terça-feira, 29 de maio de 2018

Amor ao Santíssimo Sacramento

Estamos para celebrar uma das festas religiosas mais populares da Igreja, a festa de Corpus Christi. Nela celebramos o mistério do Corpo e do Sangue de Cristo no sacramento da Eucaristia. Tornou-se tradicional celebrá-la com grande e solene Santa Missa, seguida de procissão pública, levando a hóstia consagrada para ser adorada fora dos recintos dos templos, num testemunho público de fé. Em muitos lugares, o povo católico enfeita as ruas e as janelas de suas casas por onde deve passar a procissão, num gesto de amor e profunda acolhida ao Cristo Eucarístico. Em outros lugares, fazem-se grandes concentrações eucarísticas. Quando não há condições de sair dos templos, fazem-se ao menos Horas Santas solenes ou outras formas de celebração no interior dos templos, além das Santas Missas. Realmente, o povo tem grande amor a esta festa, sinal do seu amor ao Santíssimo Sacramento.


A Eucaristia, como sabemos, foi instituída por Jesus na sua Última Ceia com os apóstolos, na véspera de sua Paixão e Morte, entregando-lhes o pão e o vinho e dizendo-lhes que era seu corpo e seu sangue, sacrificados por eles e por todos, acrescentando que fizessem isso em sua memória. Desde então este sacramento tornou-se o centro da vida da Igreja. A Eucaristia une e reúne a Igreja. É fonte e sinal de sua unidade. Nunca se deve esquecer que a Santa Missa, a Eucaristia, é a grande força da unidade da Igreja. Uma unidade na diversidade dos carismas, dos ministérios, dos serviços, dos talentos, dos grupos, das vocações, das espiritualidades, dos movimentos, das pastorais e de tantas outras formas de legítima diversidade no interior da comunidade eclesial. É também na Eucaristia que deverão voltar a unir-se todos os cristãos das hoje diferentes Igrejas e Comunidades cristãs, separadas entre si, quando pela conversão superarem as divergências e acolherem a unidade, que é dom de Deus.

A Eucaristia é sacrifício, refeição e prenúncio escatológico do futuro. Ela é sacrifício, isto é, em forma sacramental, não cruenta, ela torna presente sobre o altar o sacrifício de Cristo na cruz. Na Última Ceia Jesus havia antecipado de forma misteriosa sua Paixão, Morte e Ressurreição, a sua Páscoa, no sacramento do pão e do vinho. Dando aos apóstolos o mandato de fazerem o mesmo em sua memória, deu-lhes o poder de realizar este sacramento pelo mundo e séculos a fora. Assim, em cada Missa, pelo poder do Espírito Santo, que é invocado sobre o pão e o vinho, o sacerdote, repetindo o ato e as palavras de Jesus na Última Ceia, torna realmente presente Jesus Cristo, morto e ressuscitado, debaixo das aparências do pão e do vinho. Não é um novo sacrifício de Cristo, mas é o seu sacrifício único tornado sacramentalmente presente de novo sobre o altar. Neste sacrifício, Jesus deu sua vida por nós. Assim, quem participa da Santa Missa deve seguir o exemplo de Jesus e estar disposto a dar a vida em favor dos irmãos necessitados.

A Eucaristia é também refeição sacramental. Ao comermos deste pão e bebermos deste vinho consagrados, estamos comendo e bebendo o Corpo e o Sangue de Cristo. Mas a Santa Missa é sempre um ato comunitário. Ela reúne os filhos e as filhas de Deus ao redor da mesa de Deus. É o sacramento da unidade, que reúne os cristãos reconciliados com Deus e entre si. Vemos, portanto, Deus distribuindo seu pão a todos. Comendo deste pão, devemos dispor-nos, também, a partilhar o nosso pão com quem pouco ou nada tem e participar do esforço daqueles que querem construir um mundo menos desigual, onde todos tenham o suficiente para viver com dignidade, sem fome, sem pobreza, sem miséria. Reunindo-nos no amor ao redor da mesa de Deus, devemos sair daí para construir uma sociedade fraterna, onde reine o amor, a solidariedade, a justiça, a colaboração, o perdão, a misericórdia e a paz.

A Eucaristia é também prenúncio escatológico, ou seja, prenúncio do que será a vida no Reino definitivo de Deus, no fim dos tempos, quando Deus consumar a história e instaurar em definitivo o que preparou para aqueles que O amam. Um banquete eterno, em que experimentaremos em plenitude o amor que Deus tem por nós.

domingo, 27 de maio de 2018

Solenidade da Santíssima Trindade

Naquele tempo, os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram. Então Jesus aproximou-se e falou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”. (Mt 28,16-20)


Somos morada do Espírito Santo de Deus

Hoje, celebramos o Deus Uno e Trino, nosso Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo, nosso Deus que nos criou a Sua imagem e semelhança. Eu louvo, bendigo, agradeço, adoro e reverencio ao Deus da nossa vida, que criou cada um de nós, criaturas humanas, para sermos a Sua imagem e o Seu esplendor na face da Terra. Mesmo que essa imagem tenha sido desfigurada, arranhada, quebrada e maltratada pela força do pecado, Jesus, no poder do Espírito Santo, resgatou essa imagem divina em nós. Os discípulos de Jesus são aqueles que foram resgatados e refeitos na escola de Jesus para serem a imagem do Deus Uno e Trino. O Senhor nos ordena que precisamos trazer discípulos e batizá-los em nome da Santíssima Trindade. Fomos batizados em nome desse Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo, em nome d’Ele devemos viver a nossa vida porque Ele nos conduz. Celebrar a Santíssima Trindade é engrandecer o nome do Senhor nosso Deus em nossa vida, é tomar a consciência que somos filhos desse Pai amoroso que nos criou. Celebrar a Santíssima Trindade é tomar a consciência de que Jesus, o Filho eterno de Deus, habita em nós e somos Seus discípulos e seguidores, é ter a plena convicção de que somos morada do Espírito Santo, que nossa mente e nosso corpo são direcionados pelo Espírito que habita em nós. Eis nos aqui, Senhor, queremos ser morada viva da Trindade Santa, queremos ser a morada de Deus, queremos que a nossa vida resplandeça o Deus que cremos, o Deus Uno que é Pai, Filho e Espírito Santo.

sábado, 26 de maio de 2018

Matrimônio no desígnio de Deus

Deus criou o homem à sua imagem e semelhança: chamando-o à existência por amor, chamou-o ao mesmo tempo ao amor. Deus é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando-a à sua imagem e conservando-a continuamente no ser, Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a vocação, e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. O amor é, portanto, a fundamental e originária vocação do ser humano.


Enquanto espírito encarnado, isto é, alma que se exprime no corpo informado por um espírito imortal, o homem é chamado ao amor nesta sua totalidade unificada. O amor abraça também o corpo humano e o corpo torna-se participante do amor espiritual.

A Revelação cristã conhece dois modos específicos de realizar a vocação da pessoa humana na sua totalidade ao amor: o Matrimônio e a Virgindade. Quer um quer outro, na sua respectiva forma própria, são uma concretização da verdade mais profunda do homem, do seu «ser à imagem de Deus».

Por consequência a sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um ao outro com os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto algo puramente biológico, mas diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa humana como tal. Esta realiza-se de maneira verdadeiramente humana, somente se é parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até à morte. A doação física total seria falsa se não fosse sinal e fruto da doação pessoal total, na qual toda a pessoa, mesmo na sua dimensão temporal, está presente: se a pessoa se reservasse alguma coisa ou a possibilidade de decidir de modo diferente para o futuro, só por isto já não se doaria totalmente.

Esta totalidade, pedida pelo amor conjugal, corresponde também às exigências de uma fecundidade responsável, que, orientada como está para a geração de um ser humano, supera, por sua própria natureza, a ordem puramente biológica, e abarca um conjunto de valores pessoais, para cujo crescimento harmonioso é necessário o estável e concorde contributo dos pais.

O «lugar» único, que torna possível esta doação segundo a sua verdade total, é o matrimônio, ou seja o pacto de amor conjugal ou escolha consciente e livre, com a qual o homem e a mulher recebem a comunidade íntima de vida e de amor, querida pelo próprio Deus, que só a esta luz manifesta o seu verdadeiro significado. A instituição matrimonial não é uma ingerência indevida da sociedade ou da autoridade, nem a imposição extrínseca de uma forma, mas uma exigência interior do pacto de amor conjugal que publicamente se afirma como único e exclusivo, para que seja vivida assim a plena fidelidade ao desígnio de Deus Criador. Longe de mortificar a liberdade da pessoa, esta fidelidade põe-na em segurança em relação ao subjetivismo e relativismo, fá-la participante da Sabedoria Criadora.

O matrimônio e a comunhão entre Deus e os homens

A comunhão de amor entre Deus e os homens, conteúdo fundamental da Revelação e da experiência de fé de Israel, encontra uma sua significativa expressão na aliança nupcial, que se instaura entre o homem e a mulher.

É por isto que a palavra central da Revelação, «Deus ama o seu povo», é também pronunciada através das palavras vivas e concretas com que o homem e a mulher se declaram o seu amor conjugal. O seu vínculo de amor torna-se a imagem e o símbolo da Aliança que une Deus e o seu povo. E o mesmo pecado, que pode ferir o pacto conjugal, torna-se imagem da infidelidade do povo para com o seu Deus: a idolatria é prostituição, a infidelidade é adultério, a desobediência à lei é abandono do amor nupcial para com o Senhor. Mas a infidelidade de Israel não destrói a fidelidade eterna do Senhor e, portanto, o amor sempre fiel de Deus põe-se como exemplar das relações do amor fiel que devem existir entre os esposos.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Santa Rita de Cássia

Santa Rita de Cássia, viveu os impossíveis de sua vida se refugiando no Senhor. Nasceu na Itália, em Cássia, no ano de 1381. Seu grande desejo era consagrar-se à vida religiosa. Mas, segundo os costumes de seu tempo, ela foi entregue em matrimônio para Paulo Ferdinando.


Tiveram dois filhos, e ela buscou educá-los na fé e no amor. Porém, eles foram influenciados pelo pai, que antes de se casar se apresentava com uma boa índole, mas depois se mostrou fanfarrão, traidor, entregue aos vícios. E seus filhos o acompanharam.

Rita então, chorava, orava, intercedia e sempre dava bom exemplo a eles. E passou por um grande sofrimento ao ter o marido assassinado e ao descobrir depois que os dois filhos pensavam em vingar a morte do pai. Com um amor heroico por suas almas, ela suplicou a Deus que os levasse antes que cometessem esse grave pecado. Pouco tempo mais tarde, os dois rapazes morreram depois de preparar-se para o encontro com Deus.

Sem o marido e filhos, Santa Rita entregou-se à oração, penitência e obras de caridade e tentou ser admitida no Convento Agostiniano em Cássia, fato que foi recusado no início. No entanto, ela não desistiu e manteve-se em oração, pedindo a intercessão de seus três santos patronos – São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolas de Tolentino – e milagrosamente foi aceita no convento. Isso aconteceu por volta de 1441.

Seu refúgio era Jesus Cristo. A santa de hoje viveu os impossíveis de sua vida se refugiando no Senhor. Rita quis ser religiosa. Já era uma esposa santa, tornou-se uma viúva santa e depois uma religiosa exemplar. Ela recebeu um estigma na testa, que a fez sofrer muito devido à humilhação que sentia, pois cheirava mal e incomodava os outros. Por isso teve que viver resguardada.

Morreu com 76 anos, após uma dura enfermidade que a fez padecer por 4 anos. Hoje ela intercede pelos impossíveis de nossa vida, pois é conhecida como a “Santa dos Impossíveis”. Santa Rita de Cássia, rogai por nós!

domingo, 20 de maio de 2018

Solenidade de Pentecostes

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”. (Jo 20,19-23)


Só existimos em Deus pela força e direção do Paráclito

Hoje é dia de Pentecostes! Em toda a face da Terra, celebramos o Espírito que foi enviado para renovar esse mundo habitado. Não há renovação de sentimento, de intenções e vontade na face da Terra se não for por aquele Espírito que pairou na criação do mundo e deu vida, vigor e existência a todas as coisas. Só existimos em Deus pela força e pela direção desse mesmo Espírito, por isso ninguém pode proclamar o senhorio de Jesus se não for pela unção do Paráclito. E na diversidade de dons, carismas e manifestações, cada um pode se achar dono desse dom, mas só há um Espírito que distribui essa diversidade de dons por toda a Igreja, por toda a humanidade. Hoje, celebramos essa riqueza maravilhosa que para alguns é divisão, mas para nós é a riqueza da manifestação de Deus. Olhando para todos os povos, para todas as pessoas e culturas, celebramos o mesmo Espírito que age nessa diversidade do mundo. O Espírito sopra onde quer e ninguém pode ser dono dele. Precisamos ser dominados e conduzidos pelo Paráclito. A tentação que há naqueles que vivem da fé é tentar conduzir o Espírito, tentar mandar nele, tentar dizer o que ele tem de fazer quando, na verdade, precisamos nos rebaixar e dizer: “Espírito, conduza-me, ilumina-me, dá-me a direção da minha vida”. Temos de nos deixar guiar pelo Espírito que recebemos em nosso batismo, que é confirmado em nós na Crisma, nos Sacramentos e nas orações que fazemos. O Espírito não deixa de se manifestar e nos enriquecer com seus dons e carismas, mas a nossa pobreza não nos deixa guiar e seduzir pelo Espírito de Deus. Onde quer que estejamos, hoje, de joelhos, de frente a nossa cama, nas celebrações que participaremos, coloquemo-nos sobre o domínio do Espírito e digamos: “Espírito, conduza-me, pois eu não sou seu dono, mas quero que o Senhor domine e direcione a minha vida. Vinde, Espírito Santo, eis aqui os seus servos, queremos fazer a sua vontade”.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Pentecostes: uma vida sob a ação do Espírito Santo

O Pai ama por meio do Filho (cf. Jo 10,17) e derrama o Seu Espírito, o Defensor, para que permaneça com os Seus (cf. Jo 14,16), ou seja, é um dom de Deus para toda a humanidade. Desde os primórdios, os padres da Igreja ensinam que esta nasceu no Espírito Santo doado por Cristo no alto da cruz, e também no cenáculo em Pentecostes. O Pentecostes, narrado no livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 2, é o mais famoso relato sobre Sua vinda, porém houve outros Pentecostes (Atos 4,31; 8,16-17; 11,44-48).


A Igreja nasceu no Espírito. Ela é movida, sustentada, guiada por Ele. Enfim, sem o Espírito Santo fica difícil pensar em Igreja, assim também nos membros dela. Nós não podemos e não conseguiremos viver sem o sopro do Espírito.

Sacramentos

O Espírito Santo é invocado nos sacramentos. Como é maravilhoso perceber que, nas fases da vida cristã, recebemos essa força do Senhor! No batismo, somos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Quando somos perdoados no sacramento da penitência, somos perdoados pelo Espírito enviado do Pai e do Filho, e assim todos os sacramentos são realizados pela ação do Espírito.

Quando falamos da vida segundo o Espírito, não devemos imaginar uma vida fora da realidade, desvinculada de si mesma; aliás, a vida humana é composta pela realidade física, biológica, psíquica e espiritual. Nenhuma deve ser descartada, pois o ser humano é um todo. Devemos ter bem claro isso: somos um conjunto, mas precisamos reconhecer que, quando a vida espiritual vai mal, as outras realidades acabam indo mal; e quando se vive uma espiritualidade sadia, consegue-se superar o males físicos, biológicos e psíquicos. Quando há saúde espiritual, os males em outras áreas podem não ser sanados, mas superados pela força do Espírito. O mal físico e a violência podem nos impedir de caminhar alguns metros e nos limitar, enquanto o Espírito nos leva a distâncias longínquas, porque n’Ele somos livres.

A vida no Espírito

Hoje, sem dúvida, temos de valorizar a vida espiritual, uma vida segundo o Espírito de Deus. Em nosso tempo, uma das grandes dificuldades que as pessoas vivem é uma vida sem sabor, sem sentido, uma vida de erros, à qual chamamos de pecado. Uma vida sem o auxílio do Alto é fadada ao fracasso, susceptível às doenças psíquicas e físicas. Quantas pessoas doentes no espírito, quantas pessoas perdidas! Quantas pessoas vão à igreja, mas, desanimadas, não conseguem se levantar ou possuem dificuldades para fazer isso?

Tanto para as pessoas que estão na igreja quanto para as que não estão fica o convite: precisamos ter uma vida no Espírito, para que todos sejamos saudáveis, fortes, esperançosos, para que não desanimemos frente às limitações humanas e aos poderes do mal.

Essa vida segundo o Espírito é vivida sob a orientação de Deus, sob a moção divina. Mas como a conseguir? É possível, por meio de uma vida de oração, ter contato com Deus, onde o Espírito Santo é o que nos impulsiona, é o que nos esclarece e ordena, é Aquele que nos faz perseverar e entender as situações. E mesmo que não as entendamos, Ele nos dá esperança, sentido a nossa vida. Os dons do Espírito nos ajudam no dia a dia.

O auxílio dos dons do Espírito Santo

Nós devemos buscar uma vida em Deus não só nos momentos difíceis, pois todo o tempo estamos sendo testados. Somos chamados, a cada momento, a dar uma resposta coerente, segundo o Cristo. Graças a Deus, existe um caminho que podemos percorrer para não nos perdermos: a Igreja Católica Apostólica Romana, pois esta já fez e faz um caminho sob a orientação do Espírito Santo.

Jesus, como narra e evangelista João, soprou sobre os discípulos o Espírito Santo (Jo 20,22). O Paráclito não foi derramado sobre um, mas sobre todos os discípulos, sobre a primeira comunidade reunida, a Igreja. Assim, eles se tornam apóstolos, e, encorajados pelo Sopro Divino, anunciam, com ousadia, o Cristo Ressuscitado. Quando surgiam os problemas e as dúvidas, os apóstolos podiam contar uns com os outros. Pedro até poderia, como o primeiro, decidir, mas tomava a decisão junto com os apóstolos. Um exemplo é a eleição dos diáconos (Atos 6,1-6). Já no capítulo 15 de Atos, Paulo e Barnabé, em Antioquia, encontraram dificuldades com alguns cristãos judeus e foram tratar do assunto em Jerusalém. Esse é o primeiro concílio da Igreja.

Movidos pelo Espírito Santo

A Igreja é mãe e mestra, afinal, são “apenas” dois mil anos de experiência, de acertos e erros. Nós aprendemos e somos educados por ela. Quando digo que vivemos movidos pelo Espírito, digo que somos movidos pelas orientações da Igreja. O Espírito nos orienta quando nos colocamos em oração, quando temos sensibilidade para realizar algo; principalmente quando tudo isso está dentro daquilo que a Igreja aprova e nos orienta.

Por fim, uma vida segundo o Espírito é uma vida no Espírito Santo, seguindo Suas orientações numa comunhão com a Igreja, a qual nos leva a discernir entre o certo e o errado, ajuda-nos a fazer a vontade de Deus e nos orienta em todos os momentos da nossa vida, principalmente quando nos impulsiona a viver a caridade. A vida segundo o Espírito nos faz pessoas melhores não para nós mesmos, não para nos sentirmos bem, mas ela nos leva ao necessitado, nos faz desprendidos das coisas terrenas, livres para servir aos outros e amá-los. Deus seja louvado!

domingo, 13 de maio de 2018

Solenidade da Ascensão do Senhor

Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam. (Mc 16,15-20)


O Espírito Santo é o nosso elo com o Ressuscitado

A Igreja nos dá a alegria de celebrarmos, no dia de hoje, a Ascensão de Jesus aos Céus. Ele ficou quarenta dias no meio de nós após a Sua ressurreição. Durante esses dias, confirmou a fé dos apóstolos, manifestou-se a eles e relembrou todas as coisas pertinentes ao Reino dos Céus. Acima de tudo, fez a grande promessa, que é o Espírito Santo de Deus, que iria nos ensinar muitas coisas. Vivemos, todos esses dias, em função da grande promessa, do grande dom e do grande enviado de Deus para confirmar a nossa vida em Cristo. O Espírito Santo é o nosso elo com o Ressuscitado e com o nosso Pai amado. Quando Jesus se elevou aos Céus, Ele não saiu do meio de nós, não nos deixou sozinhos nem órfãos, porque Ele nos deixou o Seu Espírito. Jesus está sentando à direita do Pai. Ele rege e governa Sua Igreja, que somos todos nós, que levamos a vida em nome d’Ele. O Senhor do Céu, vivo e presente no meio de nós, governa os nossos corações, dirige a nossa vida e conduz os nossos passos. É preciso deixar-se governar pelo Senhor Jesus, ter a vida conduzida pelo senhorio d’Ele. Ele está entre nós quando nos reunimos em Seu nome, quando fazemos nossos atos em Seu nome. Ele está conosco, está na nossa igreja. Nós tocamos o Senhor, podemos apalpar Sua graça viva no meio de nós. Hoje, é dia de aclamarmos, louvarmos, bendizermos e agradecermos a vida nova que o Senhor nos trouxe. Somos convidados e convocados a comunicar a graça de Deus a todos os homens. Essa graça não pode ficar retida a nós, precisamos levar a Palavra viva do Senhor Jesus a todas as criaturas. “Ide pelo mundo inteiro e a todos pregai o Evangelho” (Marcos 16,15). O Evangelho está impregnado em nós, em nossos pensamentos em nossos sentimentos, naquilo que vivemos e fazemos. O Evangelho é proclamado e anunciado no poder e na autoridade do Espírito, mas toda a criatura, na face da Terra, tem o direito de proclamar, em alto e bom tom, que Jesus é o Senhor, que está vivo e presente no meio de nós.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Toda mãe traz os traços de Maria

Ser mãe vem ao encontro da plenitude do ser feminino. Toda mulher é chamada a gerar um novo ser humano, seja física ou espiritualmente. Com Maria, Mãe de Jesus, também foi assim. Ela foi escolhida por Deus para uma gravidez incomum, em que o fruto de seu ventre traria a vida eterna para toda a humanidade. Para isso Nossa Senhora contou com auxílio do Céu, nasceu imaculada, para o propósito divino de ser geradora do Salvador, mas o Pai dotou-a de virtudes naturais que são inerentes ao ser mulher e que, na maior parte dos acontecimentos de sua vida, ela dispôs do que lhe era humano para que o plano do Altíssimo acontecesse.


Desde a Anunciação, em que ela abre mão de seus planos de constituir uma família, até o Pentecostes, evento em que ela está firme e perseverante na oração junto aos apóstolos, o ministério de Jesus é marcado pela presença dela.

Como então separar Maria do ministério do Cristo?

É nesse caminhar junto, dispondo da energia natural ao que é vontade de Deus, que acontece a maternidade espiritual. Ser mãe é ser Maria na vida dos filhos, que não apenas os traz ao mundo, mas os encaminha para sua missão, indicando o que é nobre, justo e verdadeiro.

O amor do coração materno as impulsiona a estarem sempre presentes na vida dos filhos, não somente de forma física ou tomando-os como propriedades, mas vislumbrando na maternidade de Maria, como educar para o crescimento em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e diante dos homens.

O grande milagre da vida realiza-se quando o sopro amoroso da existência, vindo de Deus, perpassa o ser de alguém que se desfaz de si para elevar o pequeno e indefeso até a grandiosidade de sua missão neste mundo.

Se foi tão importante para Nosso Salvador Jesus Cristo ter a presença materna até a vinda do Espírito Santo é porque o amor materno é capaz de apoiar os filhos de forma extraordinária na realização de um desígnio de vida. Obrigado a todas as mães por serem Maria em nossas vidas! Um feliz Dia das Mães e abençoado mês de Maria!

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Ser mãe

Ser mãe é algo que corresponde a nossa natureza mais profunda como mulheres. No entanto, é necessário a vida inteira para aprendermos, por experiência, a viver este chamado. Mas a Palavra de Deus, sobretudo quando nos fala da Mãe por excelência, é luz para vivermos na alegria este caminho.


Num tempo em que a maternidade tem sido considerada de forma tão contraditória por mulheres que às vezes desejam ter filhos mais por uma afirmação pessoal do que pela disposição de doar-se sem reservas, torna-se urgente encontrar o sentido que só Deus pode dar a este imenso chamado, dirigido a toda mulher, e que cada uma pode, da forma querida por Deus, realizar. Entretanto, seria inútil ser mãe de direito, sem sê-lo de fato. Portanto, queridas irmãs, vamos refletir um pouco no que a Palavra de Deus diz a nosso respeito como mães?

Desde o Livro do Gênesis já encontramos o chamado de Deus para nós, que está implícito na ordem: “Crescei e multiplicai-vos”. Porém, como em todo chamado humano, neste também fomos atingidos pelo pecado… Ao que parece, o Demônio investe contra a maternidade desde o início, quando semeou a desconfiança no coração de Eva, a mãe dos viventes. Aquela, que desconfiara de Deus, gerou Caim que matou Abel por inveja. Estava, portanto, instalada a desconfiança no coração dos filhos daquela que desconfiou de Deus.

Mas Deus, em sua misericórdia, havia prometido que a descendência da mulher esmagaria a cabeça da Serpente, embora esta lhe ferisse o calcanhar. Nossa Senhora veio reverter esse caminho escuro e ser instrumento de Deus para nos revelar nosso papel de gerar a paz e a unidade entre nossos filhos e em toda a humanidade. E o fez à custa de uma entrega incondicional ao seu Filho e à toda a humanidade.

Lemos no Salmo 126(127) 4-5a, que “os filhos são como flechas na mão do guerreiro e feliz aquele que enche deles a sua aljava”. E São Paulo ensina na Primeira Carta a Timóteo que “a mulher será salva pela sua maternidade, contanto que persevere na fé, no amor e na santidade” (I Tim 2,15). O que significará isto para nós?

A salvação das mães passa pela entrega voluntária e gratuita da própria vida. Como vemos na Anunciação, antes de tudo é necessário deixarmos que sejam gerados em nós os filhos que Deus nos quiser conceder. Às vezes podem passar mil temores pelo nosso pensamento: “Que poderei dar de bom a este filho ou a esta filha?” Todavia, felizes devem ser os filhos que mesmo não tendo quase nada, têm a vida, porque não o impedimos de nascer. Isto vale também para os filhos espirituais.

Simplicidade

Ser mãe envolve atos tão simples, que para alguns até parecem sem valor. Mas Deus escolheu o que é vil e desprezado, a fim de que nenhuma criatura possa orgulhar-se diante dele (cf. 1Cor 1,28-29). Penso que um desses atos simples seja deixarmos que os filhos experimentem a nossa presença, não somente física, mas a nossa presença por inteiro, de coração. Às vezes chegamos a cansar os filhos com a nossa presença física, mas eles estão sempre carentes da nossa atenção, porque para eles é fácil perceber que o nosso coração está em outro lugar. Outras vezes podemos ser mães sempre presentes na vida de nossos filhos, apesar da correria da vida, pela intensidade dos momentos vividos ao lado deles de todo coração. Isto vale também para os filhos espirituais.

Algumas de nós pensam que o melhor que podemos dar aos nossos filhos são bons conselhos. Outras acham que muito importante é mostrarmos a eles um belo exemplo de perfeição. Penso que ambas as coisas sejam importantes, embora acredite não ser necessário falarmos tanto nem tão bem, nem nos mostrarmos ultraperfeitas em todas as coisas, mas que a simplicidade das nossas palavras, bem como a descoberta da nossa imperfeição diante dos filhos, sempre aponte para o Único Santo, o Único Perfeito, o Único Bom que existe. Ele sim, deve ser adorado.

Muitas vezes, a adoração dos nossos filhos a Deus começa exatamente quando somos destronadas por nossas imperfeições. Portanto, esqueçamos o desejo de ser a “rainha do lar”. Deus deve ser o Rei dos nossos filhos e Nossa Senhora a Rainha, enquanto conquistamos a confiança, o respeito e o amor dos nossos filhos na medida da confiança, do amor e do respeito que temos a Deus.

Isto nos liberta da falsa necessidade de sermos as “supermães”, e nos deixa à vontade para ser a mãe que perdoa e pede perdão sempre que necessário. A maternidade talvez seja a oportunidade maior que uma mulher pode encontrar para crescer no perdão e na sua missão de gerar a unidade e a paz no mundo. Como é difícil viver isto… Mas não impossível, porque Nossa Senhora levou a paz e a unidade na situação mais difícil de exercer o perdão: diante de seu Filho crucificado injustamente, ela acolheu e perdoou a humanidade inteira, tornando-se Mãe de todos nós.

Com Maria ao pé da cruz nós, mães, encontramos a cura de todo fechamento ao redor de nossos próprios filhos no sentido biológico, e a abertura para acolher todos aqueles que Deus nos enviar para servirmos. Se cedo compreendermos isto, talvez nem cheguemos a experimentar a atual e famosa “síndrome do ninho vazio”, que ocorre quando os filhos crescem. Ai de nós quando nos fechamos em algum ou alguns de nossos filhos, sejam estes na ordem física ou espiritual. Isto significa fechar nosso ventre, interromper o desenvolvimento do plano de Deus para a nossa vida, e experimentarmos uma espécie de morte. Como foi belo o aprendizado de Nossa Senhora nesse sentido! E começou muito cedo, quando sem se fechar na própria maternidade, levou a paz para Isabel e a serviu na sua maternidade. Mães assim, como Maria, contemplam em sua vida o sinal de Deus e realmente podem afirmar de si mesmas: “O Todo-poderoso fez grandes coisas em mim!”.

Mães que percorrem assim a estrada de Maria, jamais terão seus “ninhos” vazios, pois sempre serão mães de muitos, conforme promete Deus através do profeta Isaías: “Entoa alegre canto, ó estéril, que não deste à luz; ergue gritos de alegria, exulta, tu que não sentiste as dores de parto, porque mais numerosos são os filhos da desolada que os filhos da desposada, diz o Senhor. Dilata o espaço da tenda, as lonas das tuas moradas sejam esticadas! Não economizes nada! Alonga as tuas cordas, as tuas estacas, faze-as firmar, pois à direita e à esquerda vais transbordar: tua descendência herdará nações que povoarão as cidades desoladas” (cf. Is 54,1-3).

Portanto, não há o que temer, mãe, não há o que calcular! Não criamos filhos como se cria gado, para nos alimentar no futuro. Deus é a nossa recompensa, e se nos doamos gratuitamente, Ele mesmo cuidará de nós. Por isto, se alguma de nós sofre hoje o sentimento de ser abandonada por seus filhos, ainda é tempo para abrir o coração aos muitos filhos que Deus ainda quer gerar através de nós. Sejamos assim espiritualmente fecundas, durante toda a nossa vida!

domingo, 6 de maio de 2018

Evangelho do 6º Domingo da Páscoa

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”. (Jo 15,9-17)


Coloquemos em prática o mandamento do amor

Não se conhece Deus por meio de teorias e ensinamentos. A via para o conhecimento de Deus chama-se amor; e não é o amor falado, onde temos tantas retóricas para falar dele. O amor é prática e vida. Há pessoas que não falam nada, olhamos para elas e vemos como expressam e vivem o amor. Podemos ter a capacidade para falar bastante coisas sobre Deus e a Igreja, mas não temos a capacidade para amar, não conhecemos Deus. Podemos ter até conhecimento, notícias e informações maravilhosas a respeito d’Ele, mas o conhecimento de Deus só acontece por via do amor. Podemos até ficar estagnados, porque oramos bastante, fazemos longas meditações, mas não temos a capacidade de amar o próximo com todas as exigências que o amor tem. O amor é muito exigente, e se, muitas vezes, não somos capazes de morrer para nós mesmos, para o que pensamos e sentimos; se quando nos colocamos em primeiro lugar, o mais importante somos nós, não conseguimos viver o mandamento do amor. Amar é desdobrar-se, é acolher, aceitar e conviver. Não é conviver com aqueles que são agradáveis a nós, aqueles que fazem parte dos nossos grupos, das nossas “panelinhas”. Assim é muito simples e até os animais vivem, sem nenhuma dificuldade. O amor é exigente, é um mandamento: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 15,12). Cristo amou os Seus inimigos, aquele que O traiu e O abandonou. Ele amou até aqueles que quiseram tirar proveito d’Ele, mas que não O amaram de verdade. O nosso amor não é o amor do mundo, mas sim o do coração de Cristo. O amor cristão se desdobra e abre; é um amor que não exclui, mas que coloca na ordem e na vigência aqueles que o coração tem até repugnância. O amor é exigente, mas ele dá a vida, cura e liberta. Nossas comunidades, igrejas e famílias só serão revitalizadas se o mandamento do amor estiver na ordem da vida, das exigências e de tudo aquilo que realizamos.

sábado, 5 de maio de 2018

A oração do Santo Rosário e sua importância

Nossa Senhora teria ensinado o Santo Rosário a São Domingos de Gusmão, no século XII, que, a pedido do Papa Gregório IX, deveria combater os terríveis hereges cátaros na França. Com a oração do Rosário, São Domingos teria convertido cerca de cem mil deles.


Há muito tempo, os Papas valorizam e recomendam vivamente a oração do Rosário, especialmente os últimos Papas, sobretudo a partir das aparições de Lourdes (1858) e Fátima (1917). Em Fátima, Nossa Senhora disse aos Três Pastorinhos que “não há problema de ordem pessoal, familiar e nacional que a oração do Terço não possa ajudar a resolver”.

Leão XIII (1878-1903), em tempos difíceis, dedicou ao Rosário dezesseis documentos eclesiais: onze encíclicas; uma constituição apostólica; três cartas apostólicas entre outros. Paulo VI dedicou três documentos ao Rosário: a encíclica Mense (29 de abril de 1965), que recorda que “Maria é caminho para Cristo, e isso significa que o recurso contínuo a ela exige que se procure nela, para ela e com ela, Cristo Salvador, a quem devemos nos dirigir sempre”.

O Rosário conduz a Cristo

No dia 10 outubro de 2010, Papa Bento XVI também destacou a importância dessa oração: “A oração mais querida pela Mãe de Deus e que conduz diretamente a Cristo”. “O Rosário é a oração bíblica, totalmente tecida pela Sagrada Escritura. É uma oração do coração, em que a repetição da ‘Ave-Maria’ orienta o pensamento e o afeto para Cristo. É a oração que ajuda a meditar a Palavra de Deus e assimilar a Comunhão Eucarística, sob o modelo de Maria, que guardava em seu coração tudo aquilo que Jesus fazia e dizia, e sua própria presença”.

Na carta apostólica de João Paulo II “Rosarium Virginis Mariae” ele declara: “Percorrer com Ela [Maria] as cenas do Rosário é como frequentar ‘escola’ de Maria para ler Cristo, penetrar nos Seus segredos, compreender a Sua mensagem”. O Rosário pode promover o ecumenismo, afirmou o saudoso Pontífice.

Caminho para paz

No dia 7 de outubro de 2007, Bento XVI nos convidou a rezar o Rosário pela paz nas famílias e pela paz no mundo. «É a mensagem que a Virgem deixou em suas diferentes aparições».

«Penso, em particular – confessou da janela de seu apartamento –, nas aparições de Fátima, ocorridas há 90 anos, nos Três Pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco, aos quais se apresentou como ‘a Virgem do Rosário’, e aos quais recomendou com insistência a oração do Rosário todos os dias, para se alcançar o fim da guerra».

Em visita a Pompeia, em 18 outubro 2008, Bento XVI disse o seguinte sobre o Rosário: «O Rosário é oração contemplativa, acessível a todos: grandes e pequenos, leigos e clérigos, cultos ou pouco instruídos». «O Rosário é “arma” espiritual na luta contra o mal, contra a violência, pela paz nos corações, nas famílias, na sociedade e no mundo».

Por todos esses motivos, afirmou São João Paulo II que “o Rosário é a minha oração predileta (…). Ao mesmo tempo, o nosso coração pode encerrar, nestas dezenas do Rosário, todos os fatos que compõem a vida do indivíduo, da família, da nação, da Igreja e da humanidade. Vicissitudes pessoais e vicissitudes do próximo e, de modo particular, daqueles que estão mais próximos de nós, que nos são mais queridos. Assim a simples oração do Rosário bate ao ritmo da vida humana”.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Maio: mês de Maria

As referências dos Evangelhos e do Atos dos Apóstolos a Maria, Mãe de Jesus, apesar de poucas, deixam ver muito desta privilegiada criatura, escolhida para tão alta missão. São Paulo, na Carta aos Gálatas (4,4), dá a entender claramente que, no pensamento divino de nos enviar o Seu Filho, quando os tempos estivessem maduros, uma Mulher era predestinada a no-Lo dar. Para que se compreenda a presença da Virgem Maria nesta predestinação divina, a Igreja, na festa de 8 de dezembro, aplica à Mãe de Deus aquilo que o livro dos Provérbios (8, 22) diz da sabedoria eterna: “Os abismos não existiam e eu já tinha sido concebida. Nem fontes das águas haviam brotado nem as montanhas se tinham solidificado e eu já fora gerada. Quando se firmavam os céus e se traçava a abóboda por sobre os abismos, lá eu estava junto dele e era seu encanto todos os dias”. Era, pois, a predestinada nos planos divinos.


Para se perceber melhor o perfil materno de Nossa Senhora, três passagens bíblicas podem esclarecer isso. A primeira é a das Bodas de Caná, que realça a intercessora. Quando percebeu – o olhar feminino que tudo vê e tudo observa – estar faltando vinho, sussurra no ouvido do Filho sua preocupação e obtém, quase sem pedir, apenas sugerindo, o milagre da transformação da água em generoso vinho. Ela é, de fato, a mãe que se interessa pelos filhos de Deus que são seus filhos.

Outra passagem do Evangelho esclarecedora da personalidade de Maria é a que nos mostra seu silêncio e sua humildade. O anjo a encontra na quietude de sua casa, rezando, para dizer-lhe que fora escolhida por Deus para dar ao mundo o Emanuel, o Salvador. Ela se assusta com a mensagem celeste, porque, na sua humildade, nunca poderia ter pensado em ser escolhida do Altíssimo. Acolhe assim, por vontade divina, a palavra do mensageiro, silenciosamente, sem dizer, nem sequer ao noivo, José, o que nela se realizava. Deus tem o direito de escolher e por isso ela diz apenas o generoso “sim” que a tornou Mãe de Deus.

O terceiro traço de Maria-Mãe é sua corajosa atitude diante do sofrimento. Ao apresentar o seu Jesus no templo, ouve a assustadora profecia do velho Simeão: “Uma espada de dor transpassará a tua alma”. Pouco mais tarde, estreitando ao peito o Menino Jesus, deve fugir para o Egito com o esposo, para que a crueldade de Herodes não atingisse a Criança que – pensava ele, Herodes – lhe poderia roubar o trono. Quando seu Filho tem doze anos, desencontra-se dele e, ao achá-Lo após três dias, queixa-se amorosamente: “Por que fizeste isto? Eu e teu pai te procurávamos, aflitos”. Sua coragem se confirma na Paixão e Crucifixão de Jesus. De pé, ali no Calvário, sofre e associa-se ao sacrifício do Redentor. É a mulher forte, a mãe corajosa e firme, a quem a dor não derruba. De fato, a espada de Simeão lhe atravessara a alma e o coração. É a Senhora das Dores.

Maio, mês dedicado a Nossa Senhora, pela piedade cristã, é um convite para voltarmos nosso olhar a esta Mãe querida para pedir-lhe que abra as mãos maternas em bênção de carinho sobre nossos passos nesta difícil escalada da Jerusalém celeste.

terça-feira, 1 de maio de 2018

Dia do Trabalhador

“Trabalharás, que Eu [Deus] te darei”. Cresci ouvindo essa frase que minha avó Maria jurava “de pés juntos” estar escrita na Bíblia. Era o argumento que ela usava para nos convencer de que era necessário trabalhar, e que isso nos faria bem. Em contrapartida, fui percebendo que muita gente trabalhava duro e não conseguia conquistar o que almejava. Eu via trabalhadores aderirem às paralisações por melhores condições de trabalho e salários mais altos; notava também desemprego; corrupção; e até formas de escravidão que não correspondiam aos benefícios do trabalho que minha avó ensinava.


Realmente eu acreditava esta frase “Trabalharás, que Eu [Deus] te darei”, era um ensinamento bíblico. Procurei, muitas vezes, mas nunca encontrei esse registro nas Sagradas Escrituras. Até que, entendi que apesar de não estar na Bíblia, essa frase continha um importante ensinamento sobre a dignidade que o trabalho oferece às pessoas. O suor de cada dia é a garantia, também, do pão cotidiano, afinal “Deus ajuda a quem cedo madruga”, como nos ensina a sabedoria popular. O trabalho naturalmente gera cansaço, e pode ser que por esse motivo as primeiras páginas da Bíblia o consideram como castigo dos Céus; já o Cristianismo entende que o trabalho dignifica o homem, porque lhe permite colaborar na continuação da criação divina.

O trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho

Em meio a agitação do dia a dia e em busca do crescimento intelectual e econômico, uma mensagem de São João Paulo II, escrita em 1981, alerta sobre um fato importante: “O trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho”. Nesse sentido, recordo-me, todos os dias, das palavras do bispo italiano Dom Pierfranco Pastore antes de começar a rotina diária: “Bom trabalho, mas não demais”, alertava de maneira descontraída sobre o risco do ativismo. É que muitas pessoas podem realizar a própria profissão de maneira automática, sem colocar em primeiro lugar o amor, a dedicação e, o mais importante, as pessoas. É preciso tomar cuidado com o imediatismo e com a correria, para não se tornar uma pessoa centralizadora.

Gosto de uma dica do professor Felipe Aquino. “Se não estamos dando conta dos trabalhos, é porque estamos realizando coisas que não nos competem, ou seja, estamos nos tornando centralizadores”. Daí, a necessidade de nos avaliarmos continuamente, acolhermos sugestões de quem é próximo a nós e exercitarmos a capacidade de ouvir. Além disso, podemos realizar nossas atividades em contínuo diálogo com Deus, numa atitude de discípulos que aprendem com o Mestre. Jesus veio para servir, não para ser servido (cf. Mc 10, 45), porque aprendeu com o Pai a trabalhar sempre (cf. Jo 5,17).

Renove sua fé em São José Operário

No Dia do Trabalhador, renovemos a nossa esperança e o nosso papel de colaboradores do desenvolvimento social. A comemoração do feriado do trabalhador recorda a manifestação de operários de Chicago, nos Estados Unidos, em 1886: pessoas chegaram a serem mortas pelo simples fato de reivindicar a redução da jornada de trabalho para oito horas. Em 1955, o Papa Pio XII, instituiu a “Festa de São José Operário” para dar sentido cristão à data e um protetor aos trabalhadores.

Que o feriado de Primeiro de Maio não represente apenas um dia a menos de estresse em nosso calendário, mas uma data para que nos recordemos de São José Operário, pai adotivo de Cristo que, “na carpintaria em Nazaré, dividia com Jesus compromissos, esforços, satisfações e dificuldades do dia a dia”, conforme nos ensina o Papa Francisco.