domingo, 29 de abril de 2018

Evangelho do 5º Domingo da Páscoa

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda. Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei. Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados. Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos. (Jo 15,1-8)


Sem a graça de Deus nada somos

Meditamos duas coisas maravilhosas a partir daquilo que Jesus está nos dizendo hoje: o fato de Ele ser a videira e nós sermos os ramos. Fico pensando no ramo, que é enxertado da videira. Quando ele sai, parece estar muito bom, é um ramo rigoroso, mas, aos poucos, vai murchando; depois, seca e, por fim, morre. Empolgamo-nos quando estamos em Deus, vemos a graça d’Ele atuando em nós, mas, depois de um tempo, começamos a acreditar que nós realizamos as coisas. Então, vamos nos distanciando da videira. Com menos ou mais tempo, vamos nos cansando, perdendo o rigor. Aquela graça que estava em nós vai secando. Podemos parecer humanamente capazes, falarmos bem, mas a graça e o sobrenatural não atuam em nós. Em Deus, produzimos muitos frutos. A eficácia do Reino de Deus e a Sua graça acontecem se estivermos n’Ele, porque elas passam através de nós, mas sem Ele nada podemos fazer. A maior burrice é acreditarmos que sem Deus podemos fazer muitas coisas, mas, na eficácia do Reino, nada podemos fazer sem a graça e o poder d’Ele. Não caiamos nesta cilada terrível de acreditar que podemos viver sem Deus. O homem vai tendo conquistas no campo científico, tecnológico, nos vários campos das ciências, e ele chega a um ponto inicial. Podemos até melhorar de forma relativa à vida humana, mas não existe vida humana plena se ela realmente não for em Deus. Podemos conquistar muitas coisas com os nossos trabalhos, com as nossas capacidades intelectuais, mas, no fim tudo aquilo que conquistamos e realizamos, cai no valor e no significado de que ela não foi realizada em Deus. “Sem mim nada podeis fazer” (cf. João 15,5). Não façamos nada nesta vida se não formos enxertados no Senhor, porque somos apenas um ramo nesta videira verdadeira, que é Jesus, nosso Senhor e Salvador.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

O Bom Pastor

Na Palavra de Deus encontramos a expressão “Bom Pastor”, fazendo referência a Jesus Cristo. Mas Jesus não é apenas um pastor com qualificado de “bom”. Ele é também verdadeiro, autêntico e totalmente preocupado com a vida e a dignidade de Suas ovelhas. Ele ultrapassa o nível da bondade, doando a vida pelos Seus.


Ao olharmos para a figura do Bom Pastor, de Jesus Cristo, devemos olhar para a figura de cada autoridade, para aquelas constituídas no serviço do povo. Servir é um dom, é querer o bem e a prosperidade de quem é servido, superando todo tipo de atitude egoísta, de exploração e desempenho no poder de agir.

Estamos em ano eleitoral outra vez. Está na hora de trabalhar para identificar quem tem atitudes de bom pastor, de serviço e de doação, desinteressada, para com as pessoas mais sofridas. A decisão está nas mãos dos eleitores, de escolher, com o voto consciente, quem realmente vai respeitar e agir em benefício do bem comum e do povo.

Sofremos o peso da corrupção e do descaso para com as pessoas menos favorecidas. Os pobres são sugados no momento do voto. São comprados com dinheiro e com promessas utópicas e esquecidos pela gestão pública. É por isso que não podemos agir como cegos e sem liberdade, vendendo nossa capacidade de decidir.

Jesus Cristo é o Pastor que veio trazer vida plena para todos, diferente daqueles que vêm para roubar, sacrificar e destruir as pessoas. Está aí o grande contraste entre o falso e o verdadeiro pastor. O falso é mercenário, que cuida só dos próprios interesses. O verdadeiro pastor se sacrifica para o bem das ovelhas.

É interessante observar que a má autoridade tem medo do povo e não trabalha, com determinação, para que ele seja organizado e o deixa continuar ignorante para não ter força de ação, ficar sempre de longe e não se envolver. A boa autoridade é aquela que convive e sente as dificuldades do povo e trabalha para o seu bem.

domingo, 22 de abril de 2018

Evangelho do 4º Domingo da Páscoa

Naquele tempo, disse Jesus: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. Pois ele é apenas um mercenário que não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente. Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai”. Jo 10,11-18


Escutemos a voz do Bom Pastor

Quando olho para a figura do Bom Pastor, sinto-me uma “ovelhinha” do redil d’Ele; procuro olhar para Jesus porque encontro n’Ele refúgio, segurança e confiança. O nosso lugar é no colo do Bom Pastor! É verdade que nem sempre somos boas ovelhas; somos uma ovelha difícil, complicada, mas o Bom Pastor nos conhece. Precisamos conhecê-Lo mais, amá-Lo mais; precisamos ser uma ovelha que escuta a voz d’Ele. Uma ovelha só se perde quando ela não escuta a voz do seu pastor, e se nos perdemos nos caminhos da vida, não foi o Senhor que nos abandonou, pelo contrário, fomos nós que não escutamos a voz d’Ele. Quando olhamos para a nossa vida e a repassamos, vamos vendo que, em muitas situações, escutamos mais a nós mesmos, o nosso coração, escutamos a voz do outro e deixamos de escutar o Senhor. Escutar o Senhor não é difícil, mas é preciso dedicação e desdobramento de alma, de coração. É preciso submeter-se a estar aos pés do Senhor para escutá-Lo, pois se escutamos a voz do nosso Pastor não vamos nos perder nas estradas da vida. Vivemos num mundo em que, muitas vezes, nos torna insensíveis à voz de Deus. Quando não nos tornamos insensíveis, nos tornamos confusos; nos perdemos na confusão do mundo onde tem tantas vozes, tantos conhecimentos, tantas coisas nos orientando para cá e para lá. A boa ovelha procura o recanto do silêncio da alma, do coração, para na intimidade da alma escutar que tem um verdadeiro Pastor que nunca deixa de cuidar de Suas ovelhas, e Ele é capaz de doar a vida por elas. O Bom Pastor nos deu a vida para que tivéssemos vida; Ele nos dá a vida a cada dia cuidando, dedicando-se, porque, para o Bom Pastor nada é mais importante do que cuidar das Suas ovelhas. Como ovelhas do redil de Jesus, permitamos ser cuidados por Ele. A maneira essencial de sermos cuidados pelo Bom Pastor é termos sensibilidade para escutar a voz d’Ele, e segui-la para não nos perdermos nas sendas da vida.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Santo Expedito

Hoje comemoramos o dia de Santo Expedito, que foi chefe de uma legião romana na Armênia, pois no momento o imperador Diocleciano, mostrou-se favorável aos cristãos, lhes confiando importantes postos na administração do exército devido ao seu caráter e prontidão.


Santo Expedito o Soldado Romano

Santo Expedito guardava as fronteiras orientais do império contra ataque de bárbaros da Ásia e seus constantes ataques ao império Romano com coragem, e se apoiando em sua fé.

Expedito, o nome do chefe, era um apelido romano que exprimia o traço dominante de sua personalidade: presteza e prontidão, agindo e se portando desta forma no cumprimento do seu dever e na defesa da religião que professava.

Martírio

Apesar de sua fidelidade ao império Romano, Santo Expedito e seus companheiros foram obrigados a passar pelo martírio em 19 de Abril de 309, quando Diocleciano mudou de ideia sobre os cristãos, por não negar sua fé em Jesus Cristo diante do imperador.

Expedito é um santo que desde seu martírio tem atraído inúmeros devotos pelo mundo, pois além de padroeiro das causas urgentes é também padroeiro dos militares, estudantes e viajantes.

Causas Urgentes

A fama de Santo Expedito ser o padroeiro das causas urgentes se deve a história relacionada a sua conversão, onde uma tentação manifestada em forma de corvo gritava "Crás! Crás!" (amanhã em latim), porém como Expedito queria que aquele dia fosse o de sua conversão, pisoteou aquele corvo gritando "Hodie! Hodie!"(hoje em latim), agindo assim imediatamente.

domingo, 15 de abril de 2018

Evangelho do 3º Domingo da Páscoa

Naquele tempo, os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!”. Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. E, dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?”. Deram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele o tomou e comeu diante deles. Depois disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e lhes disse: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. Vós sereis testemunhas de tudo isso”. (Lc 24,35-48)


Peçamos a Jesus a inteligência para compreender as Sagradas Escrituras

O Ressuscitado aparece no meio dos Seus discípulos e traz, em primeiro lugar, a paz: “A paz esteja convosco!”. Nós precisamos demais da paz; é o maior dom que o Céu pode nos dar, e a maior necessidade do nosso coração. A falta de paz nos deixa na ansiedade, na preocupação, nas tensões, nos medos, nas revoltas e nas agitações da vida. A paz acalma, tranquiliza, nos dá fé, confiança, certeza, esperança, direção e luz interior. A paz é serenidade da alma que tem uma plena confiança em Deus, e não vive submetida pelos medos e pelas tensões da vida. O mundo vive em alta tensão e nós estamos submersos no meio de todas as tensões:  correria do trânsito e das coisas que temos de fazer; a rotina da vida; nossas obrigações; compromissos e responsabilidade; nem descansar nós sabemos fazer e, muitas vezes, não temos tempo para fazer. Estamos sempre com coisas para fazer, por vezes encontramos pessoas conhecidas e dizemos a elas que estamos sempre ocupados demais, atarefados em demasia, e esse contexto, não é um modo de encontrarmos a paz. Por isso, Ele vem trazer paz ao nosso coração. Às vezes, a pessoa só encontra a paz quando morre; quando está ali enferma e prostrada, porque assim sai da correria, da agitação e de tudo aquilo que avulta o coração e a rouba de si mesma. Nós só temos a paz quando nos encontramos com a nossa essência; nela Deus vem ao nosso encontro para trazer profundamente a paz que necessitamos. A própria presença de Jesus causa medo e preocupações. Jesus mesmo diz: “Olha, por que está preocupados? Por que tem dúvida; medo e inquietações em vossos corações?”. Estamos assim, porque estamos vivendo no meio de toda incredulidade. Silenciemos o nosso coração e acalmemos a nossa alma de tudo aquilo que tem nos deixado em devaneios mentais ; e muitas vezes, até tortuosos para que, o Mestre, abra a nossa inteligência. Temos inteligência para tudo, menos para compreender as Escrituras; o coração de Deus e a direção que Ele tem para dar para a nossa vida. Acalmemos o coração, permitamos que a paz do Ressuscitado entre em nós, para que Ele nos batize com a Sua paz e possamos ser geradores dessa paz e compreender o quanto somos amados e queridos por Deus, porque é isso que as Sagradas Escrituras nos ensinam e instruem.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

O que viver no tempo Pascal?

Cristo ressuscitou! Aleluia! Por Sua Paixão e Morte, um novo tempo foi inaugurado na história da humanidade. As coisas antigas passaram e desabrochou, no alvorecer da vida, as alegrias que rompem as trevas da morte!


O tempo litúrgico da Páscoa é a estação da primavera espiritual, e somos chamados a caminhar pelo jardim da Ressurreição, que é o próprio Cristo presente em nosso meio. Ao longo de cinquenta dias, vamos exalar o suave aroma dessa alegria em nossa alma. O canto de ‘aleluia’ presente em nossas liturgias, mas também aclamado em nosso coração, recorda-nos este tempo novo que Cristo nos oferece por amor e misericórdia.

O Círio Pascal é símbolo dessa presença do Ressuscitado na comunidade que se reúne para celebrar este tempo novo, onde cantamos as glórias do Senhor, que venceu a morte e nos deu a vida eterna.

É tempo de nos despedirmos do homem velho

“Se, pois, ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Cl 3,1). É chegado o momento de nos despedirmos do homem velho, pois Cristo rompeu as trevas do pecado e trouxe-nos a certeza definitiva da vida que vence a morte.

Neste tempo pascal, busquemos as “coisas do alto”. Não nos conformemos com as realidades que oprimem a vida, mas transformemo-las por nosso exemplo e misericórdia. Em nossa comunidade, busquemos viver a paz do Cristo Ressuscitado nos pequenos gestos. Se for preciso, que silenciemos nossas palavras mediante uma crítica que pode ferir e causar constrangimento. Coloquemo-nos a serviço, não buscando elogios, mas fazendo de nosso ato voluntário uma oferta de gratidão a Cristo, por tanto amor a nós doado.

Busquemos as coisas do alto em nossos ambientes familiares, orando em meio às situações complexas e que não apresentam soluções imediatas. Levemos a paz do Ressuscitado como dom a ser ofertado em pequenos gestos que desabrocham como lírios perfumados na alma de quem os acolhe.

Com Cristo ressuscitado celebremos a Páscoa na vida cotidiana, antecipando a gloriosa realidade que vislumbramos, hoje, pela fé e, um dia, junto de Deus, na plenitude da graça que esperamos. Aleluia!

segunda-feira, 9 de abril de 2018

O "sim" que mudou a história da humanidade

Santo Agostinho disse que: “Adão, sendo homem, quis tornar-se Deus e perdeu-se. Cristo, sendo Deus, quis fazer-se homem para a salvação do homem. Por seu orgulho o homem caiu tão baixo que só podia ser levantado pelo abaixar-se de Deus”.


O pecado original nos fez perder a filiação divina; a humanidade foi expulsa do paraíso; e só poderia se reconciliar com Deus se houvesse a salvação por meio de Deus mesmo.

Mas, para que o Filho de Deus pudesse se tornar também homem, e nosso Salvador, sem deixar de ser Deus, era preciso que fosse concebido por uma mulher. Desde a queda de Adão e Eva Deus já tinha prometido que a salvação da humanidade viria por meio de uma Mulher, já que o demônio seduziu a primeira mulher para injetar seu veneno na sua descendência. Deus disse à Serpente maligna: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gen 3,15). Esta Mulher prometida no Protoevangelho era Maria.

Este projeto de Deus para a nossa salvação se realizou como São Paulo explicou: “Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção. A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!” (Gal 4,4). Por meio da Virgem Maria veio o Salvador, que nos reconciliou com Deus por Sua morte e ressurreição. Nele nos tornamos novamente filhos de Deus por adoção, pelo Batismo, e Deus enviou o Espirito Santo aos nossos corações.

Diz o nosso Catecismo que: “A Anunciação a Maria inaugura a “plenitude dos tempos” (Gl 4,4), isto é, o cumprimento das promessas e das preparações. Maria é convidada a conceber aquele em quem habitará “corporalmente a plenitude da divindade” (Cl 2,9).

Deus anunciou muitas vezes pela boca dos seus profetas como isso aconteceria. O Salvador viria da tribo de Davi, filho de Jessé: “Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes ”(Is 11,1). “O próprio Senhor vos dará um sinal: uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7, 14). “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma Luz… um Menino nos nasceu, um filho nos foi dado, a soberania repousa sobre os seus ombros, e ele se chama: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Príncipe da Paz” (Is 9,1-7). Quando Ele vier e estabelecer Seu Reino entre nós, haverá paz e bem estar:

“Então o lobo será hospede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá; a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da serpente. Não se fará mal nem dano em todo o meu Santo Monte.” (Is 11, 1-9). Virá Aquele que “ilumina todo homem que vem a este mundo” (João 1, 9).

Ele será o Messias, o esperado pelas nações, “o mais belo dos filhos dos homens”. Sem a sua luz o homem vive nas trevas; “permanece para si mesmo um desconhecido, um enigma indecifrável, um mistério insondável”, como disse São João Paulo II; sem Ele ninguém sabe quem é, e não sabe para onde vai.

Mas para que tudo isso acontecesse, Deus tinha de escolher uma Mulher, a melhor Mulher, e escolheu. A tradição judaica diz que todas as mulheres judias acalentavam o sonho de ser a Mãe do Messias, menos a pequena Maria, escondida na pequenina e desprezada Nazaré. Mas Deus precisava da mulher mais humilde para esta missão, porque a primeira mulher foi soberba, pecou porque “quis ser como Deus”. Santo Irineu de Lião (†200) disse que pela obediência de Maria foi desatado o nó da desobediência de Eva. E Jesus pela radical humilhação anulou a soberba de Adão.

A Igreja nos ensina que: “Deus enviou Seu Filho” (Gl 4,4), mas, para “formar-lhe um corpo” quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, “uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria” (Lc 1,26-27): “Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida”. (Cat. n. 488; LG, 56).

O SIM de Maria dito ao Arcanjo Gabriel foi determinante para dar início à História da Salvação. “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1,38). Não colocou qualquer obstáculo e nem a menor exigência ao plano e à vontade de Deus. Então Nela o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Foi inaugurada a História da nossa salvação. Deus se fez homem no sei da Virgem preparada por Deus, concebida sem pecado original, virgem como Eva, mas Imaculada. Deus a escolheu por ser a mais humilde de todas as mulheres. Ela canta em seu Magnificat: “Ele olhou para a humildade de Sua serva”.

O Espírito Santo foi enviado para santificar o seio da Virgem Maria e fecundá-la divinamente, ele que é “o Senhor que da a Vida”, fazendo com que ela concebesse o Filho Eterno do Pai em uma humanidade proveniente da sua. Quando ela foi servir a Sua prima Santa Isabel, logo foi saudada por Isabel, cheia do Espírito Santo, como “a Mãe do meu Senhor”.

Santo Agostinho exclama: “És Maria, a beleza e o esplendor da terra, és para sempre o protótipo da santa Igreja. Por uma mulher, a morte, por outra mulher a vida: por ti, Mãe de Deus. Eva foi a causadora do pecado; Maria, causadora do merecimento. Aquela feriu, esta curou.

Maria é mais bem-aventurada recebendo a fé de Cristo do que concebendo a carne de Cristo. Maria permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo a luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo do seu seio, Virgem sempre. Jesus tomou carne da carne de Maria. Na Eucaristia Maria perpetua e estende a sua Divina Maternidade”.

O SIM de Maria fez dela a Mãe do Senhor, a Mãe da Igreja e a Mãe de cada irmão de Jesus resgatado pelo Seu Sangue. Diz ainda Santo Agostinho: “Maria é chamada nossa Mãe porque cooperou com sua caridade para que, nós, fiéis, nascêssemos para a vida da graça, como membros da nossa cabeça, Jesus Cristo”. São Tomás de Aquino disse que: “Maria pronunciou o seu “fiat” (faça-se) em representação de toda a natureza humana”. “Por ser Mãe de Deus, Maria, tem uma dignidade quase infinita”. Em nome de cada um de nós Nossa Senhora disse Sim a Deus, e a salvação chegou até nós. Por isso Deus fez dela a medianeira de todas as graças.

São Francisco de Sales, o grande doutor inspirador de Dom Bosco disse que: “As crianças, vendo o lobo, correm logo para os braços do pai ou da mãe, pois ali se sentem seguras. Assim devemos fazer: recorrer imediatamente a Jesus e a Maria”.

“Recorre a Maria! Sem a menor dúvida eu digo, certamente o Filho atenderá sua Mãe. Tal é a vontade de Deus, que quis que tenhamos tudo por Maria”, disse o doutor São Bernardo. Ele garante que “Maria recebeu de Deus uma dupla plenitude de graça. A primeira foi o Verbo eterno feito homem em suas puríssimas entranhas. A segunda é a plenitude das graças que, por intermédio desta divina Mãe, recebemos de Deus. Deus depositou em Maria a plenitude de todo o bem”. Por isso, o grande doutor dizia:

“O servo de Maria não pode perecer. Se se levantam os ventos das tentações, se cais nos escolhos dos grandes sofrimentos, olha para a Estrela, chama por Maria! Se as iras, ou a avareza, ou os prazeres carnais se abaterem sobre a tua barca, olha para Maria. Se, perturbado pelas barbaridades dos teus crimes, se amedrontado pelo horror do julgamento, começas a ser sorvido em abismos de tristeza e desespero, olha para a Estrela, chama por Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios, não se afaste de teu coração. Maria é a onipotência suplicante”.

domingo, 8 de abril de 2018

Evangelho do 2º Domingo da Páscoa

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”. Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. (Jo 20,19-31)


Jesus vem em socorro da nossa incredulidade

Contemplamos o Ressuscitado no meio de nós que, de forma amorosa, mesmo tendo sido traído, abandonado e deixado só, no drama da Cruz pelos discípulos, cicatrizou o coração deles. Jesus não fez como nós, Ele não foi colocar sentimento de culpa e nem acusar ninguém de tê-Lo abandonado. Ele reavivou e acendeu a chama no coração dos discípulos e, mesmo tendo oito dias que Ele estava vivo e Ressuscitado, ainda havia muita incredulidade, muitos corações estavam fechados e duvidosos. Tomé, na pura sinceridade, manifestou sua incredulidade: “Se eu não colocar o dedo, se eu não tocar em suas chagas, não acreditarei” (cf. João 20,24-25). Não bastou tudo o que o Mestre ensinou, pois, a incredulidade ainda estava fincada no coração de Tomé. Quando falamos de “incredulidade”, não estamos falando do ateísmo presente no mundo de outrora, no mundo de hoje e que permeará na história da humanidade até a consumação dos dias. Há o ateísmo professado de forma clara, há o ateísmo que nega a existência, a presença de Deus, mas estamos falando da incredulidade daqueles que sabem da existência de Deus, creem na Ressurreição de Jesus, entretanto, vivem como se Ele não existisse; não colocam a fé e o coração no Cristo que está ressuscitado. Em outras palavras, vivem como se Jesus não estivesse vivo no meio de nós. Não vamos julgar as pessoas que estão fora da Igreja, porque vivemos cercados por muitas incredulidades; colocamos as nossas incredulidades para fora e expressamos como Tomé. Jesus tem misericórdia e compaixão de nós, Ele vem em socorro da nossa falta de fé; Ele vem em socorro da nossa incredulidade. Assim, como Ele pediu a Tomé: “Toca, Tomé”; Ele, também, está pedindo a nós. Toquemos em Jesus ou permitamos ser tocados por Ele, permitamos experimentá-Lo em nossa carne, em nossa vida, na certeza de que Ele está vivo, e está entre nós. Não permitamos, de forma nenhuma, que sejamos mais incrédulos do que homens e mulheres de fé. Permitamos que o nosso corpo seja incendiado; que a nossa mente seja invadida e direcionada pela fé que temos n’Ele. Permitamos que tudo aquilo que fazemos e proclamamos na vida, seja expressão daquilo que proferimos com a nossa boca: Jesus está vivo e Ressuscitado. Experimentar a Misericórdia de Deus é ver que nós, muitas vezes, fomos muito mais incrédulos do que crentes, e que apesar disso, Ele não nos amou pouco; amou-nos muito e de forma extrema. Se a misericórdia de Deus é grande para conosco, a nossa não pode ser menor em relação a ninguém nesta vida.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Páscoa, seu real sentido

Páscoa (do hebraico Pessach) significa passagem. É uma grande festa cristã para nós, é a maior e a mais importante festa. Reunimo-nos como povo de Deus para celebrarmos a Ressurreição de Jesus Cristo, Sua vitória sobre a morte e Sua passagem transformadora em nossa vida.


O Tempo Pascal compreende cinquenta dias a partir do domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes, vividos e celebrados com grande júbilo, como se fosse um só e único dia festivo, como um grande domingo. A Páscoa é o centro do Ano Litúrgico e de toda a vida da Igreja. Celebrá-la é celebrar a obra da redenção humana e da glorificação de Deus que Cristo realizou quando, morrendo, destruiu a morte; e ressuscitando, renovou a nossa vida.

Foi com a intenção de celebrar a Páscoa de Cristo que, desde os primórdios do Cristianismo, os cristãos foram organizando esta bela festa. Mas a partir de muitas propagandas midiáticas e de muitos outros costumes da nossa sociedade, vemos, sem dúvidas, que essa bela intenção foi se perdendo. Para muitos a Páscoa virou sinônimo de um “feriadão” ao lado de muitos outros feriadões, com o único objetivo de quebrar a monotonia da vida; com intenções e modos que não expressam os reais valores e sentidos da grande festa que é a Páscoa.

Em muitas casas, a Páscoa é vivida de forma paganizada e estragada pelas bebidas e orgias desse mundo, sem um mínimo de senso religioso ou moral; ou como um mero folclore, um mero tempo para viajar, comer chocolates e descansar de suas fadigas. Assim, um tempo que nasceu para construir laços familiares e renovar a nossa sociedade com valores perenes, acaba não atingindo o seu objetivo.

As confraternizações, os alimentos específicos e muitos outros costumes são importantes e nos ajudam a celebrar a Páscoa, mas não podem nos desviar do seu principal e essencial sentido. Hoje, temos uma geração que não entende nada do verdadeiro sentido da Páscoa, mas devemos celebrá-la bem – nós que não nos fechamos às suas origens e sabemos que ela é mais do que um “feriadão”; é uma “grande semana” na qual vivenciamos os mistérios da vida de Cristo e os mistérios da nossa própria vida.

Todos nós cristãos devemos, hoje, nos comprometer em nos mantermos fiéis às nossas origens e celebrarmos o sentido original, belo e profundo da nossa maravilhosa festa, que é a celebração da Ressurreição do Senhor. Que nossas boas obras e nossas vozes, em cada canto das nossas cidades, possam levar a alegria do Ressuscitado; sobretudo aos pobres, doentes, distanciados e a todas as pessoas, pois são amadas pelo Pai.

Irradiemos ao nosso redor a esperança e a certeza da presença de Cristo Ressuscitado. Que se encha nosso olhar de luz, como os das mulheres que viram o sepulcro vazio e o Filho de Deus ressuscitado (Mt 28). Que possamos também nós, numa só fé, exclamar como elas “o Senhor Ressuscitou, aleluia”.