segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Halloween - O que estaríamos celebrando?

Que motivos teríamos para celebrar tal data, sendo que há pouco tempo, o dia 31 de outubro não tinha nenhuma importância para o nosso calendário?


Sabemos que a palavra “Halloween” tem sua expressão da contração errada da palavra em inglês “All Hallow Eve” que significaria na versão para o português em “Dia de Todos os Santos”.

Este tipo de celebração surgiu na Irlanda no século 5º A.C. onde se acreditavam no retorno dos espíritos em busca de corpos para poder “viver” por mais um ano. A pessoa do Jack – o lanterna, seria de um homem que teria enganado o demônio, após ter feito um pacto com ele…

Sendo assim, conta a crença que as pessoas temendo serem possuídas por esses espíritos se descaracterizavam na tentativa de, assemelhar-se a eles, promovendo barulhos e destruição. Quanto maior fosse a algazarra, maior seriam as chances de enganar os espíritos que estariam vagando.

Percebemos que em pouco tempo, houve uma intervenção cultural e, sem restrições, foi absorvida por parte da população. Aquilo que fazia parte somente de um folclore estrangeiro, lentamente foi inserido junto às escolas de idiomas, que justificando mostrar o comportamento e costumes de uma região foram fixando em seus calendários. Hoje já não é diferente em outras escolas e até mesmo os clubes sociais, bailes que se esmeram na decoração com cenário, por vezes macabra, os quais exigem como figurino máscaras, fantasias e maquilagem pálidas.

O que estaríamos verdadeiramente comemorando? Quais os motivos que teríamos para exaltar? De norte a sul do país, o folclore brasileiro enriquece a nossa cultura com as histórias de mula sem cabeça, saci pererê, lobisomem, curupira, boto, bumba meu boi, entre outros. Se a moda de celebrar os motivos folclóricos se tornar um costume, boa parte do nosso calendário será recheado de muita festa, e sem motivos de celebração.

domingo, 30 de outubro de 2016

Evangelho do 31º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, Jesus tinha entrado em Jericó e estava atravessando a cidade. Havia ali um homem chamado Zaqueu, que era chefe dos cobradores de impostos e muito rico. Zaqueu procurava ver quem era Jesus, mas não conseguia, por causa da multidão, pois era muito baixo. Então ele correu à frente e subiu numa figueira para ver Jesus, que devia passar por ali. Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: “Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa”. Ele desceu depressa, e recebeu Jesus com alegria. Ao ver isso, todos começaram a murmurar, dizendo: “Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!”. Zaqueu ficou de pé, e disse ao Senhor: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. Jesus lhe disse: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”. Lc 19,1-10


Homilia

Admira-me este homem Zaqueu, de baixa estatura, era uma pessoa importante, não pelo bem que fazia mas pelo mal feito, pois era um cobrador de impostos. Zaqueu não se deteve em sua baixa estatura, na sua condição de pecador ou de homem mal visto pela sociedade. Ele queria ver Jesus, aproximar-se d’Ele, e procura vencer os obstáculos que o impedem de vê-Lo. Primeiro, a sua baixa estatura, ele sobe depressa numa árvore para que possa avistar o Mestre. O mais importante é que antes de Zaqueu avistá-Lo, Jesus já havia o avistado, viu sobretudo o seu coração. O segundo obstáculo é derrubado porque Jesus não leva em conta os seus pecados, não leva em conta as coisas erradas que este homem fez e diz: “Hoje mesmo eu quero estar em sua casa! Zaqueu, desce depressa, que eu quero ficar em sua casa!”. A visita de Jesus, a Sua presença faz toda a diferença na vida dele, pois a partir dali o coração deste homem se transforma, ele toma consciência dos males, do mal que já praticou, das injustiças que cometeu e está disposto a reparar e repartir os seus bens com quem não tem; quer repartir suas riquezas com aqueles que defraudou. É por isso que Jesus está dizendo: “Hoje a salvação entrou nesta casa!”. A salvação que entrou na casa de Zaqueu quer entrar em nossas casas, e na de tantos outros que achamos perdidos, sem rumo nesta vida. Hoje, o Senhor quer estar em nossa casa, em nossa vida, em nossa família! Desça de onde você se encontra! Não precisamos subir numa árvore para encontrar Jesus, mas precisamos descer de tantas árvores que já subimos nesta vida. Precisamos descer da árvore do orgulho, da soberba que nos colocam elevados e acima dos outros. Precisamos descer de todas as artimanhas que já criamos nesta vida que fazem de nós pessoas vaidosas e melhores do que as outras. Precisamos descer dos pontos obscurecidos da alma e do coração, porque o Senhor não nos quer em nada disso. O Senhor quer estar em nossa casa, em nosso coração, deseja estar conosco, porque Ele quer que a salvação aconteça na vida de todos nós. Desçamos depressa de qualquer árvore que nos colocou acima e melhores. Desçamos das árvores que nos mantêm cegos nesta vida. Desçamos depressa, porque hoje mesmo Jesus deseja estar em nossa casa!

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Nota da CNBB sobre a PEC 241

NOTA DA CNBB SOBRE A PEC 241

“Não fazer os pobres participar dos próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida.”
 (São João Crisóstomo, século IV)


O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, dos dias 25 a 27 de outubro de 2016, manifesta sua posição a respeito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, de autoria do Poder Executivo que, após ter sido aprovada na Câmara Federal, segue para tramitação no Senado Federal.

Apresentada como fórmula para alcançar o equilíbrio dos gastos públicos, a PEC 241 limita, a partir de 2017, as despesas primárias do Estado – educação, saúde, infraestrutura, segurança, funcionalismo e outros – criando um teto para essas mesmas despesas, a ser aplicado nos próximos vinte anos. Significa, na prática, que nenhum aumento real de investimento nas áreas primárias poderá ser feito durante duas décadas. No entanto, ela não menciona nenhum teto para despesas financeiras, como, por exemplo, o pagamento dos juros da dívida pública. Por que esse tratamento diferenciado?

A PEC 241 é injusta e seletiva. Ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos. Além disso, beneficia os detentores do capital financeiro, quando não coloca teto para o pagamento de juros, não taxa grandes fortunas e não propõe auditar a dívida pública.

A PEC 241 supervaloriza o mercado em detrimento do Estado. “O dinheiro deve servir e não governar! ” (Evangelii Gaudium, 58). Diante do risco de uma idolatria do mercado, a Doutrina Social da Igreja ressalta o limite e a incapacidade do mesmo em satisfazer as necessidades humanas que, por sua natureza, não são e não podem ser simples mercadorias (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 349).

A PEC 241 afronta a Constituição Cidadã de 1988. Ao tratar dos artigos 198 e 212, que garantem um limite mínimo de investimento nas áreas de saúde e educação, ela desconsidera a ordem constitucional. A partir de 2018, o montante assegurado para estas áreas terá um novo critério de correção que será a inflação e não mais a receita corrente líquida, como prescreve a Constituição Federal.

É possível reverter o caminho de aprovação dessa PEC, que precisa ser debatida de forma ampla e democrática. A mobilização popular e a sociedade civil organizada são fundamentais para superação da crise econômica e política. Pesa, neste momento, sobre o Senado Federal, a responsabilidade de dialogar amplamente com a sociedade a respeito das consequências da PEC 241.

A CNBB continuará acompanhando esse processo, colocando-se à disposição para a busca de uma solução que garanta o direito de todos e não onere os mais pobres.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, continue intercedendo pelo povo brasileiro. Deus nos abençoe!

Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Santo Antônio de Sant'Anna Galvão, homem de paz e caridade

Conhecido como “o homem da paz e da caridade”, Antônio de Sant’Anna Galvão, popularmente conhecido como Frei Galvão nasceu no dia 10 de maio de 1739, na cidade de Guaratinguetá (SP).

Filho de Antônio Galvão, português natural da cidade de Faro em Portugal, e de Isabel Leite de Barros, natural da cidade de Pindamonhangaba, em São Paulo. O ambiente familiar era profundamente religioso. Antônio viveu com seus irmãos numa casa grande e rica, pois seus pais gozavam de prestígio social e influência política.

O pai, querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades econômicas, mandou Antônio, com a idade de 13 anos, à Bahia, a fim de estudar no seminário dos padres jesuítas.

Em 1760, ingressou no noviciado da Província Franciscana da Imaculada Conceição, no Convento de São Boaventura do Macacu, na Capitania do Rio de Janeiro. Foi ordenado sacerdote no dia 11 de julho de 1762, sendo transferido para o Convento de São Francisco em São Paulo.

Em 1774, fundou o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência, hoje Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz, das Irmãs Concepcionistas da Imaculada Conceição.

Cheio do espírito da caridade, não media sacrifícios para aliviar os sofrimentos alheios. Por isso o povo a ele recorria em suas necessidades. A caridade de Frei Galvão brilhou, sobretudo, como fundador do mosteiro da Luz, pelo carinho com que formou as religiosas e pelo que deixou nos estatutos do então recolhimento da Luz. São páginas que tratam da espiritualidade, mas em particular da caridade de como devem ser vivida a vida religiosa e tratadas as pessoas de dentro e de fora do “recolhimento”.

Às 10 horas do dia 23 de dezembro de 1822, no Mosteiro da Luz de São Paulo, havendo recebido todos os sacramentos, adormeceu santamente no Senhor, contando com seus quase 84 anos de idade. Foi sepultado na Capela-Mor da Igreja do Mosteiro da Luz, e sua sepultura ainda hoje continua sendo visitada pelos fiéis.

Sobre a lápide do sepulcro de Frei Galvão está escrito para eterna memória: “Aqui jaz Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, ínclito fundador e reitor desta casa religiosa, que tendo sua alma sempre em suas mãos, placidamente faleceu no Senhor no dia 23 de dezembro do ano de 1822”. Sob o olhar de sua Rainha, a Virgem Imaculada, sob a luz que ilumina o tabernáculo, repousa o corpo do escravo de Maria e do Sacerdote de Cristo, a continuar, ainda depois da morte, a residir na casa de sua Senhora ao lado de seu Senhor Sacramentado.

Frei Galvão é o religioso cujo coração é de Deus, mas as mãos e os pés são dos irmãos. Toda a sua pessoa era caridade, delicadeza e bondade: testemunhou a doçura de Deus entre os homens. Era o homem da paz, e como encontramos no Registro dos Religiosos Brasileiros: “O seu nome é em São Paulo, mais que em qualquer outro lugar, ouvido com grande confiança e não uma só vez, de lugares remotos, muitas pessoas o vinham procurar nas suas necessidades”.

O dia 25 de outubro, dia oficial do santo, foi estabelecido, na Liturgia, pelo saudoso Papa João Paulo II, na ocasião da beatificação de Frei Galvão em 1998 em Roma. Com a canonização do primeiro santo que nasceu, viveu e morreu no Brasil, a 11 de maio de 2007, o Papa Bento XVI manteve a data de 25 de outubro.

Santo do Dia - Canção Nova Formação / Paróquia de Sant'Ana Bom Jardim - Pernambuco 

domingo, 23 de outubro de 2016

Evangelho do 30º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros: “Dois homens subiram ao Templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos. O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’. O cobrador de impostos, porém, ficou a distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’. Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”. Lc 18,9-14


Homilia

A verdade, meus irmãos, é que confiamos muito em nós, confiamos na nossa justiça, naquilo que fazemos, nos nossos dons e talentos. É como dizem por aí: “Eu me garanto!”. Quem de nós se garante? Quem de nós pode dizer que dá conta disso e daquilo? Quem de nós pode dizer que estará vivo amanhã ou depois? Quem de nós, por mais que tenha vantagem, por mais que tenha isso ou aquilo, pode garantir que nessa vida conseguirá tudo? Está aí uma terrível tentação: a soberba, a vaidade e a tentação de confiar nas próprias forças. Isso acontece, inclusive, no mundo espiritual, na nossa relação com Deus, na nossa maneira de orarmos e de demonstrarmos a nossa fé. Muitas vezes, tornamo-nos pessoas soberbas e orgulhosas até na oração que fazemos. Sentimo-nos melhores, mais santos, mais virtuosos, mais amigos de Deus e mais próximos d’Ele. Sentimo-nos donos da Palavra de Deus. Por isso, Jesus de forma muito categórica, mostra-nos qual é o coração que agrada a Deus. O fariseu e o publicano subiram ao templo para rezar. Veja: o fariseu logo mostra a sua postura de soberba, se compara ao outro, dizendo: “Não, eu não faço como ele! Eu pratico a minha justiça, dou a minha esmola, faço o meu jejum, reconhecendo as minhas vaidades humanas!”. Tudo o que fazemos de bom, tudo o que realizamos em matéria de fé, não é para nos tornarmos melhores que os outros, vai nos lembrar Jesus que não fazemos mais do que nossa obrigação. Do outro lado, está o publicano tido e reconhecido como pecador. Ele se aproxima de Deus com contrição, com humildade, humilhando-se por causa de seus pecados, reconhecendo a miséria de homem que é, confessando a Deus ser um grande pecador. Qual dos dois saiu mais justificado? Aquele que se humilhou diante da presença de Deus! A verdade é que quem se humilha, será exaltado, mas quem se exalta é humilhado, porque não chega a lugar nenhum, principalmente no coração de Deus. Em outras palavras: nada mais é agradável a Deus do que a humildade de coração! A soberba vai nos rodeando de um lado e de outro, tentando nos fazer autossuficientes, incapazes e melhores que as outras pessoas. A primeira coisa: nunca se sinta melhor do que ninguém, nunca se coloque na postura de que você conseguiu isso mais do que alguém. O que você conseguiu hoje, pode ser que amanhã não tenha mais. O que você conta hoje como vantagem, amanhã poderá ser desvantagem. Aquilo que você admira hoje, as coisas que você tem, os seus talentos, você não sabe nem como estará amanhã. Por isso, precisamos viver cada dia com simplicidade e humildade, louvando, agradecendo, reconhecendo e entregando tudo a Deus. Reconhecer os nossos pecados é o remédio e o segredo para caminharmos nas trilhas do Senhor, em direção aos céus!

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A importância da família

O relato de São João sobre as Bodas de Caná (cf. cap. 2,1-11) mostra claramente como Jesus valoriza a família. Foi o primeiro milagre do Senhor, abençoando com Sua presença os noivos, que pretendiam iniciar uma nova família. Ele quis iniciar o anúncio do Reino em um casamento, mostrando que a família é importante para Ele.


A família é a base, o esteio, o sustento de uma sociedade mais justa. Ao longo da história da humanidade, assistimos à destruição de nações grandiosas por causa da dissolução dos costumes, motivada pela desvalorização da família.

No nosso mundo de hoje, depois que ficou liberado o divórcio indiscriminadamente, a família ficou ameaçada em sua estrutura e é por isto que vemos, através dos meios de comunicação e até na comunidade em que vivemos, cenas terríveis. Filhos drogados matam ou mandam matar os pais, pais matam filhos por motivos fúteis, mães se desfazem de seus bebês, quando não cometem o crime hediondo do aborto quando a criança não tem como se defender. Há problemas seríssimos. Quando os pais se separam, alguma coisa se parte no íntimo dos filhos. Eles não sabem se é melhor ficar com o pai ou com a mãe. No fundo, eles gostariam de ficar com os dois. Em paz e harmonia, é claro.

O amor está sendo retirado do coração dos homens e das mulheres. E, em consequência disso, a família está perdendo a sua unidade e a sua dignidade. Isso acarreta a dissolução dos costumes. A família decai e a sociedade decai. Precisamos compreender e nos lembrar sempre de que Deus nos deu uma família a fim de que, num âmbito menor, nós pudéssemos aprender a amar todos os nossos semelhantes.

O desenvolvimento tecnológico tem seus pontos benéficos. Facilitou a vida das pessoas. Mas facilitou de tal modo que a humanidade ficou mal-acostumada. Só quer o que é fácil. Não se interessa pelo que exige esforço, luta. No entanto, o que conquistamos com esforço tem um sabor muito melhor. Parece que nos esquecemos disso.

Na passagem das Bodas de Caná, Jesus transformou a água em vinho, em bom vinho. Ele poderia ter tirado o vinho do nada, mas Ele quis a participação humana. Por isso, mandou que enchessem as talhas de água. Hoje também, Ele quer que nós enchamos a talha de nossa vida, a nossa existência, de água que Ele transformará no melhor vinho.

Que é que isso quer dizer? Quer dizer que precisamos colocar amor em nossa vida, em nossa família, para que o Senhor transforme esse amor humano em amor divino, o mesmo amor que une as pessoas da Santíssima Trindade e que é tão grande e tão repleto de felicidade, que extravasa, explode e quer ser espalhado entre nós. E é por meio dele que encontraremos a plenitude da felicidade.

Não é fácil cultivar o amor, às vezes, é até difícil. Mas o difícil, quando conquistado, tem um valor inestimável. Temos prova disso. Em uma competição esportiva, por exemplo, o vencedor fica mais satisfeito quando enfrenta adversários mais difíceis.

Viver em família, viver em união dentro da família não é fácil. Mas fácil não é sinônimo de bom. Talvez seja até o contrário. A família precisa de amor para ser bem estruturada. A sociedade precisa das famílias para realizar a justiça e a paz porque a sociedade é uma família amplificada.

Falta o vinho para as nossas famílias. Esse vinho é o amor. É preciso que cada membro da família se esforce. Que os pais assumam verdadeiramente o seu papel. Apesar de ser bem árdua a tarefa dos pais, no mundo de hoje, não se pode desanimar. É necessária e urgente a ação dos genitores. O jovem é, por natureza, rebelde, quer ser independente. Desperta para o mundo e seus problemas e questiona tudo. Mas os pais precisam participar de sua vida, de uma maneira ou de outra, porque, mesmo errando, algumas vezes, ainda assim, os pais têm capacidade de orientar e ajudar os filhos. Não podemos deixar tudo por conta dos companheiros, da escola, da sociedade ou de sua própria solidão.

Os pais devem fazer o acompanhamento dos filhos, procurar saber o que está acontecendo com eles, tentar ajudar de várias maneiras: com orientações, com atitudes exemplares, com o diálogo, com orações. Sempre. Tanto em casa, como na escola, na vida religiosa e social, nos namoros, etc.

Muitas vezes, os pais se sentem impotentes. Muitas vezes, achamos que já fizemos tudo e que nada conseguimos. Entretanto, esforçando-nos ao máximo, dando o melhor de nós por uma família mais feliz, estaremos enchendo de água a nossa talha.

E Maria já estará falando com o Filho: “Eles não têm vinho.” E Jesus virá nos transformar, transformar a nossa água em bom vinho, transformar a nossa dificuldade em vitória.

A família não pode ser afetada pelos modismos, porque nela reside a grande esperança de um mundo melhor, de amor verdadeiro e de Igreja comprometida em valorizar a família humana, rosto da família divina.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Nossa Senhora Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt

A devoção a Nossa Senhora de Schoenstatt surgiu em 1912 a partir do movimento criado pelo Pe José Kentenich, chamado Obra de Schoenstatt.  O padre, ao fazer uma palestra aos alunos do Seminário em Schoenstatt, na Alemanha, convocou a todos a orarem e fazerem sacrifícios para que a capela da Congregação, então consagrada a São Miguel, fosse o ponto de partida de um movimento que se espalhasse por todo o mundo.  A capela deveria tornar-se, assim, um local de manifestação das glórias de Nossa Senhora.Schoesntatt (Schönstatt – que significa Belo Lugar) é uma região da cidade de Vallendar, próximo de Coblença.


Esse movimento ficou conhecido como “Aliança de Amor de 1914”, e em 18 de outubro desse mesmo ano foi oficializada a Obra de Schoesntatt.  Em 1915, os fiéis, então, deram o nome de “Maria Três Vezes Admirável” à imagem colocada na capelinha de São Miguel, e que é cópia do quadro original pintado por Crosio, um pintor italiano do século XIX. Maria é venerada como intercessora junto à Deus, alcançando tríplice graça a seus devotos: a graça do abrigo espiritual, a graça da missão e da fecundidade apostólica.

Réplicas dessa capelinha percorrem as casas dos fiéis e muitos têm sido os relatos de peregrinos que acorrem a santuários dedicados à Nossa Senhora de Schoenstatt que então se espalharam pelo mundo inteiro.  A todos os que procuram os santuários são dedicadas três graças: a do abrigo espiritual, a da transformação interior e a da missão apostólica.

Imagem

A imagem de graças da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt é a reprodução de uma obra do pintor italiano, Crosio, criada no fim do século XIX. O título original desta imagem é “Refugium Peccatorum” – Refúgio dos pecadores.

Na imagem vemos Maria, a Mãe de Deus, com seu Filho Jesus,  intimamente unidos. Maria segura seu Filho com ambas as mãos. Com a esquerda O estreita a si, e com a direita segura o braço do Filho, oferecendo-O ao mesmo tempo a Deus Pai. Apesar de sua atitude tão relacionada com o Filho, ela O abraça desprendida de si mesma. Será que Ela espera que alguém Lhe peça o filho? Seus olhos falam desta espera.

A atitude interna da Mãe em relação ao seu Filho se expressa também nas múltiplas dobras do seu manto. De um lado Ela envolve e protege o Menino, mas deixa a visão totalmente livre para o Filho divino. Maria deseja conduzir Jesus a todos os homens que a Ela se confiam.

O Véu que cobre a cabeça da Mãe parece continuar a envolver o Filho como se fossem um só. Este detalhe encontra expressão muito acertada numa oração do Pe. Kentenich, fundador da Obra de Schoenstatt: Vem, habita em nossa terra, com teu Filho, Mãe de Deus. Que seguindo vossos passos, Ele encontre a paz de Deus. Por Maria, a Cristo unida, Pátria, tu serás remida.

Coroa na Imagem Peregrina

A coroação da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt tem uma caminhada histórica. A coroação da Peregrina Original acontece em 10 de setembro de 1955, quando a Campanha completava cinco anos. A coroa foi conquistada material e espiritualmente pelo Sr. João e as crianças da Escola Humberto de Campos, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. A partir deste momento a coroação da Mãe Peregrina Original é renovada a cada ano.

domingo, 16 de outubro de 2016

Evangelho do 29º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir, dizendo: ”Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário!’. Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me!’”. E o Senhor acrescentou: “Escutai o que diz este juiz injusto. E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”. Lc 18,1-8

Homilia

O que Jesus quer e espera de nós é que não desistamos da oração. Pelo contrário, que nossa oração seja persistente, insistente e perseverante! Por isso, sigamos o exemplo dessa viúva do Evangelho – em que podemos chamá-la de “viúva oportuna”, porque ela realmente está ali o tempo inteiro, sem cessar, clamando para que o juiz faça justiça a ela.

O juiz para se ver livre (afinal de contas já estava achando aquela mulher chata), dá o que ela está pedindo. Sabe meus irmãos, às vezes somos chatos em situações que não precisamos ser, e nas situações que precisamos ser realmente insistentes, persistentes e consistentes, muitas vezes, deixamos de lado e desanimamos.

Em primeiro lugar, a oração: temos que ter firmeza, perseverança e insistência na nossa forma de rezar! Não pense que é ser petulante com Deus, arrogante ou qualquer coisa parecida. A oração precisa ser feita com humildade de coração, mas essa humildade nos leva a sermos insistentes naquilo que queremos e precisamos.

A verdade é que a própria oração vai purificando o nosso coração, às vezes, o nosso pedido, a nossa súplica, a nossa intercessão não está indo pelo caminho, mas só pelo fato de estarmos rezando, de estarmos na presença do Senhor, Ele vai purificando o nosso coração. Mas Ele não esquece de atender a nossa súplica e os nossos anseios.

Digo a você: seja perseverante, seja realmente insistente na sua forma de rezar! Quando falamos em ser “insistentes” não significa que precisamos ficar repetindo sem cessar os nossos pedidos mas, a cada dia, voltarmo-nos para Deus.

Há muitas pessoas desanimadas na vida, cansadas, calejadas, sem ânimo e sem força para fazer muitas coisas. “Eu já tentei isso! Já fui desse jeito! Já insisti dessa forma!” E quando o desânimo toma conta do coração de alguém, ele realmente perde o rumo da vida.

Não podemos perder o rumo nem a direção. Pode ser que precisemos pensar e repensar a forma de fazermos as coisas, mas não podemos deixar de sermos insistentes naquilo que buscamos na vida.

A oração é o caminho, o método que precisamos para sermos perseverantes em outras áreas e situações da vida. Se você aprende a orar bem, se você é insistente na sua forma de rezar, se você persevera nela, ela dará perseverança, consistência para as outras necessidades que temos na vida.

Que essa pobre viúva do Evangelho nos ensine a sermos homens e mulheres de fé. Eu digo fazendo a mesma pergunta que Jesus fez: “Será que quando o Filho do Homem voltar Ele encontrará fé sobre a terra?”. A oração é a expressão da nossa fé, não basta dizer: “Eu tenho fé!”. A oração é a expressão da fé que cremos e acreditamos!

Canção Nova Liturgia / Paróquia de Sant’Ana Bom Jardim - Pernambuco

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Ser professor é um dom e uma missão

Toda vocação nasce de um chamado e toda resposta nasce de um ‘sim’. Ser professor é um dom, uma vocação que nasce de um ‘sim’. Sabemos, no entanto, que a vocação dos professores no Brasil não é valorizada como deveria ser: salários baixos, pouca valorização pelos órgãos governamentais, falta de estrutura básica para o ensino em muitas escolas. Como se não bastasse, muitos ainda precisam enfrentar, todos os dias, alunos extremamente agressivos, que chegam às escolas totalmente desestruturados emocionalmente. O berço da educação grita por dignidade, e muitos professores buscam, dentro de suas possibilidades, sanar as dores dessa realidade enferma.


Em meio a tantas situações de trevas, esses homens e mulheres seguem sua vocação partilhando conhecimento e acreditando que o amanhã poderá ser melhor, e que somente com educação o Brasil será o país do futuro.

Busque inspiração

Como viver o dom dessa nobre vocação sem se perder em meio a tantos sinais de trevas que podem causar desânimo e abandono de um “sim” nascido de um amor? Jesus Cristo é o modelo para todos os professores que buscam viver o dom de sua vocação de modo espiritualmente pleno e rico de significados.

Nem sempre é fácil, em uma sala de aula, acolher os alunos rebeldes e agressivos. No entanto, olhando para Jesus e buscando inspiração nos Seus ensinamentos, encontramos um caminho para que esse desafio seja enfrentado com sabedoria. O Mestre da vida nunca se deixou vencer pelos agressores, e o preço de Sua luta era pago com amor. Somente com um amor que ultrapassa as fronteiras da agressão o coração do aluno será conquistado.

Ninguém é agressivo, porque nasceu assim. As raízes da agressão e da violência são frutos de uma vida cultivada sobre os alicerces de realidades complexas, muitas vezes difíceis de serem compreendidas, desde uma estrutura familiar mal vivida até mesmo complexas desestruturas emocionais causadas por inúmeros fatores.

Alimente sua vocação

Somente com o olhar da misericórdia, que ultrapassa os muros da agressão, será possível aproximar-se de quem fere com o bálsamo do amor, ensina que a vida pode ser diferente do que aquilo que foi ensinado por muito tempo. Quando um professor se coloca no mesmo nível de um aluno agressor, ele desce ao nível mais baixo de sua vocação: tornar-se aquilo pelo qual sente tanta repulsa.

As dificuldades são muitas, porém a vocação de ser professor deve ser alimentada com uma vida espiritual rica de significados profundos. Ninguém sustenta sozinho um dom sem uma ajuda que ultrapassa as forças humanas. Para que a vocação do magistério seja sempre nova e se renove a cada novo encontro, é preciso cultivar uma vida de oração, andar de mãos dadas com Deus, para que outros possam ser abraçados por esse amor cultivado na intimidade da fé.

Quando o professor caminha sozinho, ele se perde em meio aos problemas que parecem não ter solução. Quando caminha com Deus, constrói pontes que unem a vida à beleza da fé.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil

A história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto (MG).


Convocados pela Câmara de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram à procura de peixes no Rio Paraíba. Desceram o rio e nada conseguiram.

Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu, onde lançaram as redes e apanharam uma imagem sem a cabeça, logo após, lançaram as redes outra vez e apanharam a cabeça, em seguida lançaram novamente as redes e desta vez abundantes peixes encheram a rede.

A imagem ficou com Filipe, durante anos, até que presenteou seu filho, o qual usando de amor à Virgem fez um oratório simples, onde passou a se reunir com os familiares e vizinhos, para receber todos os sábados as graças do Senhor por Maria. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil.

Por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis aumentava e, em 1834, foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha).

No ano de 1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a Senhora “Aparecida” das águas.

O Papa Pio X em 1904 deu ordem para coroar a imagem de modo solene. No dia 29 de abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor. Grande acontecimento, e até central para a nossa devoção à Virgem, foi quando em 1929 o Papa Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil, com estes objetivos: o bem espiritual do povo e o aumento cada vez maior de devotos à Imaculada Mãe de Deus.

Em 1967, completando-se 250 anos da devoção, o Papa Paulo VI ofereceu ao Santuário de Aparecida a Rosa de Ouro, reconhecendo a importância do Santuário e estimulando o culto à Mãe de Deus.

Com o passar do tempo, a devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi crescendo e o número de romeiros foi aumentando cada vez mais. A primeira Basílica tornou-se pequena. Era necessária a construção de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros. Por iniciativa dos missionários Redentoristas e dos Senhores Bispos, teve início, em 11 de novembro de 1955, a construção de uma outra igreja, a atual Basílica Nova. Em 1980, ainda em construção, foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida Santuário Nacional, sendo o “maior Santuário Mariano do mundo”.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Cada cristão é um missionário

Quantos planos bonitos e projetos brilhantes hão fracassado ao longo da historia por falta de homens e de ombros! Para a evangelização e transformação do mundo, Deus necessita dos homens. Necessita instrumentos convencidos, comprometidos e dispostos a dar tudo. Muitos textos bíblicos nos falam daqueles que Deus escolheu.


O povo judeu é para Deus “um reino de sacerdotes e uma nação santa”. É o povo eleito e preferido por Deus entre todos os povos da terra, para levar adiante seus planos. Dons são tarefas. Jesus chama aos seus apóstolos e lhes entrega sua primeira missão. Devem anunciar a grande notícia da proximidade do reino; e isso não só por meio de palavra, se não também com sinais e ações concretas. Porque quando Deus elege é para dar uma missão.

Dons são tarefas. Por isso, o Senhor envia aos apóstolos e lhes confia uma tarefa. E como os doze, toda a Igreja é uma Igreja apostólica e missionária. A Igreja não vive para si mesma, se não para ser luz do mundo, para servir a humanidade inteira, para salvar a todos os povos. Também todos nós somos enviados. Cada cristão é um missionário. Esse tesouro imenso que recebemos – a luz de Cristo e de seu Evangelho – é para comunicá-lo a todos os homens. Como o Senhor nos indica cada cristão deve converter-se em “sal da terra”, em “luz do mundo” e em “fermento da massa”.

Não nos encerremos. Com efeito, Deus não criou a Igreja para ser uma espécie de “clube seleto” de almas privilegiadas, as que se permite acesso a certos dons reservados. NÃO. Desde um princípio, Deus há amado a todos os homens e há querido que todos cheguem a seu coração de pai. E por isso criou a Igreja ao serviço de toda a humanidade, como instrumento e mensageira da Boa Nova de seu amor.

Os cristãos somos sem dúvida os prediletos de Deus, porque havemos podido conhecer primeiro seu Evangelho. Mas nosso privilégio é o de servir: de levar a todos os homens aqueles dons que para todos estão destinados: para que o Evangelho converta-se em luz do mundo; e para que penetre não só os corações humanos, se não também a vida da sociedade e sua cultura. O Evangelho deve assim fermentar o mundo inteiro para Cristo.

Deve vencer e sanear com sua luz tudo o que haja de trevas e pecado nele. Deve construir pouco a pouco essa grande comunhão de amor que Deus deseja com todo o gênero humano: para que todos os homens cheguem a ser filhos seus e irmãos em Cristo. 
Recebemos uma luz em nosso batismo. Por isso, a Igreja não é uma ilha, uma família encerrada em si mesma, para gozar do amor que une seus membros.

A ela pertencemos para levar sua luz a todos os homens, para iluminar o caminho de todos rumo a Cristo. Os cristãos não podem permanecer enclausurados em suas comunidades ou movimentos. Estes devem ser não só seu lar e laboratório de formação, se não também seu lugar de envio. O lugar desde o qual partimos rumo aos homens, para iluminar com a luz do evangelho os problemas, as alegrias e as esperanças de suas famílias, de seus bairros, de suas escolas, fábricas ou escritórios.

“Ninguém acende uma luz – diz o Evangelho – para escondê-la debaixo de um recipiente, se não para colocá-la sobre um castiçal para que ilumine toda a casa”. No dia de nosso Batismo, todos nós recebemos uma luz – símbolo da missão da Igreja – que a partir desse momento se convertia em missão pessoal de cada um.

domingo, 2 de outubro de 2016

Evangelho do 27º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!”. O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria. Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa?’. Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber?’. Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado?. Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”. (Lc 17,5-10)


Homilia

Aqui está um pedido de súplica, um desejo ardente do nosso coração: precisamos crescer na fé, precisamos de uma fé robusta, verdadeira e convicta. Precisamos crescer na fé!

Aumentar a fé não é simplesmente ter uma fé volumosa. É, na verdade, ter uma fé intensa e verdadeira, onde olhamos para Deus e, apesar de todas as situações contrárias, não perdemos a nossa confiança.

O Senhor não está pedindo ou esperando que tenhamos uma fé grande. Se tivermos uma fé pequena, será fé, mesmo do tamanho de um grão de mostarda. Se nós dissermos a essa montanha: “Sai, montanha!”, ela sairá. Quantas montanhas estão à nossa frente? São montanhas de problemas, dificuldades e desafios, montanhas de coisas que vão se aglutinando, juntando-se em nossa vida, que parece que vamos desabar.

Quando as montanhas estão à nossa frente, não conseguimos enxergar o que está além dela. Quando as montanhas dos problemas e preocupações, estão à nossa frente, nem conseguimos enxergar que Deus é maior, que a graça d’Ele é maior, que o Seu amor é maior.

Há outras coisas que estão transpassando a nossa visão, estão transpassando à nossa frente, e não podemos ver aquilo que está mais adiante.

A fé precisa fazer as coisas acontecerem. A primeira coisa que a fé tem de fazer é derrubar montanhas; não que os problemas desapareçam, mas eles saem da nossa frente e vão para o lugar que tem de estar. O problema tem de estar de lado, debaixo, mas não pode estar à nossa frente. Quem tem de estar à nossa frente é o Senhor, Nosso Deus! O nosso olhar, a nossa visão, a nossa mente tem de estar voltados para o Senhor.

Vamos ter mais força interior, mais equilíbrio na mente, nos nossos pensamentos e sentimentos; seremos mais inteiros e verdadeiros naquilo que fazemos quando permitirmos que a fé conduza e guie nossos passos.

Por outro lado, estamos também aprendendo no Evangelho de hoje, que não podemos nos vangloriar de nada do que fazemos. Tudo que fazemos é para a maior glória de Deus e para que cresça nossa união, nossa intimidade e nossa relação com o Senhor.

Às vezes, servimos a Deus, rezamos e achamos que nós fizemos coisas demais: “Eu já rezei muito! Servi as coisas de Deus!”. Porém, não fizemos mais do que nossa obrigação. Deus continua sendo Deus com eu me voltando para Ele ou não. Mas continuo sendo uma pobre criatura se não me rendo ao amor d’Ele, se não me entrego ao seu amor e bondade.

No Reino de Deus, não há lugar para vaidades, para vanglória, não há lugar para pessoas que estão voltadas para aqueles que querem cultuar a si mesmos por aquilo que fazem. O Reino de Deus é lugar dos humildes, daqueles que batalham com a fé, por menor que seja, para viver de fé e fazer com ela seja o motor que conduz a nossa vida.

sábado, 1 de outubro de 2016

MENSAGEM DA CNBB PARA AS ELEIÇÕES 2016

Neste ano de eleições municipais, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB dirige ao povo brasileiro uma mensagem de esperança, ânimo e coragem. Os cristãos católicos, de maneira especial, são chamados a dar a razão de sua esperança (cf. 1Pd 3,15) nesse tempo de profunda crise pela qual passa o Brasil.

Sonhamos e nos comprometemos com um país próspero, democrático, sem corrupção, socialmente igualitário, economicamente justo, ecologicamente sustentável, sem violência discriminação e mentiras; e com oportunidades iguais para todos. Só com participação cidadã de todos os brasileiros e brasileiras é possível a realização desse sonho. Esta participação democrática começa no município onde cada pessoa mora e constrói sua rede de relações. Se quisermos transformar o Brasil, comecemos por transformar os municípios. As eleições são um dos caminhos para atingirmos essa meta.

A política, do ponto de vista ético, “é o conjunto de ações pelas quais os homens buscam uma forma de convivência entre indivíduos, grupos, nações que ofereçam condições para a realização do bem comum”. Já do ponto de vista da organização, a política é o exercício do poder e o esforço por conquistá-lo1, a fim de que seja exercido na perspectiva do serviço.

Os cristãos leigos e leigas não podem “abdicar da participação na política” (Christifideles Laici, 42). A eles cabe, de maneira singular, a exigência do Evangelho de construir o bem comum na perspectiva do Reino de Deus. Contribui para isso a participação consciente no processo eleitoral, escolhendo e votando em candidatos honestos e competentes. Associando fé e vida, a cidadania não se esgota no direito-dever de votar, mas se dá também no acompanhamento do mandato dos eleitos.

As eleições municipais têm uma atração e uma força próprias pela proximidade dos candidatos com os eleitores. Se, por um lado, isso desperta mais interesse e facilita as relações, por outro, pode levar a práticas condenáveis como a compra e venda de votos, a divisão de famílias e da comunidade. Na política, é fundamental respeitar as diferenças e não fazer delas motivo para inimizades ou animosidades que desemboquem em violência de qualquer ordem.

Para escolher e votar bem é imprescindível conhecer, além dos programas dos partidos, os candidatos e sua proposta de trabalho, sabendo distinguir claramente as funções para as quais se candidatam. Dos prefeitos, no poder executivo, espera-se “conduta ética nas ações públicas, nos contratos assinados, nas relações com os demais agentes políticos e com os poderes econômicos”2. Dos legisladores, os vereadores, requer-se “uma ação correta de fiscalização e legislação que não passe por uma simples presença na bancada de sustentação ou de oposição ao executivo”3.

É fundamental considerar o passado do candidato, sua conduta moral e ética e, se já exerce algum cargo político, conhecer sua atuação na apresentação e votação de matérias e leis a favor do bem comum. A Lei da Ficha Limpa há de ser, neste caso, o instrumento iluminador do eleitor para barrar candidatos de ficha suja.

Uma boa maneira de conhecer os candidatos e suas propostas é promover debates com os concorrentes. Em muitos casos cabe propor lhes a assinatura de cartas-compromisso em relação a alguma causa relevante para a comunidade como, por exemplo, a defesa do direito de crianças e adolescentes. Pode ser inovador e eficaz elaborar projetos de lei, com a ajuda de assessores, e solicitar a adesão de candidatos no sentido de aprovar os projetos de lei tanto para o executivo quanto para o legislativo.

É preciso estar atento aos custos das campanhas. O gasto exorbitante, além de afrontar os mais pobres, contradiz o compromisso com a sobriedade e a simplicidade que deveria ser assumido por candidatos e partidos. Cabe aos eleitores observar as fontes de arrecadação dos candidatos, bem como sua prestação de contas. A lei que proíbe o financiamento de campanha por empresas, aplicada pela primeira vez nessas eleições, é um dos passos que permitem devolver ao povo o protagonismo eleitoral, submetido antes ao poder econômico. Além disso, estanca uma das veias mais eficazes de corrupção, como atestam os escândalos noticiados pela imprensa. Da mesma forma, é preciso combater sistematicamente a vergonhosa prática de “Caixa 2”, tão comum nas campanhas eleitorais.

A compra e venda de votos e o uso da máquina administrativa nas campanhas constituem crime eleitoral que atenta contra a honra do eleitor e contra a cidadania. Exortamos os eleitores a fiscalizarem os candidatos e, constatando esse ato de corrupção, a denunciarem os envolvidos ao Ministério Público e à Justiça Eleitoral, conforme prevê a Lei 9840, uma conquista da mobilização popular há quase duas décadas.

A Igreja Católica não assume nenhuma candidatura, mas incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm vocação para a militância político-partidária, a se lançarem candidatos. No discernimento dos melhores candidatos, tenha-se em conta seu compromisso com a vida, com a justiça, com a ética, com a transparência, com o fim da corrupção, além de seu testemunho na comunidade de fé. Promova-se a renovação de candidaturas, pondo fim ao carreirismo político. Por isso, exortamos as comunidades a aprofundarem seu conhecimento sobre a vida política de seu município e do país, fazendo sempre a opção por aqueles que se proponham a governar a partir dos pobres, não se rendendo à lógica da economia de mercado cujo centro é o lucro e não a pessoa.

Após as eleições, é importante a comunidade se organizar para acompanhar os mandatos dos eleitos. Os cristãos leigos e leigas, inspirados na fé que vem do Evangelho, devem se preparar para assumir, de acordo com sua vocação, competência e capacitação, serviços nos Conselhos de participação popular, como o da Educação, Saúde, Criança e Adolescente, Juventude, Assistência Social etc. Devem, igualmente, acompanhar as reuniões das Câmaras Municipais onde se votam projetos e leis para o município. Estejam atentos à elaboração e implementação de políticas públicas que atendam especialmente às populações mais vulneráveis como crianças, jovens, idosos, migrantes, indígenas, quilombolas e os pobres.

Confiamos que nossas comunidades saberão se organizar para tornar as eleições municipais ocasião de fortalecimento da democracia que deve ser cada vez mais participativa. Nosso horizonte seja sempre a construção do bem comum.

Que Nossa Senhora Aparecida, Mãe e Padroeira dos brasileiros, nos acompanhe e auxilie no exercício de nossa cidadania a favor do Brasil e de nossos municípios, onde começa a democracia.

Aparecida - SP, 13 de abril de 2016

Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

Campanha Missionária 2016

Outubro é o Mês das Missões, um período de intensificação das iniciativas de animação e cooperação missionária em todo o mundo. O objetivo é sensibilizar, despertar vocações missionárias e realizar a Coleta no Dia Mundial das Missões, penúltimo domingo de outubro (este ano dias 22 e 23), conforme instituído pelo papa Pio XI em 1926.


“Cuidar da Casa Comum é nossa missão”. Este é o tema escolhido para a Campanha Missionária em 2016. O lema é extraído da narrativa da criação no livro do Gênesis: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31). O projeto do Criador é maravilhoso, mas encontra-se ameaçado! A preocupação pela ecologia parte de dois gritos: o grito dos pobres que mais sofrem, e o grito da Terra que geme pela exploração. A temática retoma a Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano e amplia a missão de cuidar da vida em todo o planeta.Em sua Encíclica Laudato si’, o papa Francisco adverte que “a existência humana se baseia sobre três relações intimamente ligadas: as relações com Deus, com o próximo e com a terra” (LS 66). E lança uma pergunta: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem nos suceder, às crianças que estão crescendo?” (LS 160). Em nossa Casa Comum, tudo está interligado, unido por laços invisíveis, como uma única família universal. E nós recebemos de Deus a missão de cuidar dessas relações. Isso tem a ver com a missão da Igreja. Queremos fazer do cuidado do planeta a nossa missão até os confins do mundo. Diante da crise socioambiental, nem todos temos de ser especialistas e saber tudo, mas temos o dever de mudar nossos hábitos e apoiar ações práticas.