domingo, 27 de novembro de 2016

Evangelho do 1º Domingo do Advento

Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada. Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor. Compreendei bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá”. Mt 24,37-44


Precisamos ter vigilância para com nossa vida

A nossa espiritualidade deve ser revestida desse elemento principal: a vigilância, palavra que, acima de tudo, quer dizer “cuidado”. Vigiar é cuidar de si, da vida, da nossa espiritualidade e das nossas relações, é o cuidado que precisamos ter para com a nossa vida. Imagine um vigilante: o papel dele é cuidar daquilo que foi colocado sob sua responsabilidade. Ele precisa estar atento, ligado, precisa cuidar, da melhor forma possível, para que nada de errado aconteça com aquilo que está sobre sua responsabilidade e cuidado. A nossa espiritualidade é a vigilância. Todos nós somos vigilantes, todos nós precisamos cuidar da nossa vida com a diligência necessária. Cuidado exige responsabilidade, é sermos responsáveis pelos nossos atos, pelas nossas atitudes, por aquilo que fazemos; é prestar atenção onde devemos ou não ir, é prestar atenção naquilo que nós devemos fazer e naquilo que não devemos fazer. Acima de tudo, não podemos dormir no ponto. Imagine um vigia que dorme no ponto! Onde era para ele estar de guarda, de sentinela, para que nada de mal acontecesse, ele dorme. Então, chega alguém e assalta a casa, o prédio, o edifício, porque o guarda estava dormindo. Não podemos deixar que roubem nossa vida e nossos valores, que roubem a nossa fé por falta de cuidado ou vigilância. Sabemos que se o vigia soubesse que hora o ladrão viria, ele certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Cuide bem da sua casa e do seu coração! Cuide bem da sua vida, pois ninguém sabe a hora em que o Senhor virá. Nenhum de nós sabe em que dia iremos ao encontro do Senhor. A vigilância cristã nos chama a estarmos preparados a cada dia, mas não com aquela neura de que vamos morrer logo, que a nossa vida vai acabar. Não! É estarmos prontos, é, a qualquer momento, sermos chamados por Deus e dizer: “Senhor, eis-me aqui!”. Gostamos muito de improvisar as coisas, vamos protelando as coisas e não colamos nossa vida no eixo, no prumo, na direção, na correção e nos cuidados. Temos de viver o hoje como se hoje fôssemos ao encontro do Senhor! Há uma outra coisa muito importante: não temos que cuidar da nossa vida ou fazer dela uma vigilância constante, porque estamos preocupados quando vamos morrer, quando vamos nos encontrar com o Senhor. Quero a minha vida bem cuidada, bem direcionada, quero que minha vida seja direcionada, não só no final dela, mas todos os dias da minha vida. Por isso, é muito mais uma questão de amor, do que uma mentalidade de medo de morrer, de Deus me aparecer hoje. É a mentalidade de quem ama e se cuida a cada dia, porque a cada dia o Senhor está no meio de nós!

sábado, 26 de novembro de 2016

Como devo me preparar para o Natal?

Charles Dickens, um famoso romancista inglês, escreveu certa vez: “Honrarei o Natal em meu coração e tentarei conservá-lo durante todo o ano”. Penso que ele estava certo, pois o Natal precisa novamente ser honrado com urgência, porque, há muito tempo, as pessoas têm simplesmente ignorando o real sentido dessa data.


O que é o Natal?

Papa Francisco, em uma de suas homilias sobre o Natal, não hesitou em afirmar à humanidade seu verdadeiro significado: “O Natal é mais! Nós vamos por esse caminho para encontrar o Senhor, porque o Natal é um encontro e nós caminhamos para encontrá-Lo com o coração, com a vida, encontrá-Lo vivo, como Ele é, encontrá-Lo com fé”. O Natal é um encontro. Que bela definição o Santo Padre nos deu! Trata-se, portanto, de um encontro com Jesus, o Menino Deus que traz consigo o segredo da verdadeira paz à alma humana ainda tão agitada. Neste encontro com Cristo, o Sumo Pontífice nos indica a oração, a caridade e o louvor como caminhos para uma boa preparação para bem celebrarmos o nascimento de Jesus. Gostaria de deter-me neste primeiro caminho, que é da oração, para vivenciarmos o Natal como aquilo que ele verdadeiramente é.

O mundo, nesta época, ensina-nos que tudo consiste em caprichar na compra de presentes, fazer aquela ceia maravilhosa com ricas iguarias, ter o maior número possível de enfeites natalinos dentro de casa, chamar todos os parentes para uma confraternização social – mesmo que, durante os outros 364 dias do ano, vocês nem se falem mais! – e dar, além de tudo isso, umas generosas contribuições para as tais “caixinhas de Natal”.

Tudo na vida tem real significado e valor. O Natal é, sobretudo, o aniversário do nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo de Deus que se fez carne e habitou entre nós para nos salvar. Mas grande parte da nossa sociedade, tão consumista e alienada, simplesmente celebra o aniversário ignorando o aniversariante.

Seguir o conselho da Virgem Maria

Nós cristãos não estamos isentos de tal risco. Podemos cair no mesmo equívoco de celebrar esta grande festa ignorando o aniversariante, que é Cristo. Para que isso não aconteça, segue o conselho constante que a Mãe de Jesus nos dá em Medjugorje: “Queridos filhos, rezem, rezem e rezem”.

Intimidade com Deus

Preparemos o aniversário de Jesus com as nossas orações. Quando nos decidirmos a viver este Natal em oração, já estaremos começando a experimentar esse encontro com o Menino Deus. É por meio da oração, dessa busca de uma maior intimidade com Deus, que adentramos no castelo do Rei dos reis e nos livramos daquelas amarras de ressentimentos e lembranças amargas que nos oprimem e estragam o nosso Natal. Porém, não se iluda, meu irmão! Esse “castelo” nos é revelado na pobreza da gruta de Belém, na qual o Trono de Graça se fez simples manjedoura e Aquele que detém todo poder e autoridade nas mãos manifesta-se na fragilidade de uma criança nos braços de Sua Mãe.

Somente aquele que reza consegue contemplar esses sinais escondidos, os quais o mundo ainda não foi capaz de enxergar. Aquele que se decidir a viver o Natal em oração, com certeza o viverá de maneira mais santa, renovada e feliz. Pois o homem que reza jamais se encontra sozinho. Ele é semelhante àqueles Reis Magos que caminhavam por terras desconhecidas sob a guia de uma estrela. A luz que vinha do Alto os direcionava. O mesmo acontece com a alma orante: ela é sempre conduzida pelo Céu e para o Céu.

Não deixe para rezar somente no Dia de Natal

Que tal fazermos essa maravilhosa experiência nesse tempo? Prepare-se bem para o Natal por meio da oração e não deixe para rezar somente no grande dia. Comece antes, comece agora! Reze o Santo Terço em família, leia na Bíblia as verdadeiras histórias do Natal para seus filhos, participe bem das Santas Missas durante este tempo, faça uma boa confissão e, nos últimos dias do Advento, reze a Novena de Natal com os seus.

Enfim, deixe que a força da oração o guie em direção à gruta de Belém. Ali, você contemplará o Filho de Deus que se fez um de nós e aprenderá que o Natal é a oportunidade que a humanidade tem de recordar que o verdadeiro amor consiste em doar-se até o fim com humildade e simplicidade. Ali, naquela manjedoura construída pela paz em seu coração, você poderá admirar o sorriso do Menino Jesus. E diante desse singelo sorriso, é impossível que a alma humana permaneça sofrendo na dor e na solidão!

Desejo a você e a sua família um Natal diferente dos anos anteriores, um Natal preparado em oração, que marque definitivamente este tempo novo de recomeços e retomadas na sua vida.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

O que é o advento?

Começamos o novo Ano Litúrgico e um novo ciclo da liturgia com o Advento, tempo de preparação para o nascimento de Jesus Cristo no Natal. É hora de renovação das esperanças, com a advertência do próprio Cristo, quando diz: “Vigiai!”, para não sermos surpreendidos.


Realização e confirmação da Aliança de Deus

A chegada do Natal, preparado pelo ciclo do Advento, é a realização e confirmação da Aliança anunciada no passado pelos profetas. É a Aliança do amor realizada plenamente em Jesus Cristo e na vida de todos aqueles que praticam a justiça e confiam na Palavra de Deus.

Estamos em tempo de educação de nossa fé, quando Deus se apresenta como oleiro, que trabalha o barro, dando a ele formas diversas. Nós somos como argila, que deve ser transformada conforme a vontade do oleiro. É a ação de Deus em nossa vida, transformando-a de Seu jeito.

Neste caminho de mudanças, Deus nos deu diversos dons conforme as possibilidades de cada um. E somos conduzidos pelas exigências da Palavra de Deus. É uma trajetória que passa pela fidelidade ao Todo-poderoso e ao próximo, porque ninguém ama a Deus não amando também o seu irmão.

Convocação para vigilância

O Advento é convocação para a vigilância. A vida pode ser cheia de surpresas e a morte chegar quando não esperamos. Por isso é muito importante estar diuturnamente acordado e preparado, conseguindo distanciar-se das propostas de um mundo totalmente afastado de Deus.

Outro fato é não desanimar diante dos tipos de dificuldades e de motivações que aparecem diante nós. Estamos numa cultura de disputa por poder, de ocupar os primeiros lugares sem ser vigilantes na prestação de serviço. Quem serve, disse Jesus, é “servo vigilante”.

Confiar significa ter a sensação de não estar abandonado por Deus. Com isso, no Advento vamos sendo moldados para acolher Jesus no Natal como verdadeiro Deus. Aquele que nos convoca a abandonar o egoísmo e seguir Jesus Cristo.

Preparar-se para o Natal já é ter a sensação das festas de fim de ano. Não sejamos enganados pelas propostas atraentes do consumismo. O foco principal é Jesus Cristo como ação divina em todo o mundo.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Santa Cecília, exemplo de mulher cristã

Hoje celebramos a santidade da virgem que foi exaltada como exemplo perfeitíssimo de mulher cristã, pois em tudo glorificou a Jesus. Santa Cecília é uma das mártires mais veneradas durante a Idade Média, tanto que uma basílica foi construída em sua honra no século V. Embora se trate da mesma pessoa, na prática fala-se de duas santas Cecílias: a da história e a da lenda. A Cecília histórica é uma senhora romana que deu uma casa e um terreno aos cristãos dos primeiros séculos. A casa transformou-se em igreja, que se chamou mais tarde Santa Cecília no Trastévere; o terreno tornou-se cemitério de São Calisto, onde foi enterrada a doadora, perto da cripta fúnebre dos Papas.


No século VI, quando os peregrinos começaram a perguntar quem era essa Cecília cujo túmulo e cuja inscrição se encontravam em tão honrosa companhia, para satisfazer a curiosidade deles, foi então publicada uma Paixão, que deu origem à Cecília lendária; esta foi sem demora colocada na categoria das mártires mais ilustres. Segundo o relato da sua Paixão Cecília fora uma bela cristã da mais alta nobreza romana que, segundo o costume, foi prometida pelos pais em casamento a um nobre jovem chamado Valeriano. Aconteceu que, no dia das núpcias, a jovem noiva, em meio aos hinos de pureza que cantava no íntimo do coração, partilhou com o marido o fato de ter consagrado sua virgindade a Cristo e que um anjo guardava sua decisão.

Valeriano, que até então era pagão, a respeitou, mas disse que somente acreditaria se contemplasse o anjo. Desse desafio ela conseguiu a conversão do esposo que foi apresentado ao Papa Urbano, sendo então preparado e batizado, juntamente com um irmão de sangue de nome Tibúrcio. Depois de batizado, o jovem, agora cristão, contemplou o anjo, que possuía duas coroas (símbolo do martírio) nas mãos. Esse ser celeste colocou uma coroa sobre a cabeça de Cecília e outra sobre a de Valeriano, o que significava um sinal, pois primeiro morreu Valeriano e seu irmão por causa da fé abraçada e logo depois Santa Cecília sofreu o martírio, após ter sido presa ao sepultar Valeriano e Tibúrcio na sua vila da Via Ápia.

Colocada diante da alternativa de fazer sacrifícios aos deuses ou morrer, escolheu a morte. Ao prefeito Almáquio, que tinha sobre ela direito de vida ou de morte, ela respondeu: “É falso, porque podes dar-me a morte, mas não me podes dar a vida”. Almáquio condenou-a a morrer asfixiada; como ela sobreviveu a esse suplício, mandou que lhe decapitassem a cabeça.

Nas Atas de Santa Cecília lê-se esta frase: “Enquanto ressoavam os concertos profanos das suas núpcias, Cecília cantava no seu coração um hino de amor a Jesus, seu verdadeiro Esposo”. Essas palavras, lidas um tanto por alto, fizeram acreditar no talento musical de Santa Cecília e valeram-lhe o ser padroeira dos músicos. Hoje essa grande mártir e padroeira dos músicos canta louvores ao Senhor no céu.

domingo, 20 de novembro de 2016

Solenidade de Jesus Cristo, Rei do universo

Naquele tempo, os chefes zombavam de Jesus dizendo: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!”. Os soldados também caçoavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre, e diziam: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!”. Acima dele havia um letreiro: “Este é o Rei dos Judeus”. Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”. Mas o outro o repreendeu, dizendo: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”. E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Jesus lhe respondeu: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”. Lc 23,35-43


Cristo é o único rei de nossas vidas!

Hoje, celebramos a grande Solenidade de Jesus Cristo, Rei do universo. A cada ano recordamos, celebramos aquilo que deve ser o cotidiano de nossa vida: o reconhecimento de Jesus Cristo como Rei, como Senhor da vida de cada um de nós. Não se trata daquela concepção que o mundo nos dá, de um rei que governa um país e tem seus súditos. O reinado de Cristo é nas almas, nos corações, é para aqueles que se submetem ao Seu discipulado, ao Seu segmentos O Reino de Cristo é para aqueles que acolhem a Boa Nova e deixam-se transformar pela vida do Mestre. Em qualquer época ou etapa da sua vida, é importante que você tome uma decisão, que tenha um único Rei, que mande, governe, oriente e ilumine; um rei que você realmente reverencie e para ele volte todo seu coração. A Palavra de Deus, no Evangelho de hoje, mostra-nos um ladrão, um homem que levava uma vida cheia de condutas erradas, mas que, na hora da morte, ele mesmo proclamou Cristo como Rei, assumiu o reinado de Jesus na sua vida, e pediu que, quando Cristo estivesse, no Seu Reino glorioso, que se lembrasse dele. “Hoje mesmo estará comigo no paraíso”. Ou seja, naquela mesma hora ele já fazia parte do reinado de Cristo. Quando confessamos Jesus como Senhor, quando O assumimos como o Senhor da nossa vida, o reinado d’Ele já acontece em nosso coração. Ele reina. Não se trata apenas de um reinado teórico, bonito: “Jesus é o Senhor, é o Rei!”. Não! É um rei que faz diferença em nossa vida! Esse ladrão, no último momento, deixou de fazer o que fez de errado na sua vida. Ele teve a oportunidade de reconhecer Cristo mesmo na hora final. Eu não sei em qual etapa da vida nos encontramos, mas o mais importante é, aqui e agora, proclamarmos que, na nossa vida, temos um único rei: Cristo Jesus, Nosso Senhor! Que Ele reine em nossos pensamentos e sentimentos, em nossas decisões; que reine sobretudo em nossa vontade, que Ele nos dê uma vontade firme, decidida, sobretudo, uma vontade de viver a vida de acordo com a Sua vontade. Que o reinado de Cristo em nós santifique-nos! Precisamos de Cristo reinando em nossas casas, em nossas vidas e famílias. Precisamos de famílias proclamando que Jesus Cristo é o Senhor, é o principal da casa. Se não fizermos isso, outros reinados invadirão nossas casas e famílias, como já têm feito. O príncipe deste mundo já acusou Jesus, precisamos expulsar o príncipe deste mundo, aquilo que ele tem feito na vida de cada um de nós, em nossas casas, em nossas famílias, e proclamarmos que só temos um Rei: Jesus!

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O sacramento da unção dos enfermos

No ritual da unção dos enfermos, encontra-se a seguinte petição a Deus: “Por esta santa unção e pela Sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na Sua misericórdia, alivie os teus sofrimentos”. Essa oração contém o objeto central desse sacramento, ou seja, confere a ele uma graça especial, que une mais intimamente o doente a Cristo.


Jesus veio para revelar o amor de Deus. Frequentemente, faz  isso nas áreas e situações em que nos sentimos especialmente ameaçados em função da fragilidade de nossa vida, devido a doenças, morte etc. Deus Pai quer que nos tornemos saudáveis no corpo e na alma, e reconheçamos nisso a instauração do Seu Reino. Por vezes, só com a experiência da enfermidade percebemos que precisamos do Senhor mais do que tudo. Não temos vida, a não ser em Cristo. Por isso, os doentes e os pecadores têm um especial instinto para perceber o que é essencial.

No Antigo Testamento, o homem doente experimenta os seus limites e, ao mesmo tempo, percebe que a doença está ligada misteriosamente ao pecado. Os profetas intuíram que a enfermidade poderia ter também um valor redentor em relação aos próprios pecados e aos dos outros. Assim, a doença era vivida diante de Deus, do qual o homem implorava a cura. No Novo Testamento, eram os enfermos quem procuravam a proximidade de Jesus, tentando “tocá-Lo, pois d’Ele saía uma força que a todos curava” (Lc 6,19). A compaixão de Jesus Cristo pelos doentes e as numerosas curas de enfermos são um claro sinal de que, com Ele, chegou o Reino de Deus e a vitória sobre o pecado, o sofrimento e a morte. Com a Paixão e Morte, o Senhor dá um novo sentido ao sofrimento, o qual, se for unido ao d’Ele, pode ser meio de purificação e salvação para nós e para os outros.

Curar os enfermos

A Igreja, tendo recebido do Senhor a ordem de curar os enfermos, procura pôr isso em prática com os cuidados para com os doentes, acompanhados da oração de intercessão. Ela possui, sobretudo, um sacramento específico em favor dos enfermos, instituído pelo próprio Cristo e atestado por São Tiago: «Quem está doente, chame a si os presbíteros da Igreja e rezem por ele, depois de o ter ungido com óleo no nome do Senhor» (Tg 5,14-15).

Dessa forma, o sacramento da unção dos enfermos pode ser recebido pelo fiel que começa a se sentir em perigo de morte por doença ou velhice. O mesmo fiel pode recebê-lo também outras vezes se a doença se agravar ou, então, no caso doutra enfermidade grave.

A celebração desse sacramento, se possível, deve ser precedida pela confissão individual do doente. A celebração desse sacramento consiste essencialmente na unção com óleo benzido, se possível, pelo bispo, na fronte e nas mãos do enfermo (no rito romano ou também noutras partes do corpo segundo outros ritos), acompanhada da oração do sacerdote, que implora a graça especial desse sacramento. Ele só pode ser administrado pelos sacerdotes (bispos ou presbíteros).

Perdão dos pecados

Esse sacramento confere uma graça especial que une mais intimamente o doente à Paixão de Cristo, para o seu bem e de toda a Igreja, dando-lhe conforto, paz, coragem e também o perdão dos pecados, se ele não puder se confessar. Consente, por vezes, se for a vontade de Deus, também a recuperação da saúde física do fiel. Em todo caso, essa unção prepara o enfermo para a passagem à Casa do Pai. Por isso, concede-lhe consolação, paz, força e une profundamente a Cristo o doente que se encontra em situação precária e em sofrimento; tendo em vista que o Senhor passou pelas nossas angústias e tomou sobre Si as nossas dores.

Muitos doentes têm medo desse sacramento e adiam-no para o fim, porque pensam se tratar de uma espécie de “sentença de morte”. No entanto, é o contrário disso: a unção dos enfermos é uma espécie de “seguro de vida”. Quem, como cristão, acompanha um enfermo deve libertá-lo desse falso temor. A maior parte das pessoas que está em risco de vida tem a intuição de que nada mais é importante nesse momento do que a confiança imediata e incondicional Àquele que superou a morte e é a própria vida: Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Nota aos paroquianos

A Paróquia de Sant’Ana vem a público, por meio desta nota, esclarecer e tranquilizar a todos sobre o acidente ocorrido na tarde desta segunda-feira, dia 14 de novembro, na obra de reforma do Centro de Pastoral. O fato deu-se após a queda de uma das paredes antigas do prédio sobre a laje (parte dela) que estava concluída, porém, em processo de cura do concreto. O auxiliar Evaldo Jerônimo Pereira, de 43 anos, lançado com o impacto dos escombros na estrutura na qual desempenhava seu ofício, foi encaminhado ao Hospital Municipal Dr. Miguel Arraes de Alencar, onde recebeu atendimento médico, e, posteriormente, transferido para o Hospital da Restauração, onde será submetido ao exame de tomografia. Evaldo está consciente, aparentemente sem grandes traumas físicos e não corre risco de morte. A Paróquia de Sant’Ana está acompanhando o caso de perto e prestando total assistência à vítima e seus familiares, colocando-se à disposição para mais esclarecimentos.


Atenciosamente, Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant’Ana.

domingo, 13 de novembro de 2016

Evangelho do 33º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, algumas pessoas comentavam a respeito do Templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?”. Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”. E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu. Antes, porém, que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé. Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa; porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. Todos vos odiarão por causa do meu nome. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!”. Lc 21, 5-19


A vinda de Jesus deve nos trazer alegria

O Evangelho que meditamos, neste domingo, traz para nós considerações importantes para aquilo que chamamos de “fim dos tempos”, uma realidade escatológica que não podemos ignorar. Faz parte da nossa fé a consumação final de todas as coisas, de que um dia tudo será consumado em Cristo Jesus, que tem renovado toda a face da Terra, e essa renovação chegará a sua consumação final. Não podemos nos iludir nem iludir os outros, não podemos ser enganados nem enganar os outros, muitas vezes, com fantasias, afirmações apocalípticas que não correspondem à verdade. Temos de viver a feliz expectativa da vinda do Senhor sem fazer dramas, sem criar fantasias e sem falsas expectativas ou ilusões a esse respeito. Temos de viver a santidade de cada dia, é isso que nos ajuda a apressar e viver a dimensão da presença gloriosa de Jesus no meio de nós! Digo isso, porque, durante toda a história da fé cristã, durante muitas épocas da história da humanidade, muitos erros já se cometeram a esse respeito, muitas falsas expectativas já se criaram, muitas falsas religiões já surgiram, muitos falsos profetas ontem, hoje e amanhã querem também arrancar as pessoas, puxá-las para que vivam na ilusão, na fantasia ou no medo dessa vinda do Senhor. A vinda de Jesus no meio de nós deve criar uma boa sensação, uma grande confiança, uma feliz expectativa, mas sabendo viver a vida de cada dia, não nos desprendendo de nossas obrigações e responsabilidades, vivendo com seriedade e serenidade a nossa fé. É o nosso jeito sincero e verdadeiro de esperarmos que o Reino aconteça em nosso meio. Talvez, alguns façam aquelas leituras apocalípticas de guerras, acontecimentos catastróficos, furações, tsunamis, governantes que se viram uns contra os outros; afinal, são, muitas vezes, elementos bíblicos que lemos nas Sagradas Escrituras. Mas a compreensão exata desses acontecimentos não é simples e fácil, e não se pode viver nessa especulação. Devemos desejar e ansiar que o Reino de Deus venha entre nós. O nosso grito deve ser: “Maranathá, Vem Senhor Jesus! Venha renovar este mundo, santificar as realidades, venha fazer nova todas as coisas!”. Isso é justo, é cristão, é da nossa fé. Não podemos viver ilusões. Temos de permanecer firmes na fé, passando por tribulações e dificuldades, vivendo neste mundo tão difícil e angustiante. Não é perdendo a fé que vamos permanecer de pé. Jesus, voltando hoje ou amanhã, no dia em que se fizer presente no meio de nós, ou ainda quando nós formos ao Seu encontro, precisamos de uma fé firme, confiante, de uma fé em Deus. Não podemos desirmanar diante dos acontecimentos por mais trágicos e difíceis que sejam.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Qual é o dia certo para montar a árvore de Natal?

Segundo o Padre Gustavo Haas, ex-assessor de liturgia da CNBB, a árvore de natal que simboliza a vida, deve ser montada no primeiro domingo do Advento, que marca o começo deste tempo litúrgico. O ideal é montar a árvore e colocar os enfeites e adereços aos poucos, durante as quatro semanas do advento, pois para nós católicos, este gesto nos faz recordar que estamos num tempo de preparação, ou seja, preparando a nossa vida para o nascimento de Jesus.


Ao ser entrevistado sobre o assunto, Pe. Haas , ainda afirmou que a preparação da árvore deve ser intensificada durante a última semana que antecede o Natal: “Até o Segundo Domingo do Tempo do Advento , tudo ainda é muito sóbrio, mesmo nas leituras feitas nas missas do advento. É só a partir do Terceiro Domingo do Tempo do Advento que a Bíblia começa a falar do nascimento de Jesus, e se inicia um momento de maior expectativa. Esse é o momento, portanto, de intensificar a decoração da árvore”. A decoração natalina deve ser desmontada no Dia de Reis, em 6 de janeiro.

domingo, 6 de novembro de 2016

Evangelho da Solenidade de Todos os Santos

Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”. Mt 5,1-12a


Cultivemos a virtude da misericórdia

Na celebração de todos os santos, queremos referenciar todos aqueles que ocupam um lugar sagrado no céu, junto de Deus. Aquele lugar que Ele preparou para cada um de nós. Há uma multidão incontável de homens e mulheres, de todas as classes e nações, de todas as raças e línguas que habitam na glória celeste. Esses homens e mulheres tiveram uma vida bem-aventurada, são chamamos de santos e santas. Na verdade, a santidade é o que Deus espera de cada um de nós! Hoje, não estamos apenas recordando os santos e santas que foram canonizados, que têm títulos de santos. Lembremo-nos de nosso avô, de nossa avó, nosso pai; lembremo-nos de pessoas que eram como nós, do meio de nós que estão triunfando no céu. Exaltamos a santidade, exaltamos aqueles que levam a vida e Deus a sério, por isso recebem o prêmio da vida. O Evangelho aponta-nos quais são os santos, os bem-aventurados e as virtudes que, acima de tudo carregam em si, que nos conduzem para o céu; as virtudes que cada um de nós deve cativar e cultivar, levar com fervor em nosso coração. São elas: a pobreza evangélica; a aflição que, muitas vezes, passamos na vida; a mansidão da alma; a fome e a sede de justiça; a misericórdia de coração; a pureza da alma; a promoção da paz e da justiça e, muitas vezes, o sofrimento diante das perseguições e injustiças por causa do Reino dos Céus. Entre essas oito bem-aventuranças, gostaria de ressaltar aquela que nos conduz neste ano em que vivemos, o Santo Ano da Misericórdia. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. O Reino dos Céus é o Reino dos corações misericordiosos, como é o coração do Nosso Deus. Se você pesquisar a vida de qualquer santo, verá que a virtude fundamental é ter amor, paciência e muita misericórdia para com seu próximo, seu semelhante. Sobretudo, porque ele foi alcançado e abraçado pela misericórdia divina. Aquele que é alcançado pela misericórdia de Deus, age com misericórdia em relação ao seu próximo. Cultivemos a bem-aventurança da misericórdia! Ser misericordioso não é simplesmente ter uma atitude de alguém que reza clamando pela misericórdia de Deus. A primeira misericórdia que precisamos ter é a do Senhor. Mas a misericórdia que recebemos d’Ele é para usarmos uns para com os outros, ao nosso redor, convivendo na mesma casa, na mesma família, trabalhando conosco, na rua que passamos, onde vivemos, no bairro que estamos, na igreja que participamos. Como precisamos agir com misericórdia! Quem perdeu o senso da misericórdia está sempre julgando, condenando, fechando os olhos e perdendo a paciência com os limites, com as fraquezas necessidades dos outros. Quando você não tem misericórdia com alguém que padece por alguma necessidade, você julga: “Não trabalhou! Não se esforçou!”. Pode ter mil motivos, mas isso não nos dá o direito de agirmos sem misericórdia para com o outro. Quando alguém falhar conosco, ajamos com ele como gostaríamos que agissem conosco se estivéssemos na mesma situação e condição. Mesmo que muitos na vida não tenham agido com misericórdia conosco, demos o troco. A expressão ‘dar o troco’ não é fazer o mesmo, mas é dar o que é correto, o que é justo, o que é do céu e de Deus. Dê misericórdia até para que não agiu com misericórdia, porque é assim que o Senhor da misericórdia irá recebê-lo, um dia, nos Céus: pelo amor que demonstramos ao outro, pela paciência que praticamos para com o nosso próximo, pelo perdão que exercemos setenta vezes sete. Ainda que estejamos extrapolados, machucados por tudo que tenhamos vivido, que não nos falte misericórdia para agirmos com nosso próximo! A misericórdia nos santifica, coloca-nos perto de Deus e abre as portas do céu para nós! Bem-aventurados os misericordiosos, porque serão tratados e recebidos no Reino da misericórdia eterna!

sábado, 5 de novembro de 2016

Como vencer a ansiedade?

Encontraremos descanso e apoio quando entregarmos nossas preocupações diante da presença de Deus. Existem algumas expectativas que são boas, pois nos enchem de esperança e nos fazem aguardar, pacientemente e com fé, aquilo que o Senhor vai nos dar. Em contrapartida, há expectativas más, que nos angustiam, pois, quando não confiamos em Deus, não conseguimos depositar nossas preocupações em Seu coração.


O que tem nos incomodado? Entreguemos nas mãos do Senhor. Quando desejamos algo, mas nossos desejos não acontecem, a angústia nos consome por dentro. Confiemos nos cuidados de Deus.

A ansiedade nos faz sofrer, pois antecipamos em nós o sentimento de que algo errado vai acontecer, mesmo não sabendo se acontecerá ou não. À medida que confiamos nossas preocupações a Deus e nos colocamos sob Sua proteção, as angústias diminuem.

Entreguemos o controle de nossas vidas nas mãos de Deus

Deus nunca permitirá que o justo vacile. Se entregarmos ao Senhor nossas preocupações, Ele nos sustentará. A maioria das coisas que nos preocupam, tenhamos a certeza de que, não acontecerá, pois não temos controle daquilo que possa vir acontecer. Confiemos tudo nas mãos do Pai, pois Ele é o único que tem o controle de todas as situações.

O que devemos fazer para a angústia desaparecer? Rezar e entregar nossas ansiedades ao Senhor até elas desaparecerem. Não cansemos de entregar a Deus até aprendermos a depositar tudo em Suas mãos.

O justo faz o bem, e esse é o convite do Senhor para nós: fazer o bem! Consertemos os erros cometidos, peçamos perdão, digamos sempre a verdade. É sinal de inteligência voltar atrás de um erro e confiarmos a Deus nossas ansiedades!

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Deus é o conforto para nossa saudade

Na comemoração de todos os fiéis defuntos, daqueles que já foram para a casa de Deus, nossa alma, muitas vezes, encontra-se desconsolada, triste, pesarosa e muito saudosa de tantas pessoas queridas, amadas que fizeram seu curso aqui na Terra junto conosco.


Alguns viveram mais dias, outros menos; a verdade é que muitos se foram, outros irão e nós também iremos. Por isso vivemos, nesses dias, a comunhão de toda a Igreja. Ontem foi o dia da Igreja triunfante, a comemoração de todos os santos; hoje, celebramos a Igreja padecente e lembramos os fiéis falecidos que estão no purgatório. Nós, Igreja militante, em comunhão com essas outras dimensões da Igreja, caminhamos todos para o mesmo lugar.

O nosso lugar é junto de Deus, a nossa pátria definitiva é o Céu; por isso, caminhando aqui, purificando-nos no purgatório ou já participando plenamente da glória dos eleitos no Céu, é importante termos o coração em Deus, fazer d’Ele o referencial primeiro de toda a nossa vida.

É para Ele que queremos, hoje, oferecer nossas orações, súplicas e preces. É para Ele que queremos suplicar indulgências em favor dos nossos entes que já faleceram. Queremos recomendar a misericórdia divina à alma de cada fiel, de cada irmão e irmã ao coração misericordioso do Nosso Deus, para que livre as almas do purgatório, conceda a elas participarem da eternidade feliz no Céu e console o nosso coração da tristeza e do desânimo, pois, muitas vezes, ficamos com a alma desconsolada.

Que o próprio Deus seja consolo para nosso coração, conforto para nossa saudade e ânimo para nossa fé, a fim de que não percamos a esperança de que o lugar definitivo de todos nós é na pátria celeste para a qual Deus nos preparou.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Solenidade de todos os Santos

“Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: ‘Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito’ “(Mt 5,48) (CIC 2013).


Sendo assim, nós passamos a compreender o início do sermão do Abade São Bernardo: “Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles”.

Sabemos que desde os primeiros séculos os cristãos praticam o culto dos santos, a começar pelos mártires, por isto hoje vivemos esta Tradição, na qual nossa Mãe Igreja convida-nos a contemplarmos os nossos “heróis” da fé, esperança e caridade. Na verdade é um convite a olharmos para o Alto, pois neste mundo escurecido pelo pecado, brilham no Céu com a luz do triunfo e esperança daqueles que viveram e morreram em Cristo, por Cristo e com Cristo, formando uma “constelação”, já que São João viu: “Era uma imensa multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9).

Todos estes combatentes de Deus, merecem nossa imitação, pois foram adolescentes, jovens, homens casados, mães de família, operários, empregados, patrões, sacerdotes, pobres mendigos, profissionais, militares ou religiosos que se tornaram um sinal do que o Espírito Santo pode fazer num ser humano que se decide a viver o Evangelho que atua na Igreja e na sociedade. Portanto, a vida destes acabaram virando proposta para nós, uma vez que passaram fome, apelos carnais, perseguições, alegrias, situações de pecado, profundos arrependimentos, sede, doenças, sofrimentos por calúnia, ódio, falta de amor e injustiças; tudo isto, e mais o que constituem o cotidiano dos seguidores de Cristo que enfrentam os embates da vida sem perderem o entusiasmo pela Pátria definitiva, pois “não sois mais estrangeiros, nem migrantes; sois concidadãos dos santos, sois da Família de Deus” (Ef 2,19).

Neste dia a Mãe Igreja faz este apelo a todos nós, seus filhos: “O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige a todos os fiéis cristãos.” “A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada” (CIC 2028).