quarta-feira, 29 de março de 2017

O que é penitência?

Como 40 dias se, contando, medeiam 46 entre a Quarta-feira de Cinzas e a Páscoa? Simplesmente, porque os domingos não podem ser dias de penitência, de modo que são excluídos da contagem. Cada domingo é uma pequena Páscoa, “dia em que, por tradição apostólica, celebra-se o mistério pascal” (cânon 1.246 do Código de Direito Canônico), devendo ser evitada qualquer atitude que exprima tristeza. Assim, descontados os domingos entre a Quarta-feira de Cinzas e a Páscoa da Ressurreição medeiam 40 dias.


Segundo São Roberto Belarmino e Cornélio a Lápide, foram os próprios apóstolos quem instituíram a Quaresma, para nos prepararmos dignamente a fim de celebrar a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a máxima festa do Cristianismo.

Prática penitencial da Igreja

Assim, a Quaresma é um tempo favorável à prática penitencial da Igreja. Conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC), “esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, peregrinações em sinal de penitência, privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras de caridade e missionárias)” (CIC, número 1.438). É um tempo de renascimento espiritual e de renovação na fé, no qual se pede aos fiéis maior interesse pelas coisas divinas, uma frequência mais assídua à Santa Missa e aos ofícios litúrgicos, maior correção nas próprias ações e um treinamento no controle de suas próprias paixões e sentimentos.

Lamentavelmente, hoje em dia a palavra “penitência” provoca mal-estar em muita gente. Entretanto, se consultarmos os Evangelhos, veremos que Jesus começou a Sua pregação nos exortando à penitência: «Poenitentiam agite: appropinquavit enim Regnum caelorum» (Mt 4,17) – “Fazei penitência, porque está próximo o Reino dos céus”. Rejeitar a penitência é rejeitar a pregação de Cristo desde o princípio.

A palavra “penitência” significa simultaneamente duas coisas que, embora distintas, estão indissociavelmente ligadas: uma virtude e um sacramento, a virtude da penitência e o sacramento da penitência. Sobre o sacramento da penitência e reconciliação, falaremos em outra oportunidade, se assim Deus o quiser. Pretendemos, hoje, dizer algumas palavras sobre a penitência como virtude, ilustrando o significado do tempo quaresmal.

Quando se fala de penitência, as pessoas logo imaginam práticas exteriores ou pior: coisas como autoflagelação, numa visão totalmente distorcida. Na verdade, a essência da penitência é interior e não se confunde com práticas exteriores como o jejum, a esmola e a mortificação. As práticas exteriores pouco ou nada valem sem a penitência interior. «Rasgai os vossos corações e não os vossos vestidos, convertei-vos ao Senhor vosso Deus, porque Ele é benigno e compassivo» (Jl 2,13). Tampouco a virtude da penitência pode ser confundida com um desejo mórbido de infligir sofrimento a si mesmo.

A virtude da penitência

A virtude da penitência é uma disposição moral que inclina o pecador a destruir e reparar os seus próprios pecados por constituírem ofensas a Deus. A penitência é uma dor espiritual, interior: é o sofrimento por haver pecado. É um querer não ter pecado, é um querer não ter querido o mal que se quis no passado. O pecado é um ato da vontade humana e só pode ser destruído por um novo ato da vontade que o revogue. É por isso que a virtude da penitência está indissociavelmente ligado ao sacramento de mesmo nome: a validade deste depende da sinceridade daquele. Mas não basta o arrependimento.

A virtude da penitência exige também o propósito de reparar o mal cometido e de não mais tornar a pecar no futuro. Assim, a penitência se projeta nos sentidos do tempo: para o passado, o arrependimento; para o presente, a reparação; e para o futuro, o propósito de emenda. Os hereges protestantes pregam que não é necessário aos que se arrependem reparar o mal que fizeram no passado de sua vida. O fulano mata, rouba, estupra e acha que basta “aceitar Jesus” para ficar com a “ficha limpa”. Por isso, os protestantes escarnecem da necessidade de penitência. Ora, isso é uma distorção do Evangelho, pois é preciso reparar: quem roubava, deve restituir o que roubou; quem professava publicamente uma falsa doutrina, deve também se retratar em público.

Tenhamos todos, então, uma boa e santa Quaresma. «Desde então começou Jesus a pregar e a dizer: “Fazei penitência, porque está próximo o Reino dos céus”» (Mt 4,17). E se está próximo, é porque não está distante: «O Senhor está perto de toda pessoa que o invoca» (Sl 144,18).

domingo, 19 de março de 2017

Evangelho do 3º Domingo da Quaresma

Naquele tempo, Jesus chegou a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto do terreno que Jacó tinha dado ao seu filho José. Era aí que ficava o poço de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço. Era por volta de meio-dia. Chegou uma mulher de Samaria para tirar água. Jesus lhe disse: “Dá-me de beber”. Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” De fato, os judeus não se dão com os samaritanos. Respondeu-lhe Jesus: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”. A mulher disse a Jesus: “Senhor, nem sequer tens balde e o poço é fundo. De onde vais tirar água viva? Por acaso, és maior que nosso pai Jacó, que nos deu o poço e que dele bebeu, como também seus filhos e seus animais?”. Respondeu Jesus: “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna”. A mulher disse a Jesus: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la”. “Senhor, vejo que és um profeta!”. Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar”. Disse-lhe Jesus: “Acredita-me, mulher: está chegando a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, estes são os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”. A mulher disse a Jesus: “Sei que o Messias (que se chama Cristo) vai chegar. Quando ele vier, vai nos fazer conhecer todas as coisas”. Disse-lhe Jesus: “Sou eu, que estou falando contigo”. Muitos samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em Jesus. Por isso, os samaritanos vieram ao encontro de Jesus e pediram que permanecesse com eles. Jesus permaneceu aí dois dias. E muitos outros creram por causa da sua palavra. E disseram à mulher: “Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o salvador do mundo”. (Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42)


Só Jesus sacia nossa sede de eternidade

Jesus, estando na Samaria, pede àquela samaritana que Lhe dê água para beber. A mulher estranha, porque nenhum judeu, quanto mais um homem, aproximava-se sozinho de uma mulher, ainda mais para pedir água. Jesus diz: “Se essa mulher soubesse quem está pedindo água para beber, quem está se aproximando dela!”. Tudo aquilo que nós bebemos deste mundo nos deixa com sede. Pode ser que tenhamos uma saciedade momentânea, mas a sede volta depois. Bebemos tantas bebidas para aliviar a sede que há dentro de nós, mas elas nos aliviam por um momento apenas. Precisamos, o tempo inteiro, abastecer-nos dessa água, desta ou daquela bebida. Quando insistimos em beber bebidas que iludem a nossa fantasia, parece que vai resolver a nossa sede, quando, na verdade, deixa-nos com mais sede ainda. Nossa relação com o mundo é assim também, porque nós temos sede de eternidade, sede de amor e afeto. Temos sede de Deus, mas estamos, muitas vezes, bebendo água em fonte contaminada; água suja, água que não nos lava, que não nos purifica nem mata nossa verdadeira sede. É Jesus quem está dizendo àquela mulher, que Ele sacia nossa sede de eternidade. Precisamos beber nas fontes puras da água da vida, e ela tem um nome, essa fonte é Jesus! É do coração d’Ele que brota a água da eternidade, que nos lava e purifica, que nos renova e restaura. É a água que sacia nossa sede, atinge nossas carências mais profundas; a água que atinge aquela insatisfação interior que há dentro de nós e, muitas vezes, buscamos solucionar. Eu preciso dizer a você que ser humano nenhum pode saciar a nossa sede, a não ser Jesus nosso Deus, nosso Senhor e Salvador! Às vezes, até paramos em pessoas que nos levam até Jesus, mas entendam que essas pessoas também não podem nos saciar, pois elas não são a fonte, não são a água. Elas podem até ser a seta que nos aponta Jesus, mas não paremos em pessoas, não paremos em situações. Encontremo-nos verdadeiramente com essa fonte de água pura e verdadeira, que é Nosso Senhor Jesus Cristo! Não passemos muito tempo na igreja ou em qualquer serviço pastoral, parando naquilo que é superficial. Não deixemos o essencial, que é esse encontro, essa relação amorosa, íntima e pessoal com Jesus. Digo mais, não nos saciemos da água de Jesus apenas uma vez, no primeiro encontro, no primeiro amor. Bebamos desta água todos os dias, porque só ela sacia a nossa sede e fome de eternidade!

terça-feira, 14 de março de 2017

Para viver bem a quaresma

O tempo da Quaresma é o tempo da criança,  dos sonhos dos adolescentes com a vida,  dos anciãos,  carregado de memórias.  Tempo medido e contado,  ou tempo a ser desfrutado,  ou,  quem sabe,  desperdiçado.  Tempo simbólico,  quarenta anos ou quarenta dias,  vinte e cinco ou cinquenta anos,  aniversários e jubileus,  como o Jubileu da Misericórdia,  o qual estamos celebrando!


Fomos feitos por Deus e mergulhados no tempo,  não apenas naquele estudado pela física ou marcado pelo relógio,  mas no tempo presente,  dado por Ele,  carregado de sentido porque se torna história da nossa salvação.

A sabedoria milenar na Igreja construiu,  pouco a pouco,  o que se chama”Ano litúrgico”,  com o qual,  a partir da morte e ressurreição,  seu”mistério pascal”,  os cristãos percorrem os eventos da vida do Senhor nesta terra,  para O reconhecerem sempre presente (Mt 28,20),  até Sua vinda gloriosa no final dos tempos.

Acolher as graças oferecidas por Deus

A pedagogia da Igreja nos faz reencontrar os mesmos acontecimentos salvíficos,  mas nos espera crescidos e mais maduros,  capazes de acolher melhor as graças de cada época do ano.  Todas as suas etapas são “tempo oportuno”.  Atualiza-se o apelo do Apóstolo São Paulo”Como colaboradores de Cristo,  nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus,  pois ele diz: “No momento favorável,  eu te ouvi,  no dia da salvação,  eu te socorri”.  E agora o momento favorável,  é agora o dia da salvação (2Cor 6,1-2).

A que se dedicar na quaresma

Quarenta dias dedicados à oração,  à fraternidade e ao jejum!  Todas as pessoas que fazem uma experiencia”religiosa”,  mesmo em outras vertentes,  até não cristãs,  descobrem a necessidade de um relacionamento com Deus,  um novo trato com o próximo e as exigências de equilíbrio das forças de sua própria natureza.  Observa-se que muitas delas fazem dietas ou jejuns muito mais estritos e exigentes do que a Igreja propõe para a Quaresma,  por motivos espirituais,  estéticos ou por prescrições médicas.  E que não faz mal a ninguém orar,  amar o próximo e educar a própria vontade.

O que fazer para viver bem a quaresma

Entretanto,  a Igreja celebra a Quaresma com um olhar mais amplo e profundo.  Como os cristãos assim se chamam por terem recebido no Batismo a vida nova nascida do próprio Cristo morto e ressuscitado,  celebram,  cada semana,  no domingo,  a Sua Páscoa e a comemoram anualmente,  preparados pela Quaresma,  renovando,  como num aniversário de Batismo,  a fé professada e sua renúncia ao pecado e ao Demônio.

Que durante a Quaresma chegue a todos o convite da Igreja a intensificarem o tempo de oração. Comecemos pela participação na Missa Dominical, preparada de preferência, em família. Propomos ainda a retomada de bonito costume: a ida da família à igreja, com todos os seus membros, escolhendo um horário que dê certo para todos, marcando presença na Missa paroquial e acolhendo os dons de Deus que são oferecidos em abundância. Depois a oração pessoal, especialmente com a Bíblia, descobrindo a riqueza da chamada leitura orante da Palavra de Deus.

domingo, 12 de março de 2017

Evangelho do 2º Domingo da Quaresma

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”. Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”. Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”. (Mt 17,1-9)


A oração transfigura nossa vida

Veja que maravilha, estamos no contexto do tempo da Quaresma. Alguns podem pensar que a Quaresma é apenas um tempo que nos conduz à Paixão de Jesus. É um erro, uma ilusão, um engano, pois a Quaresma nos conduz para o alto da Ressurreição de Jesus; a Quaresma é o tempo que nos conduz pelo caminho da vida nova da Ressurreição de Cristo. É verdade que não iremos passar ou chegar à ressurreição simplesmente burlando o caminho, porque, o caminho que nos conduz à Páscoa de Cristo passa pela Sua Paixão, passa pela Sua Via-sacra, passa por todo sofrimento que O espera em Jerusalém. O Senhor nos acalenta, reconforta-nos, Ele nos dá sempre o sentido da glória! Por isso, neste domingo, meditamos a Transfiguração de Jesus. E o que é a transfiguração? Contemplar de forma antecipada a glória que Cristo irá viver! Eles [discípulos] estão vendo resplandecer o rosto de Cristo que brilha como o sol, as Suas roupas ficaram tão brancas com a luz, mas não é a luz que conhecemos da nossa casa. É uma luz celeste, que é impossível descrever aquela brancura. É essa glória que nos espera, é esse o corpo glorioso que Deus quer para nós, é essa vida gloriosa que o Senhor prepara para cada um de nós! Deixe-me dizer a você: é preciso que tenhamos os olhos voltados para o Céu, é preciso que caminhemos em meio às Vias-sacras da nossa vida sem perder a perspectiva que nos aguarda, que é a vida gloriosa na presença do Nosso Deus. Deus não preparou para nós sofrimentos eternos. Ele vem caminhar conosco para nos ajudar a caminhar a cada dia, carregando a nossa cruz. Mas não é uma cruz que nos conduz para baixo, para nos derrubar. É uma cruz que nos eleva para a presença de Deus. Por isso, que neste caminho que nos conduz até Jerusalém, Jesus leva os Seus principais discípulos a uma alta montanha e ali se transfigura na presença deles. Jesus quer se transfigurar a nossa presença, Ele quer fazer resplandecer a Sua glória, o Seu rosto glorioso diante da nossa face enrugada, sofrida e machucada para que nós também sejamos transfigurados. De que maneira Ele realiza isso? Pela força, pelo poder da oração; quando somos capazes de nos recolhermos, de sairmos do nosso cotidiano e irmos a um lugar à parte. Como é importante esse lugar à parte, distante de tudo aquilo que estamos fazendo do nosso cotidiano para nos colocarmos somente na presença de Deus. A oração transfigura nossa vida, a oração nos configura a Cristo, a oração nos coloca íntimos a Ele, a oração nos faz contemplar o Céu já na terra. A oração antecipa as realidades futuras para o tempo presente, a oração nos abastece e nos alimenta, a oração nos refaz, muda o nosso semblante e nosso interior. Quantas vezes levantamos com um sentimento negativo, com o sentimento de fazer coisas erradas, e quando nos jogamos na oração, o nosso ser é transfigurado pela graça de Deus! Hoje, Jesus quer nos levar a montanha sagrada para fazer resplandecer em nós a Sua face gloriosa. Contemplemos o Cristo presente e vivo no meio de nós!

quarta-feira, 8 de março de 2017

Dia Internacional da Mulher

Muitas pessoas passam por nossa vida e não poderíamos deixar de mencionar a participação daquelas que deixaram marcas sensíveis em nossas lembranças. Trazemos vivos na memória os cuidados da nossa mãe, que se desdobrava 24 horas do dia se fosse necessário, as recordações de nossas férias na casa da vovó, da professora que nos ensinou a ler, entre muitas outras.


Numa simbiose perfeita, não há como identificar se foram elas que entraram em nossas vidas ou fomos nós que fizemos parte da vida delas. O zelo dispensado para cada um de nós, quando éramos crianças, fazia-nos sentir tal como "reizinhos", mesmo se naquele "castelo" as refeições fossem racionadas em vista da pobreza. Na escola, além da professora, ganhávamos também uma "tia", que não se importava se houvesse 30 outros "sobrinhos" chamando seu nome ao mesmo tempo. Por menor que tenha sido o período em que elas estiveram conosco, grande foi a atenção e a contribuição dispensada para cada um de nós.

No mundo, algumas mulheres se despontaram através do trabalho, impulsionadas por seus sonhos e, não menos importantes que essas, reconhecemos o papel de outras que foram moldura da realização dos nossos próprios projetos. Lamentavelmente, em alguma parte do planeta ou escondidas entre quatro paredes, existem mulheres que são tratadas sob o domínio da tirania, da incompreensão, da maldade e do preconceito de alguns homens. Todavia, mesmo sendo subjugadas por seus opressores, estes não conseguem tirar a força da esperança que as incita a continuar acreditando em dias melhores.

Com a versatilidade que causaria inveja ao melhor contorcionista, as mulheres trazem como virtude a habilidade de se fazer amiga, mãe, esposa, namorada, formadora e por dádiva divina, a elas foi outorgado o título de "ajuda perfeita".

Não é à toa, que sem muito esforço, a gente consegue perceber o quanto tem sido importante para cada um de nós a participação delas em nossa vida.

Tudo bem se, às vezes, demoram um pouco mais para escolher a roupa para sair, para se decidir na compra de um simples sapato ou para levar na bolsa apenas aquilo que realmente é necessário mas, ainda assim, não podemos negar o quanto somos felizes ao lado delas! Parabéns, mulheres, pelo seu dia!

segunda-feira, 6 de março de 2017

Arte a serviço da evangelização

No último fim de semana, os produtores e parte do elenco da Paixão de Cristo de Umari estiveram reunidos, durante dois dias, para as gravações dos filmes publicitários da temporada 2017 do espetáculo, sob direção de arte e fotografia de Bruno Araújo.


Os jovens Jardeson Lopes (Jesus Cristo), Yonne Lopes (Maria), Laís Assunção (Maria Madalena), Cássio Batista (Judas), Erisson Steinberg (Herodes), Matheus Costa (apóstolo João), Deivid Lucas (Pedro), Fernando Lira (apóstolo Tiago), Letícia Barbosa (Herodíades), Abraão Soares (Caifás), Jefferson Cleiton (Sacerdote) e Eliel Souza (Demônio), juntamente com a equipe de figuração e produção, participaram das locações, que utilizaram as belezas naturais do próprio distrito de Umari – pertencente ao Município de Bom Jardim, no Agreste pernambucano – para a reprodução das cenas.

As passagens que retratam os últimos dias da vida terrena de Jesus escolhidas para a campanha publicitária desta temporada foram: Tentação de Jesus no Deserto, Horto, Enforcamento de Judas, Bacanal e Crucificação de Jesus.

“Alguns vão para o futebol, outros para as ‘folias’ dos carnavais fora de época, ou simplesmente optam pelo sossego de um fim de semana... Já eu, não! Dirijo uma das maiores ‘Paixões’ de todo o estado de Pernambuco, patrimônio religioso e cultural do povo umariense: a Paixão de Cristo de Umari. Quero agradecer a todos que se empenharam nas gravações dos teasers. Tenho a certeza de que realizaremos mais uma temporada de muito sucesso”, afirmou Inácio Moura, Diretor Geral do espetáculo.

A Paixão de Cristo de Umari acontecerá nos dias 13 e 14 de abril, Quinta e Sexta-Feira Santa, com duas sessões por dia de espetáculo, às 18h00 e 20h00, em Umari.

domingo, 5 de março de 2017

Evangelho do 1º Domingo da Quaresma

Naquele tempo, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, teve fome. Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!”. Mas Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’”. Então o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, e lhe disse: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Porque está escrito: ‘Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!’”. Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, e lhe disse: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. Jesus lhe disse: “Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás culto’”. Então o diabo o deixou. E os anjos se aproximaram e serviram a Jesus. Mt 4,1-11


Precisamos nos abastecer da Palavra de Deus

Neste primeiro domingo da Quaresma, estamos refletindo as tentações de Jesus. O Evangelho de Mateus descreve, pelo menos, três grandes tentações que Jesus passou quando foi conduzido pelo Espírito ao deserto. Depois de quarenta dias de jejum Ele teve fome, e o demônio aproveitou-se dessa ocasião para colocar sobre Ele aquela tentação do comer, dos sentidos. Quem está fortalecido no Espírito como Jesus estava, é mais forte que a tentação, por isso Ele responde ao demônio: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que vem do coração, da boca de Deus”. O elemento fundamental para vencermos as tentações da vida é nos abastecermos da Palavra de Deus, preenchermo-nos, esvaziarmo-nos do excesso de alimento, de comida, bebida, das práticas cotidianas que temos para nos enchermos da Palavra. Precisamos ir ao deserto da vida, recolhermo-nos no silêncio, para que o Palavra se torne alimento para a nossa vida. Porque, primeiro, a Palavra abre os nossos olhos, e assim abre o nosso coração e ilumina a nossa mente para nos dar direção, forças, para nos fortalecer no nosso combate espiritual. Se o demônio não consegue nos vencer por essa tentação, ele nos leva por outros caminhos, por outras vias. O demônio levou a Jesus a tentar a Deus, e, tanta gente colocando o Senhor a prova! “Deus vai me conceder isso e aquilo, e se Ele não concede, então eu O coloco à prova, porque Ele não me deu isso. A tentação no mundo presente é a tentação da idolatria; o demônio prometeu dar tudo aquilo a Jesus se Ele simplesmente se prostrasse diante d’Ele. A tentação da idolatria vem da tentação da cobiça, do desejo de ter, de possuir. No mundo em que vivemos, as pessoas se compram e se vendem por qualquer coisa, e então passamos a idolatrar a quem tem dinheiro, posse. Passamos até mesmo em nos vender quando alguém nos dá condições melhores de vida, nos promete isso, aquilo… é a tentação do dinheiro, do poder, do prazer. A tentação de nos colocarmos aos pés de pessoas humanas, ídolos da música, da política; tudo é um erro, engano, é ilusão! “Vai-te embora, satanás”. Satanás quer, justamente, satanizar a nossa vida, colocando dentro de nós verdadeiros ídolos, fazendo de nós ídolos para os outros, para que desviemos o nosso coração do único Deus. Fazemos do dinheiro, do sexo, do prazer, da comida, da bebida e de pessoas nossos ídolos, colocando outros dentro de nós, para ocupar o lugar de Deus. “Vai-te embora, satanás” com todos os seus ídolos, porque iremos nos prostrar somente na presença de Deus e só a Ele serviremos e adoraremos. Quando Deus é único na nossa vida, os ídolos, os demônios vão embora de nós. Para vencer a tentação, é preciso fazer com que Deus se torne único na nossa vida, e só a Ele servimos de todo o nosso coração.

sábado, 4 de março de 2017

O tempo da Quaresma

A Quaresma é o tempo que precede e dispõe à celebração da Páscoa. Tempo de escuta da Palavra de Deus e de conversão, de preparação e de memória do Batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos, de recurso mais frequente às “armas da penitência cristã”: a oração, o jejum e a esmola (ver Mt 6,1-6.16-18). De maneira semelhante como o antigo povo de Israel partiu durante quarenta anos pelo deserto para ingressar na terra prometida, a Igreja, o novo povo de Deus, prepara-se durante quarenta dias para celebrar a Páscoa do Senhor.


Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste e depressivo. Trata-se de um período especial de purificação e de renovação da vida cristã para poder participar com maior plenitude e gozo do mistério pascal do Senhor.

A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Este caminho supõe cooperar com a graça, para dar morte ao homem velho que atua em nós. Trata-se de romper com o pecado que habita em nossos corações, nos afastar de todo aquilo que nos separa do Plano de Deus, e por conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.

A Quaresma é um dos quatro tempos fortes do ano litúrgico e isso deve ver-se refletido com intensidade em cada um dos detalhes de sua celebração. Quanto mais forem acentuadas suas particularidades, mais frutuosamente poderemos viver toda sua riqueza espiritual.

Portanto, é preciso se esforçar, entre outras coisas:

– Para que se capte que neste tempo são distintos tanto o enfoque das leituras bíblicas (na Santa Missa praticamente não há leitura contínua), como o dos textos eucológicos (próprios e determinados quase sempre de modo obrigatório para cada uma das celebrações).

– Para que os cantos sejam totalmente distintos dos habituais e reflitam a espiritualidade penitencial, própria deste tempo.

– Por obter uma ambientação sóbria e austera que reflita o caráter de penitência da Quaresma.

Sentido da Quaresma

O primeiro que devemos dizer a esse respeito é que a finalidade da Quaresma é ser um tempo de preparação à Páscoa. Por isso, se está acostumado a definir a Quaresma “como caminho para a Páscoa”. O tempo quaresmal não é, portanto, um tempo fechado em si mesmo ou um tempo “forte” ou importante em si mesmo. É mas bem um tempo de preparação e um tempo “forte”, visto que nos prepara para um tempo “mais forte” ainda, que é a Páscoa.

O tempo de Quaresma – como preparação à Páscoa – se apóia em dois pilares: por uma parte, a contemplação da Páscoa de Jesus; e por outra, a participação pessoal na Páscoa do Senhor através da penitência e da celebração ou preparação dos sacramentos pascais – batismo, confirmação, reconciliação, Eucaristia –, com os quais incorporamos nossa vida à Páscoa do Senhor Jesus. Incorporá-la ao “mistério pascal” de Cristo supõe participar do mistério de Sua Morte e Ressurreição. Não esqueçamos que o Batismo nos configura com a Morte e Ressurreição do Senhor.

A Quaresma procura que essa dinâmica batismal (morte para a vida) seja vivida mais profundamente. Trata-se então de morrer para nosso pecado a fim de ressuscitar com Cristo à verdadeira vida: “Eu lhes asseguro que se o grão de trigo…morre dará fruto” (Jo 20,24). A esses dois aspectos teremos de acrescentar finalmente outro matiz mais eclesiástico: a Quaresma é tempo apropriado para cuidar da catequese e da oração das crianças e jovens que se preparam para a confirmação e para a primeira comunhão; e para que toda a Igreja ore pela conversão dos pecadores.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Campanha da Fraternidade 2017

A Campanha da Fraternidade (CF) 2017, organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), apresenta reflexões com impacto direto na vida das pessoas, no meio ambiente e na relação de cada indivíduo com o mundo criado por Deus. Com o lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15) e o tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, o grande objetivo da CF, deste ano, é promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho, sob a ótica dos biomas brasileiros.

Mas, como se conquista um objetivo tão ousado? Além da perspectiva do Fundo Nacional da Solidariedade, que existe exclusivamente para financiar projetos inspirados nas necessidades que permeiam a proposta da campanha, existe uma série de iniciativas que as comunidades podem desenvolver.

Por que é importante aprofundar-se no tema?

Um dos objetivos específicos contidos no Texto-Base da CF 2017 aponta para a necessidade de conhecermos sobre cada bioma, suas belezas e significados, sua importância para a vida e para o planeta. Esse exercício ajuda as pessoas a se comprometer com ações concretas. E, obviamente, que este compromisso não se resume ao cuidado e respeito à Natureza, mas também às pessoas que estão inseridas no contexto de cada bioma brasileiro.

Você sabe o que é um bioma?

Os biomas são formados por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação tem bastante similaridade e continuidade, um clima mais ou menos uniforme e uma história comum em sua formação. Por isso, toda sua diversidade biológica também é muito parecida. A Amazônia constitui o maior bioma do Brasil, representando 49,29% do território brasileiro. Mais de 4.200 espécies animais foram contabilizadas, mas sabe-se que uma grande parte delas ainda não foram catalogadas. Em seguida, vem o Cerrado, com 23,92%, a Mata Atlântica, com 13,04%, a Caatinga, com 9,92%, o bioma Pampa representando 2,07% do território nacional, e o Pantanal, com 1,76%.

São muitos os conflitos e sofrimentos que marcam esses biomas: desde disputas políticas, econômicas e sociais à falta de acesso, a não preservação dos ecossistemas, a ausência de saneamento básico. Cada vez mais, há a necessidade da presença atuante da Igreja e de seus missionários, além de um maior comprometimento das autoridades.

Juntos, podemos fazer mais pela criação

A Campanha da Fraternidade também é uma iniciativa de cunho ecumênico, ou seja, embora sendo promovida pela Igreja Católica, também conta com a participação e empenho de outras Igrejas cristãs. A preocupação em envolver outras comunidades também faz parte dos objetivos específicos da CF 2017. Compreende-se, cada vez mais, que o compromisso de assumir a criação divina como um dom que precisa ser acolhido e cuidado, é uma missão de todos nós.

Conversão ecológica

O Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si’ – na qual aborda questões ecológicas e a necessidade do cuidado com o mundo, nossa “casa comum” – convida a cada pessoa a assumir uma postura de “conversão ecológica”. Dentre muitas coisas, trata-se de acolher o cuidado com os dons de Deus, das coisas mais simples às mais complexas. Junto com a experiência quaresmal, a conversão ecológica certamente é o fio condutor da Campanha da Fraternidade 2017.

“Esta nossa ‘casa’ está sendo arruinada e isso prejudica a todos, especialmente os mais pobres. Portanto, o meu apelo é à responsabilidade, com base na tarefa que Deus deu ao ser humano na criação: ‘cultivar e preservar’ o ‘jardim’ em que ele o colocou. Convido todos a acolher com ânimo aberto este Documento, que está em sintonia com a Doutrina Social da Igreja” – Papa Francisco, Audiência Geral, 17 de junho de 2015.