,15-17).

Principal revelação

A revelação principal da Bíblia é a vida. “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10,10). Por isso, quando lemos a Bíblia, devemos entrar em contato com o Senhor Jesus, orando para que Ele nos dê revelação da palavra lida.

“Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6,17-18). Orando também para que sejamos capacitados pelo Espírito Santo para viver a Palavra de Deus, e não apenas conhecê-la em nossa mente, pois o simples fato de conhecermos a Bíblia não nos faz cristãos; os judeus cometeram esse erro, pois eles examinavam as Escrituras, mas não conheciam a Pessoa de Cristo. “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5,39-40). Isso pode ser mais bem compreendido ao analisarmos o versículo de II Coríntios, 3,6: “O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica”.

Não devemos tomar a Bíblia como um livro comum, apenas para trazer algum conhecimento a nossa mente, mas devemos tomá-la como um livro de vida, contatando o Senhor Jesus por meio da oração, para que Ele nos conceda algo vivo em Sua Palavra, ou seja, algo que traga uma lição prática para o nosso viver no dia a dia, pois a intenção de Deus, revelada na Sagrada Escritura, não é apenas a salvação do nosso espírito, como também a salvação de todo o nosso ser, para que consigamos viver coletivamente na Igreja, que é comparada ao Corpo e à Esposa de Cristo: “O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (I Tm 2,4). “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Ts 5,23). “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo” (I Cor 12,27). “Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou” (Ap 19,7).

domingo, 4 de setembro de 2016

Evangelho do 23º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo. Com efeito, qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’. Ou ainda: Qual o rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”. Lc 14,25-33


Homilia

Amados irmãos, ao ouvir essa sentença do coração de Jesus, parece até que é impossível ser um discípulo d’Ele, parece que Ele é exigente demais para condicionar a nossa vida, para podermos segui-Lo.

A verdade é que Deus nos ama tanto que nos quer inteiros, quer-nos todo e não pela metade, mas, às vezes, queremos ficar com um ‘dedinho’, com uma mão, com um pedaço do coração, e ficamos realmente divididos. Uma pessoa dividida não consegue ser inteira naquilo que faz; desse modo, se você quer ser discípulo de Jesus, seja por inteiro. Se você quer ser seguidor d’Ele, seja com toda a sua vida.

Uma coisa é interessante: quando Jesus diz que precisamos renunciar, não quer dizer que é para jogarmos tudo fora, mas para colocarmos tudo o que temos e somos naquilo que fazemos. Se estamos inteiros para ser de Deus, coloquemo-nos com tudo o que temos, não tenhamos reservas para com Ele. Precisamos renunciar nossa casa, família, pai e mãe? Não! Porque estamos colocando toda a nossa família à disposição de Jesus. Estamos colocando tudo aquilo que temos, nossos bens e pertences.

A palavra-chave da renúncia é “desapego”, porque pessoas muito apegadas sofrem demais; pessoas presas demais, que vivem a escravidão, sofrem mais, porque se mantêm presas e cativas àquilo que estão passando.

Devemos amar as pessoas, cuidar das coisas, mas não podemos perder a liberdade que Deus nos deu, a liberdade que Cristo conquistou para nós.

Às vezes, olho para uma pessoa que está vivendo seus últimos dias de vida e vou atendê-la, vejo aquele sofrimento, padecimento. Muitas vezes, observo que em alguns o sofrimento maior é por aquilo que vão deixar, quando, na verdade, não deixamos nada, levamos tudo o que temos.

O que temos? Se temos muito amor, levamos conosco; mas quando temos coisas, elas são passageiras, são para o momento, são para essa ou para aquela situação, não dá para se apegar, não dá para viver colados em coisas.

Precisamos viver a mística do desprendimento, saber ter o essencial, aquilo que, de fato, vai nos ajudar, que é para o nosso bem, para o bem de quem está ao nosso lado, mas sem ter nenhuma obsessão por pessoas, coisas nem realidades.

Muitas vezes, há pessoas que não progridem no trabalho, porque são apegadas, só querem fazer aquilo e não conseguem dar voos mais altos. Há pessoas que não vão mais adiante no seu próprio relacionamento afetivo, porque são presas a pessoas do passado e não se desprendem delas.

Deus não nos quer escravos de nada nem de ninguém! Vamos amar, querer bem as pessoas, vamos ter um afeto, uma ternura. Preste atenção, repare, na sua própria vida, o que se torna obsessão, o que se torna apego excessivo, aquilo que tira a paz e a concentração daquilo que você faz. Preste atenção naquilo que não lhe permite estar inteiro na presença de Deus.

Quem quer ser discípulo de Jesus precisa levar tudo aos pés d’Ele, não pode ser apegado a nada, e o próprio Jesus vai conduzindo os nossos passos!

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Setembro, mês da Bíblia

Estamos em setembro, e no Brasil já é uma tradição que este mês seja lembrado como o “Mês da Bíblia”. Setembro foi escolhido pelos Bispos do Brasil como o Mês da Bíblia em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30.


São Jerônimo, que viveu entre 340 e 420, foi o secretário do Papa Dâmaso e por ele encarregado de revisar a tradução latina da Sagrada Escritura. Essa versão latina feita por esse santo recebeu o nome de Vulgata, que, em latim, significa “popular” e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias.

Ao celebrar o Mês da Bíblia, a Igreja nos convida a conhecer mais a fundo a Palavra de Deus, a amá-la cada vez mais e a fazer dela, a cada dia, uma leitura meditada e rezada. É essencial ao discípulo missionário o contato com a Palavra de Deus para ficar solidamente firmado em Cristo e poder testemunhá-Lo no mundo presente, tão necessitado de Sua presença. “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Se queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo  é indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus. É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida cristã na rocha da Palavra de Deus” (DA 247).

A Bíblia contém tudo aquilo que Deus quis nos comunicar em relação à nossa salvação. Jesus é o centro e o coração da Sagrada Escritura. Em Jesus se cumprem todas as promessas feitas no Antigo Testamento para o povo de Deus.

Ao lê-la, não devemos nos esquecer de que Cristo é o ápice da revelação de Deus. Ele é a Palavra viva de Deus. Todas  as palavras da Sagrada Escritura têm seu sentido definitivo n’Ele, porque é no mistério de Sua Morte  e Ressurreição que o plano de Deus Pai para a nossa salvação se cumpre plenamente.