segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

O que será novo no ano novo?

Ao longo de nossa caminhada aprendemos a triste lição de ficarmos presos a somente um ponto de vista. Aprendemos a olhar a vida de maneira míope. O ano novo faz nascer novos olhares que em nós se escondem. A luz de um ano novo brilha silenciosamente nos jardins secretos que em nós habitam.


Talvez o poeta consiga enxergar o que muitos desejariam. Ele contempla o silêncio das palavras e nelas descobre a essência das palavras ainda não escritas. Ele dá vida às sementes que silenciosamente dormem nos canteiros da alma. Palavras germinam como as sementes: silenciosamente. No solo em que foram sepultadas, as palavras brotam sob olhares de novas possibilidades.

Cada flor que nasce do silêncio é um olhar totalmente novo diante da vida. Cada esquina da alma revela o que antes nunca tínhamos visto. Caminhar entre os nossos sonhos, nas campinas verdes da esperança, é fazer do cotidiano a mais bela experiência de ser humano.

A mudança no ano novo

Olhar a vida com os olhos da bondade é acreditar que o mundo pode ser diferente se mudarmos o nosso olhar em relação a ele. A mudança não começa no outro, ela nasce em nós primeiro. O mundo quem em nós carregamos só começará a mudar quando mudarmos a nós mesmos. A mudança começa a cada nova manhã que se despede das trevas de uma noite que se tornou passado. Experiências de ressurreição nascem do que foi sepultado nas noites que não mais serão as mesmas.

Nem sempre é fácil mudar o olhar. É preciso que, antes, nasça o desejo em nosso coração. Muitos olham e não enxergam. Muitos enxergam e não conseguem olhar. Olhar é ir além do que vemos. É atravessar pontes e descobrir novos territórios em terras antigas.

A ponte que une é mais bonita que o muro que separa. O sertão que em nós habita pode ser tão bonito quanto o oásis com qual um dia sonhamos. Nos poentes da vida nosso olhar contemplará uma linda manhã que está para chegar.

domingo, 30 de dezembro de 2018

Sagrada Família: Jesus, Maria e José

Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?”. Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas. E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens. (Lc 2,41-52)


Deus resgatou a nossa humanidade no seio de uma família

Hoje, celebramos a Sagrada Família de Nazaré: Jesus, Maria e José. Deus poderia ter escolhido outros caminhos para estar no meio de nós, mas o caminho que salva a humanidade tem um nome, chama-se: família. Deus, na sua própria natureza é família, a família divina; a Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo é uma família, é o Pai que ama o Filho e do amor do Pai e do Filho brota a força e o poder do Espírito que é derramado sobre toda a humanidade. Deus criou à nossa imagem e semelhança para que fôssemos família, por isso viemos de uma família e toda a família é sagrada. Deus quis habitar entre nós, resgatar a nossa humanidade perdida no ventre e no seio de uma família. É preciso acima de tudo e mais do que tudo valorizar, amar, respeitar e cuidar das nossas famílias. Nada mais pode ser sagrado para um pai, para uma mãe e para um filho do que a sua própria família muitas vezes esquecida, deixada de lado ou tratada de qualquer jeito. Não tem na vida responsabilidade maior do que cuidar da família, transformá-la em um lar sagrado, berço da vida, principalmente da vida nascente, mas é “berço de família” no seu sentido mais amplo e profundo que se deve viver, conviver e brincar, muitas vezes até brigar mas se reconciliar, se perdoar, se amar porque é da família que brota os verdadeiros valores que marcarão para sempre a nossa história. É na família que aprendemos ou desaprendemos, é na família que se vive a profundidade do amor. Por isso, hoje, no coração de toda a igreja quando se volta a cada dia, mas de modo especial neste domingo volta-se para cuidar e olhar o valor sagrado de cada família. Não podemos desconsiderar que muitas famílias foram atacadas, dilaceradas, muitas famílias vivem situações difíceis, mas não deixam de ser e ter o seu valor de família. Cuidemos das famílias que estão caminhando bem, mas cuidemos mais ainda das famílias que enfrentam dificuldades, dramas e situações adversas ao amor divino. Essas famílias não podem ser tratadas como famílias marginalizadas, pelo contrário, elas precisam ser cuidadas como famílias mais amadas, porque ali Jesus quer se fazer também presente. Que a graça de Deus hoje dê a cada família o valor de se reconhecer como família, de meditar qual é o seu lugar na sociedade enquanto família e que a bênção do Senhor esteja sobre todas as famílias.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

É Natal

Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque o nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida.


Quando chegou a plenitude dos tempos fixada pelos insondáveis desígnios divinos, o filho de Deus assumiu a natureza do homem para reconciliá-lo com o Criador, de modo que o demônio, autor da morte, fosse vencido pela mesma natureza que antes vencera.

Eis por que, no nascimento do Senhor, os anjos cantam jubilosos: Glória a Deus nas alturas; e anunciam: Paz na Terra aos homens de boa vontade (Lucas 2,14). Eles veem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo. Diante dessa obra inexprimível do amor divino, como não devem alegrar-se os homens, em sua pequenez, quando os anjos, em sua grandeza, assim rejubilam?

Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou, compadeceu-se de nós. “E quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, Ele nos deu a vida com Cristo” (Efésios 2,5) para que fôssemos n’Ele uma nova criação, uma nova obra de suas mãos.

Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne.

Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Recorda-te que foste arrancado do poder das trevas e levado para a luz e o Reino de Deus.

"Pelo sacramento do Batismo te tornaste templo do Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue de Cristo (São Leão Magno, papa, Sermo in Nativitate Domini, 1-3)."

Na grande alegria do Natal do Senhor, compartilhemos a festa e seus frutos! Natal feliz é Natal com Cristo! Tenha um santo e feliz Natal!

domingo, 23 de dezembro de 2018

4º Domingo do Advento

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. (Lc 1,39-45)


Maria nos traz o verdadeiro presente que nossa casa está precisando

Maria foi ao encontro de Isabel para socorrer, para se fazer presente, para ser solícita à sua parenta que estava grávida. Maria, também grávida, era portadora da graça de Deus. Por isso, quando Isabel a avistou, exclamou: “Bendita es tu Maria! Bendito é o fruto que o seu ventre está gerando!”. Hoje, queremos exclamar quão bendita é a Virgem Maria, porque o que nela se realizou é a bênção que salva toda a humanidade. O bendito fruto que dela nasce é o nosso Salvador, o nosso Deus que veio nos visitar, nos socorrer e estar no meio de nós. Quando Isabel exclama que Maria é bendita, é porque reconhece que ela é o terreno abençoado, é o solo sagrado, a nova Israel, o novo paraíso, o lugar da morada de Deus no meio de nós. No paraíso, Adão reconhecia os passos de Deus; agora, os passos do Senhor, no meio de nós, acontecem num solo sagrado, o solo da Bem-aventurada sempre Virgem Maria, o lugar da presença de Deus, o Oásis de onde emana a salvação para toda a Terra, por isso ela é bendita.Bendito é Aquele que nasce de Maria, Aquele que vem por meio dela ao nosso encontro. Diz Isabel: “Quem sou para ter a honra de receber a Mãe do meu Salvador, a mãe do meu Senhor?”. Quem somos nós para termos a honra da visita, da presença da Mãe do Salvador no meio de nós? Como podemos celebrar o Natal de Cristo, o nascimento de Jesus sem a presença da Virgem Maria em nossa casa e em nosso coração? Eu fico olhando para nossa casa, para as lojas com imagens enormes de Papai Noel, de figuras exóticas, mas nenhuma dessas figuras nos salvam nem nos trazem o Salvador. Elas nos trazem presentes, mas são presentes materiais, que não nos salvam, que nos tornam consumistas e materialistas. Precisamos ter, em nossa casa, a presença da Mãe do Salvador, porque ela nos traz o verdadeiro presente, ela nos traz a verdadeira graça, ela nos traz o Salvador que nossa casa e família precisam. Não tiremos da nossa vida, jamais, a Virgem Mãe de Deus. Pelo contrário, estejamos muito mais próximos dela, com muito mais amor, pois ela é bendita e nos traz o bendito Salvador para abençoar nossa casa, nossa família e nosso lar. Deixemos que a Virgem Maria traga o verdadeiro presente que nossa casa e família estão precisando.

sábado, 22 de dezembro de 2018

Viva a celebração do Natal com alegria e em família

No Natal, festejamos o nascimento de Jesus Cristo, o dom que o Pai nos faz. Quanto bem, Deus Pai, faz para seus filhos e suas filhas! Tudo, e o melhor de tudo, Ele dá a nós, como se nada reservasse para si mesmo. Deus abre o seu coração, seu tesouro e seu segredo. Deus se aproxima de nós, de cada um de nós para nos amar, cuidar de nós, dar-se a nós e nos salvar. Mais: Ele oferece a Sua própria vida para ser nossa vida. Fomos criados para viver vida divina. Pelo próprio Deus, fomos feitos para abrigar em nosso viver o Filho, que no Natal nasce. Ele é a nossa vida, é a festa que o Céu nos dá. O que cabe a nós? A nós cabe abraçar essa vida e vivê-la. Cabe a nós deixar o Filho, que nos é dado, viver em nós, para nós e por nós.


O Natal é o acontecimento central de nossa história, pois o Verbo de Deus assume a carne humana. Agradeçamos, pois, ao Altíssimo pelo dom do seu Filho, “nascido por nós à beira do caminho e deitado numa manjedoura”. Nele, nós somos chamados a ser filhos, abençoados com toda a bênção, escolhidos para sermos santos. Alegremo-nos e exultemos, bendigamos ao Pai que tanto amou a humanidade a ponto de, na plenitude dos tempos, enviar-lhe o próprio Filho que, “no seio da santa e gloriosa Virgem Maria, recebeu carne da nossa humanidade e fragilidade”.

Viva a noite de Natal

No Natal, a noite fica clara como o dia. Nessa noite, somos chamados a cantar a simplicidade, louvar a pobreza e recomendar a humildade, e a celebrar a gratuidade divina, manifestada no Primogênito de todas as criaturas. Compreendemos que tudo vem de Deus e tudo a Ele deve retornar. Deus vem a nós para nos libertar de toda forma de escravidão, sem nada exigir, sem impor condições. Tudo fez por amor, para restaurar em nós a identidade original de filhos e filhas de Deus. Assim, livres, expropriados e interiormente pacificados, já não vemos a criação como objeto de conquista para saciar nossa ambição de poder, prazer, aparecer e ter. Seremos novamente capazes de vê-la como manifestação da gratuidade de Deus. Aqui começa a civilização do amor, vivida como fraternidade universal. E qual será nossa resposta? Nossa resposta é dar o que somos e o que recebemos como dom: misericórdia, amor, alegria e paz.

A encarnação de Jesus Cristo não só torna possível a plena comunhão com o Pai, mas também nos envolve na missão confiada ao Filho. Quem foi atingido pela beleza do amor encarnado, essas pessoa não pode viver sem o difundir. Não existe mais vocação sem missão. Somos chamados a ficar com Jesus para com Ele construir a civilização do amor, a fraternidade universal, para encher a Terra com o Evangelho de Cristo. O convite é abraçar e acolher, com todo o nosso ser, a Palavra, e fazer da missão a razão de ser de nosso existir: sejamos para os outros o que Jesus Cristo veio ser para nós.

A tarefa de nós cristãos não consiste em acumular riquezas para resolver os problemas das pessoas. Nossa tarefa consiste, sobretudo, em estar com as pessoas, e estar ali com simplicidade e humildade. Nossa missão não consiste tanto em falar de Jesus ou em transmitir alguma doutrina menos ou mais inspirada, mas testemunhar a própria vida de Jesus, refletida como num espelho e tornada sensível em nossa vida. Feliz nascimento de Cristo na sua vida e na sua família!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O motivo que nos faz celebrar o Natal

“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Isaías 9,1). Esse fato narrado pela Palavra de Deus aconteceu há mais de dois mil anos, no entanto, atualiza-se todos os dias. É Ele o motivo que nos faz celebrar o Natal, pois uma Luz brilhou em meio às trevas!


Há um clima diferente no ar, votos de felicidade, mãos estendidas, confraternizações e brilhos estão por todos os lados! Nas ruas, casas e lojas, por onde quer que andemos, as luzes piscam entre cores e formas, convidando-nos à celebração. Elas iluminam e encantam, trazem um colorido especial às realidades que, durante o ano, foram se tornando comuns e opacas pela rotina do dia a dia. As roupas e os adereços também ganham destaque nesta época; afinal, a moda no Natal é brilhar!

O que celebramos no Natal?

Somos envolvidos pela correria do comércio. Os presentes, as viagens e tantas outras realidades próprias do fim de ano fazem-nos viver um tempo diferente. Mas será que estamos mesmo celebrando o Natal? Ou seja, será que estamos celebrando o nascimento de Jesus, o Deus que se fez Menino, nascido da Virgem Maria, que veio habitar em meio a nós?

Ele é a verdadeira Luz que brilhou para o povo que andava nas trevas. Ele veio para nos salvar e fazer de nós participantes da Sua vida divina. Trouxe-nos a grande e esperada libertação; por isso celebramos Seu nascimento! Mas será que em nossos dias, tão agitados e interativos, temos tido tempo para tomarmos consciência dessa verdade?

Penso que, celebrar o Natal sem nos deixar envolver pela ternura do amor de Deus, expresso no nascimento de Cristo, é como participar de uma festa sem conhecer os anfitriões e nem o motivo da comemoração. Você está presente, come, bebe, admira a decoração, observa os convidados, mas não tem porque se alegrar, vive tudo de maneira superficial, indiferente. E tenho certeza que não é isso que Deus espera de nós justo na festa do Seu nascimento.

Lugar que Deus escolheu para nascer

Precisamos recordar com urgência o motivo da celebração do Natal, e nos prepararmos com dignidade para esta festa, sem nos deixarmos levar pelo clima externo do consumismo.

Mesmo que isso seja um grande desafio em nossos dias, é preciso fazermos nossa parte como cristãos! Aquela Luz que brilhou na Terra, há mais dois mil anos, é Jesus, a mesma Luz que deseja, hoje, iluminar nossa vida, dissipando toda espécie de trevas que o pecado nos incutiu.

Lembremo-nos de que, nosso coração é o lugar que Deus escolheu para nascer, pois somos únicos diante d’Ele. No entanto, como Pai amoroso que é, o Senhor continua a respeitar nossa liberdade e espera darmos o primeiro passo na direção certa, para que Sua luz entre em nossa vida.

É preciso abrir o coração para Cristo iluminar

Sem abertura de coração, a luz de Cristo não pode iluminar nossa vida! Ou seja: sem nos decidirmos a amar, perdoar, a sermos justos e dedicados, bondosos, alegres e pacíficos, não há como celebrarmos o nascimento de Deus em nós. Sendo assim, o Natal passa a ser mais uma festa sem sentido. Não basta presépios, Missa do Galo, troca de presentes e ceias fartas para o Natal acontecer, é preciso tomar a decisão de uma vida nova, pautada nos ensinamentos de Cristo, que nos conduzem às atitudes concretas e coerentes, à vivência da fé durante todos os dias do ano.

“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Isaías 9,1). Ainda hoje existem muitos que caminham nas trevas do pecado, e Jesus deseja iluminá-los por meio de nós. Tenhamos a coragem de testemunhar o amor de Deus, a partir dos pequenos acontecimentos e das escolhas do nosso dia a dia. É esse o tempo favorável para uma vida nova! A luz brilhou em meio às trevas, veio reacender a esperança e nos dar a certeza de que, já não estamos sozinhos. Deus está conosco, Ele é o Emanuel! Sua luz nos contagia e aquece, por isso, abramos nossos corações e tenhamos a coragem de sermos faróis no mundo, levando, com a nossa vida, a luz que é Cristo, aos corações sedentos de amor e paz. Assim, celebraremos o Natal, a festa verdadeira da Luz!

domingo, 16 de dezembro de 2018

3º Domingo do Advento

Naquele tempo, as multidões perguntavam a João: “Que devemos fazer?”. João respondia: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!”. Foram também para o batismo cobradores de impostos, e perguntaram a João: “Mestre, que devemos fazer?”. João respondeu: “Não cobreis mais do que foi estabelecido”. Havia também soldados que perguntavam: “E nós, que devemos fazer?”. João respondia: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!”. O povo estava na expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele virá com a pá na mão: vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”. E ainda de muitos outros modos, João anunciava ao povo a Boa-Nova. (Lc 3,10-18)


Superamos a injustiça indo ao encontro do próximo

A pergunta que as pessoas que acorriam a João Batista realizavam é também o questionamento que devemos fazer diante da Palavra de Deus que nos é apresentada: “O que devemos fazer?”. Que precisamos nos converter é um fato, penso que nenhuma pessoa sensata tenha dúvida disso. O que devemos fazer para que a conversão aconteça em nós? João está apontando o caminho de superar toda e qualquer injustiça, porque João respondia a todos que iam até ele: “Não tomai dinheiro a força de ninguém. Não façais falsas acusações. Sejam contentes com os vossos salários. Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem. Quem tiver comida, dê para quem não tem”. Nossa atitude deve ser, primeiro, reparar as injustiças que, muitas vezes, cometemos dentro de nossas casas, em nossas famílias. Somos injustos quando falamos mal uns dos outros, quando não temos paciência um com o outro. Somos injustos quando não damos atenção que o outro merece de nós. Somos injustos quando deixamos os nossos sentimentos se basearem mais nos ressentimentos do que no sentimento do amor. Somos injustos quando não nos preocupamos com quem passa as diversas dificuldades da vida: os doentes, os enfermos, os pobres, os famintos, aqueles que estão desamparados pela vida. Não podemos ficar cuidando da nossa vidinha, das nossas coisas, das nossas contas e despesas. Superar a injustiça é sairmos de nós para irmos ao encontro do outro. Superar injustiça é não se fechar no nosso mundo, mas nos abrirmos para os horizontes da realização humana mais plena que é a convivência de uns com os outros. O Evangelho de hoje é um convite para nos abrirmos para Jesus. João estava batizando com água, mas ele mesmo disse: “Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu batizo com água, eu não sou digno nem de desamarrar as correias de suas sandálias, porque Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”. Quando Jesus nos batiza no Seu Espírito e o fogo d’Ele acende em nós, somos impelidos para a caridade. Muito cuidado para não achar que o fogo do Espírito é somente para orarmos em línguas ou para profetizarmos. O fogo do Espírito arde em nós como ardeu no coração de João, e ele estava ali reparando as injustiças humanas. Quando o espírito arde em nós, tornamo-nos justos, queremos que a justiça aconteça e estamos buscando viver a verdade, por mais incômoda que seja. Permitamos que esse Espírito, que esse fogo abrasador que vem do Alto nos impila, leve-nos adiante para cuidarmos uns dos outros.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Santa Luzia, protetora dos olhos

O nome de Santa Luzia deriva do latim e significa: Portadora da luz. Ela é invocada pelos fiéis como a protetora dos olhos, que são a “janela da alma”, canal de luz.


Ela nasceu em Siracusa (Itália) no fim do śeculo III. Conta-se que pertencia a uma família italiana e rica, que lhe deu ótima formação cristã, a ponto de ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe, chamada Eutícia, a queria casada com um jovem de distinta família, porém, pagão.

Ao pedir um tempo para o discernimento e tendo a mãe gravemente enferma, Santa Luzia inspiradamente propôs à mãe que fossem em romaria ao túmulo da mártir Santa Águeda, em Catânia, e que a cura da grave doença seria a confirmação do “não” para o casamento. Milagrosamente, foi o que ocorreu logo com a chegada das romeiras e, assim, Santa Luzia voltou para Siracusa com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto aos sofrimentos pelos quais passaria, assim como Santa Águeda.

Santa Luzia vendeu tudo, deu aos pobres, e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa. Não querendo oferecer sacrifício aos falsos deuses nem quebrar o seu santo voto, ela teve que enfrentar as autoridades perseguidoras. Quis o prefeito da cidade, Pascásio, levar à desonra a virgem cristã, mas não houve força humana que a pudesse arrastar. Firme como um monte de granito, várias juntas de bois não foram capazes de a levar (Santa Luzia é muitas vezes representada com os sobreditos bois). As chamas do fogo também se mostravam impotentes diante dela, até que por fim a espada acabou com vida tão preciosa. A decapitação de Santa Luzia se deu no ano de 303.

Conta-se que antes de sua morte teriam arrancado os seus olhos, fato ou não, Santa Luzia é reconhecida pela vida que levou Jesus – Luz do Mundo – até as últimas consequências, pois assim testemunhou diante dos acusadores: “Adoro a um só Deus verdadeiro, e a Ele prometi amor e fidelidade”.

domingo, 9 de dezembro de 2018

2º Domingo do Advento

No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes administrava a Galileia, seu irmão Filipe, as regiões da Ituréia e Traconítide, e Lisânias a Abilene; quando Anás e Caifás eram sumos sacerdotes, foi então que a palavra de Deus foi dirigida a João, o filho de Zacarias, no deserto. E ele percorreu toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados, como está escrito no Livro das palavras do profeta Isaías: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados. E todas as pessoas verão a salvação de Deus’”. (Lc 3,1-6)


João Batista nos indica o caminho do Céu

Que graça sublime, neste segundo domingo do Advento, colocarmos em destaque o papel de João Batista. Maria foi toda de Deus, mas João também foi todo d’Ele desde o ventre de sua mãe, quando lá foi santificado. João nasceu com uma missão divina, nasceu para ser profeta do Deus Altíssimo e veio para preparar e aplainar os caminhos por onde o Senhor deveria passar. João é para nós uma seta que nos indica o caminho do Céu. Como ele mesmo vai nos dizer, ele não é o caminho, mas nos aponta Jesus, que é o caminho. Ele não é a salvação, mas nos aponta Jesus como nosso Salvador. O modo de João fazer esse percurso e nos mostrar por onde devemos andar é por aquilo que ele fez pregando um batismo de conversão. É convertendo o coração, é nos arrependendo de nossas faltas, buscando o perdão de Deus que encontramos a salvação. Vemos a salvação de Deus entre nós quando nos arrependemos, sinceramente, dos nossos pecados. O caminho que João traça para a nossa vida, neste tempo de graça que chamamos de Advento, é pararmos para tomar consciência de que todos nós somos pecadores. Essa consciência do todo precisa ser trazida para o nosso individual, para o nosso singular, porque o que precisamos é, de forma pessoal e não coletiva, simplesmente nos arrependermos dos nossos próprios pecados, deixar que aquilo que o batismo fez em nós, quando éramos crianças, nos removendo da consequência do pecado original, que o nosso batismo seja atualizado sempre, seja vivo sempre, que entremos pelas águas do rio Jordão, para que Deus nos lave, purifique-nos e renove para termos a graça de recebermos Jesus, o nosso divino Salvador.

sábado, 8 de dezembro de 2018

Nossa Senhora da Imaculada Conceição

Esta verdade, reconhecida pela Igreja de Cristo, é muito antiga. Muitos padres e doutores da Igreja oriental, ao exaltarem a grandeza de Maria, Mãe de Deus, usavam expressões como: cheia de graça, lírio da inocência, mais pura que os anjos.


A Igreja ocidental, que sempre muito amou a Santíssima Virgem, tinha uma certa dificuldade para a aceitação do mistério da Imaculada Conceição. Em 1304, o Papa Bento XI reuniu na Universidade de Paris uma assembleia dos doutores mais eminentes em Teologia, para terminar as questões de escola sobre a Imaculada Conceição da Virgem. Foi o franciscano João Duns Escoto quem solucionou a dificuldade ao mostrar que era sumamente conveniente que Deus preservasse Maria do pecado original, pois a Santíssima Virgem era destinada a ser mãe do seu Filho. Isso é possível para a Onipotência de Deus, portanto, o Senhor, de fato, a preservou, antecipando-lhe os frutos da redenção de Cristo.

Rapidamente a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, no seio de sua mãe Sant’Ana, foi introduzido no calendário romano. A própria Virgem Maria apareceu em 1830 a Santa Catarina Labouré pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.

No dia 8 de dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Deus do Papa Pio IX, a Igreja oficialmente reconheceu e declarou solenemente como dogma: “Maria isenta do pecado original”.

A própria Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo para Santa Bernadette e para todos nós: “Eu Sou a Imaculada Conceição”. Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Viva o Advento como um tempo de espera e esperança

“Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento abaixo do céu: tempo de amar, tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz.” O Advento é o tempo da esperança por criar em nós uma grande expectativa: esperar Jesus que virá. Este é o grande sinal do primeiro tempo do Ano Litúrgico, o tempo da esperança, do cumprimento da promessa e da paz.


O momento que antecede o Natal deverá ser para nós, cristãos, um tempo de preparação para vivermos a alegria prometida. A expectativa de relembrar um fato histórico, que se atualiza a cada dezembro, tornando-se uma motivação para uma tomada de decisão: viver o tempo do Advento como oportunidade para nos arrependermos dos nossos pecados e promover, por meio das nossas atitudes, sinais que caracterizam o tempo de amar, de ser fraterno e viver a cultura da paz.

O que é o tempo do Advento?

O tempo do Advento é característico do Ocidente, que poderá ser compreendido como a vinda de Jesus entre os homens e a vinda do fim dos tempos: Jesus que vem para ser início, meio e fim. Daí, o Advento ser caracterizado como tempo de espera e de esperança. É essa mística cristã do princípio e do fim que nos faz mergulhar profundamente na liturgia. Como uma noiva se enfeita e se prepara para chegada do noivo, do amado, também nós somos convocados, neste tempo, a fazer o mesmo.

O que seria então essa preparação?

O reconhecimento dos enfeites que faltaram durante o ano que passou. O enfeite do perdão, do discernimento, da alegria, da humildade, da reconciliação e do trabalho incansável pelos pequeninos; o tempo da leitura bíblica, do pagamento do dízimo e tantos outros enfeites que nos aproximam do tempo do Advento de forma consciente da opção que fizemos por Jesus Cristo.

A Igreja, em sua santa sabedoria, reserva-nos uma oportunidade de conversão por meio do tempo do Advento. As quatro semanas que nos separam do Natal é o tempo da renovação do compromisso de aceitar, de forma definitiva, o Salvador Jesus que vem, celebrando o Seu Natal.

Desde os séculos IV e VII, o Advento é vivido em vários lugares do mundo. Era um tempo entendido com tanta seriedade, que no final do século IV, na Gália – França e na Espanha, durava seis semanas com a tradição do jejum, oração e abstinência. Essa preparação se estendia até a Festa da Epifania. Já no fim do século VII, em Roma, o seu significado foi ampliado, a fim de que os fiéis recordassem a segunda vinda do Senhor, constituindo assim “um caráter missionário manifestado na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo”.

Deus é fiel as Suas promessas: o Salvador virá. Daí, a alegre expectativa que deve ser lembrada e vivida, pois o que se espera acontecerá, com certeza, atualizada. Como Igreja que espera clamamos: “Maranatha, vem Senhor Jesus!”.

Renove as esperanças

O tempo do Advento é tempo de esperança e renovação de todas as coisas, pela consciência do que nos falta: libertação das nossas misérias e fraquezas. É tempo para reconhecer o quanto já somos de Deus e não voltarmos ao vômito ou à condição de eterna ovelha desviada.

Felizes, porque, em meio a tantas tribulações, escolhemos Deus como Salvador. A coroa do Advento, só a compreendem quem tem acesso à Liturgia da Igreja.

Você, caro leitor, é convidado a se deixar seduzir por esse tempo, a acender, a cada semana, a coroa do Advento com suas cores interagindo de forma concreta com esse momento litúrgico. Vamos juntos, vigilantes, cheios de esperança, com a casa enfeitada e o coração redimido, esperar o Senhor que virá. Assim, viveremos as riquezas próprias da nossa igreja, entendendo o significado deste tempo e dos seus símbolos: a coroa do Advento. Símbolo que, silenciosamente, expressa a esperança e nos convida à alegre vigilância. Além das quatro velas, as quais, com suas cores e luzes, simbolizam a luz que nos leva à salvação em Cristo. Vamos celebrar o Natal, felizes pelo tempo que nos levou até essa data.

domingo, 2 de dezembro de 2018

1º Domingo do Advento

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas. Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem”. (Lc 21,25-28.34-36)


Preparemos o nosso coração para a vinda do Senhor

Esse primeiro domingo do Advento traz aquilo que a Palavra de Deus nos fala sobre os acontecimentos finais da história da humanidade, abalos em toda a estrutura do universo, onde toda a Terra será abalada com tantas situações catastróficas. Quando ouvimos falar de todas essas coisas, muitas vezes, o medo, o pavor, o receio e a angustia tomam conta do nosso coração. Mas, deve ser o contrário, diante da advertência de tantas coisas trágicas que podem acontecer e estão acontecendo no mundo onde estamos. A nossa cabeça tem de estar erguida, confiante n’Aquele que é o Senhor da nossa vida. Os sinais de abalos que acontecem no mundo, prefiguram uma proximidade da vinda do Senhor. Isso não quer dizer que o Senhor está vindo amanhã, depois de amanhã, mas que, no breve de Deus, Jesus retornará com poder e glória para salvar e resgatar os seus. A nossa fé cristã, sobretudo, no tempo do Advento, prepara o nosso coração para ter sempre a feliz expectativa da vinda do Senhor. O Senhor, que já veio na Sua primeira vinda, por isso que celebramos o Natal, o Senhor que vem ao nosso encontro pelos sacramentos, pela vivência da caridade, pelo amor fraterno; e o Senhor que virá na sua vinda gloriosa e definitiva. Essa expectativa não pode sair da nossa alma e do nosso coração e não pode se transformar numa ansiedade doentia, onde começamos a fantasiar ou criar predisposições que não são verdadeiras. E, é aí que começa aqueles cálculos, as interpretações de textos bíblicos, de acontecimentos, de profecias, essas preocupações não devem tomar conta do nosso coração. A nossa espera pela vinda do Senhor é uma espera sóbria; é uma espera tranquila e confiante que nos coloca em estado de santidade. Como é que aguardamos a vinda do Senhor? Ficando atentos e orando a todo instante. É a oração que nos mantêm de pé diante do Senhor que veio, que está entre nós e do Senhor que virá. É a oração que nos mantêm no espírito vigilante para não nos perdermos na insensatez da vida, para não nos perdermos na embriaguez, no excesso do comer e com as coisas desse mundo. É a oração que nos mantêm na vigilância constante, para combater o mal e o pecado. É na oração que somos abastecidos e temos forças para ficar de pé diante daquele que virá e diante das circunstâncias trágicas que todos nós enfrentamos na vida. “Vem, Senhor Jesus. Maranathá”, é o grito do nosso coração, é o clamor da nossa alma na feliz expectativa do Senhor que vem. Nós O aguardamos com o coração vigilante, orante, esperando que Ele venha ao nosso coração.

sábado, 1 de dezembro de 2018

O que é o advento?

Começamos novo Ano Litúrgico e um novo ciclo da liturgia com o Advento, tempo de preparação para o nascimento de Jesus Cristo no Natal. É hora de renovação das esperanças, com a advertência do próprio Cristo, quando diz: “Vigiai!”, para não sermos surpreendidos.


Realização e confirmação da Aliança de Deus

A chegada do Natal, preparado pelo ciclo do Advento, é a realização e confirmação da Aliança anunciada no passado pelos profetas. É a Aliança do amor realizada plenamente em Jesus Cristo e na vida de todos aqueles que praticam a justiça e confiam na Palavra de Deus.

Estamos em tempo de educação de nossa fé, quando Deus se apresenta como oleiro, que trabalha o barro, dando a ele formas diversas. Nós somos como argila, que deve ser transformada conforme a vontade do oleiro. É a ação de Deus em nossa vida, transformando-a de Seu jeito.

Neste caminho de mudanças, Deus nos deu diversos dons conforme as possibilidades de cada um. E somos conduzidos pelas exigências da Palavra de Deus. É uma trajetória que passa pela fidelidade ao Todo-poderoso e ao próximo, porque ninguém ama a Deus não amando também o seu irmão.

Convocação para vigilância

O Advento é convocação para a vigilância. A vida pode ser cheia de surpresas e a morte chegar quando não esperamos. Por isso é muito importante estar diuturnamente acordado e preparado, conseguindo distanciar-se das propostas de um mundo totalmente afastado de Deus.

Outro fato é não desanimar diante dos tipos de dificuldades e de motivações que aparecem diante nós. Estamos numa cultura de disputa por poder, de ocupar os primeiros lugares sem ser vigilantes na prestação de serviço. Quem serve, disse Jesus, é “servo vigilante”.

Confiar significa ter a sensação de não estar abandonado por Deus. Com isso, no Advento vamos sendo moldados para acolher Jesus no Natal como verdadeiro Deus. Aquele que nos convoca a abandonar o egoísmo e seguir Jesus Cristo.

Preparar-se para o Natal já é ter a sensação das festas de fim de ano. Não sejamos enganados pelas propostas atraentes do consumismo. O foco principal é Jesus Cristo como ação divina em todo o mundo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

A Imaculada Conceição

No ponto central da história da salvação se dá um acontecimento ímpar em que entra em cena a figura de uma Mulher. Portanto, devia ser também por meio da mulher que a salvação chegasse à terra.


"Na plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho ao mundo nascido de uma mulher" (Gl 4,4).

Maria foi concebida no seio de sua mãe, Santa Ana, sem o pecado original. Como disse o cardeal Suenens: "A santidade do Filho é causa da santificação antecipada da Mãe, como o sol ilumina o céu antes de ele mesmo aparecer no horizonte".

O Senhor antecipou para Maria, a "bendita entre todas as mulheres", a graça da Redenção, que seu Filho conquistaria com Sua Paixão e Morte. A Imaculada Conceição de Nossa Senhora foi o primeiro fruto da Redenção de Jesus.

Em 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX declarava “Dogma de Fé” a doutrina que ensina ter sido a Mãe de Deus concebida sem mancha por um especial privilégio divino.

Na Bula "Ineffabilis Deus", o Sumo Pontífice afirma:

"Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual, por uma graça e um especial privilégio de Deus Todo Poderoso e em virtude dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original no primeiro instante de sua conceição, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser crida firmemente e constantemente por todos os fiéis".

A definição do Dogma da Imaculada Conceição foi cercada de fatos muito significativos. Já existia a devoção dos fiéis a esse privilégio de Maria, afirmado na S. Liturgia em obras teológicas, quando aos 17/11/1830 uma Irmã de Caridade de Paris, Catarina Labouré, que foi canonizada em 27 de julho de 1947 pelo Papa Pio XII, em oração viu Nossa Senhora. Ela declara: "Os seus pés repousavam sobre o globo terrestre; de suas mãos voltadas para a terra jorravam feixes de luz. Formou-se em torno da Virgem uma moldura oval, sobre a qual se liam em letras de ouro estas palavras: ‘Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós’".

A Religiosa recebeu também a ordem de mandar cunhar uma medalha de acordo com tal modelo. Informado da ocorrência, o arcebispo de Paris, Monsenhor de Quélen, permitiu a cunhagem da medalha, que se propagou rapidamente e ficou conhecida como a “medalha milagrosa”. Tais fatos só fizeram aumentar no espírito dos cristãos a devoção à Imaculada e o desejo de que se definisse o dogma respectivo. Numerosos e insistentes pedidos foram encaminhados à Santa Sé nesse sentido.

Pio IX mandou estudar o assunto por parte de bispos e teólogos e resolveu, finalmente, proceder à definição aos 08/12/1854 na basílica de São Pedro em presença de mais de duzentos bispos e uma enorme multidão de fiéis. E menos de quatro anos após a definição do Dogma da Imaculada, deu-se um acontecimento, que contribuiu extraordinariamente para confirmar a palavra do Papa: as dezoito aparições de Lourdes, de 11/02 a 16/07 de 1858. Sendo que a 25/03 a Bem-aventurada Virgem declarou expressamente ser a Imaculada Conceição. Era como o eco da aparição a Santa Catarina Labouré e uma resposta à declaração do Papa em 1854.

O Catecismo da Igreja Católica afirma:

"Na descendência de Eva, Deus escolheu a Virgem Maria para ser a Mãe de Seu Filho. 'Cheia de graça', ela é o fruto mais excelente da Redenção desde o primeiro instante de sua concepção; foi totalmente preservada da mancha do pecado original e permaneceu pura de todo pecado pessoal ao longo de sua vida" (§ 508).

O dogma da Imaculada Conceição de Maria é um marco fundamental da fé porque, entre outras coisas, define claramente a realidade do pecado original, o qual, às vezes, é contestado por alguns teólogos modernos, em discordância com o Magistério da Igreja.

Artigo produzido a partir de conteúdos do site www.cleofas.com - Canção Nova / Paróquia de Sant'Ana Bom Jardim - Pernambuco

domingo, 25 de novembro de 2018

Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo

Naquele tempo, Pilatos chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o rei dos judeus?”. Jesus respondeu: “Estás dizendo isto por ti mesmo ou outros te disseram isto de mim?”. Pilatos falou: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”. Jesus respondeu: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. Pilatos disse a Jesus: “Então tu és rei?”. Jesus respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. (Jo 18,33b-37)


Submetamos a nossa vida ao reinado de Cristo

Encerrando o Ano Litúrgico, celebramos a Solenidade de Cristo, Rei do Universo. Quando nos referimos ao reinado de Cristo, precisamos tirar da cabeça aquilo que compreendemos como os reinos desse mundo, até porque, os reinos desse mundo são temporais, materiais, políticos, ideológicos, são reinos que correspondem à humanidade passível, que logo passa.
Estamos nos referindo ao Reino eterno de Cristo, ao Reino que o Pai concedeu a Ele sobre todo o Universo. Onde Cristo Reina? Onde está o Reino de Cristo? Onde acontece o reinado de Jesus no meio de nós?
O reinado de Jesus acontece naquilo que Ele mesmo está dizendo, Ele não nega, Ele está pregado na Cruz e estão acusando Ele, estão fazendo sarcasmo dizendo: “Tu és Rei”. Ele não nega: “Eu Sou Rei, mas o Meu Reino não é deste mundo”. Quando Ele diz que o seu Reino não é deste mundo, Ele está se referindo ao mundão que não se rendeu a Deus, ao mundo que não O aceitou como Rei e Senhor. O Reino de Jesus é de todos aqueles que ouvem a sua voz, de todos aqueles que amam a verdade divina, a verdade de Deus e se rendem a essa verdade.
O Reino de Cristo não é um reino de mentiras, de fantasias e nem de hipocrisias. O Reino de Cristo é o reino da verdade, daqueles que se submetem à verdade de Deus, à verdade que nos liberta do pecado, do erro, da mentira, da maldade; aquela verdade que nos liberta das trevas e do príncipe deste mundo que é o maligno que, com suas seduções, maldades e enganos, seduz a tantos. Renunciemos ao reinado dele para nos submetermos ao reinado de Cristo. A primeira coisa para pertencermos ao Reino de Deus é aceitar a verdade, isto é, largar a mentira, assumir Jesus como o nosso único Senhor e Salvador, permitir que Ele reine nos nossos corações, na mente, na vontade de cada um de nós, permitir que Ele governe nossos pensamentos, nossos sentimentos e nossas intenções.
“Senhor, somente a Ti quero render o meu coração, a minha alma e tudo aquilo que sou. Ao Teu reinado quero submeter a minha vida. Reina no meio de nós, reina em nossas casas, em nossas famílias, na sociedade em que estamos.”
Não quero ser utópico, preciso ser real. O Reino de Cristo acontece no meio de nós, somente nos corações que se rendem a Ele, somente nas mentes que se rendem a Ele. Até nós que, muitas vezes, estamos na Igreja, não permitimos que Cristo reine entre nós. Ele é Rei e Senhor daqueles que proclamam o Seu Senhorio e rendem a sua vida aos cuidados de Jesus.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Cerco de Jericó: O que é?

Tudo começou na Polônia, quando para obter uma vitória certa, alguns piedosos poloneses organizaram em seu país aquilo a que chamaram de Cerco de Jericó.


O Santo Padre devia ir à Polônia a 8 de maio de 1979, para o 91º aniversário do martírio de santo Estanislau, Bispo de Cracóvia. Em fins de novembro de 1978, 7 semanas depois do Conclave que havia eleito João Paulo II, a Santíssima Virgem deu uma mensagem onde dizia: “Para a preparação da primeira peregrinação do Papa à sua Pátria, deve-se organizar na primeira semana de maio, em Jasna Gora, um Congresso de Rosário: 7 dias e 6 noites de rosários consecutivos, diante do Santíssimo Sacramento exposto”.

O Cerco de Jericó consiste num incessante “assalto” de rosários, durante 7 dias e 6 noites, rezados diante do SANTÍSSIMO SACRAMENTO exposto.

Por que o Cerco de Jericó?

No Antigo Testamento, depois da morte de Moisés, Deus escolheu Josué para conduzir o povo hebreu. Deus disse a Josué que atravessasse o rio Jordão com todo o povo e tomasse posse da Terra Prometida. Ora, a cidade de Jericó era uma fortaleza inexpugnável. Ao chegar junto às muralhas de Jericó, Josué ergueu os olhos e viu um anjo, com uma espada na mão, que lhe deu ordens concretas e detalhadas. Josué e todo Israel executaram fielmente as ordens recebidas: durante 6 dias, os valentes guerreiros de Israel deram uma volta em torno da cidade. No 7º dia deram 7 voltas. Durante a 7ª volta, ao som da trombeta, todo o povo levantou um grande clamor e, pelo poder de Deus as muralhas de Jericó caíram (…). Hoje, em várias partes do mundo estão sendo realizados Cercos de Jericó. É Nossa Senhora quem ensina que se organizem os rosários permanentes e os Cercos de Jericó, se queremos ter a certeza da Vitória!

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

A Igreja vive da Eucaristia

No Evangelho (Jo 6,24-35), depois do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus se apresenta como o “Pão da Vida”. Entusiasmado com o milagre, o povo procura por Ele. Vê-se que o povo não entendeu o sentido daquele gesto. Quando viram que não conseguiam encontrar Cristo nem os Seus discípulos, subiram às barcas e foram a Cafarnaum.


Quando o encontraram novamente, Jesus lhes disse: “Em verdade, em verdade, Eu vos digo: estais Me procurando, não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos” (Jo 6,26). Comenta Santo Agostinho: “Buscais-me por motivos da carne, não do espírito. Quantos há que procuram Jesus, guiados unicamente pelos seus interesses materiais! Só se pode procurar Jesus por Jesus”.

Com uma valentia admirável, com um amor sem limites, Jesus expõe o dom inefável da Sagrada Eucaristia, dada a nós como alimento. Pouco importa se, ao terminar a revelação, muitos dos que O seguiram com fervor acabem O abandonando. O Senhor não recua: “‘Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará’. Mas eles perguntaram: ‘Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?’ Jesus respondeu-lhes: ‘A obra de Deus é que acrediteis naquele que Ele enviou’” (Jo 6,27-29).

Apesar de muitos presentes terem visto o prodígio do dia anterior, disseram-Lhe: “Que milagre fazes Tu, para que possamos ver e crer em Ti? Nossos pais comeram o Maná no deserto como está na Escritura: Deu-Lhes a comer o Pão do Céu'” (Jo 6,30-31).

Jesus Cristo é o verdadeiro alimento que nos transforma e nos dá forças para realizarmos a nossa vocação cristã. Exorta vivamente o beato João Paulo II: “Só mediante a Eucaristia é possível viver as virtudes heroicas do Cristianismo: a caridade até o perdão dos inimigos, até o amor pelos que nos fazem sofrer, até a doação da própria vida pelo próximo; a castidade em qualquer idade e situação de vida; a paciência, especialmente na dor e quando estranhamos o silêncio de Deus nos dramas da história ou da nossa existência. Por isso, sede sempre almas eucarísticas para poderdes ser cristãos autênticos”.

A Igreja vive da Eucaristia. O concílio Vaticano II afirmou que o sacrifício eucarístico é “fonte e centro de toda a vida cristã” (LG, 11). Com efeito, “na Santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o Pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo” (PO, 5).

A Igreja vive de Jesus Eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, mistério de luz. Sempre que a Igreja a celebra, os fiéis podem, de certo modo, reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús: “Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no” (Lc 24,31).

Referindo-se à Eucaristia, ensinava São Josemaría Escrivá: “O maior louco que já houve e haverá é Ele (Jesus). É possível maior loucura do que entregar-se como Ele se entrega e àqueles a quem se entrega? Porque, na verdade, já teria sido loucura ficar como um Menino indefeso; mas, nesse caso, até mesmo muitos malvados se enterneceriam, sem atrever-se a maltratá-Lo. Achou que era pouco: Quis aniquilar-se mais e dar-se mais. E fez-se comida, fez-se Pão. Divino Louco! Como é que te tratam os homens?… E eu mesmo?” (Forja, 824).

Da Eucaristia brotam todas as graças e todos os frutos de vida eterna – para cada alma e para a humanidade –, porque, neste sacramento, “está contido todo o bem espiritual da Igreja” (PO, 5).

Quando nos aproximamos da mesa da Comunhão, podemos dizer: “Senhor, espero em Ti; adoro-Te, amo-Te, aumenta-me a fé. Sê o apoio da minha debilidade, Tu, que ficaste na Eucaristia, inerme, para remediar a fraqueza das criaturas” (Forja, 832).

Façamos nosso (no bom sentido) o pedido do povo citado no Evangelho: “Senhor, dá-nos sempre desse pão” (Jo 6,34).
Rezemos pelos padres! Rezemos ao Senhor para que continue enviando sacerdotes para a Igreja. Que Ele continue abençoando e plenificando a vida de todos os sacerdotes.

domingo, 18 de novembro de 2018

Evangelho do 33º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: “Naqueles dias, depois da grande tribulação, o sol vai se escurecer, e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas. Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. Ele enviará os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade à outra da terra. Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas. Em verdade vos digo, esta geração não passará até que tudo isto aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai”. (Mc 13,24-32)


O dia do Senhor nos remete à glória definitiva

A Liturgia nos convida a meditarmos, neste domingo, o Dia do Senhor, o dia em que depois de grandes tribulações dos astros e, assim por diante, a glória de Deus há de se manifestar no meio de nós. Precisamos entender alguns aspectos importantes sobre a parusia, sobre a vinda definitiva de Jesus. A parusia acontece na nossa vida, todas as vezes que vem a tribulação, vem o consolo para aquele que é o discípulo do Senhor. Jamais aquele que segue Jesus, vive desconsolado. Pode vir grandes tribulações, o sol pode escurecer, a vida pode perder o brilho, mas jamais faltará o consolo, o cuidado e a presença de Deus naquele que Lhe é fiel, naquele que vive na confiança e esperança do Senhor. Aquele que tem o coração em Deus, não se deixa abalar por pequenas coisas e nem por grandes coisas, nem por acontecimentos na sua vida cotidiana que viram verdadeiros terremotos, abalos e nem pelos grandes acontecimentos no mundo. É claro que dá uma mexida, somos pessoas humanas, ficamos trepidantes, afinal de contas, estamos vivendo em meio a tantos contextos calamitosos. Mas, não se esqueça que depois de qualquer tribulação jamais há de nos faltar o consolo divino. O dia do Senhor é o dia do consolo definitivo, do encontro definitivo. Quando a humanidade achar que nada mais terá jeito, quando tudo parecer perdido, Deus virá buscar os encontrados, aqueles que têm o coração que encontrou a presença de Deus. Deus, vai reunir os seus eleitos de uma extremidade à outra da face da Terra, juntamente com aqueles que já estão na glória no Céu. Enquanto que, para aqueles que não esperaram em Deus, começará o tempo trágico que não terá mais fim; E, para nós, será a glória definitiva. O dia tremendo da vinda do Senhor será horrível somente para quem não O conhece, mas para aqueles que têm em Deus a sua confiança, podem até passar por perseguições, dias difíceis, enfrentar momentos tenebrosos, mas nunca há de faltar o consolo de Deus. O dia do Senhor não é de medo, não é dia de tragédia, pelo contrário, é o dia do socorro, da salvação e da libertação do Senhor, é o dia da glória do Senhor. Todo domingo é o dia do Senhor,  pois, nos remete ao dia definitivo onde Deus para sempre brilhará no meio de nós. Talvez muitos nem se lembram do Senhor e viveram sua vida, fazendo suas coisas. Mas, aqueles que colocam n’Ele a sua confiança, viverão para sempre na presença do Senhor no dia eterno sem fim, o dia que Deus preparou para nós.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

A presença real de Cristo na Eucaristia

Desde que Jesus instituiu a Eucaristia na Santa Ceia, a Igreja nunca cessou de celebrá-la, crendo firmemente na presença do Senhor na Hóstia consagrada pelo sacerdote legitimamente ordenado pela Igreja. Nunca a Igreja duvidou da presença real do Corpo, Sangue, Alma e Divindade do Senhor na Eucaristia. Desde os primeiros séculos os Padres da Igreja ensinaram esta grande verdade recebida dos Apóstolos.


Na Última Ceia, Jesus foi muito claro: “Isto é o meu corpo”. “Isto é o meu sangue” (Mt 26,26-28). Ele não falou de “símbolo”, nem de “sinal”, nem de “lembrança”. São Paulo atesta a presença do Senhor na Eucaristia quando afirma: “O cálice de benção, que bebemos, não é a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é a comunhão do Corpo de Cristo?” (1Cor 10,16).E o Apóstolo, que não estava na Última Ceia, recebeu esta certeza por revelação especial do Senhor a ele: “O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: Tomai e comei; isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Igualmente também, depois de ter ceado, tomou o cálice e disse: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto em memória de mim todas as vezes que o beberdes”(1Cor 11,23-29).

Sem dúvida a Eucaristia é o maior e o mais belo milagre que o Senhor realizou e quis que fosse repetido a cada Missa, para que Ele pudesse estar entre nós, a fim de nos curar e nos alimentar. “A Eucaristia é ‘fonte e centro de toda a vida cristã’ (LG,11). Os restantes sacramentos, porém, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a Sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa” (PO,5 e CIC n.1324).

O Catecismo da Igreja nos garante que “Os milagres da multiplicação dos pães… prefiguram a superabundância deste pão único da Eucaristia” (CIC, n.1335). Tudo o que foi dito até aqui está baseado principalmente nas próprias palavras de Jesus, naquele memorável discurso sobre a Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, que São João relatou com detalhes no capítulo 6 do seu Evangelho: “Eu sou o Pão vivo que desceu do céu… Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o Pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo… O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia… Porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida.”

Não há como interpretar de modo diferente estas palavras, senão admitindo a presença real e maravilhosa do Senhor na Hóstia sagrada. Lamentavelmente a Cruz e a Eucaristia foram e continuam a ser “pedra de tropeço” para os que não crêem, mas Jesus exigiu até o fim esta fé. Aos próprios Apóstolos ele disse: “Também vós quereis ir embora?” (Jo 6,67). Ao que Pedro responde na fé, não pela inteligência: “Senhor, a quem iremos, só Tu tens palavras de vida eterna”(68). Nunca Jesus exigiu tanto a fé dos Apóstolos como neste momento. E, se exigiu tanto, sem dar maiores esclarecimentos como sempre fazia, é porque os discípulos tinham entendido muito bem do que se tratava, bem como o povo que o deixou dizendo:”Estas palavras são insuportáveis? Quem as pode escutar?” (Jo 6,60).

Também para cada um de nós a Eucaristia será sempre uma prova de fogo para a nossa fé; mas, crendo na palavra do Senhor e no ensinamento da Igreja, seremos felizes. Quando Lutero pôs em dúvida a presença real e permanente do Senhor na Eucaristia, o Concílio de Trento (1545-1563) assim se expressou: “Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu Corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo declara: pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; e esta mudança, a Igreja católica chama-lhe com justeza e exatidão, transubstanciação” (DS, 1642; CIC n.1376).

Acima de tudo é preciso recordar que a Igreja recebeu do Senhor o carisma da infalibilidade em termos de fé e de moral, a fim de não permitir que os seus filhos sejam enganados no caminho da salvação (cf. Jo 14,15.25; 16,12-13). Portanto, o que a Igreja garante há vinte séculos, jamais podemos duvidar, sob pena de estarmos duvidando do próprio Jesus.

Para auxiliar a nossa fraqueza, Deus permitiu que muitos milagres eucarísticos acontecessem entre nós: Lanciano (sec VIII), Ferrara (1171), Orvieto (1264), Offida (1273), Sena (1330 e 1730),Turim (1453), etc., que atestam ainda hoje o Corpo vivo do Senhor na Eucaristia, comprovado pela própria ciência. Há tempos, foi traçado na Europa um “mapa eucarístico”, que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade deles ocorridos na Itália.