quarta-feira, 31 de maio de 2017

Visitação de Nossa Senhora, a mãe do nosso Salvador

Sabemos que Nossa Senhora foi visitada pelo Arcanjo Gabriel com esta mensagem de amor, com esta proposta de fazer dela a mãe do nosso Salvador. E ela aceitou. E aceitar Jesus é estar aberto a aceitar o outro. O anjo também comunicou a ela que sua parenta – Santa Isabel – já estava grávida. Aí encontramos o testemunho da Santíssima Virgem – no Evangelho de São Lucas no capitulo 1, – quando depois de andar cerca de 100 km ela encontrou-se com Isabel.


Nesta festa, também vamos descobrindo a raiz da nossa devoção a Maria. Ela cantou o Magnificat, glorificando a Deus. Em certa altura ela reconheceu sua pequenez, e a razão pela qual devemos ter essa devoção, que passa de século a século.

“Porque olhou para sua pobre serva, por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações.” (Lucas 1,48)

A Palavra de Deus nos convida a proclamarmos Bem-aventurada aquela que, por aceitar Jesus, também se abriu à necessidade do outro. É impossível dizer que ama a Deus, se não ama o outro. A visitação de Maria a sua prima nos convoca a essa caridade ativa, à fé que opera por esse amor de que o outro tanto precisa.

Quem será que precisa de nós?

Peçamos a Virgem Maria que interceda por nós junto a Jesus, para que sejamos cada vez mais sensíveis à dor do outro. Mas que a nossa sensibilidade não fique no sentimentalismo, mas se concretize através da caridade.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Os Dons do Espírito Santo

Sabedoria: é o dom de perceber o certo e o errado, o que favorece e o que prejudica o projeto de Deus, quem acredita na libertação e quem está interessado na opressão. A sabedoria é dada especialmente aos pobres (Mt 11, 25) e àqueles que são solidários a eles. Não tem nada a ver com cultura. A pessoa ou a comunidade dotadas de sabedoria sabem deixar o Espírito falar nelas e por elas. Por este Dom buscamos, não as vantagens deste mundo, mas o Bem Supremo da Vida, que nos enche o coração de paz e nos faz felizes. Diz o Senhor: ‘Feliz o homem que encontrou a sabedoria… Ela é mais valiosa do que ás pérolas’ (Cf. Pv 3,13-15). A Sabedoria que vem do Espírito Santo ‘é um reflexo da luz eterna’ (Cf Sb 7,26).


Inteligência: é o dom de entender os sinais da presença de Deus nas situações humanas, nos conflitos sociais, nas lutas políticas. Nada tem a ver com a capacidade intelectual ou nível de QI. A pessoa ou comunidade dotadas de inteligência captam, sem dificuldade, a íntima relação entre vida e Palavra de Deus. É o Dom Divino que nos ilumina para aceitar as verdades reveladas por Deus. Mesmo não compreendendo o Mistério, entendemos que ali está a nossa salvação, porque procede de Deus, que é infalível. O Senhor disse: ‘Eu lhes darei um coração capaz de me conhecerem e de entenderem que Eu sou o Senhor’ (Jr 24,7).

Conselho: é o dom de saber discernir caminhos e opções, de saber orientar e escutar, de animar a fé e a esperança da comunidade. Só assim orientamos bem a nossa vida e a de quem pede um conselho.

Fortaleza: é o dom de resistir às seduções da sociedade capitalista, de ser coerente com o Evangelho, de enfrentar riscos na luta por justiça, de não temer o martírio. A pessoa ou comunidade dotadas desse dom não se amedrontam diante de ameaças e perseguições, pois confiam incondicionalmente no Pai. É esse o Dom que faltou para o Apóstolo São Pedro quando negou o Mestre, e que lhe foi dado depois pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes. São Paulo confiava no Dom da Fortaleza. Ele disse: ‘Se Deus está conosco, quem será contra nós?’ (Rm 8,31).

Ciência: é o dom de saber interpretar a Palavra de Deus, de explicar o Evangelho e a doutrina da Igreja, de fazer avançar a teologia, de traduzir em palavras o que se vive na prática. Por este Dom o Espírito Santo nos revela interiormente o pensamento de Deus sobre nós, pois ‘os mistérios de Deus ninguém os conhece, a não ser o Espírito Santo’ (Veja 1 Cor 2,10-15). Nada tem a ver com a ciência aprendida nas escolas e nos livros.

Piedade: é o dom de estar sempre aberto à vontade de Deus, procurando agir como Jesus agiria e identificando no próximo o rosto do Cristo. Nada tem a ver com aquele sentido piegas de piedade, de quem fica o dia todo na igreja batendo no peito e acendendo velas. Piedosa é aquela pessoa ou comunidade que traz nas entranhas a vontade irrefreável de realizar na sociedade o projeto de justiça de Deus. É o Dom pelo qual o Espírito Santo nos dá o gosto de amar e servir a Deus com alegria. Por ser o ‘amor do Pai e do Filho’, o Espírito Santo nos dá o sabor das coisas de Deus. ‘O Reino de Deus não consiste em comida e bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo’ (Rm 14,17).

Temor: é o dom da prudência e da humildade, de saber reconhecer os próprios limites, de não pedir ou esperar de Deus que Ele faça a nossa vontade, de nãos meter-se em situações complicadas, ambíguas, difíceies de serem entendidas pela nossa comunidade de fé. A pessoa ou comunidade dotadas desse dom sabem que são amadas pelo Pai e temem qualquer risco de infidelidade ou traição a esse amor. Não quer dizer ‘medo de Deus’, mas medo de ofender a Deus. Sendo Ele o nosso melhor amigo, temos o receio de não lhe estarmos retribuindo o amor que lhe é devido. Mais do que temor, é respeito e estima por Deus.

Fonte: http://www.angelfire.com / Paróquia de Sant'Ana Bom Jardim - Pernambuco

domingo, 28 de maio de 2017

Ascensão do Senhor

Naquele tempo, os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram. Então Jesus aproximou-se e falou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28,16-20)


Anunciemos o nome de Jesus a todos

O Senhor está conosco! Como Ele está conosco? Hoje, celebrando a Ascensão de Jesus aos Céus, estamos celebrando a partida do Senhor para a glória eterna do Pai. Ele foi mas está aqui, permanece entre nós quando nos reunimos e invocamos em Seu nome, quando levamos a vida em Seu nome e na Sua autoridade e, acima de tudo, quando fazemos e observamos tudo aquilo que Ele nos ensinou a viver e fazer, quando colocamos em prática a Sua Palavra e ensinamos uns aos outros a viver na Sua autoridade. A missão de um discípulo de Jesus é justamente essa: levar o nome d’Ele a todos os corações e pessoas. “Ide fazer discípulos meus em todos os povos”. Fomos feitos discípulos de Jesus, porque alguém nos evangelizou, batizou-nos, apresentou-nos a vida de Jesus, ensinou-nos e tem nos ensinado a vivê-la. O que eu tenho feito, a cada dia, é a minha missão: formar discípulos para Jesus, não para minha pessoa ou seja para quem for. O que nós fazemos é anunciar o nome do Senhor para que nos tornemos discípulos d’Ele. É assim que você tem que fazer na sua casa, na sua família, no seu trabalho, onde quer que você esteja. Aja no nome de Jesus, forme e ensine as pessoas a observarem os mandamentos de Jesus. Eu digo a você que, todas as vezes que assim o fizermos, é o próprio Jesus quem estará no meio de nós. Ele vai caminhar conosco até o fim do mundo, até a Sua volta. Enquanto eu tiver vida nessa terra, o nome de Jesus me acompanhará, a presença d’Ele estará onde eu estiver, quando eu levo o Seu nome a sério, observo os Seus mandamentos e ensino outros a viverem a vida de acordo com os Seus ensinamentos. O Senhor que, hoje, está indo aos Céus, deu-nos todo poder e autoridade. Esse poder e autoridade é para que levemos o Seu nome, a Sua palavra, os Seus ensinamentos, porque o mundo precisa dos discípulos de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo! Sejamos bons discípulos, sejamos primeiro formados na escola de Jesus a cada dia. Nessa escola, formemos tantos outros para que amem, conheçam e entreguem a sua vida no nome de Jesus.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Visita de Maria

Toda nossa vida, quando é autenticamente cristã, está orientada para o amor. Só ele torna grande e fecunda nossa existência e nos garante a salvação eterna. Sabemos que esse amor cristão tem duas dimensões: a dimensão horizontal de amar os homens, nossos irmãos; e a dimensão vertical de amar a Deus, nosso Senhor. É fácil falar de amor e de caridade, mas é difícil vivê-los, porque amar significa servir, e servir exige renunciar a si mesmo.


Por isso, o Senhor nos deu como imagem ideal a Santíssima Virgem. Ela é a grande serva de Deus e, ao mesmo tempo, dos homens.

Na hora da Anunciação, Ela se proclama escrava do Senhor. Entrega-lhe toda sua vida para cumprir a tarefa que Deus lhe encomenda através do anjo. Ela muda no ato todos seus planos e projetos que tinha, esquece-se completamente de seus próprios assuntos.

O mesmo acontece com Isabel. Maria fica sabendo que sua prima vai ter um filho e parte logo, apesar do longo caminho, para permanecer por três meses com ela, servindo-a até o nascimento de João Batista. Ela não se imagina superior em nenhum momento, não busca pretextos por não poder se arriscar numa viagem tão longa pelo fato de estar grávida. Faz tudo isto, porque sabe que, no Reino de Deus, os primeiros são os que sabem se converter em servidores de todos.

Também nossa própria vida cristã deve formar-se e desenvolver-se nestas mesmas duas dimensões: o compromisso com os irmãos e o serviço a Deus. Não se pode separar uma dimensão da outra. Por isso, quanto mais queremos nos comunicar com os homens, tanto mais devemos estar em comunhão com Deus. E quanto mais queremos nos aproximar de Deus, tanto mais devemos estar próximo dos homens.

O que mais nos diz o Evangelho? Conta-nos alguns acontecimentos milagrosos no encontro das duas mulheres: a criança salta de alegria no ventre de sua mãe; Isabel se enche do Espírito Santo, reconhece o Senhor presente e começa a profetizar. E nós nos perguntamos: é a Santíssima Virgem quem realiza esses milagres? Isto pode ser explicado apenas pela íntima e profunda união entre Maria e Jesus. Essa união começa com a Anunciação e dura por toda sua vida e além dela. Pela primeira vez se manifesta no encontro de Maria com Isabel.

Maria nunca atua sozinha, mas sempre numa união perfeita entre Mãe e Filho. Onde está Maria, ali está também Jesus. É o mistério da infinita fecundidade de sua vida de mãe. E se nós queremos ser como Ela, então deve ser também o mistério de nossa vida. Em que sentido? Unimo-nos, nos vinculamos com Maria, nossa Mãe e Rainha. E então, o que Ela faz? Ela nos vincula, com todas as raízes de nosso ser, com seu filho Jesus Cristo.

Maria é a terra de encontro com Cristo e ela nos conduz até Ele, nos guia, nos cuida e nos acompanha em nosso caminhar rumo a Ele. Mas Maria não apenas nos conduz para Cristo, mas traz, primeiramente, Jesus ao mundo e aos homens. É sua grande tarefa de Mãe de Deus. E em sua visita, a casa de Isabel realiza, por primeira vez, esta sua grande missão: leva a ela seu Filho. E o Senhor do mundo, encarnado em seu corpo maternal, manifesta sua presença por meio daqueles milagres. Maria o fez há mais de 2000 anos. Mas o faz também hoje: traz Cristo a todos nós.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Como relacionar-se com Nossa Senhora no dia a dia?

Cada paróquia no Brasil tem um título de Nossa Senhora, que ganha destaque na comunidade local. Quando se aproxima a festa relacionada a esse título mariano, a paróquia se mobiliza, faz novena, quermesse e celebra muito a festividade. Mas Nossa Senhora só está presente em nossa vida nesses momentos particulares? Somos fiéis devotos dela, mas só pedimos sua interseção nas Missas celebrativas ou quando estamos com problemas a resolver? Não é esse o desejo de Deus ao nos dar Maria como Mãe nem é o desejo dela ao nos assumir como filhos. Ela quer participar do nosso dia a dia, auxiliando-nos e fortalecendo-nos na caminhada até Deus.


Auxílio dos cristãos

São Bernardo nos ensina que “nos perigos, nas angústias e dúvidas devemos pensar em Maria, invocando-a”. São Boaventura afirma: “Jamais li que algum santo não tivesse sido devoto especial da Santíssima Virgem”. Na oração da Ladainha de Nossa Senhora, nós a chamamos de “auxílio dos cristãos”. Sim, ela o é! Nossa Senhora é Auxiliadora!

No Evangelho de João 19,26-27, vemos que “Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse a ela: ‘Mulher, eis o teu filho!’. Depois, disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’. A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu’”. Papa Francisco, ao meditar essa leitura, fala-nos: “Temos uma Mãe que está conosco, que nos protege, acompanha e ajuda também nos tempos difíceis, nos maus momentos”.

Podemos encontrar um vasto conteúdo nos escritos dos Papas e Santos da Igreja, mostrando-nos a real maternidade de Maria. A resposta de João às Palavras do Cristo na cruz nos mostra qual deve ser nossa postura ao acolher a Virgem Santa como Mãe: “A partir daquela hora, o discípulo a acolhe no que era seu”. Esse é o centro do relacionamento materno entre Maria e seus filhos, não somente crer na maternidade, mas trazer Nossa Senhora para perto, colocá-la a par dos acontecimentos e sentimentos que diariamente compõem nossa vida e, para isso, há um caminho eficaz: a oração.

Seja o Rosário, o Ofício, a Ladainha ou uma jaculatória que invoca a proteção da Santíssima Virgem, seja um momento longo ou um breve elevar da alma até o colo sublime da Mãe de Deus, o certo é que devemos seguir o exemplo de João e trazer Maria para tudo o que nos pertence. Apresentar a Maria nossos conflitos e medos, nossas vitórias e projetos e tê-la como Mãe é encontrar nela uma companheira para o dia a dia.

Muitas vezes, durante o meu dia, elevo meu coração a Maria. Além de rezar o Santo Terço, vou me colocando nas mãos dela no decorrer das horas e dos fatos ocorridos. Quando estou realizando algum trabalho, para o qual não tenho muito domínio, vou pedindo a Maria que venha em meu auxílio. Quando vivo uma situação difícil, busco nela um apoio.

Mostra-te, Mãe

Na Carta Encíclica Adiutricem Populi, Papa Leão XIII fala de uma jaculatória simples, mas eficaz: “Mostra-te, Mãe”. Ele convida os cristãos a invocarem Maria nos acontecimentos do dia e pedir sua presença ou seu conselho.

Maria não somente quer nos acolher como filhos, como deseja nos acompanhar por toda nossa peregrinação aqui na terra rumo à morada eterna.

Nos acontecimentos duros da vida, nos momentos de solidão e dor, alegria e realização, clamemos essa simples oração que nos ensina o Santo Padre: “Mostra-te, Mãe”. Confiemos: aquela que acompanhou Jesus até o Calvário também nos acompanhará por todos os caminhos.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Santa Rita de Cássia, conhecida como Santa dos Impossíveis

Nasceu na Itália, em Cássia, no ano de 1381. Seu grande desejo era consagrar-se à vida religiosa. Mas, segundo os costumes de seu tempo, ela foi entregue em matrimônio para Paulo Ferdinando.


Tiveram dois filhos, e ela buscou educá-los na fé e no amor. Porém, eles foram influenciados pelo pai, que antes de se casar se apresentava com uma boa índole, mas depois se mostrou fanfarrão, traidor, entregue aos vícios. E seus filhos o acompanharam.

Rita então, chorava, orava, intercedia e sempre dava bom exemplo a eles. E passou por um grande sofrimento ao ter o marido assassinado e ao descobrir depois que os dois filhos pensavam em vingar a morte do pai. Com um amor heroico por suas almas, ela suplicou a Deus que os levasse antes que cometessem esse grave pecado. Pouco tempo mais tarde, os dois rapazes morreram depois de preparar-se para o encontro com Deus.

Sem o marido e filhos, Santa Rita entregou-se à oração, penitência e obras de caridade e tentou ser admitida no Convento Agostiniano em Cássia, fato que foi recusado no início. No entanto, ela não desistiu e manteve-se em oração, pedindo a intercessão de seus três santos patronos – São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolas de Tolentino – e milagrosamente foi aceita no convento. Isso aconteceu por volta de 1441.

Seu refúgio era Jesus Cristo. A santa de hoje viveu os impossíveis de sua vida se refugiando no Senhor. Rita quis ser religiosa. Já era uma esposa santa, tornou-se uma viúva santa e depois uma religiosa exemplar. Ela recebeu um estigma na testa, que a fez sofrer muito devido à humilhação que sentia, pois cheirava mal e incomodava os outros. Por isso teve que viver resguardada.

Morreu com 76 anos, após uma dura enfermidade que a fez padecer por 4 anos. Hoje ela intercede pelos impossíveis de nossa vida, pois é conhecida como a “Santa dos Impossíveis”.

domingo, 21 de maio de 2017

Evangelho do 6º Domingo da Páscoa

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Se me amais, guardareis os meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós. Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós. Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós. Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele. (Jo 14,15-2)


Os mandamentos nos unem a Deus

Deus quer permanecer conosco, quer permanecer em nós. É desejo, é vontade e desígnio d’Ele fazer moradia no nosso meio. Talvez você pense que Deus queira fazer morada apenas na igreja e nos lugares santos. Mas o lugar santo, por excelência da morada de Deus, somos cada um de nós! O lugar que Deus santificou, em primeiro lugar, foi a nossa vida, o batismo nos consagrou. Uma igreja, antes de ser construída, é colocada uma pedra fundamental e, depois de pronta, ela é consagrada, entregue para ser lugar da morada de Deus. Já somos assim pelo batismo, somos o lugar da morada de Deus e Ele deseja ardentemente permanecer em nós. Como Deus permanece em nós? Como a Sua graça fica estável na nossa vida? Quando nós guardamos os Seus mandamentos. Primeiro, precisamos acolhê-los, e acolher significa abrir-se para escutar, para deixar que entre no coração, para que possamos ruminar, refletir e redimensionar a nossa vida a partir dos mandamentos do Senhor. Sabe, meus irmãos e irmãs, o mundo têm muitos critérios para se viver, e cada um segue os critérios que vai aprender na vida. Alguns critérios são econômicos, outros sociais e assim vai. Que maravilha a sociedade que vivemos, mas há um critério por excelência que deve guiar a nossa vida: o critério evangélico, critério dos mandamentos de Jesus. Quem é discípulo de Jesus não deixa de fora nem esquiva nenhum dos mandamentos do Senhor, é o nosso elo de comunhão com Deus. Alguém pode pensar assim: “Deus está comigo, porque eu oro!”. É verdade, a oração nos coloca em comunhão com Deus, mas o que nos deixa permanentes n’Ele é transformar a oração em vida, porque a vida em oração nos dá força para colocarmos em prática os mandamentos da Lei de Deus. Não deixe de meditar a Palavra do Senhor, não deixe de mergulhar a vida. Conhecendo os mandamentos do Senhor é como num espelho refletir. Você não olha no espelho, vê a si mesmo e diz: “Olha, aqui não está bem. Aqui tem um pelo a mais”, vai no espelho e arranca? Vamos nos espelhar em Deus, deixar que Seu amor resplandeça em nós e nos dê a luz necessária para reconhecermos aquilo que precisamos modificar, retirar o que não está de acordo com a Lei do Senhor. “Quem me ama guarda os meus mandamentos. Assim será amado pelo meu Pai, e eu O amarei e me manifestarei a Ele”. Jesus está se manifestando em nossa vida, em nossos corações, cada vez que colocamos em prática os mandamentos do amor divino.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

O Brasil e a gravidade do atual momento político e econômico

A consciência cidadã reconhece a gravidade do atual momento vivido pelo Brasil. Não se trata de alarmismo ou pessimismo, mas oportunidade para uma atitude: é preciso que cada um assuma a corresponsabilidade na busca por soluções para os muitos problemas.


A gravidade deste atual momento político e econômico aponta para a necessidade de investir na formação de um novo tecido cultural capaz de fazer surgir um tempo diferente, marcado pela superação das crises terríveis que prejudicam, principalmente, os mais pobres. Nesse sentido, fundamental é compreender que não basta, embora seja importante, avançar na configuração formal e legislativa das reformas.

Os processos que norteiam as necessárias mudanças têm significativa influência para que as transformações garantam mais justiça. Por isso mesmo, todos devem acompanhar, debater e contribuir com a efetivação das reformas. Porém, ainda mais determinante é compreender a importância da cultura e a necessidade de investir na sua renovação.

Cultura

Cultura refere-se ao conjunto de hábitos e modos de agir no cotidiano. Posturas que revelam como determinada civilização estabelece relações e, consequentemente, exerce a representatividade política, respeitando ou não o bem comum. Assim, é preciso perceber que para a sociedade brasileira não é suficiente promover mudanças apenas na dimensão normativa. É preciso despertar o apreço pelo respeito ao outro e, a partir disso, conquistar um patamar civilizatório balizado por valores inegociáveis, fundamentados no bem e na justiça.

O tecido cultural da sociedade brasileira está corroído e, por isso mesmo, o país convive com a corrupção endêmica. Consequentemente, há um consenso sobre a falta de credibilidade da esfera política – os políticos são considerados cidadãos em quem não se pode acreditar. Ao mesmo tempo, perde-se o sentido de solidariedade.

Percebe-se a falta de sensibilidade social, a indisponibilidade para partilhar o que se tem, apoiando projetos sociais e outras iniciativas capazes de promover o desenvolvimento de toda a sociedade. Ao se comparar com outras culturas, em um ranking de sociedades solidárias, os cidadãos brasileiros deveriam ficar com os brios mexidos. Esse é o contexto que causa apreensões em razão da delicada conjuntura política, econômica e social pela qual passa o país.

O que está acontecendo com o Brasil?

Os bispos do Brasil, que se reuniram na Assembleia Geral da CNBB, com a missão de levar a todos a luz do Evangelho de Jesus Cristo, apresentaram a seguinte pergunta: o que está acontecendo com o Brasil? A resposta sublinha a perplexidade do povo diante de agentes públicos e privados que desconsideram a ética e negociam princípios morais.

As consequências são as práticas e hábitos que agravam a situação do país, já tão preocupante. Em mensagem, os bispos indicam que o caminho para a regeneração é a retomada da ética como condição indispensável. Somente por essa via, o Brasil poderá reconstruir o seu tecido social.

A gravidade do momento nacional é uma ameaça ao Estado Democrático de Direito, pois crescem o descrédito e o desencanto com a política e com os poderes da República, que se distanciam das justas aspirações de boa parte da população. Assim, as reformas e, especialmente, a Reforma Política, devem se configurar em oportunidade para a recomposição do tecido cultural do Brasil. Nesse sentido, não se pode acirrar a indiferença com a política.

Participação da sociedade

Apenas ignorar os políticos, sem acompanhar, atentamente e de modo participativo, o que fazem os representantes do povo, é passo rumo à bagunça geral, que leva a irreversíveis prejuízos. A economia, dependente da política, continuará impactando negativamente na vida da população, pois prevalecerá a primazia do mercado ao bem-estar das pessoas, a prevalência do capital sobre o trabalho.

A raiz das muitas crises vividas tem caráter antropológico ao negar a prioridade do ser humano, conforme sublinha a Igreja Católica nos ensinamentos de sua Doutrina Social. Percebe-se que o Estado não pode ser jamais submetido ao mercado. Submisso à “lógica financista”, que é intrinsecamente perversa, o Estado se enfraquece e deixa de cumprir seus deveres. Sempre oportuno é recordar o que diz o Papa Francisco: o dinheiro é para servir e não para governar.

O importante processo de reconstrução do Brasil tem no diálogo amplo, com a participação de todos, efetivo exercício da cidadania, o seu ponto de partida e referência para o seu equilíbrio. É, especialmente, vetor que impulsiona a civilização rumo à conquista de um novo tecido cultural, capaz de sustentar as transformações necessárias.

Para incitar novos passos e não ocorrerem acomodações, leve-se em conta o que adverte o Papa Francisco, ao falar na Sessão Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais: “A simples atualização das antigas categorias do pensamento ou o recurso a sofisticadas técnicas de decisão coletiva não são suficientes”.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

O que é oração?

Antes de começarmos a falar sobre oração, precisamos adentrar no seu significado, se é que podemos defini-la. Mas vamos buscar clareza sobre o tema e o modo como a oração pode fazer parte da vida do cristão.


A definição de oração pode ser expressa por palavras, mas o jeito de rezar e o relacionamento com Deus é diferente para cada pessoa. Porém, não podemos inventar o jeito próprio de rezar, mas seguir aquilo que a Igreja já determinou com seus séculos de experiência; contudo, a aplicabilidade é diferente.

Vamos tentar definir oração:

Diziam os Padres do Deserto que a oração é o espelho da alma. Em hebraico, oração é tefillah, que significa “juízo”: […] a oração é a possibilidade de julgar com Deus, de realizar um discernimento sobre a própria vida, sobre a relação com os outros, sobre o próprio relacionamento com as criaturas. É assim que se ordena e se aprofunda a própria interioridade, que se mede o próprio caminho humano, o próprio amadurecimento como crescimento interior adequado à própria idade e situação. (Livro: Onde está Deus? – Padre Reinaldo)

Perceba que a oração não é nossa, mas de Deus. O próprio Senhor nos concede o dom de orar. Por isso, na oração, precisa entrar o julgamento de d’Ele. Nós precisamos nos submeter a Ele na oração. O nosso modo de rezar é o Senhor quem o concebe.

Sobre a oração pessoal, padre Francis Cardeal Arinze nos ensina:

“A oração pessoal é insubstituível, porque chega um tempo em que cada um é chamado a encontrar Deus frente a frente, no encontro espiritual. Isso pode acontecer na intimidade do próprio quarto, diante do sacrário, debaixo de uma árvore, no alto de um monte ou à beira-mar. Pode acontecer mesmo ao volante do carro ou em algum momento da Missa, como enquanto a preparamos, antes da coleta, após a leitura ou na homilia, sem dúvida após a santa comunhão e na ação de graças, após a Celebração Eucarística.

A nossa oração privada há de ser realmente pessoal: há de brotar do coração. Podemos exprimi-la com ou sem palavras; não podemos nos limitar a repetir preces escritas por mestres espirituais e por santos, ainda que tais fórmulas nos ajudem a entrar na oração pessoal.

A oração deve ser incessante e continua. Por isso, requer dois pontos:

- Qualidade da oração: buscar rezar com o coração para, assim, gerar uma contínua e ininterrupta perseverança. Orai sem cessar (1 Ts 5, 17).

Oração pura e sincera: ser feita com fervor – evitar as inquietações e preocupações. Deixar Deus entrar no santuário do meu coração.”

Para concluir o sentido e o significado do que é oração, fixemos nosso olhar na graça de Deus. E a Igreja a define assim:

“A oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação como no meio da alegria”. (CIC 2558).

domingo, 14 de maio de 2017

Evangelho do 5º Domingo da Páscoa

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós e, quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós. E, para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?”. Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o vistes”. Disse Felipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”. Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Felipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai, que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai”. (Jo 14,1-12)


Deus nos dá vida plena

No início do Evangelho de hoje, Jesus quer tranquilizar e trazer paz ao nosso coração, porque sabe que o coração humano é muito frágil; o que tem de fortaleza, tem de fragilidade. Aquele que aguenta as pancadas da vida, muitas vezes, deixa-se perder e agonizar por situações leves. Por isso, Ele começa nos dizendo: “Não se perturbe! Não se inquiete nem deixe que seu coração perca a paz por falta de fé e confiança”. Como o nosso coração não vai se perder? Como o nosso coração não vai se deixar levar pelos problemas, pelas angústias, situações dolorosas e preocupantes da vida? Quando o nosso coração encontra o caminho, quando ele sabe por onde caminhar! Quando o nosso coração anda perdido para lá e para cá, de fato, arrebenta-se demais, mas quando encontra o caminho, que é Jesus, repousa n’Ele, deixa-se conduzir por Ele. Quando não tira d’Ele a direção, o nosso coração encontra a vida. Por que o coração se perturba? Porque não sabemos o que é a verdade, onde ela está, e deixamo-nos levar por isso e por aquilo. Ouvimos tantas coisas que dizem, podemos até pesquisar, estudar, mas nós podemos ter a certeza e a convicção da verdade. A verdade é Jesus! Permaneçamos nessa verdade que nos salva e liberta. Essa verdade que o Pai nos revelou e nos deu se chama Jesus. O nosso coração precisa de vida, vitalidade e vigor. Nosso coração precisa se encher da esperança eterna, pois, a partir disso, ele tem alegria e gosto de viver. E onde está a vida, ali está Jesus. Deixe que sua vida se encha, preencha-se d’Ele. Não deixe que a sua vida perca a direção, pois assim ela terá sempre sentido, alegria e razão de viver, porque Ele nos dá todas as razões para que nossa vida seja plena!

sábado, 13 de maio de 2017

Fátima, lugar de revelação

Era 13 de maio de 1917. Um domingo de sol, por volta do meio-dia, quando três crianças que pastoreavam o rebanho de ovelhas foram surpreendidas com um grande clarão no céu. No início, pensavam que era um relâmpago e decidiram ir embora, mas, logo depois, outro clarão iluminou o espaço, e viram, em cima de uma pequena árvore, uma “Senhora mais brilhante que o sol”. De suas mãos pendia um terço branco. Com voz terna, a Senhora disse às crianças para não terem medo pois ela vinha do Céu e era necessário rezar muito; convidou-os a voltar à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13, na mesma hora.


Desde então, aquele lugar nunca mais foi o mesmo. A fama das aparições atravessou oceanos e espalhou-se pelo mundo como um sinal de esperança em meio aos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial.

Em 13 de outubro daquele mesmo ano, conforme a Senhora havia prometido, concluiu-se o ciclo das aparições. Este dia ficou marcado com o surpreendente e famoso “Milagre do Sol” – historicamente certo e reconhecido inclusive pela ciência. Diante deste sinal e após um estudo apurado dos fatos, a Igreja, em 1930, declarou como dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria, permitindo, oficialmente, o culto de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Tive a graça de morar durante seis anos, em Fátima, e visitar quase, diariamente, o Santuário. Fiquei admirada com muitas descobertas naquele lugar. Porém, o que mais me impressionou foi a simplicidade. A começar pela escolha dos mensageiros. Nossa Senhora poderia ter aparecido a pessoas muito mais “capacitadas” – intelectualmente falando. Porém, preferiu três humildes crianças: Lúcia de 10 anos e seus primos, Francisco e Jacinta Marto, de 9 e 7 anos. Todos analfabetos.

O lugar escolhido para transmitir a mensagem também surpreende: diante da abundância de luxuosos castelos e fortalezas – alguns conservados até hoje enriquecendo o patrimônio histórico de Portugal – a Senhora do Rosário escolheu a Cova da Iria, uma terra de pastagens para o rebanho de ovelhas, coberta de uma vegetação rasteira, pedras e algumas poucas árvores, como a azinheira, que lhe serviu de púlpito. Ela não estava interessada em realeza, queria corações puros e dispostos a viver o sacrifício e o oferecimento para a conversão dos pecadores e os encontrou nos Pastorinhos.

O tempo passou e a simplicidade continua sendo uma forte característica de Fátima. Quem chega no Santuário com o desejo de ouvir a voz de Deus é tomado por um misto de paz e quietude que, aos poucos, contagia a alma levando-nos ao silêncio. Acredito que é no silêncio e na simplicidade que Deus se revela, nos fazendo ir além da razão e das palavras. Talvez seja este o “Segredo de Fátima” que atraia anualmente mais de cinco milhões de peregrinos ao lugar das aparições.

Recordo-me de, certa vez, quando entrevistei um peregrino que acabava de chegar no Santuário depois de caminhar a pé – dia e noite durante uma semana – rumo a Fátima. Só de observar seus olhos cheios de lágrimas, seus pés inchados e o rosto marcado pelo frio causava-me emoção. Mas como estava transmitindo os acontecimentos para os ouvintes da Rádio Canção Nova, arrisquei-me a entrevistá-lo perguntando de início: “O que significa para o senhor chegar aqui, na Capelinha das Aparições, depois de caminhar tanto tempo a pé?”.

Ele não me disse nada. Apenas apontou para a imagem de Nossa Senhora que está no exato local onde ela apareceu aos Pastorinhos. Depois, falou com voz embargada: “Ela sabe por que estou aqui!”.

Como eu insisti na pergunta, ele explicou: “Eu vim aqui agradecer. Se hoje estou vivo, é porque Nossa Senhora me livrou da morte. Eu estou vivo por milagre, moça! Sabe o que é isso? Eu estou vivo por milagre!” E já não conseguiu continuar falando, pois chorava como uma criança que, finalmente, chega perto da mãe depois de passar por um grande perigo.

É claro que, nesta hora, eu também estava emocionada e, até hoje, recordo-me claramente daquele encontro com o portador do milagre. Penso no Beato João Paulo II e acredito que ele viveu algo semelhante àquele homem quando esteve em Fátima para também agradecer o milagre da vida, após o atentado que sofreu a 13 de maio de 1981, e atribuiu o livramento à “mão materna de Nossa Senhora” que desviou a bala disparada para lhe tirar a vida.

Teríamos muito a dizer a respeito de Fátima! Noventa e seis anos já se passaram desde as aparições de Nossa Senhora e sua mensagem parece ecoar com ainda mais vigor. A essência de seu apelo é chamar a atenção dos homens para as verdades eternas da salvação. E a primeira exigência para colocar isso em prática é a reparação das ofensas cometidas contra Deus, contra Jesus e contra o Imaculado Coração de Maria por meio do oferecimento dos sacrifícios que já fazem parte do nosso dia a dia. Simples! Não é?

As inúmeras graças alcançadas pela intercessão de Nossa Senhora e o número crescente de confissões que são atendidas no Santuário, os testemunhos de vidas transformadas, além do número, cada vez maior de peregrinos que vêm à Cova da Iria, são sinais evidentes da presença real da Mãe de Deus neste lugar de revelação divina.

Hoje, apoiemo-nos com fé na promessa que a Virgem do Rosário de Fátima fez numa de suas aparições: «Por fim, meu Imaculado Coração triunfará!» Confiantes no seu amor de Mãe, deixemo-nos formar por ela no dia a dia, como fizeram os Pastorinhos.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

A mensagem de Fátima para o nosso tempo

Em 1917, Nossa Senhora apareceu em Fátima a três crianças, Lúcia, Francisco e Jacinta, para revelar ao mundo uma mensagem significativa para aquela época, mas que não perdeu a sua importância em nossos dias. Em seu livro “Luz do mundo”, Papa Bento XVI disse que a mensagem de Fátima nos ajuda a “entender um momento crítico na história: aquele no qual se desencadeia toda a força do mal, que se cristalizou nas grandes ditaduras e que, de outra maneira, age ainda hoje”. Essas duas grandes ditaduras, o nazismo e o comunismo, que juntas mataram centenas de milhões de pessoas, devastaram a Europa e a Ásia, e, depois da “queda”, espalharam seus erros por todo o mundo.


A resposta desafiadora a todos esses erros “não consiste em grandes ações políticas, mas, ultimamente, pode chegar somente da transformação dos corações. […] Nesse sentido, a mensagem de Fátima não está concluída, mesmo que as duas grandes ditaduras tenham desaparecido”, pois permanece o sofrimento da Igreja, resta a ameaça às pessoas, que se faz presente não somente por meio da perseguição, da violência, da escravidão, da morte, como vemos no mundo islâmico e em países comunistas, mas também nas ideologias: relativismo, feminismo, ideologia de gênero, cultura de morte e tantos outros erros que corrompem as culturas e as sociedades pelo mundo todo.

Para fazer frente a todos esses males, mantém-se atual a resposta que nos foi dada na mensagem de Fátima, persiste a orientação que Maria nos revelou por intermédio de Lúcia, Francisco e Jacinta. Como profetizou a Santíssima Virgem, nosso tempo está marcado por grandes tribulações. Hoje, o poder das trevas ameaça pisotear a nossa fé de todas as formas possíveis. Por isso, em nossos dias, como outrora, são necessários os ensinamentos que a Mãe de Deus transmitiu aos três pastorinhos.

As aparições de Fátima e a Penitência pela salvação das almas

Na carta com o terceiro segredo de Fátima, revelado por Nossa Senhora aos pastorinhos em 13 de Julho de 1917, a Irmã Lúcia descreve uma visão extraordinária, que nos ajuda a compreender a importância da penitência especialmente para o nosso tempo: “… vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despendia chamas que pareciam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência!”.

A palavra “penitência’ aparece nada menos do que 57 vezes na “Documentação Crítica de Fátima”. Em suas aparições, Nossa Senhora recomendou insistentemente que todos fizessem penitência, inclusive as três crianças, videntes das aparições. Lúcia, Francisco e Jacinta fizeram duras penitências, principalmente pela conversão e salvação dos pecadores.

Entre as penitências que nos pediu a Virgem de Fátima, tem particular importância os sacrifícios. A palavra “sacrifício”, que aparece 38 vezes na Documentação, também é muito importante para compreender a Mensagem de Fátima. Na 4ª aparição, no dia 19 de agosto de 1917, Nossa Senhora deu uma ordem expressa aos pastorinhos: “Rezai, rezai muito, e fazei sacrifícios pelos pecadores”, dizia ela. “Muitas almas vão para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”. Pois é um dos meios que a Virgem Maria nos revelou para afastar os males do mundo. Alguns sacrifícios foram ensinados pela própria Virgem, como rezar de joelhos, jejuns e abstinências. Mas outros foram as três crianças que tiveram a inspiração, como aconteceu certa vez, quando encontraram uma corda áspera no caminho por onde passavam. Os três pastorinhos tomaram a corda e repartiram para usar na cintura como um cilício, dia e noite.

Nossa Senhora e o Santo Rosário pela salvação dos pecadores

O Santo Rosário tem grande importância na mensagem de Fátima. O próprio título com o qual a Virgem Maria se apresentou revela a grande importância dessa oração mariana para a Igreja em nosso tempo. Nossa Senhora apresentou-se aos pastorinhos sob o título de “Senhora do Rosário”. Esse nome aparece por 121 vezes na Documentação das aparições. O termo “Rosário” aparece 282 vezes, e o nome “Nossa Senhora do Rosário”, 51 vezes no Documento.

De fato, a própria Virgem pediu que Lúcia, Francisco e Jacinta rezassem o terço a Nossa Senhora do Rosário. Primeiramente, pelos próprios pecados, mas também e, principalmente, pela salvação dos pecadores. A devoção a Senhora do Rosário começou com a construção de uma capela dedicada a ela, na Cova da Iria, local das aparições. Com a crescente peregrinação dos fiéis e pelo manifesto desejo desses, foi erigida a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que posteriormente foi elevada a Santuário.

Nossa Senhora pediu insistentemente que os pastorinhos rezassem o Rosário de modo particular para a salvação das almas do inferno. A princípio, as três crianças não levaram muito a sério o pedido da Virgem Maria. Rezavam rapidamente para ter mais tempo para as brincadeiras comuns às crianças de suas idades. Mas, em pouco tempo, passaram a rezar com grande fervor o Santo Terço, pois compreenderam a importância da oração do Rosário para a salvação das almas.

A reparação ao Imaculado Coração da Virgem Maria

Em 13 de junho de 1917, na segunda de suas aparições em Fátima, Nossa Senhora confiou uma missão especial a pequena Lúcia, justamente quando ela pediu para os levar os três para o céu. A Santíssima Virgem respondeu-lhe: “Sim. A Jacinta e o Francisco, levo-os em breve; mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação e serão queridas de Deus essas almas, como flores postas por mim a adornar o Seu trono”. “Fico cá sozinha?”, disse com tristeza. “Não, filha, eu nunca te deixarei, o meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.

Depois de ouvir essas palavras, Lúcia, Francisco e Jacinta viram a Virgem Maria com um coração na mão, cercado de espinhos. Os pastorinhos compreenderam que aquele era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que necessitava de reparação. Na aparição seguinte, no dia 13 de julho, a Santíssima Virgem repetiu as mesmas palavras e disse que voltaria para pedir a devoção reparadora dos primeiros sábados. Sete anos depois, no dia 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, foi revelado a Irmã Lúcia, na época postulante no Instituto de Santa Doroteia, a devoção reparadora dos cinco primeiros sábados. A princípio, a Irmã ficou perplexa e não quis expor o fato. Somente em dezembro de 1927, por ordem de seu confessor, Lúcia escreveu as palavras que lhe dirigiu a Santíssima Virgem: “Olha, minha filha, o meu coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de me consolar e dize que todos aqueles que, durante cinco meses, no primeiro sábado, confessarem-se, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”.

A mensagem de Fátima como remédio contra os males do mundo atual

Assim, a mensagem de Fátima teve grande importância naquele momento histórico. No entanto, quase cem anos depois, a mensagem de Nossa Senhora mantém-se atual. Talvez, hoje, mais do que naquele tempo, as penitências serão remédios eficazes contra o mal, a busca desenfreada pelas coisas materiais, pelo prazer e poder. O Santo Rosário será uma “arma” contra o poder dos demônios. A devoção dos primeiros sábados, em reparação das ofensas contra o Imaculado Coração de Maria, será o caminho seguro de muitas almas para o Reino dos Céus.

Hoje, as grandes ditaduras permanecem agindo em nossos dias, por meio das ideologias, das falsas religiões, das lutas pelo poder e pelas riquezas. Em Fátima, a resposta que nos é dada a essas pela Virgem Maria não consiste em grandes ações políticas, mas na transformação dos corações através da penitência e do sacrifício, da oração do Santo Rosário e da devoção ao Imaculado Coração de Maria.

Se ouvirmos os apelos de Jesus Cristo e da Virgem Maria, veremos no Brasil e em todas as partes do mundo aquilo que viu o Papa Bento XVI: “Em Fátima, vi centenas de milhares de pessoas que, por meio daquilo que Maria havia confiado às crianças, neste mundo cheio de obstáculos e fechamentos, reencontram, de algum modo, o acesso a Deus”. Esse nosso encontro com o Senhor será o grande triunfo profetizado pela Virgem Maria: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós!

quarta-feira, 10 de maio de 2017

A Aparição de Nossa Senhora de Fátima

Em 13 de Maio de 1917 – A mãe de Deus aparece aos três pastorinhos próximo a Fátima – Portugal, no 13º dia de seis consecutivos meses. Nossa Senhora transmite mensagem de esperança e de advertência quanto aos perigos para a humanidade e para os fiéis da Igreja.


Em sua aparição falou sobre os erros da Rússia, e também da grande perseguição da Igreja, do Santo Padre e dos riscos das almas que caem no inferno. Ela apareceu segurando o Seu Imaculado Coração e diz: Deus quer difundir no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração… Venho pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, e a Comunhão em reparação nos primeiros sábados de cada mês. Se o meu pedido for atendido, a Rússia se converterá e haverá paz. Caso contrário, a Rússia espalhará o seu erro por todo o mundo, promovendo guerras e a perseguição à Igreja.

Os bons serão martirizados, O Santo Padre sofrerá muito… Nossa Senhora diz a Francisco e Jacinta que morreriam em breve e iriam para o céu, entretanto Lúcia deveria permanecer ainda por muitos anos no mundo para promover a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Irmã Lúcia ainda vive.

Durante seis meses, Nossa Senhora apareceu em Portugal. Lênin organizava na Rússia a revolução Bolshevik, assumindo o governo da Rússia, com o objetivo de conquistar o mundo ao ateísmo.

Em 10 de dezembro de 1925, Nossa Senhora aparece para Irmã Lucia, já no convento em Pontevedra, Espanha e pede por reparação sacramental a Confissão e a Santa Eucaristia aos primeiros sábados e mais a oração do santo rosário meditando seus mistérios. Uma graça especial é prometida àqueles que nos primeiros 5 sábados de cada mês, realizarem tal ato de reparação pela humanidade, por ela solicitada, tendo a intercessão de Maria na hora de sua morte.

terça-feira, 9 de maio de 2017

A Virgem de Fátima nos convoca à vivência do Evangelho

Segundo as memórias da Irmã Lúcia, podemos dividir a mensagem de Fátima em três ciclos: Angélico, Mariano e Cordimariano.


O Ciclo Angélico se deu em três momentos: quando o anjo se apresentou como o Anjo da Paz, depois como o Anjo de Portugal e, por fim, o Anjo da Eucaristia.

Depois das aparições do anjo, no dia 13 de maio de 1917, começa o ciclo Mariano, quando a Santíssima Virgem Maria se apresentou mais brilhante do que o sol a três crianças: Lúcia, 10 anos, modelo de obediência e seus primos Francisco, 9, modelo de adoração e Jacinta, 7, modelo de acolhimento.

Na Cova da Iria aconteceram seis aparições de Nossa Senhora do Rosário. A sexta, sendo somente para a Irmã Lúcia, assim como aquelas que ocorreram na Espanha, compondo o Ciclo Cordimariano.

Em agosto, devido às perseguições que os Pastorinhos estavam sofrendo por causa da mensagem de Fátima, a Virgem do Rosário não pôde mais aparecer para eles na Cova da Iria. No dia 19 de agosto ela aparece a eles então no Valinhos.

Algumas características em todos os ciclos: o mistério da Santíssima Trindade, a reparação, a oração, a oração do Santo Rosário, a conversão, a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Enfim, por intermédio dos Pastorinhos, a Virgem de Fátima nos convoca à vivência do Evangelho, centralizado no mistério da Eucaristia. A mensagem de Fátima está a serviço da Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A Virgem Maria nos convida para vivermos a graça e a misericórdia. A mensagem de Fátima é dirigida ao mundo, por isso, lá é o Altar do Mundo.

Expressão do Coração Imaculado de Maria que, no fim, irá triunfar é a jaculatória ensinada por Lúcia: “Ó Meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno, levai as almas todas para o Céu; socorrei principalmente as que mais precisarem!”.

domingo, 7 de maio de 2017

4º Domingo da Páscoa: domingo do Bom Pastor

Naquele tempo, disse Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”. Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. (Jo 10,1-10)


Jesus é a porta que nos conduz à vida

Celebramos, neste domingo, o Bom Pastor. Olhamos para Jesus como Aquele que ama e conduz Suas ovelhas, dá Sua vida por causa delas. Jesus faz outra comparação: está dizendo que Ele é a porta por onde as ovelhas entram. Jesus não é somente o Pastor que espera as ovelhas entrarem, Ele é a porta por onde as ovelhas devem entrar! Para entrarmos numa casa, numa igreja, num edifício é preciso passar pela porta e adentrar onde queremos chegar, mas, se esta estiver fechada e não se abrir, é um sinal de que não podemos entrar. Por que não podemos ter acesso àquele lugar? A porta fechada é sinal de que as coisas se fecharam para nós, mas, quando aberta, quer dizer que ali podemos entrar. Jesus é aquele que abre a porta do Céu para nós, Ele é a própria porta. Para entrarmos na vida em Deus, precisamos passar por Jesus. É para Cristo que nós devemos olhar, devemos buscá-Lo, e nenhum outro pode nos abrir as portas do Céu, a não ser o próprio Jesus. Somos ovelhas e, muitas vezes, ferimo-nos, machucamo-nos, iludimo-nos, enganamo-nos diante de tantas estradas da vida, opções erradas, pessoas que parecem ser salvadoras e solução para a nossa vida. Em nenhum outro encontramos luz, salvação e redenção, a não ser em Jesus Nosso Salvador! Não entremos pelas portas erradas da vida, pois há muitas portas escancaradas, abertas, que não nos levam para o caminho da vida. São portas que nos levam para abismos profundos, que nos fazem errar o caminho, a estrada onde devemos andar. Não entremos por outra porta, não andemos por outro caminho, a não ser o caminho de Cristo Jesus. Não entremos por outra segmentação que não seja aquela que nos conduz à vida, pois quem nos conduz é o próprio Jesus.

sábado, 6 de maio de 2017

A evangelização através dos meios comunicação

Ao se despedir de seus colaboradores, Jesus lhes ordenou: “Ide, pois, fazei discípulos em todas as nações” (Mt 28,19). A Igreja vive desta ordem – ou, como lembrava Paulo VI: “A Igreja existe para evangelizar!” Sua missão é imensa, pois há multidões que ainda não foram atingidas pela proposta de nosso Senhor, Salvador e Mestre.


Não diria que o mundo atual seja mais difícil de ser evangelizado do que aquele enfrentado pelos primeiros apóstolos e cristãos. Temos, sim, alguns desafios que são próprios de nossa época: o subjetivismo, que se traduz na busca da própria realização a qualquer custo, mesmo que isso prejudique outros; o ateísmo, não mais teórico, mas prático e, por isso mesmo, muito mais perigoso; a desagregação da família, entre outros motivos, pela falta de preparação adequada dos pais para sua missão; a ignorância religiosa, fazendo com que muitos vivam e morram sem conhecer as riquezas da Igreja, como a Palavra de Deus, os sacramentos, o papel de Nossa Senhora e do Papa; o fraco sentido de pertença à Igreja, etc. Por tudo isso, para evangelizar, precisamos ser criativos, corajosos e, mesmo, ousados. Ou, como nos ensina o atual Papa, precisamos “ter o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora” (NMI 58).

É nesse quadro que situo a importância do uso dos meios de comunicação no serviço evangelizador. Para “fazer discípulos em todas as nações”, a Igreja não pode se contentar com o uso do púlpito e de seus salões e salas de catequese. Precisa, sim, utilizar-se também de jornais e revistas, de visitas domiciliares e de emissoras de rádio; de canais de televisão e de páginas na internet.

A Igreja encara os meios de comunicação social como dons de Deus, na medida em que criam laços de solidariedade entre os homens, podendo e devendo ser utilizados no trabalho evangelizador. Olhando para Jesus Cristo, aprenderemos como viver, em que valores colocar nossa vida e que meios utilizar para anunciar sua palavra. Ele não usou os meios de que dispunha, como um barco afastado da margem, uma colina ou o encontro de pessoas numa refeição?

A partir dos exemplos que nos deixou, concluímos que será impossível realizar nossa missão se deixarmos de lado dos modernos meios de comunicação. Lembro, aqui, uma frase do Setor de Comunicação Social da CNBB, em 1995: “Se o Mestre fosse conduzido hoje ao deserto das tentações, possivelmente o Tentador já não lhe ofereceria anacrônicos e decadentes reinos, para que o adorasse, mas o espetacular e tremendo poder da moderna máquina da comunicação, mais sutil e, por isso mesmo, imensamente mais eficaz para dominar povos e nações. São grandes os desafios para tornar visível e presente o Projeto do Reino, sinônimo na história de uma cultura da vida, como contraponto de uma sempre mais presente cultura da morte”.

Em resposta à ordem de “fazer discípulos”, precisamos nos perguntar constantemente: como utilizar os meios de comunicação? Que meios usar? O que fazer para tê-los à nossa disposição? Há muito trabalho à nossa espera. Longe de nos deixar levar pela agitação, caindo no risco do “fazer por fazer”, queremos olhar para a frente, confiando na palavra de Cristo: “Eu estarei convosco todos os dias!” (Mt 28,20) A certeza de sua presença nos dá coragem para evangelizar “em águas mais profundas” – isto é, utilizando-nos de meios difíceis como a televisão e a internet, tão imprescindíveis no mundo de hoje.

Quando os problemas se avolumarem, lembremo-nos: “Eu estarei convosco!” Mais: tenhamos sempre presente que a Igreja é dele. Ele a conquistou com seu sangue precioso. Quanto a nós, não passamos de operários, de “servos inúteis”.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

A oração

Orar é colocar-se em íntima união com o Pai, por Cristo, unidos no Espírito Santo. Nossas orações sempre são trinitárias, pois é impossível estarmos unidos com o Pai sem estarmos unidos com o Filho e o Espírito Santo. Impossível estarmos unidos ao Espírito Santo sem estarmos unidos com o Pai e o Filho.


O diálogo da fé, que também conhecemos como oração, nasce sempre de uma necessidade. Importante é termos consciência de que essa necessidade, a qual nos impulsiona à oração, nem sempre terá como objetivo a petição. A necessidade da oração pode brotar por diversos motivos segundo os clamores do nosso coração.

Há momentos em que temos a necessidade de agradecer. A oração que brota da gratidão vem da necessidade de render à Trindade Santa os louvores pelas dádivas alcançadas ou simplesmente pelo reconhecimento da bondade divina presente em nossa vida.

Mendigos suplicantes

Temos, contudo, a necessidade de pedir. Somos mendigos suplicantes. Diante dos limites humanos, o nosso coração tem a necessidade de um auxílio divino. Sozinhos nosso peregrinar torna-se muito difícil, e faz-se necessário a presença de um Auxílio Divino que nos ajude a carregar o pesado fardo de nossas limitações humanas.

Na oração, nossa humanidade encontra-se em um nível íntimo e profundo com a divindade. É um encontro de esperança e paz. Na ternura trinitária, somos acolhidos na situação em que nos encontramos. A única exigência necessária é um coração aberto e sincero. Onde há disponibilidade, o diálogo acontece. Falamos e escutamos; e quando as palavras cessam, o silêncio se torna intimidade e as palavras já não são mais necessárias, porque o coração humano se fez um com o coração divino.

As trevas da incompreensão

Diante do incompreensível da vida, a luz do amor divino ilumina as trevas da incompreensão; então, somos guiados pelo caminho da paz. A ponte entre nossa condição humana e a ternura divina chama-se oração. O que nos liga a Deus é o desejo sincero de, mesmo não sabendo orar, colocarmo-nos diante de Sua presença.

O medo é deixado de lado quando o amor de Cristo nos abraça em nossa finitude. A paz é reconquistada quando o Espírito Santo afasta as tempestades da alma. A segurança espiritual volta ao coração quando o amor de Deus tem livre acesso à nossa alma.

No encontro com a Trindade, encontramo-nos com nosso desejo mais profundo: sermos amados na gratuidade.