terça-feira, 30 de outubro de 2018

O cristão católico pode participar das festas de Halloween?

Halloween é uma festa comemorada, no dia 31 de outubro, véspera do Dia de Todos os Santos. Essa festa é realizada, em grande parte, nos países ocidentais, sendo mais forte nos Estados Unidos, para onde foi levada por imigrantes irlandeses em meados do século XIX. Na valorização da cultura americana, especialmente nas escolas de inglês e nos filmes de Hollywood, essa festa tem se espalhado pelo mundo.


A origem do Halloween

A prática do Halloween vem do povo celta, o qual acreditava que, no último dia do verão (31 de outubro), os espíritos saíam dos cemitérios para tomar posse dos corpos dos vivos, visitar as famílias e levar as pessoas ao mundo dos mortos. Sacerdotes druístas (religião celta) atuavam como médiuns, evocando os mortos. Parece que, para espantar esses fantasmas, os celtas tinham o costume de colocar objetos assustadores nas casas, como caveiras, ossos decorados, abóboras enfeitadas entre outros. O termo “Halloween” surge mais tarde, no contato da cultura celta com o Cristianismo. Da contração do termo escocês “Allhallow-eve” (véspera do Dia de Todos os Santos), que era a noite das bruxas, surge o “Halloween”.

O católico pode participar do Halloween?

É aí que surge a dúvida: hoje, essa festa tem algum significado espiritual? O cristão pode participar dela? É apenas uma prática cultural inofensiva?

São Paulo diz: “Não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Ef 6,12). O apóstolo também exorta: “Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar” (1Pd 5,8). Embora não os vejamos, os espíritos malignos são seres inteligentes, que agem tentando perder as almas. Não os vemos, mas sofremos suas investidas. Isso é Doutrina da Igreja Católica.

Significado espiritual

Será que uma festa pagã, que praticava um ato abominável por Deus – a evocação dos mortos (Dt 18,10-11) –, enculturada hoje, não tem significado espiritual nenhum? É difícil que não tenha! Na dúvida, eu me resguardo. Bem, mas essa é uma reflexão para quem tem fé católica e procura ser coerente com ela.

Outra pergunta que me faço é se o contato e a identificação com imagens horríveis de bruxas e monstros não tem significado nenhum na formação dos jovens. Desconsiderando a expressão de um satanismo evidente, mas indo para reflexão mais cultural, aí também não acredito que o Halloween seja tão inofensivo.

O mal quando vira brincadeira torna-se inofensivo?

O ser humano é chamado a contemplar o belo, porque é manifestação da harmonia de tudo que é bom e verdadeiro. Deus é belo, mas o ser humano tem uma estranha atração pelo mórbido, o oculto e suas expressões naquilo que tem de horrível. Não tenha dúvida de que educar uma pessoa humana significa, dentre tantas outras coisas, ensiná-la a apreciar, valorizar e identificar o belo com o bom. Não seria o Halloween mais uma forma, dentre tantas outras, hoje em dia, de roubar a referência do belo, do verdadeiro, do bom e honesto? Será que o mal e o monstruoso, quando viram brincadeira, são tão inofensivos à cultura e aos valores do ser humano?

Até o “doces ou travessuras” não surgiu de forma muito pura. Parece que sua origem está na época em que os países anglo-saxônicos se tornaram protestantes, e as crianças protestantes iam às casas das famílias católicas, oprimidas pelo governo, impor suas exigências. Em um mundo onde os jovens, diariamente, curtem nas roupas, nos filmes e nas festas o mórbido das caveiras e dos zumbis, o horrível dos monstros e das bruxas, é fácil entender uma sociedade tão pobre em cultura e tão abundante em violência e promiscuidade. Se a expressão do mal é brincadeira e moda, que mal faz o tornar coisa séria?

Festejar os demônios

Voltando ao lado religioso, é curioso que o Halloween se avizinhe da festa católica de Todos os Santos. Não parece que alguém, tão incomodado com os santos, resolveu festejar os demônios? Não se trata de supervalorizar do mal em detrimento do bem, menos ainda de uma visão puritana das coisas deste mundo. O mundo é maravilhoso, a vida é bela. O cristão precisa saber acolher essa maravilha, valorizar a vida do homem e cultivar a alegria da criança e do jovem. Contudo, para semear a vida e colher a alegria é preciso saber: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma” (1Cor 6,12).

domingo, 28 de outubro de 2018

Evangelho do 30º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”. Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!”. Então Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!”. O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Então Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!”. Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho. (Mc 10,46-52)


Jesus, permite-nos enxergar o que está dentro de nós

O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, que estava sentado à beira do caminho, viu Jesus passar e gritou: “Jesus, Filho de Davi, tende compaixão de mim, porque eu quero enxergar”. Quando esse cego começou a gritar, muitos o repreendiam, porque eram mais cegos do que ele. Quando uma pessoa reconhece sua miséria e suas debilidades, está buscando alcançar a graça, está buscando enxergar o que ela não enxerga; nesta pessoa está a luz de Deus. Entretanto, quando uma pessoa acha que sabe tudo, que enxerga tudo, que tem o domínio de tudo, desculpe-me, mas essa pessoa é mais cega do que todos. Esse tipo de cegueira é, muitas vezes, difícil de recuperar e salvar, porque a pessoa está obcecada no seu erro e não é capaz de se reconhecer. Ela está num obscurantismo tão grande da vida, que acha que tudo que ela pensa e sabe, que a sua opinião e o seu ponto de vista são a visão do todo. Vivemos num mundo obcecado por uma cegueira, incapacitado de refletir e olhar mais adiante, mas para olharmos adiante precisamos olhar para dentro de nós, reconhecer em nós aquilo que nos leva a tomar decisões, fazer escolhas, manifestar nossas opiniões a partir dos nossos impulsos, dos nossos sentimentos ou do nosso racionalismo, muitas vezes, vazio, onde nos obcecamos em um ponto de vista, e o que vale é só isso. Eu fico com o cego Bartimeu, que reconheceu a profundidade da sua miséria, reconheceu que a luz é Jesus, pois somente Ele é a luz da humanidade. Hoje, quero clamar como Bartimeu: Jesus, Filho de Davi, tende pena de mim, tende pena da minha cegueira, daquilo que não consigo enxergar dentro de mim mesmo. É por isso que, muitas vezes, eu não melhoro, não me converto, não sou um cristão melhor. Tende compaixão de mim, Senhor! Permita-me enxergar aquilo que não consigo ver, não me deixe morrer na cegueira, obstinado nos meus pensamentos, nos meus sentimentos, nas minhas ideias e convicções. Jesus, luz do mundo, ilumina as trevas do meu coração.

sábado, 27 de outubro de 2018

Descubra como reabilitar as lesões espirituais da alma

Após alguma lesão, muitos pacientes são encaminhados para o tratamento fisioterápico; e a fisioterapia tem a função de reabilitar o paciente para que volte às atividades normais após uma série de exercícios. Contudo, o tratamento só terá seu pleno efeito concretizado se o paciente for fiel às sessões de fisioterapia e praticar regularmente, em casa, as atividades propostas pelo profissional da área. Todo processo de reabilitação leva tempo e exige paciência. A reabilitação não acontece do dia para a noite. É necessário calma, perseverança e fidelidade.


Muitas almas se encontram debilitadas, lesionadas, fraturadas, machucadas, necessitando de um longo processo de reabilitação espiritual. E são tantas as causas que machucam e ferem a alma humana: uma palavra mal compreendida, uma traição, um desentendimento, uma agressão física ou verbal. Podemos afirmar que, em maior ou menor grau, todos necessitamos realizar, de tempos em tempos, um processo fisioterápico espiritual que reabilite nossa alma a viver a plenitude da vida que Jesus Cristo nos oferece.

A reabilitação exige perseverança

Contudo, assim como no processo de um tratamento para reabilitação de um membro do corpo lesionado exige paciência daquele que se submete aos procedimentos fisioterápicos, a reabilitação da alma também exige paciência e fidelidade da parte de quem busca a cura.

Todo processo de reabilitação começa com o diagnóstico da lesão. Nossa alma, por vezes, encontra-se bastante debilitada; então, será necessário ir tratando uma parte de cada vez.

Nesse processo de cura, algumas atividades são fundamentais para que o resultado seja positivo e nos permita caminhar pela vida com leveza e livre dos traumas que outrora nos impediam de dar passos concretos rumo à santidade.

Uma vida de oração

Dentre as atividades espirituais necessárias e essenciais se encontra o fortalecimento da vida de oração. Quando nos aproximamos verdadeiramente de Deus, por meio da oração, permitimos que Ele os restaure e cuide com misericórdia de nossas feridas interiores, cicatrizando, com o bálsamo do amor, as dores que atormentam nossa alma e roubam a paz interior que tanto almejamos ter novamente.

A frequência aos sacramentos também é fundamental. Uma boa confissão reabilita nossa vida humana e espiritual, retirando-nos da prisão do pecado que nos impede de caminhar livres na graça e no perdão de Deus. Se o Senhor nos perdoa com Sua infinita misericórdia, também somos chamados a perdoar aqueles que nos ofenderam, e pedirmos perdão a quem ofendemos. O processo de reabilitação de nossa alma somente será completo se nos dispusermos a fazer também a nossa parte nesse processo de cura. Muitos tentam enganar os profissionais de fisioterapia, dizendo a eles que, em casa, estão executando as atividades solicitadas.

Não se afaste de Deus

Não podemos enganar Deus! Ele tudo vê, Ele nos perdoa com amor, mas também pede que façamos a nossa parte nesse processo de cura interior.

Quando nos dispomos, interiormente, a buscar a cura para as lesões espirituais de nossa alma, estamos iniciando um caminho de libertação e restauração, que exigirá de nós o esforço necessário e a fidelidade concreta para atingirmos a plenitude da graça de Deus em nossa vida.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A Missão é de Deus

Iniciamos o mês de outubro de 2018, rico em celebrações e acontecimentos extraordinários. Com Santa Teresinha do Menino Jesus, começamos o mês das missões em nossas comunidades, em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema: “Enviados para testemunhar o Evangelho da Paz”, e o lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). É missão de todos nós promovermos uma cultura de paz, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência.


A nossa missão nasce da mesma missão de Jesus, o enviado do Pai para transmitir a paz que o mundo tanto almeja: “A paz esteja com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês” (Jo 20,21).  Rumando para a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões, dia 21, centrada no Sínodo da Juventude, em Roma, entre os dias 03 e 28 deste mês, com o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, cada pessoa é chamada a refletir sobre esta realidade: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo”, exorta o Papa Francisco. Jovens, discípulos missionários, apaixonados por Jesus e pela sua missão.

É também o mês do Rosário, de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora Aparecida. Neste ano, teremos as eleições em todo o Brasil, oportunidade para fazer da política uma missão inestimável de dedicação, para a obtenção do bem comum da sociedade.

A missão é obra de Deus. Em Jesus Cristo temos o exemplo daquilo que o Pai gostaria de ver em seus filhos e filhas, em seus discípulos. Amar os pequenos, ajudar a erguer os caídos, doar-se em favor de outras vidas. A missão é de Deus, e com a qual somos chamados a colaborar. Não podemos fugir dessa responsabilidade. Toda a comunidade é chamada a ser missionária.

A cooperação missionária tem por objetivo promover a participação de todos na missão. Essa participação se realiza pela oração, por meio da ajuda material e colocando-se à disposição para servir na missão.

Neste Ano Nacional do Laicato, com o tema: “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino” e o lema: “Sal da terra e luz do mundo”, todos os leigos e leigas sintam-se animados à missão; assumindo a responsabilidade de serem fermento para uma sociedade renovada, onde a corrupção e a desigualdade deem lugar à justiça, à solidariedade e à prática do bem.

Olhemos para Maria missionária, a mais nobre servidora, que nos tira do comodismo e faz fervilhar nosso interior para praticarmos o bem. Ela nos trouxe Jesus, nossa salvação.

Rezemos por todos os missionários e missionárias! Sejamos, também, verdadeiros missionários na vida cotidiana!

Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo de Nazaré - PE

domingo, 21 de outubro de 2018

Evangelho do 29º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir”. Ele perguntou: “O que quereis que eu vos faça?”. Eles responderam: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!”. Jesus então lhes disse: “Vós não sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?”. Eles responderam: “Podemos”. E ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado”. Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João. Jesus os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós, não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”. (Mc 10,35-45)


Precisamos cuidar do outro que está ao nosso lado

Se tem uma missão que o discípulo de Jesus precisa aprender é a de servir. No serviço está o resumo daquilo que é a nossa entrega para Deus. Estamos a serviço do Reino e do amor d’Ele. Olhemos para Jesus, que se tornou servo de toda a humanidade, dedicou Sua vida, Seu apostolado e missão para salvar almas, para resgatar e libertar o ser humano, para colocar-se a serviço dos mais pobres, mais necessitados e humilhados. Aprendamos com Jesus que servir não é esperar que outros venham nos fazer, pois servir é se colocar à disposição do outro, cuidar dele, ter compaixão dos sofrimentos de uma humanidade que padece na miséria, na fome e em todas as necessidades espirituais e materiais. Precisamos cuidar um do outro, porque serviço é, acima de tudo, saber cuidar. Quantas pessoas sofridas e maltratadas estão sendo deixadas de lado perto de nós, longe de nós e ao nosso lado! É preciso cuidar do outro, que está ao nosso lado; às vezes, está no banco da igreja, sentado a nossa frente, atrás de nós, mas não damos atenção para ele. Servir é colocar-se à disposição e dizer: “Eis-me aqui, Senhor. Do que o Senhor precisa de mim?”. Eu olho para as nossas igrejas, comunidades e pastorais, há pessoas que a tanto tempo estão no caminho de Deus e não sabem servir, querem apenas serem servidas, olham para a igreja como se ela fosse uma instituição que estivesse ali para satisfazer as suas necessidades. Quando nos encontramos com Jesus, aprendemos com Ele a sermos servidores do povo de Deus. Que o Senhor nos dê o espírito de serviço, doação, entrega e cuidado para com as coisas d’Ele e para com Seus filhos, precisam de nós e do nosso cuidado.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Por que chamamos a Virgem Maria de Nossa Senhora?

O título de Senhor e Senhora, desde os primeiros séculos do Cristianismo, eram usados para os senhores de escravos, muito comum naquele tempo. Dentro desse contexto, a Virgem Maria disse ao anjo: “Eis aqui a escrava do Senhor” (Lc 1,38).


“Jesus é o Senhor”, como disse São Paulo (Fl 2,11); é o Rei dos Reis; e Sua Mãe é Rainha por consequência. Por isso, a Igreja entendeu que deveria chama-lá de Senhora. Os súditos do Rei eram também servos da Rainha. Ora, se somos súditos de Jesus, o somos também de Maria. A Ladainha Lauretana chama a Virgem Maria de Rainha dos Anjos, Rainha dos Santos, Rainha dos Apóstolos, Rainha dos Mártires, Rainha dos Confessores, Rainha das Virgens, Rainha dos Profetas. Ora, toda Rainha é Senhora em seu reino.

Agradável a Deus, aos anjos e aos homens

A Virgem Maria é aquela “cheia do Espírito Santo”, como a saudou sua prima Santa Isabel, que em alta voz disse: “Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1,42). Ela é “a filha predileta de Deus”, diz o Concílio Vaticano II (LG n. 53), “aquela que, na Santa Igreja, ocupa o lugar mais alto depois de Cristo e o mais perto de nós” (Lumen Gentium, n. 54).

São Bernardo, doutor da Igreja, o apaixonado cantor da Virgem Maria, no Sermão 47 diz: “Ave Maria, cheia de graça, porque é agradável a Deus, aos anjos e aos homens. Aos homens, por causa de sua fecundidade; aos anjos, por sua virgindade; a Deus por sua humildade. Ela mesma atesta que Deus olhou para ela porque viu sua humildade”.

São Tomas de Aquino afirmou: “A bem-aventurada Virgem Maria, pelo fato de ser Mãe de Deus, tem uma espécie de dignidade infinita por causa do bem infinito que é Deus”. Ela é Senhora!

“A graça que adornou a Santíssima Virgem sobrepujou não só a de cada um em particular, mas a de todos os santos reunidos”, afirma Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja. Por isso, ela cantou no Magnificat: “Desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo” (Lc 1,42). Ela é Senhora!

Exemplo de todas as virtudes

Maria é um “espelho especialíssimo de Deus”, diz São Tomás de Aquino: “Os outros santos são exemplos de virtudes particulares: um foi humilde, outro casto, outro misericordioso, e assim nos são oferecidos como exemplos de uma virtude. Mas a bem-aventurada Virgem é exemplo de todas as virtudes”, diz o santo.

São Bernardo e Santo Antônio, doutores da Igreja, afirmam que, “para ser eleita e destinada à dignidade de Mãe de Deus, devia a Santíssima Virgem possuir uma perfeição tão grande e consumada, que nela excedesse todas as outras criaturas”. Ela é Nossa Senhora!

“Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (Mt 23,12). Repetiu várias vezes o Senhor. Logo que Deus determinou fazer-se Homem para redimir o homem decaído e assim manifestar ao mundo Sua misericórdia infinita, certamente buscava entre todas as mulheres aquela que fosse a mais santa e humilde para ser Sua Mãe. Como diz o Livro dos Cânticos: “Há um sem número de virgens (a meu serviço), mas uma só é a minha pomba, a minha eleita” (Ct 6,8-9).

Foi por sua imensa humildade que Deus tanto exaltou Maria e a fez Sua Mãe, Rainha e Senhora nossa. E a própria Virgem diz no seu canto: “porque olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48).

Foi essa “humildade” profunda e real que tanto encantou o coração de Deus, fez com que a elegesse a “bendita entre as mulheres”, Sua Mãe, nossa Mãe e Senhora.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Movimento Apostólico de Schoenstatt

O Movimento Apostólico de Schoenstatt faz parte da Obra Internacional de Schoenstatt, fundada pelo Pe. José Kentenich em 18 de outubro de 1914, em Schoenstatt, na Alemanha.


O ato da Fundação é a Aliança de Amor, selada pelo Pe. José Kentenich juntamente com um grupo de seminaristas Palotinos convidando a Mãe de Deus a estabelecer-se numa Capelinha e fazer dela um Santuário de graças, de onde partisse um movimento de renovação religioso e moral para o mundo.

As circunstâncias comprovam que Nossa Senhora aceita esse convite e leva a sério a consagração realizada. Em poucos anos a Mãe de Deus atrai muitas pessoas a este lugar de graças realizando prodígios de transformações nas almas.

A Obra é duramente provada no decorrer das duas guerras mundiais e também por meio das autoridades eclesiásticas. Tais dificuldades aprofundam ainda mais a espiritualidade própria de Schoenstatt e amadurecem o amor e a fidelidade à Igreja de todos os que se empenham por essa Obra.

A essência desta espiritualidade é a Aliança de Amor que os membros selam com a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, no Santuário. Essa Aliança é um meio eficaz para a vivência mais consciente da Nova e Eterna Aliança, na qual somos inseridos pelo Batismo. Por meio dela, podemos crescer numa profunda fé na Divina Providência e aproveitar as pequenas coisas do dia-a-dia como caminho de santidade.

Uma Obra de tão grandes dimensões tem seu ponto de unidade na Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt, na vinculação ao seu Santuário de graças e na fidelidade aos ensinamentos do Fundador, Pe. José Kentenich.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Ser professor é um dom e uma missão

Toda vocação nasce de um chamado e toda resposta nasce de um ‘sim’. Ser professor é um dom, uma vocação que nasce de um ‘sim’. Sabemos, no entanto, que a vocação dos professores no Brasil não é valorizada como deveria ser: salários baixos, pouca valorização pelos órgãos governamentais, falta de estrutura básica para o ensino em muitas escolas. Como se não bastasse, muitos ainda precisam enfrentar, todos os dias, alunos extremamente agressivos, que chegam às escolas totalmente desestruturados emocionalmente.


O berço da educação grita por dignidade, e muitos professores buscam, dentro de suas possibilidades, sanar as dores dessa realidade enferma.

Em meio a tantas situações de trevas, esses homens e mulheres seguem sua vocação partilhando conhecimento e acreditando que o amanhã poderá ser melhor, e que somente com educação o Brasil será o país do futuro.

Busque inspiração

Como viver o dom dessa nobre vocação sem se perder em meio a tantos sinais de trevas que podem causar desânimo e abandono de um “sim” nascido de um amor? Jesus Cristo é o modelo para todos os professores que buscam viver o dom de sua vocação de modo espiritualmente pleno e rico de significados.

Nem sempre é fácil, em uma sala de aula, acolher os alunos rebeldes e agressivos. No entanto, olhando para Jesus e buscando inspiração nos Seus ensinamentos, encontramos um caminho para que esse desafio seja enfrentado com sabedoria. O Mestre da vida nunca se deixou vencer pelos agressores, e o preço de Sua luta era pago com amor. Somente com um amor que ultrapassa as fronteiras da agressão o coração do aluno será conquistado.

Ninguém é agressivo, porque nasceu assim. As raízes da agressão e da violência são frutos de uma vida cultivada sobre os alicerces de realidades complexas, muitas vezes difíceis de serem compreendidas, desde uma estrutura familiar mal vivida até mesmo complexas desestruturas emocionais causadas por inúmeros fatores.

Alimente sua vocação

Somente com o olhar da misericórdia, que ultrapassa os muros da agressão, será possível aproximar-se de quem fere com o bálsamo do amor, ensina que a vida pode ser diferente do que aquilo que foi ensinado por muito tempo. Quando um professor se coloca no mesmo nível de um aluno agressor, ele desce ao nível mais baixo de sua vocação: tornar-se aquilo pelo qual sente tanta repulsa.

As dificuldades são muitas, porém a vocação de ser professor deve ser alimentada com uma vida espiritual rica de significados profundos. Ninguém sustenta sozinho um dom sem uma ajuda que ultrapassa as forças humanas. Para que a vocação do magistério seja sempre nova e se renove a cada novo encontro, é preciso cultivar uma vida de oração, andar de mãos dadas com Deus, para que outros possam ser abraçados por esse amor cultivado na intimidade da fé.

Quando o professor caminha sozinho, ele se perde em meio aos problemas que parecem não ter solução. Quando caminha com Deus, constrói pontes que unem a vida à beleza da fé.

domingo, 14 de outubro de 2018

Evangelho do 28º Domingo do Tempo Comum

Naquele tempo, quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”. Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe”. Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!”. Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!”. Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!”. Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?”. Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”. Pedro então começou a dizer-lhe: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna. (Mc 10,17-30)


A maior riqueza da nossa vida é o Reino de Deus

Quando escutamos essa sentença de Jesus, achamos que Ele estava condenando os ricos. De forma nenhuma! Ele estava fazendo uma constatação da dificuldade que todos aqueles que se apegam às riquezas têm para entrar na lógica e na dinâmica do Reino de Deus. O Reino exige desprendimento e apego a uma única riqueza: o próprio Deus. Quando qualquer pessoa tem dificuldade de se desprender do que tem ou de ter o coração voltado para esta única riqueza, dificilmente consegue viver o Reino de Deus na sua vida, porque vive, constantemente, com o coração dividido. O coração ora aqui e ora acolá, e o Reino de Deus está no meio de nós para cuidar do nosso coração. Do outro lado, o Reino de Deus cria em nós um coração desprendido e, ao mesmo tempo, fraterno, solidário, ensinando-nos a cuidar um do outro. Às vezes, a pessoa nem tem riquezas, mas tem um pouquinho de coisa na vida, então, ela se apega àquilo que tem e não divide com ninguém, não se preocupa com os outros. Que miséria de vida! A grande miséria do mundo é transformar riquezas em bens absolutos, é fazer da riqueza e do dinheiro o sentido da vida e da existência, e isso torna a pessoa totalmente pobre e miserável. Não é nenhum problema trabalhar, adquirir seus bens, tornar-se uma pessoa rica por aquilo que possui, mas é uma grande miséria se apegar a qualquer coisa, neste mundo, e não saber se tornar fraterno nem solidário. Por isso, dificilmente, quem é orgulhoso, quem se orgulha dos bens que possui consegue entrar no Reino de Deus. No entanto, aquilo que parece impossível para os homens é possível para Deus. Como é possível? Desde que cada um de nós deixemos Deus fazer esse milagre em nós, não é arrancar de nós as riquezas, mas o apego que temos a elas, o coração preso que temos com os bens materiais. Tenho a graça de conhecer ricos cujo coração é desprendido, vivendo humildemente e cuidando dos outros; e não presos aos bens que têm. Ao mesmo tempo, tenho de dizer que conheço tantos pobres que vivem uma miséria não material, mas uma miséria humana, a qual os leva a serem gananciosos, avarentos, e isso os afasta do Reino de Deus. Bem-aventurado é quem se desprende para abraçar a maior riqueza da vida, que é o Reino de Deus.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Como incentivar as crianças a gostarem da Palavra de Deus?

As crianças são de grande importância para o Reino de Deus. É prazer de Deus, por intermédio do Seu Filho Jesus Cristo, alcançar o coração delas. Conduzi-las a ter um encontro pessoal com Jesus é um grande desafio, mas também a mais doce esperança de um mundo melhor. Não foi por acaso que Jesus ordenou que deixassem as crianças irem a Ele. O Senhor estava diante de cristãos em potencial. Ao proferir essas palavras, diz a Escritura que Ele estendeu as mãos sobre as crianças e as abençoou.


O ensino bíblico para crianças deve ser valorizado por todos que fazem parte da vida delas. Este, sim, é um valioso investimento! Não vai existir fase mais adequada – para que sejam construídos e reconstruídos os pilares para uma vida saudável e comprometida com o mundo – do que a infância.

A figura da criança é apresentada, na Bíblia, desde muito cedo. Moisés e João Batista são exemplos de apóstolos que eram comprometidos com o mundo espiritual desde que eram crianças. Moisés recebeu um chamado, João Batista foi batizado no Espírito enquanto sua mãe, Isabel, recebia a visita de Maria.

A Palavra de Deus nos ensina por onde e como conduzir os filhos a este encontro com Deus, preservando a criança dos valores passageiros, impostos por ensinamentos que vêm de outras palavras. Como a palavra proferida pelas novelas, pelos excessos de desenhos animados, pelos colegas da escola e, também, pelo livre acesso a certos conteúdos da internet. É preciso deixar claro que a Palavra à qual me refiro está na Sagrada Escritura. Portanto, os filhos deverão ter a oportunidade de conhecê-la com a decisão da família de ser ou não ser uma família cristã. E a partir disso promover ações possíveis em que seus filhos consigam se aproximar da leitura bíblica.

Será primeiramente pelo testemunho dos pais que os filhos vão se deixar seduzir pela Palavra do Senhor. É comum ver pais ensinarem aos filhos quem é o Papai do Céu e a pedirem a Sua bênção, contudo, o tempo passa e este ensinamento não evolui. É uma fé tipicamente folclórica. A criança não frequenta a igreja, nunca viu os pais lendo a Palavra, não experimenta fazer caridade desde a mais tenra idade, não cresce habituada a reconhecer os seus pecados (mesmo tão mínimos) e cresce longe do costume de orar pelas pessoas que estão ao seu redor, em sua cidade e no mundo.

Incentivar um filho a gostar de ler e viver a Palavra de Deus é, antes de tudo, habituá-lo ao ambiente que tenha sinais de Deus. A criança é muito inteligente para perceber quando a família fala e não vive. Principalmente, aquelas que dizem crer em Deus, mas não testemunham esta crença com atos concretos de fé.

Seria muito bom que, antes de dormir, as crianças ouvissem histórias bíblicas ou assistissem a DVDs sobre os milagres e o amor de Jesus. É importante escolher um lugar da casa em que seja possível colocar algo que sinalize que, naquele ambiente, os seus proprietários são cristãos. As visitas, os vizinhos e os familiares precisam saber e respeitar essa decisão. É fundamental também educar os filhos dentro dos ensinamentos do Evangelho, mostrando-lhes sempre, com as leituras, como Deus gostaria que eles crescessem em graça e sabedoria.

Mesmo tendo a religião e a espiritualidade como base familiar, é necessário cautela, prudência, informação e inteligência para que nada saia diferente do que se espera. Várias são as passagens bíblicas que confirmam este querer de Deus com relação aos nossos filhos. Deuteronômio 6:4-9; Marcos 10:13-16; Josué 4:1-9  são passagens bíblicas que causam nas crianças a curiosidade sobre o mundo espiritual.

Como incentivar as crianças a gostarem da Palavra de Deus?

Sendo pais que se lembrem do jeito de ser de Jesus! Caso contrário, os filhos terão aversão não só à Palavra como também a tudo que lembre o Divino. Em seguida, colocando em prática o que aqui foi proposto.

Os catequistas também precisam fazer uso de metodologias mais inovadoras e tecnológicas para esses ensinamentos ministrados nas paróquias. O sacerdote, por sua vez, ao perceber a presença de crianças nas Celebrações Eucarísticas, deverá referir-se a elas de forma especial, distante de uma linguagem complexa. Dentro desse contexto é muito bom ressaltar que nossa espiritualidade nos aproxima de Deus, com isso, contagiamos as pessoas que estão ao nosso redor sendo amáveis, dóceis e responsáveis com nossa família e com o mundo no qual estamos inseridos, usando uma linguagem decente e respeitosa. E demonstrando que queremos ser filhos de Deus amáveis e amados. Este será sempre um bom começo pra que os nossos rebentos possam entender a Palavra de Deus e gostar dela.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

São Francisco de Assis

Francisco nasceu em Assis, na Úmbria (Itália) em 1182. Jovem orgulhoso, vaidoso e rico, que se tornou o mais italiano dos santos e o mais santo dos italianos. Com 24 anos, renunciou a toda riqueza para desposar a “Senhora Pobreza”.


Aconteceu que Francisco foi para a guerra como cavaleiro, mas doente ouviu e obedeceu a voz do Patrão que lhe dizia: “Francisco, a quem é melhor servir, ao amo ou ao criado?”. Ele respondeu que ao amo. “Porque, então, transformas o amo em criado?”, replicou a voz. No início de sua conversão, foi como peregrino a Roma, vivendo como eremita e na solidão, quando recebeu a ordem do Santo Cristo na igrejinha de São Damião: “Vai restaurar minha igreja, que está em ruínas”.

Partindo em missão de paz e bem, seguiu com perfeita alegria o Cristo pobre, casto e obediente. No campo de Assis havia uma ermida de Nossa Senhora chamada Porciúncula. Este foi o lugar predileto de Francisco e dos seus companheiros, pois na Primavera do ano de 1200 já não estava só; tinham-se unido a ele alguns valentes que pediam também esmola, trabalhavam no campo, pregavam, visitavam e consolavam os doentes. A partir daí, Francisco dedica-se a viagens missionárias: Roma, Chipre, Egito, Síria… Peregrinando até aos Lugares Santos. Quando voltou à Itália, em 1220, encontrou a Fraternidade dividida. Parte dos Frades não compreendia a simplicidade do Evangelho.

Em 1223, foi a Roma e obteve a aprovação mais solene da Regra, como ato culminante da sua vida. Na última etapa de sua vida, recebeu no Monte Alverne os estigmas de Cristo, em 1224.

Já enfraquecido por tanta penitência e cego por chorar pelo amor que não é amado, São Francisco de Assis, na igreja de São Damião, encontra-se rodeado pelos seus filhos espirituais e assim, recita ao mundo o cântico das criaturas. O seráfico pai, São Francisco de Assis, retira-se então para a Porciúncula, onde morre deitado nas humildes cinzas a 3 de outubro de 1226. Passados dois anos incompletos, a 16 de julho de 1228, o Pobrezinho de Assis era canonizado por Gregório IX. São Francisco de Assis, rogai por nós!

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Em qual candidato devo votar nesta eleição?

Estamos nos aproximando de mais uma eleição. Neste período, é comum que surjam alguns questionamentos do tipo: “Em qual candidato devo votar nesta eleição?”, “Aliás, será que devo votar?”, “Como escolher um candidato?”, “Até que ponto o cristão deve se intrometer na política?” (…).


Pode ser que, nesta eleição, você esteja votando pela primeira vez ou já tenha votado dezenas de vezes. Seja como for, não tenho receio de afirmar que esta eleição será o acontecimento político mais importante da sua vida. Afinal de contas, quem votou nas eleições passadas fez escolhas que, de uma forma ou de outra, ficaram marcadas na história. Em outras palavras, não é mais possível voltar no tempo e alterá-las. O tempo passou! Hoje, estamos colhendo os gratos ou ingratos frutos dessas escolhas.

Caso você perceba que não fez boas escolhas em eleições passadas, quero afirmar que nem tudo está perdido. Existe algo muito positivo por trás de nossos erros. Se os acertos nos ensinam, mais ainda deveriam ensinar os nossos erros. As escolhas que fizemos nas últimas eleições podem e devem nos ajudar nas escolhas que teremos que fazer nesta eleição. Se elas foram positivas, podemos permanecer no mesmo caminho, se foram negativas, sabemos que devemos mudar o rumo.

A política não deve ser vista como um mal necessário

Hoje, infelizmente, estruturou-se o pensamento coletivo que considera a política um “mal necessário”. De forma mais clara, a política virou sinônimo de roubalheira e corrupção. A estrutura política é vista como uma “porca” bem cevada, que, deitada na lama, alimenta milhares de porquinhos bem nutridos com as suas tetas numericamente fartas.

Diante desse cenário tenebroso, caso alguém diga abertamente que se sente vocacionado à vida política, provavelmente será fitado com olhos de desconfiança: “Será que essa pessoa quer ficar rica?”; “Será que ela não quer trabalhar?”; “Será que ela está buscando o poder pelo poder?”; “Será que ela quer roubar?”; “Será que ela quer garantir a sua vultosa aposentadoria?”.

Essa visão não deveria acontecer de maneira nenhuma! Se tendemos olhar para a política dessa forma, precisamos fazer um esforço para mudar. Nós, enquanto cristãos, devemos mudar essa mentalidade e colaborar para que os outros também percebam o grande perigo que existe por trás dela. Não pense que a política foi inventada pelo diabo. Existem bons e honrados políticos e são merecedores do nosso apoio e do nosso voto.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Mês Missionário: outubro nos anima a celebrar a missão

A missão é uma só e nasce no coração da Trindade. A missão é de Deus e Deus é Missão. Ela nasce em nós pelo batismo e pelo encontro com Jesus Cristo que dá novo horizonte à nossa vida (cfe. Ap29). É um encontro apaixonante que transborda. “Missão é paixão por Jesus Cristo e simultaneamente paixão pelo seu povo” (Evangelli Gaudium, 268). Sem essa paixão, a missão é reduzida e dispersa, e saímos para muitas outras coisas, andando de um lado para o outro sem mística e ardor. Portanto, missão é questão de paixão e identidade cristã.


Jesus convocou o grupo dos doze para que primeiro ficassem com Ele e depois os enviou a pregar (Cfe. Mc 3,14). A primeira tarefa do missionário (a) é ficar com Ele para deixar-se conformar pela Sua identidade. Desse encontro, nasce a missão que não tem fronteiras. O envio é até os confins da terra, ou seja, até as periferias geográficas e existenciais. Ao sermos enviados, não anunciamos a nós mesmos e a nossos projetos, mas ao Evangelho, boa notícia de salvação para todos.

O papa Francisco dá ênfase à dimensão existencial da missão: “Eu sou uma missão de Deus nesta terra, e para isso estou neste mundo” (Evangelli Gaudium, 273). A vida se torna uma missão. Ser missionário (a) está além de cumprir tarefas ou fazer muitas coisas. Está na ordem do ser. É existencial, identidade, essência e não se reduz a algumas horas do dia. Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate o papa chega a afirmar: “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão” (27).

Dentro dessa compreensão existencial da missão, o testemunho tem força eloquente. Paulo VI sublinha: “As pessoas de hoje escutam com mais boa vontade as testemunhas do que os mestres, e se escutam os mestres é porque eles são testemunhas”. E ainda: “Cada santo (a) é uma missão por excelência” (Gaudete et Exsultate ,19). Nesse sentido, o nosso mês missionário de outubro ressalta o valor do testemunho num mundo marcado por tantas formas de violência. Portanto, testemunhar o Evangelho da paz nos convida a ações concretas de misericórdia, nas realidades desfiguradas pela corrupção, fome e por injustiças.

A missão é sempre tarefa eclesial. Uma pessoa, grupo ou instituição não pode ter o monopólio da missão. A missão tem, portanto, cunho comunitário. Nossos conselhos missionários, em suas distintas composições (paróquia, diocese, regional e nacional) são convidados a caminhar juntos e a contribuir com a missão de Deus. Uma forma concreta de cooperar com a causa missionária é a oração e a oferta em favor da evangelização dos povos. O Papa Pio XI, tendo presente as grandes necessidades universais, instituiu em 1926 o penúltimo domingo de outubro como Dia Mundial das Missões. A colaboração de cada cristão nesse dia tem como finalidade a Evangelização, Animação e Cooperação Missionária. Dessa coleta, 80% são destinados a auxiliar atualmente 1.050 dioceses pobres nos “territórios de missão” e diversos projetos na África, Ásia, Oceania e América Latina. Os outros 20% são para a ação missionária no Brasil.

Apresentação dos materiais da Campanha Missionária

O mês de outubro quer nos animar na realização das atividades missionárias no Brasil e no mundo. Neste ano em que as Pontifícias Obras Missionárias (POM) celebram 40 anos de missão, queremos lembrar a vida de tantos missionários que construíram essa história.

Com a finalidade de animar a Campanha Missionária, foram produzidos e enviados às 276 dioceses e prelazias do Brasil diversos materiais que serão distribuídos nas paróquias e comunidades. Todos os materiais estão disponíveis para baixar e multiplicar livremente, no site das POM.