segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Carnaval é prazer e alegria?

A Bíblia afirma que a alegria do coração é a vida do homem, é um inesgotável tesouro de santidade. A alegria torna mais longa a vida dele (cf. Eclo 30,22-26). São Francisco de Sales dizia que um cristão triste é um triste cristão. A alegria verdadeira brota de um coração puro, que ama a Deus e ao próximo, tem a consciência tranquila e sabe que está nas mãos do Senhor.


Diferença entre satisfação do corpo e da alma

O mundo, no entanto, confunde alegria com prazer, quando, na verdade, não são a mesma coisa. Prazer é a satisfação do corpo; alegria é a satisfação da alma. Há prazeres justos e até necessários, como o sabor que Deus colocou nos alimentos, o prazer do ato sexual do casal unido pelo matrimônio. Mas há também prazeres injustos, por isso pecaminosos, quando se busca a satisfação do corpo apenas como um fim: a bebida, o sexo fora ou antes do casamento, as drogas, as aventuras que põem a vida em risco etc.

Isso acontece quando se abusa da liberdade e se usa mal as coisas boas. Isso tem nome: libertinagem. Por exemplo, pode ser um gesto de alegria beber um copo de vinho com os amigos, mas pode se tornar um gesto de prazer desordenado se houver o abuso da bebida e se chegar à embriaguez. O mal quase sempre é o uso mau, o abuso das coisas boas. Quantos crimes e acidentes acontecem por causa dessas libertinagens!

É carnaval, tempo que para muitos se transformou em liberação de todos os instintos, busca frenética da alegria e do prazer. Mas o prazer ilícito, quando passa, deixa gosto de morte. A distorção da alegria nessa festa pode se transformar em sofrimento para a própria pessoa e para os outros, porque sabemos que o salário do pecado é a mortE (cf. Rm 6,23).

Não pense que você pode ser feliz no pecado, porque isso é ilusão. A tentação nos oferece o pecado, assim como uma maçã caramelada, mas envenenada. É mais ou menos como o terrível anzol que o peixe abocanha, porque está escondido dentro da isca. Depois de abocanhar a isca, de sentir o prazer rápido que ela lhe dá, o peixe sente o gosto da morte no anzol que o fisga.

Caminho da morte e da vida

No pecado, encontramos o caminho da morte; na virtude, encontramos o caminho da paz. Nossa vida é consequência de nossas escolhas e nossos atos. São Paulo disse claramente aos gálatas: “Não erreis, de Deus não se zomba; porque tudo o que o homem semear, isso também colherá. O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6,8).

Quem faz do período carnavalesco uma oportunidade de extravasar os baixos instintos, colherá, sem dúvida, a tristeza depois. Quem dele se aproveitar para fazer o bem, colherá a alegria. Há um ditado popular que diz assim: “Fazer o bem sem olhar a quem”. A verdadeira alegria nasce de fazer o bem. Quanto mais bem você o faz às pessoas, mais será feliz.

O pecado é perfumado e se apresenta a você na hora da sua fragilidade. Cuidado! Santo Agostinho afirmava: A sua tristeza são os seus pecados. Deixe que a santidade seja sua alegria. Eu lhe dou a receita: vigie e ore. Os pecados entram pelas janelas da alma, que são os sentidos. Então, feche seus olhos, sua boca e suas mãos se você sabe que, por meio deles, pode chegar ao pecado.

Os dias de carnaval nos oferecem grandes oportunidades para pecar, tanto nas ruas como na televisão, na internet e nos clubes. Mas não é nisso que reside a verdadeira alegria, esta pode ser encontrada no convívio saudável do lar com os filhos, na igreja, na leitura de bons livros e da Palavra de Deus, num tempo mais dedicado à oração, no ouvir uma boa pregação, num gesto de caridade a uma pessoa que precisa de você.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Evangelho do 8º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso? E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé? Portanto, não vos preocupeis, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir? Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso. Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo. Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas”. (Mt 6,24-34)


Não é possível servir a Deus e ao dinheiro

Há, nessa Palavra, uma afirmação categórica de Jesus: não dá para ocuparem o mesmo espaço, o dinheiro e Deus. Porque, se o dinheiro existe, é para estar a nosso serviço e a serviço de Deus. Nunca para colocar o Senhor a serviço do dinheiro nem para fazermos o pior, que é colocar o dinheiro como o “deus” da nossa vida. Preciso dizer para que você não tenha nenhuma dúvida: o dinheiro é o “deus” deste mundo, ele manda neste mundo, compra as pessoas que se vendem por causa dele. Há pessoas que comandam pelo dinheiro que têm e pelo que não têm, e vivemos em função de ter ou não ter dinheiro. Enfim, as pessoas falam o tempo todo dele, preocupam-se em demasia com ele. Muitas vezes, nossas igrejas vivem em função do dinheiro, mas nosso modelo é o Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele é para nós modelo primeiro de desprendimento. O desprendimento de Jesus está no Seu nascimento até a hora de Sua morte. Ah, mas Jesus não pegou em dinheiro! É óbvio que sim! O grupo precisava de dinheiro, e havia alguém que cuidava disso. Você sabe que aquele que cuidava do dinheiro se corrompeu, porque fazia mau uso dele. O dinheiro, quando vem a nós, ele nos domina, corrompe-nos. Não preciso dizer quantas pessoas são corrompidas por causa do dinheiro. Não falo nem da grande escala, porque isso já está nos noticiários, mas no nosso dia a dia, no cotidiano, o quanto as pessoas se deixam levar pela sedução que o dinheiro exerce. As pessoas até tratam melhor alguém pelo dinheiro que este tem, e desmerece aqueles que não o têm. Que lógica mais diabólica, mais perversa e mundana! Estamos nos escravizando pelo “deus” deste mundo, que se chama dinheiro. Por isso, Nosso Senhor Jesus Cristo está dizendo: “Vós não podeis a Deus e ao dinheiro”. Quem quer servir a Deus precisa ser uma pessoa desprendida, não pode ser apegada, não pode ser refém do dinheiro. Para que, afinal, ele serve? Para estar a serviço da vida, para torná-la melhor; não para fazer nossa vida difícil, complicada. E quando é que ela se torna complicada? Quando nos deixamos seduzir pelo dinheiro, quando não sabemos usá-lo, quando ele comanda as nossas ações. Não é nenhum pecado trabalhar para ter honestamente o seu dinheiro, ter muito ou pouco, mas se soubermos usá-lo, nós nos perdemos, corrompemo-nos e nos deixamos seduzir. Precisamos ter ordem na coisa, e a ordem é justamente essa: só Deus pode ocupar o primeiro lugar da nossa vida. Se você já colocou outras coisas na frente de Deus, desculpe, é impossível realmente servir-Lhe, porque Aquele que você serve é quem manda no seu coração. Se servirmos a Deus, é ele quem nos comandará, que vai nos ensinar a usarmos corretamente o dinheiro, os bens, as coisas deste mundo. Se quisermos, no entanto, servir a Deus, mas primeiro ao dinheiro, só nos perderemos. Desculpe-me, mas estamos endividados com situações complicadas, porque deixamos essa desordem entrar na nossa vida. Não é possível servir as duas coisas. Que Deus seja Deus em nossa vida e que o dinheiro esteja a serviço do bem e da fraternidade, no cuidado dos outros e na construção do Reino dos Céus.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Carnaval: dois caminhos, uma escolha

Normalmente, dois grupos tomam caminhos bem opostos. O primeiro dá vazão à carne e cai na folia, aproveita para passear, assiste aos desfiles, come, bebe, diverte-se segundo os desejos próprios da carne. O outro grupo costuma tomar um rumo bem oposto: deixa tudo e retira-se para encontros e retiros espirituais. Participa de retiros abertos ou fechados, assiste ou ouve as pregações desses encontros pelo rádio ou pela TV. De sexta a Quarta-feira de Cinzas dedica-se a estar com o Senhor: ouvindo a Palavra, louvando-O e adorando-O. Para este [grupo], aplica-se e torna-se realidade esta Palavra de Neemias: “Não haja tristeza, porque a alegria do Senhor será a vossa força” (Ne 8,10).


Trata-se, porém, de uma festa e de uma alegria bem diferentes daquelas que o mundo oferece. Nos retiros espirituais não há preocupação com droga, camisinha ou contaminação com doenças. O único contágio que geralmente acontece com esse grupo é o da alegria. Uma alegria que só o Senhor Deus pode oferecer.

Há dois caminhos totalmente opostos. Mas, você pode escolher apenas um deles. Jesus lembrou: “Não podeis servir a dois senhores” (Mt 6, 24). Uma escolha que cada um de nós deverá fazer, sabendo que: “Os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que queríeis” (Gl 5,17).

Cada caminho leva a um destino e um final diferentes. Por isso, Jesus nos preveniu: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram” (Mt 7,13-14).

E quanto a você? Qual dos dois caminhos escolherá?

Há outros alternativos, mas esses dois são os mais marcantes na maior festa popular do país. Cristo falou e nos alertou sobre as festas que o mundo oferece: um dia, elas seriam parecidas com o que já aconteceu na face da terra, nos tempos de Noé: “Como ocorreu nos dias de Noé, acontecerá do mesmo modo nos dias do Filho do Homem. Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Veio o dilúvio e matou a todos” (Lc 17, 26 – 27).

É importante que estejamos bem atentos e procuremos fazer como Maria “que escolheu a melhor parte” (cf. Lc 10, 42): ficou aos pés de Jesus.

O efeito de cada uma das escolhas aparecerá claramente na Quarta-feira de Cinzas. Todos podem até estar cansados; mas, o estado de ânimo será bem diferente. Enquanto uns estarão curtindo a ressaca e o vazio; outros estarão com o coração exultante da alegria do Senhor.

Sejamos espertos: escolhamos a melhor parte, como Jesus mesmo afirmou: “Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada” (Lc 10, 42). Bom retiro!

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Evangelho do 7º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’. Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado. Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!”. (Mt 5, 44)


Amar o inimigo é dar Deus a ele

Precisamos aprender a medida do amor de Deus. Qual é essa medida? É o amor sem medidas, que se supera, que não pára nos ressentimentos, nas mágoas e nos entraves da vida. A Palavra de Deus hoje nos diz que é muito simples, não precisa ser cristão para amar as pessoas que nos querem bem, é mais simples pra nós amar as pessoas que são mais afetuosas, que falam bem de nós, que fazem bem ao nosso ego, que faz bem a nossa vida. O desafio é amar quem nos desafia, quem desafia o nosso próprio ser. O desafio é amar quem nos prejudicou, quem nos magoou, quem não nos quer bem, quem falou mal de nós, porque o amor deve ser para todos. Posso até ter um amor mais afetuoso, a quem eu tenho afeto, Jesus tinha, e não há problema nenhum nisto, o que pode é viver o desamor com ninguém. Jesus está nos ensinando hoje como devemos amar os nossos inimigos, aqueles que não nos fazem bem ou nos perseguem. Você pode dizer: “Eu não tenho inimigos”, mas há pessoas que você não tem relações amigáveis, às vezes nos querem mal, nos prejudicam, falam mal de nós. Como lidar com essas situações? A resposta concreta é dar a elas o melhor de nós. E o que é o melhor de nós? Temos virtudes, qualidades, e elas não são o melhor de nós; o melhor de nós é a graça de Deus que está em nós, é o Deus que recebemos, e é isso que devemos dar para o outro. Damos Deus às pessoas quando elas dizem “eu preciso muito de Deus”, então, rezamos por elas, suplicamos que a graça que está em nós seja comunicada a tais pessoas, é isso que devemos fazer. Se oramos pelos nossos, pedimos para que Deus os abençoe, não podemos dar outra coisa para aquele que não nos querem bem. Precisamos dar Deus a eles, porque isso vai nos fazer bem. Quando damos Deus ao outro, o Senhor permanece em nós, quebra em nós o ranço, o rancor, o mal estar que muitas vezes fica dentro de nós pelo mal que o outro nos faz, e assim o desmontamos. Quem nos faz mal pensa, muitas vezes, que vamos reagir de uma forma negativa; ao contrário, respondamos com amor e graça de Deus. O que o Senhor nos ensina é amarmos com amor sem medida, e se nos faltam forças humanas, que Deus nos dê a graça do Seu amor para amarmos como Ele nos ama, e que Seu amor esteja em nós, porque é assim que devemos amar uns aos outros. É isso que Ele quer e nos ensina a viver.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Renovação Carismática Católica completa 50 anos neste fim de semana

Os 50 anos de nascimento da Renovação Carismática Católica (RCC) estão sendo celebrados em Duquesne, Pittsburgh (EUA), de 15 a 19 de fevereiro.



Líderes de diversas realidades da Renovação presentes no mundo, entre eles o fundador da Comunidade Canção Nova, Monsenhor Jonas Abib,  estão reunidos precisamente no local onde foi realizado o primeiro Retiro dos estudantes da Universidade de Duquesne. Serão cinco dias para dar graças a Deus por este Jubileu de Ouro da Renovação.

Os primeiros dois dias são dedicados à reflexão e à partilha sobre os temas “Os frutos da Renovação” e “Para onde o Senhor está conduzindo a Renovação?”. Na sexta-feira, 17, e sábado, 18, as sessões serão abertas, com testemunhos na parte da tarde.

A RCC está presente em 204 países dos cinco continentes, envolvendo mais de 100 milhões de católicos, assumindo nos vários países estilos, formas e estados jurídicos diferentes entre si, mas com uma característica comum: a efusão do Espírito Santo.

Contemporaneamente ao encontro de Duquesne, de 17 a 19 de fevereiro, a RCC italiana organiza um encontro de oração em apoio ao Jubileu. Serão 50 horas de oração nos mesmos dias daquele histórico final de semana em que, tradicionalmente, é fixado como o início da Renovação Carismática Católica, ocorrido na Universidade de Duquesne em Pittsburgh, na Pensilvânia.

“Nos encontramos em Pittsburgh cinquenta anos após o histórico final de semana em Duquesne, para deixar-nos surpreender e maravilhar mais uma vez pelo Espírito Santo. A graça da Renovação não teme o envelhecimento! Antes, pelo contrário, encontra no Pontificado de Francisco uma instância de grande atualidade e de desenvolvimento, no duplo registro da missão carismática e do ecumenismo espiritual. Estes dias serão ocasião para despertar em nós, mediante uma forte oração, o espírito profético e a invocação de um novo Pentecostes na Igreja e no mundo. E é maravilhoso pensar que a mesma experiência, em comunhão de intenções e espírito, poderá ser vivida por todas irmãs e irmãos de nossos Grupos e Comunidades que estão na Itália, mediante a iniciativa “50 horas de oração pelos 50 anos da Renovação”, declarou o presidente da RCC italiana, Salvatore Martinez.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Evangelho do 6º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo. Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. Vós ouvistes também o que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso’, mas `cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor’. Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum. Seja o vosso ‘sim’: ‘Sim’, e o vosso ‘não’: ‘Não’. Tudo o que for além disso vem do Maligno”. (Mt. 5,20-22a.27-28.33-34a.37)


Precisamos cortar o ressentimento pela raiz

Nós estamos acompanhando, nesses domingos, o belo Sermão da Montanha com os ensinamentos maravilhosos de Jesus para a nossa vida e para o nosso próprio crescimento espiritual. Como é importante nos alimentarmos de cada coisa! Eu pego só elementos do Evangelho neste domingo para nós, e entre tantos pontos essenciais, pegaremos o ponto que fala do amor fraterno, porque é necessário para a nossa vida resolvermos as coisas mal resolvidas que temos em relação ao outro. O Senhor diz: “Não matarás”, mas quem de nós nunca sentiu raiva do outro? Há raiva pequena, média e raiva muito grande! Há raiva que é uma verdadeira cólera, e alguém só vai cometer a tragédia de matar o outro, porque a raiva se tornou grande, porque não foi cortada, não foi quebrada e só cresceu. Jesus está nos advertindo: não podemos deixar que a raiva, a mágoa, o ressentimento e a decepção se tornem escalas maiores, porque tudo vai crescendo dentro de nós e vamos nos tornando homicidas, mesmo que não peguemos em uma arma para fazer uma maldade com o outro, mas, às vezes, a situação cresce tanto em nós, que alguém fala: “Minha vontade é de enforcar o outro”. É preciso cortar essa vontade, é preciso ir à raiz daquilo que a originou. Onde começou? Começou ali, onde não resolvemos a ira. Não tem problema, quem é que não sente raiva de alguém? Agora, cultivar raiva é um problema gravíssimo, porque não cometemos só homicídio, cometemos até suicídio com a nossa alma quando deixamos crescer a raiva dentro de nós! Por mais que o outro provoque a raiva em nós, ela não faz tão mal a quem nos provocou, mas a quem é provocado. É preciso vencer a provocação, é preciso não se deixar provocar, é preciso, na verdade, trabalhar no interior, porque isso vai fazendo de nós pessoas descontroladas, nervosas, e então sai aquelas palavras duras, pesadas, as quais, muitas vezes, soltamos nas discussões, nas brigas e nos desentendimentos. Por que sai tanta coisa pesada, que leva a consequências que nós não queremos? Porque não resolvemos antes a cólera, a ira que entrou dentro de nós, e isso é muito sério. Vamos para diante de Deus muito bonito, muito arrumado, vamos à Missa aos domingos, levamos nossa oferta, ofertamos nosso coração, mas deixamos lá guardados a mágoa que temos, o ressentimento que temos do outro, aquilo que ele nos machucou. Não vale a pena deixar que o sol venha sobre o ressentimento que temos, porque, às vezes, queremos esquecer, mas não esquecemos; na verdade, guardamos e aquilo vai crescendo dentro de nós, vai tomando corpo, virando um embrulho dentro de nós. Às vezes, vira um câncer, porque o ressentimento por si já é um câncer. Às vezes, ele se torna tão grande, que se transforma num câncer físico dentro de nós. O que não podemos é deixar que cresça em nós qualquer raiva ou ressentimento, porque isso vai fazer mal para o nosso coração e para nossa vida.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Nossa Senhora de Lourdes

Foi no ano de 1858 que a Virgem Santíssima apareceu, nas cercanias de Lourdes, França, na gruta Massabielle, a uma jovem chamada Santa Marie-Bernard Soubirous ou Santa Bernadete. Essa santa deixou por escrito um testemunho que entrou para o ofício das leituras do dia de hoje.


“Certo dia, fui com duas meninas às margens do Rio Gave buscar lenha. Ouvi um barulho, voltei-me para o prado, mas não vi movimento nas árvores. Levantei a cabeça e olhei para a gruta. Vi, então, uma senhora vestida de branco; tinha um vestido alvo com uma faixa azul celeste na cintura e uma rosa de ouro em cada pé, da cor do rosário que trazia com ela. Somente na terceira vez, a Senhora me falou e perguntou-me se eu queria voltar ali durante quinze dias. Durante quinze dias lá voltei e a Senhora apareceu-me todos os dias, com exceção de uma segunda e uma sexta-feira. Repetiu-me, vária vezes, que dissesse aos sacerdotes para construir, ali, uma capela. Ela mandava que fosse à fonte para lavar-me e que rezasse pela conversão dos pecadores. Muitas e muitas vezes perguntei-lhe quem era, mas ela apenas sorria com bondade. Finalmente, com braços e olhos erguidos para o céu, disse-me que era a Imaculada Conceição”.

Maria, a intercessora, modelo da Igreja, imaculada, concebida sem pecado, e, em virtude dos méritos de Cristo Jesus, Nossa Senhora, nessa aparição, pediu o essencial para a nossa felicidade: a conversão para os pecadores. Ela pediu que rezássemos pela conversão deles com oração, conversão, penitência.

Isso aconteceu após 4 anos da proclamação do Dogma da Imaculada Conceição. Deus quis e Sua Providência Santíssima também demonstrou, dessa forma, a infalibilidade da Igreja. Que chancela do céu essa aparição da Virgem Maria em Lourdes. E os sinais, os milagres que aconteceram e continuam a acontecer naquele local.

Lá, onde as multidões afluem, o clero e vários Papas lá estiveram. Agora, temos a graça de ter o Papa Francisco para nos alertar sobre este chamado.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

As mensagens de Nossa Senhora em Lourdes

Nas suas aparições em Lourdes, na França, Nossa Senhora quis confirmar de forma prodigiosa a proclamação do dogma da Imaculada Conceição e também deixar a nós ensinamentos e mensagens preciosíssimos. Em 1858, ainda não havia passado quatro anos da proclamação do Dogma quando a Virgem Maria se revelou – com semblante juvenil e inocente, vestida de branco e cingida com uma faixa azul – a uma inocente e simples menina, na gruta de Massabielle. Santa Bernadette Soubirous, a única vidente, presenciou várias de suas aparições e insistentemente perguntava o seu nome, até que, levantando os olhos ao céu e com um suave sorriso, a Virgem de Lourdes responde: “Eu sou a Imaculada Conceição”.


Fiéis de todas as partes do mundo até hoje fazem peregrinações à gruta de Massabielle, e lá reavivam a sua fé, intensificam a sua piedade e procuram conformar sua vida com os preceitos cristãos. Em Lourdes, milhares de fiéis alcançaram, e continuam alcançando, milagres que suscitaram a admiração de todos e confirmaram a religião católica como a única aprovada por Deus. Além disso, em suas aparições em Lourdes, Nossa Senhora deixou-nos lições espirituais, caminhos a seguir e um convite especial a todos nós, seus filhos.

As lições espirituais das Aparições de Lourdes

Os ensinamentos que nos foram transmitidos em Lourdes, que são eco fiel da mensagem do Evangelho, evidenciam de maneira impressionante o contraste que opõe os juízos de Deus à vã sabedoria deste mundo. Numa sociedade na qual não há muita consciência dos males que a prejudicam e que, ao contrário, consideram as suas misérias e as suas injustiças como sinais de modernidade e prosperidade, a Virgem Santíssima manifesta-se à uma menina pura, inocente. “Com compaixão maternal percorre com o olhar este mundo redimido pelo sangue de seu Filho, onde, infelizmente, o pecado faz cada dia tantas devastações, e por três vezes lança o seu apelo premente: ‘Penitência, penitência, penitência!’”.

Nossa Senhora pediu a Santa Bernadette gestos estranhos e, ao mesmo tempo, expressivos, que nos ajudam a compreender quem são os destinatários das aparições: “‘Ide beijar a terra em penitência pelos pecadores”. E ao gesto há que juntar a súplica: ‘Rogareis a Deus pelos pecadores’”. Tal como no tempo de São João Batista e no início da vida pública de Jesus, a mesma ordem, forte e rigorosa, dita aos homens aponta para o caminho do retorno a Deus: “Arrependei-vos” (Mt 3, 2; 4, 17). Quem de nós ousaria dizer que esse apelo à conversão do coração perdeu, nos nossos dias, a sua atualidade? Ao contrário, mais do que em outros tempos, hoje necessitamos nos voltar para Deus.

Em Lourdes, a Virgem Mãe de Deus vem a nós como mensageira do perdão e da esperança. A água que jorra até hoje no local das aparições nos recorda essa realidade: “Ó vós todos que tendes sede, vinde às águas e recebereis do Senhor a salvação”. Nessa fonte, na qual Santa Bernardete foi a primeira a beber e lavar-se, milhares e milhares de pessoas foram curadas de todas as misérias da alma e do corpo. “Lá fui, lavei-me e vi” (Jo 9, 11), poderá responder, como o cego do Evangelho, o peregrino agradecido. Mas, tal como para as multidões que se comprimiam em volta de Jesus, a cura das chagas físicas ali realizadas são um gesto de misericórdia e, ao mesmo tempo, o sinal do poder que tem o Filho do Homem de perdoar os pecados (cf. Mc 2, 10). Junto à gruta de Lourdes, a Santíssima Virgem nos convida, em nome de seu divino Filho, à conversão do coração e à esperança do perdão.

As aparições de Lourdes e o caminho indicado por Nossa Senhora

O mundo de hoje nos oferece alegria, esperança, prosperidade, mas também nos coloca diante da terrível tentação do materialismo. Este não está somente na filosofia condenada que preside a política e a economia de grande parte da humanidade. Esse materialismo se manifesta no amor do dinheiro, cujos males aumentam à medida dos modernos empreendimentos, que infelizmente comandam tantas determinações que pesam sobre a vida dos indivíduos e a sociedade.

O materialismo traduz-se no culto do corpo, na busca excessiva do conforto e na fuga de toda austeridade de vida. Além disso, ele induz ao desprezo da vida humana, que é destruída antes de ver a luz, através do aborto e de tantos outros métodos contraceptivos abortivos, como os anticoncepcionais, a pílula do dia seguinte, o DIU. Tudo isso é consequência da demanda desenfreada do prazer, que se ostenta sem pudor à luz do dia e tenta seduzir até mesmo as almas ainda puras. O materialismo está igualmente na indiferença para com nosso irmão, no egoísmo que o esmaga, na injustiça que o priva dos seus direitos, nessa concepção de vida que tudo regula em vista somente da prosperidade material e das satisfações terrenas. “Minha alma, dizia um rico, tens quantidade de bens em reserva por longo tempo; repousa, come, bebe, leva vida regalada. Mas Deus lhe diz: Insensato, esta noite mesmo vão te pedir a tua alma” (cf. Lc 12, 19-20).

Em Lourdes, a Virgem Maria alerta nossa sociedade que, não raras vezes, contesta os direitos supremos de Deus e que, dessa forma, corre freneticamente rumo à própria destruição. Pois, não há renovação durável que não seja fundada nos princípios indestrutíveis da fé, e pertence aos sacerdotes formar a consciência do novo povo de Deus. “Assim como, compassiva para com as nossas misérias, mas clarividente sobre as nossas verdadeiras necessidades, a Imaculada vem aos homens para lhes lembrar as diligências essenciais e austeras da conversão religiosa, devem os ministros de Deus, com sobrenatural segurança, traçar às almas a estrada estreita que conduz à vida (cf. Mt 7, 14)”. Os sacerdotes deverão fazê-lo sem esquecer de que espírito de doçura e de paciência necessitam (cf. Lc 9, 55), mas sem nada retirar das exigências evangélicas. “Na escola de Maria aprenderão a só viver para dar Cristo ao mundo, mas, se também preciso, aprenderão a esperar com fé a hora de Jesus e a permanecer ao pé da cruz”.

Em torno dos nossos sacerdotes, devemos colaborar nesse esforço de renovação. Onde a Providência nos colocou, quem é que não pode fazer algo mais pela causa de Deus? A esse respeito, diz o venerável Papa Pio XII:

"O nosso pensamento volve-se primeiro para a multidão das almas consagradas, que, na Igreja, se dedicam a inúmeras obras de bem. Os seus votos de religião aplicam-nas mais do que outras a lutar vitoriosamente, sob a égide de Maria, contra o desencadear, no mundo, dos apetites imoderados de independência, de riqueza e de gozo; por isso, ante o apelo da Imaculada, ao assalto do mal quererão elas opor-se pelas armas da oração e da penitência e pelas vitórias da caridade. O nosso pensamento volve-se igualmente para as famílias cristãs, para conjurá-las a permanecerem fiéis à sua insubstituível missão na sociedade. Consagrem-se elas, neste ano jubilar, ao coração imaculado de Maria! Este ato de piedade será para os esposos um auxílio espiritual precioso na prática dos deveres da castidade e da fidelidade conjugais; conservará na sua pureza o ambiente do lar, onde crescem os filhos; bem mais, da família vivificada pela sua devoção mariana, fará uma célula viva da regeneração social e da penetração apostólica. E certamente, para além do círculo familiar, as relações profissionais e cívicas oferecem aos cristãos cuidadosos de trabalhar na renovação da sociedade um campo de ação considerável. Congregados aos pés da Virgem, dóceis às suas exortações, eles lançarão primeiro sobre si mesmos um olhar exigente, e quererão extirpar da sua consciência os juízos falsos e as reações egoístas, temendo a mentira de um amor de Deus que não se traduza em amor efetivo de seus irmãos (cf.1 Jo 4, 20). Cristãos de todas as classes e de todas as nações, procurarão encontrar-se na verdade e na caridade, banir as incompreensões e as suspeitas. Sem dúvida, enorme é o peso das estruturas sociais e das pressões econômicas que se faz sentir sobre a boa vontade dos homens e que não raro a paralisa. Mas, se, como nossos predecessores e nós mesmo com insistência o frisamos, é verdade que a questão da paz social e política é, no homem, primeiramente uma questão moral, reforma nenhuma é frutuosa, acordo algum é estável, sem uma mudança e uma purificação dos corações. Lembra-o a todos a Virgem de Lourdes neste ano jubilar!".

As aparições de Lourdes e o convite a nos voltar para a Virgem Maria

Ao aparecer à pobre e humilde Bernadette, Maria Santíssima demonstra a sua predileção sobre alguns de seus filhos: os pequenos, os pobres, os doentes, que Jesus tanto amou. “Vinde a mim vós todos que estais cansados e onerados, e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28), parece dizer a Mãe de Deus com seu Filho.

“Querereis ter a bondade de vir…”, disse a Virgem de Lourdes a Bernadette. Esse convite discreto, que não força, que se dirige ao coração e solicita com delicadeza uma resposta livre e generosa, propõe novamente a Mãe de Deus a nós, seus filhos dispersos por todo o mundo. Sem se impor, ela nos chama a restaurar as nossas vidas e a trabalhar com todas as nossas forças na salvação do mundo. Não fiquemos indiferentes a esse apelo, mas vamos a Maria, conforme o conselho de São Bernardo:

"Nos perigos, nas angústias, nas incertezas pensa em Maria, invoca Maria. Que ela nunca abandone os teus lábios, nem o teu coração; e para obteres a ajuda de sua oração, nunca esqueças o exemplo de sua vida. Se a segues, não te podes desviar; se lhe rezas, não te podes desesperar; se pensas nela não podes errar. Se ela te ampara, não cais; se ela te protege, nada temes; se ela te guia, não te cansas; se ela te é propícia, alcançarás a meta.".

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Os valores cristãos e o carnaval

O carnaval é uma realidade. Ele aí está e penetra pelos olhos. Melhor dizendo, já vivemos esse clima há várias semanas. Todo indivíduo sente necessidade de alegria. Sem ela, a existência se torna insuportável. A própria saúde física se ressente. Diz a Sagrada Escritura, no livro Eclesiastes (9, 15ss): “Por isso louvei a alegria, visto não haver nada de melhor para o homem (…) é isto que o acompanha no seu trabalho, durante os dias que Deus lhe outorgar debaixo do sol”. E o Senhor, nos Provérbios (2,14-15), lembra que há limites, pois são reprovados os “que se alegram por terem feito o mal e se regozijam na perversidade do vício, cujos caminhos são tortuosos e se extraviam por vias oblíquas”.


Os festejos carnavalescos têm remota e obscura origem eclesiástica. Tanto assim que dependem de uma data móvel do calendário litúrgico. Antecedem sempre o início da Quaresma. Terminam – quando terminam – com as cinzas da quarta-feira. E a Igreja, em seu ritual, recorda ao homem a fragilidade de sua condição: “Lembra-te, ó homem, que és pó e ao pó hás de tornar”. Encaro com realismo esses dias ruidosos. Devemos ter a coragem de avaliar o que ocorre na Cidade. Por vezes, assumem proporções de verdadeiras orgias coletivas, com crescente degradação dos padrões morais e agressão à dignidade humana.

O carnaval perde, aos poucos, seu sentido original de diversão simples do próprio povo. Vem a ser mais um espetáculo para turistas, e oportunidade aos menos escrupulosos de extravasar baixos instintos, esperando contar com certa cumplicidade do meio ambiente. Aumentam os crimes, os atentados ao pudor, as violências e o excesso de álcool. Cresce o consumo das drogas, que geram os “dependentes”, porque usaram abusivamente sua “independência”. O corpo humano tem uma dignidade inalienável. Não pode ser profanado pelo exibicionismo desregrado. Aviltar dessa maneira a beleza é atingir o próprio Deus, de onde emana tudo o que temos de positivo. São Paulo nos ensina: “Fugi da fornicação. Todo pecado, que o homem comete, é exterior ao seu corpo; aquele, porém, que se entrega à fornicação, peca contra o próprio corpo”! Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo?” (1Cor 6,18-19). E o Apóstolo é incisivo: “Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá” (Idem 3,17).

Que fazer, então? Refletir, durante esses dias, sobre as conseqüências que poderão advir. Isso nos conduz a uma indispensável moderação, distinguindo, do que há de aceitável, aquilo que encerra em seu bojo condenáveis manifestações de baixos instintos. Afinal, somos seres racionais e não simples animais, destituídos de razão. Isso nos possibilita selecionar, o que é saudável, nesse período que antecede a Quaresma e rejeitar o que fere uma consciência cristã. Assim evitamos desgraças irrecuperáveis.

Recordamos o que nos diz João Paulo II: “Tenho diante dos olhos a imagem da geração de que fazemos parte: a Igreja compartilha a inquietude de não poucos homens contemporâneos. E no entanto, há que preocupar-se ainda com o declínio de muitos valores fundamentais, que constituem um bem incontestável, não só da moral cristã mas também, simplesmente, da moral humana, da cultura moral” (Encíclica “Dives in Misericordia”).

Por uma submissão generosa, o homem prudente orienta seu procedimento, discernindo o aceitável e repudiando tudo aquilo que contraria frontalmente nossa qualidade de filhos de Deus. Temos que compreender nossa época, inseridos que somos no mundo, mas é preciso coragem para reprovar o que se opõe à dignidade humana, fundamentada no Evangelho de Cristo. Muitos são severos nos julgamentos, aliás justos, da corrupção pública. Costumam, entretanto, omitir-se nesse outro tipo de devassidão coletiva, igualmente conseqüência de uma sociedade impregnada de critérios materialistas.

O carnaval constitui um desafio. Deve nos impulsionar a alguma atitude positiva, distinguindo o direito ao lazer dos abusos oriundos dos desvios morais, tentam obscurecer a nobreza do espírito. Os excessos – e aí está o que há de condenável nesses festejos – em vez de deixarem o ânimo abatido no cristão, estimulam nossa confiança no Salvador, possibilidade de recuperação, sempre latente no íntimo de nossos irmãos. Condenemos o mal, mas confiemos no poder de Deus.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Evangelho do 5º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus. (Mt 5,13-16)


A luz de Jesus traz sabor para nossa vida

Somos o sal da terra. O sal é aquilo que dá sabor, têmpera e gosto. Traz realmente algo palpável ao nosso paladar, por isso o sal é importante e toda cozinheira o tem. Não pode haver excesso de sal, mas ele tem toda sua importância e valor; e para todas as culturas tem um valor simbólico muito forte. “Vós sois a luz do mundo”. Veja, estou aqui fazendo essa homilia para você e o quanto é importante a luz para iluminar, para que eu veja. Você está na sua casa e sabe a importância que a luz tem para você, porque o dia que a luz se apaga, que acaba a energia, fica tudo escuro e você precisa buscar outra luz, seja a luz da vela, a luz que vem da lua, porque sem luz caminhamos na escuridão. Precisamos ser sabor e luz, precisamos do sabor de Deus em nós, precisamos do tempero d’Ele em nós, para que nossa vida não fique insossa, sem gosto, sem sabor, sem graça, sem sentido. Para que sejamos isso para o outro, precisamos ser isso em nós, precisamos permitir que a luz de Jesus traga realmente sabor e gosto para nossa vida. Eu preciso dizer a você: precisamos ter gosto pelas coisas de Deus! É muito ruim fazer uma coisa que você não tem gosto por ela, não tem amor nem paixão. É verdade que nem sempre a nossa vontade é a melhor, mas temos que ter o cuidado. Aqui, chamo atenção para não nos descuidarmos, porque cada descuido que temos vai nos tirando do trilho, e quando saímos do trilho, perdemos a direção e vamos aos poucos perdendo o gosto. Precisamos ter atenção com o tal do ‘relaxo’, porque quando começamos a relaxar com as coisas, elas se perdem na nossa vida. Isso vale para qualquer coisa, principalmente, para as coisas de Deus. Ou nós temos diligência e aplicação, com vontade ou até sem vontade, fazemos as coisas de Deus, ou perdemos o gosto e o sabor por Suas coisas. Se eu não sinto o gosto pelas coisas de Deus, como vou fazer com que os outros também gostem? Se não sou iluminado pela luz de Deus, como a levo para os outros? Os outros precisam olhar em mim e ver resplandecer essa luz, para que Deus esteja em nós, para que a Sua luz esteja em nós, para que sejamos luz para os outros, sejamos sal na vida dos outros, para que levemos o sabor e o gosto das coisas de Deus para os outros! As pessoas, às vezes, dizem: “Eu nem sou tão santo!”. A questão não é ser muito santo ou pouco santo. Temos a obrigação de testemunhar pelas nossas obras. Temos que dar bons frutos, testemunhar em casa, na família, no trabalho. Onde nós estamos a luz de Deus brilha em nós. Sejamos testemunhas, sejamos sal e luz! Levemos o Deus que está em nós para os lugares onde estamos.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

São Brás - Médico e pastor das almas

O santo de hoje nasceu na cidade de Sebaste, Armênia, no final do século III. São Brás, primeiramente, foi médico, mas entrou numa crise, não profissional, pois era bom médico e prestava um ótimo serviço à sociedade. Mas nenhuma profissão, por melhor que seja, consegue ocupar aquele lugar que é somente de Deus. Então, providencialmente, porque ele ia se abrindo e buscando a Deus, foi evangelizado. Não se sabe se já era batizado ou pediu a graça do Santo Batismo, mas a sua vida sofreu uma guinada. Esta mudança não foi somente no âmbito da religião, sua busca por Nosso Senhor Jesus Cristo estava ligada ao seu profissional e muitas pessoas começaram a ser evangelizadas através da busca de santidade daquele médico.


Numa outra etapa de sua vida, ele discerniu que precisava se retirar. Para ele, o retiro era permanecer no Monte Argeu, na penitência, na oração, na intercessão para que muitos encontrassem a verdadeira felicidade como ele a encontrou em Cristo e na Igreja. Mas, na verdade, o Senhor o estava preparando, porque, ao falecer o bispo de Sebaste, o povo, conhecendo a fama do santo eremita, foi buscá-lo para ser pastor. Ele, que vivia naquela constante renúncia, aceitou ser ordenado padre e depois bispo; não por gosto dele, mas por obediência.

Sucessor dos apóstolos e fiel à Igreja, era um homem corajoso, de oração e pastor das almas, pois cuidava dos fiéis na sua totalidade. Evangelizava com o seu testemunho.

São Brás viveu num tempo em que a Igreja foi duramente perseguida pelo imperador do Oriente, Licínio, que era cunhado do imperador do Ocidente, Constantino. Por motivos políticos e por ódio, Licínio começou a perseguir os cristãos, porque sabia que Constantino era a favor do Cristianismo. O prefeito de Sebaste, dentro deste contexto e querendo agradar ao imperador, por saber da fama de santidade do bispo São Brás, enviou os soldados para o Monte Argeu, lugar que esse grande santo fez sua casa episcopal. Dali, ele governava a Igreja, embora não ficasse apenas naquele local.

São Brás foi preso e sofreu muitas chantagens para que renunciasse à fé. Mas por amor a Cristo e à Igreja, preferiu renunciar à própria vida. Em 316, foi degolado.

Conta a história que, ao se dirigir para o martírio, uma mãe apresentou-lhe uma criança de colo que estava morrendo engasgada por causa de uma espinha de peixe na garganta. Ele parou, olhou para o céu, orou e Nosso Senhor curou aquela criança.

Peçamos a intercessão do santo de hoje para que a nossa mente, a nossa garganta, o nosso coração, nossa vocação e a nossa profissão possam comunicar esse Deus, que é amor.