domingo, 31 de março de 2019

4º Domingo da Quaresma

Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Então Jesus contou-lhes esta parábola: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’. Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’”. (Lc 15,1-3.11-32)


Tenhamos misericórdia e amor para com o próximo

Cada vez que medito a parábola do filho pródigo, que nos é proposta neste quarto domingo da Quaresma, volto-me, em primeiro lugar, para este Pai maravilhoso e pródigo, que esbanja amor e misericórdia de forma única e singular, no qual somos incapazes de chegar a tamanha dimensão. O filho que estava na casa do pai foi embora e gastou tudo, até a si próprio; quando voltou esquartejado, machucado e triturado pelo mundo, o pai estava de braços abertos para acolhê-lo, para amá-lo, perdoá-lo, curá-lo e refazê-lo. Precisamos primeiro pedir ao pai que nos dê um coração como o dele, para podermos acolher e nos abrir para buscar cada filho que está perdido no meio dos prazeres e pecados deste mundo. Não pensemos somente nos grandes pecadores, porque, muitas vezes, somos como o pai, mas somos também como esse filho pródigo. Deixamo-nos levar pelo orgulho, pelas tentações do mundo, pelas tentações do nosso interior, do nosso ser orgulhoso, e vamos nos desviando e nos afastando. Cada vez que vamos no sacramento da confissão para confessar os nossos pecados, vamos como o filho pródigo, e há um pai de braços abertos nos acolhendo e purificando; então, levantamo-nos dali com a disposição de sermos, cada vez mais, pais que acolhem o outro no seu pecado. Eu não me escandalizo mais com pecado nenhum no mundo, pois tamanha é a misericórdia de Deus em nós, que nos lança a abraçar o ser humano seja lá qual for a sua situação. Precisamos reconhecer que, muitas vezes, somos aquele irmão mais velho, estamos fechados em nós mesmos, na nossa fé, nas nossas orações, nos nossos compromissos. Estamos julgando, condenando, não estamos acolhendo, não estamos amando, não entramos nas profundezas do coração do pai e nos sentimos melhores que o filho esbanjador, quando, na verdade, estamos esbanjando orgulho, soberba, falta de misericórdia e atenção para com o outro. Hoje é dia de todos nós nos convertermos, sobretudo, diante de tantas atitudes soberbas e orgulhosas que nos impedem de acolher o irmão que precisa voltar, de acolher a miséria que o outro vive ou a situação um pouco embaraçosa que outros possam se encontrar quando em nós assumimos que precisamos ter o coração do pai, ser cada vez menos esse irmão mais velho e nos tornarmos como o pai pródigo no amor e na misericórdia. Experimentamos em nós esse filho esbanjador, que um dia esbanjou o pecado, mas agora está necessitado profundamente do amor desse pai. Façamos festa, façamos da Palavra de Deus o júbilo da alma e do coração para acolhermos os irmãos, para nos acolhermos no coração de Deus.

sábado, 30 de março de 2019

Não existe conversão sem o sim total a Deus

“Mas agora, diz o Senhor, convertei-vos a mim de todo o vosso coração com jejuns, com lágrimas e gemidos. Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes, convertei-vos ao Senhor, vosso Deus porque Ele é clemente e compassivo, paciente e rico em Misericórdia” (Jl 2,12-13).


O ponto de partida para toda a realidade cristã está na mudança de vida, na transformação necessária para pertencer a Jesus e fazer parte do Seu discipulado. O primeiro chamado que Cristo faz para o homem é o apelo à conversão, pois sem ela não podemos aderir a Cristo. O abandono do caminho velho é necessário para fazermos uma experiência nova que sem conversão não tem como seguir.

“A conversão é o sim total de quem entrega a própria existência ao Evangelho, respondendo livremente a Cristo, que foi o primeiro a oferecer-se ao homem como caminho, verdade e vida, como o único que liberta e salva”. (Bento XVI, 17 de fev. 2010).

A conversão é esse processo de mudança que acontece pela transformação de vida, de mentalidade interior e, além de tudo, do caminho. E voltar para o bom caminho é deixar uma realidade vazia e voltar para Aquele que preenche totalmente a nossa existência: Deus. Abraçar um novo estilo de vida; sair da superfície e aprofundar-se em Cristo. A conversão se dá pela adesão a Cristo e Seu Evangelho: “Completou-se o tempo e o reino de Deus está perto: Arrependei-vos e acreditai no Evangelho.” (Mc 1,15).

Não existe conversão sem o sim total a Deus. É fazer a experiência pessoal, marcante e determinante com Cristo. É a metanoia – o arrependimento, a conversão, abertura da porta do coração para a Graça de Deus. Essa transformação exige mudança radical, forte decisão em seguir a Cristo e abandono da vida velha.

terça-feira, 26 de março de 2019

15 dicas para viver bem a Quaresma

Quaresma é tempo de conversão. É um tempo especial de graças que devemos aproveitar ao máximo para fazermos uma renovação espiritual em nossa vida. São Paulo insistia: “Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!” (2 Cor 5,20); “exortamos-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: ‘Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação’ (Is 49,8)”. “Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação” (2 Cor 6,1-2). Eis algumas práticas que podem nos ajudar a viver bem este tempo:


1- Quarta-feira de Cinzas

Comece bem a Quaresma recebendo as Cinzas e meditando o seu significado: “voltamos ao pó” que as cinzas lembram. “És pó, e ao pó tu hás de tornar” (Gen 2,19). Esse sacramental da Igreja lembra-nos de que estamos de passagem por este mundo, e que a vida de verdade, sem fim, começa depois da morte; portanto, devemos viver em função disso.

2 – Oração

Intensifique a oração, seja ela pessoal ou comunitária. Orar é entrar em comunhão com Deus, é tornar-se intimo d’Ele, que é nosso Pai. Marque um tempo para rezar e obedeça o previsto.

3 – Palavra de Deus

Medite a Palavra de Deus, sobretudo as leituras que a Igreja coloca na Liturgia da Missa neste tempo. Decida, com um ato de vontade, a fazer o que Deus lhe pede na meditação.

4 – Jejum

Faça o jejum conforme as próprias condições, para que o corpo seja sujeito ao espírito. Pode ser um jejum a pão e água, um jejum só de líquidos, um jejum parcial, etc., especialmente nas sextas-feiras.

5 – Esmola

Dê uma boa esmola aos pobres. Pode ser de muitas formas: ajudar uma família necessitada, um pobre necessitado etc. “Tenhamos caridade e humildade e façamos esmolas, já que estas lavam as almas das nódoas dos pecados” (S. Francisco).

6 – Visitar os doentes

Visite os doentes que precisam de ajuda, sobretudo os velhos e abandonados. “Aqueles que têm saúde não precisam de médicos, mas sim os doentes” (Mt 9,12).

7 – Confissão

Faça uma boa confissão geral, depois de um bom exame de consciência, revendo toda a vida passada. Não omita nada, lance em Deus todas as suas misérias. Perdoe todas as pessoas que o ofenderam.

8 – Santa Missa

Participe da Santa Missa sempre que puder e comungue bem. Faça uma boa ação de graças após a comunhão, colocando toda a sua vida para Jesus. Louve-O, adore-O, interceda pela Igreja, pela sua família etc.

9 – Via-sacra

Participe da via-sacra sempre que puder ou a faça você mesmo, em uma Igreja, acompanhando os quadros que a compõem, meditando o sofrimento de Jesus na Sua Paixão.

10 – Exercício de mortificação

Faça algum exercício de mortificação. Por exemplo: cortar um doce, deixar a bebida, o cigarro, os passeios e churrascos, a TV, a internet, o celular, alguma diversão, para vencer as fraquezas da carne.

11 – Liturgia das Horas

Reze a Liturgia das Horas com toda a Igreja neste tempo forte de orações. Ao menos, as Laudes e as Vésperas se tiver condições.

12 – Peregrinação

Faça uma peregrinação, ao menos uma vez na Quaresma, a um Santuário Mariano ou outro Santuário, participando da Santa Missa.

13 – Moderar as palavras

Esforce-se para moderar suas palavras, fale com discrição, evite a maledicência, o julgamento dos outros, o falar mal dos outros, prefira elogiar a criticar.

14 – Perseverança

Procure identificar se você tem algum vício ou mal comportamento; lute para evitá-lo e reze pedindo a Deus a graça de vencê-lo. Pratique a virtude da perseverança.

15 – Humildade

Evite falar de você mesmo, de exibir-se, de querer aparecer, defender seus pontos de vista de maneira acirrada. Procure o último lugar, viva a humildade.

segunda-feira, 25 de março de 2019

Anunciação do Senhor

A Solenidade da Anunciação do Senhor é uma das mais belas festividades Marianas. Com o anúncio da Encarnação do Filho de Deus à Virgem Maria, Deus entra em nosso mundo fazendo-se humano como nós. Assim, a entrada do Verbo Divino (Nosso Senhor Jesus Cristo) em nosso meio eleva a natureza humana a um grau de santidade jamais imaginado por alguém. Pelo “sim” de Maria manifesta-se a maior expressão do amor de DEUS por toda a humanidade.


Maria, o primeiro sacrário vivo da Eucaristia, recebeu dos cristãos o título de Nossa Senhora da Anunciação. Virgem Maria foi contemplada no Mistério da Encarnação como a escolhida para ser a Mãe de Deus. Diante do anúncio do anjo Gabriel, Ela se submete num ato de fé e de humildade. Aceitando a sua parte na missão salvífica, Maria Santíssima demonstra sua confiança no Senhor Deus fazendo-se Instrumento Divino nos acontecimentos que hão de vir. Pelo seu consentimento, Maria aceitou a dignidade e a honra da Maternidade Divina, mas também, os sofrimentos e os sacrifícios que a ela estavam ligados.

Cabe ressaltar, na Anunciação, duas características da Virgem Maria que foram determinantes para a Encarnação do Verbo e para a Salvação da humanidade: sua fé e sua disponibilidade.

Por causa de sua fé, Maria, mesmo sem saber como acontecerão os fatos a partir daquele instante, aceita fazer a vontade de DEUS, incondicionalmente. Como serva não tem mais direitos, por essa razão, se coloca numa atitude de total disponibilidade ao Seu Senhor.

Maria Santíssima compreendia a grandeza de Deus e o nosso “nada”. Devido à sua humildade, assustou-se ao ouvir os louvores do Anjo: “Ave, cheia de graça.”

São Tomás de Vilanova (1488-1555) exclama: “Ó poderosa, ó eficaz, ó augustíssima palavra! Com um “Fiat” (faça-se) Deus criou a luz, o céu, a terra, mas com este “Fiat” de Maria um Deus se tornou homem como nós”.

Pela ação do Espírito Santo, formou-se, no seio da Virgem Imaculada, o corpo do Filho de DEUS. Essa foi a maior de todas as maravilhas: na Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo (verdadeiro Deus e verdadeiro Homem), se unem as naturezas divina e humana.

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica:

484. A Anunciação a Maria inaugura a «plenitude dos tempos» (Gl 4, 4), isto é, o cumprimento das promessas e dos preparativos. Maria é convidada a conceber Aquele em quem habitará «corporalmente toda a plenitude da Divindade» (Cl 2, 9). A resposta divina ao seu «como será isto, se Eu não conheço homem?» (Lc 1, 34) é dada pelo poder do Espírito: «O Espírito Santo virá sobre ti» (Lc 1, 35).

508. Na descendência de Eva, Deus escolheu a Virgem Maria para ser a Mãe do seu Filho. «Cheia de graça», ela é «o mais excelso fruto da Redenção» (182). Desde o primeiro instante da sua conceição, ela foi totalmente preservada imune da mancha do pecado original, e permaneceu pura de todo o pecado pessoal ao longo da vida.

509. Maria é verdadeiramente «Mãe de Deus», pois é a Mãe do Filho eterno de Deus feito homem que, Ele próprio, é Deus.

De acordo com os Santos:

São João Paulo II: “No momento da Anunciação, respondendo com o seu «fiat», Maria concebeu um homem que era Filho de Deus, consubstancial ao Pai. Portanto, é verdadeiramente a Mãe de Deus, uma vez que a maternidade diz respeito à pessoa inteira, e não apenas ao corpo, nem tampouco apenas à ‘natureza’ humana. Deste modo o nome ‘Theotókos’ — Mãe de Deus — tornou-se o nome próprio da união com Deus, concedido à Virgem Maria.”

Santo Agostinho: “Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus”.

São Jerônimo: “Maria é verdadeiramente Mãe de Deus”.

São Tiago: “Maria é Santíssima, a Imaculada, a gloriosíssima Mãe de Deus.”

A Virgem Maria, a mais humilde e gloriosa de todas as criaturas de Deus, por meio do seu “sim” tornou-se Co-Redentora da humanidade.

Por meio da Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, no sei da Virgem Maria, a proclamamos Mãe de Deus. Então, afirmamos que o Reino de Deus já está no meio de nós, pois o dogma da maternidade divina assevera que o próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo, entrou na história humana.

Peçamos a Nossa Senhora, Mãe de DEUS e nossa Mãe, a graça da fé e da disponibilidade para as coisas de DEUS.

domingo, 24 de março de 2019

3º Domingo da Quaresma

Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam. Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’. Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás’”. (Lc 13,1-9)


Deixemos a verdadeira conversão acontecer na nossa vida

O terceiro domingo da Quaresma celebrado hoje é um convite muito forte para a nossa conversão. O nosso caminhar quaresmal não é simplesmente uma preparação na expectativa da Páscoa que vamos celebrar. Toda a Quaresma é um acontecimento pascal, acontecimento de mudança, mas é, sobretudo, uma reflexão do que, de fato, precisamos nos converter. Jesus diz que se nós não nos convertermos, pereceremos da mesma maneira. O Evangelho nos aponta algumas tragédias que aconteceram. Olhamos as tragédias relatadas no Evangelho e olhamos as tragédias que têm no mundo de hoje e nos perguntamos: “Por que tamanhas tragédias? O que aquelas pessoas fizeram para merecer isso?”. A maioria não fez nada, foram vítimas inocentes, e é trágico. Lamentamos a morte dessas pessoas, mas é preciso dizer que tragédia pior é a de não nos convertermos. Se não nos convertermos, perderemos a vida, e não é só a vida humana, pois perderemos também a vida eterna, a vida plena. Ainda que humanamente tirados do nosso meio, os que morreram em tragédias, se estavam em Deus, não perderam a vida. A grande tragédia é o que acontece com essa figueira, relatada no Evangelho, porque havia três anos que ela não produzia frutos. O que se pode esperar do coração de um cristão? Que ele produza frutos do Reino, que produza frutos do Evangelho, frutos de paz, de reconciliação, de amor, misericórdia e tantas outras coisas. Nossa vida não pode jamais se resumir naquilo que são as coisas negativas da vida humana, porque, muitas vezes, ela está focada nisso e, por vezes, temos muito mais joio do que trigo no nosso celeiro, pois não produzimos frutos, não deixamos a verdadeira conversão acontecer na nossa vida. A conversão passa por rever escolhas, por mudar a nossa cabeça e mentalidade, por investirmos mais na paciência, no amor, na misericórdia, na tolerância, na forma de encararmos uns aos outros. Conversão não é simplesmente rezar mais ou fazer algumas práticas penitenciais, essas são importantes, mas apenas se nos conduzirem a produzir frutos de conversão, mudar atitudes, mudar a nossa forma de lidar com as pessoas, com o mundo em que estamos. Se ou uma pessoa grossa, mal educada, preciso mudar a minha atitude; se sou uma pessoa que têm hábitos que, muitas vezes, não constroem e nem edificam a convivência humana e fraterna, não podemos dizer: “Nasci assim e vou morrer assim”, pelo contrário, é preciso dizer: “Nasci assim e fiquei um pouco mais duro, mas a graça de Deus converte-me, e preciso deixar-me converter por Deus”. O nosso esforço não é só o de fazer penitência, o nosso esforço é de ter atitudes que mostram a nossa conversão e os frutos aparecerão. Se eles não aparecerem é porque não estamos deixando a graça de Deus nos converter.

sexta-feira, 22 de março de 2019

A Quaresma é tempo de “retirar-se” para o “deserto”

A Quaresma é tempo de “retirar-se” para o “deserto”.  É necessário para a nossa comunhão com Deus vivermos esse tempo como um retiro espiritual. Jesus costumava interromper suas atividades e convidava os seus discípulos a se retirarem com Ele para um lugar deserto, silencioso, onde pudessem descansar e rezar juntos.


Aproveitar este tempo propício, comprometendo-nos a verificar que tudo, tanto na vossa vida pessoal como ministerial, seja movido pela caridade e tenda para a caridade. Encontrar tempo para o silêncio, praticar o jejum não somente do alimento, mas também dos excessos do bem-estar, vencer aquilo que desvia da vontade de Deus.

É preciso abandonar as distrações, os instrumentos da tecnologia: tv, internet, celular, redes sociais e dispositivos digitais, que invadem a intimidade do coração e dissipam as energias. Aproveitar estes dias para um “deserto”, mesmo sem sair do ambiente, experimentando o silêncio exterior, em vista de um antes – para repensar muitas coisas, e também em vista de um depois, que não pode ser a mesma coisa, pois algo deve mudar para melhor.

Esses se tornam o jejum a ser praticado hoje. Jesus privou-se do alimento. Nossa época requer um jejum diferente: hoje, o jejum mais significativo para muitos se chama sobriedade. Privar-se voluntariamente de pequenas ou grandes comodidades. Este tempo quaresmal constitui ocasião favorável para um crescimento espiritual, para reencontrar o vigor de motivações para o impulso pessoal, pastoral e missionário.

Aprendamos a lição dos primeiros discípulos que aderiram a Jesus e O seguiram. Esforcemo-nos para criar um ambiente propício, silencioso, e de recolhimento. Eis a ocasião para reavivar o chamado de Deus. Chamados por Deus e chamados para permanecer com Jesus (cf. Mc 3,14), unidos a ele. Que a Virgem Maria seja modelo e inspiração de nossa espiritualidade. Alegria, graça e paz de Deus. “Que brilhe a vossa Luz”!

terça-feira, 19 de março de 2019

São José: o homem do silêncio e da ação

Todos conhecemos a história da anunciação do Anjo a Maria e a sua resposta generosa. O Fiat, o sim de Maria, é para nós exemplo de como escutar e seguir a vontade de Deus. Mas hoje queremos voltar o nosso olhar para São José e lembrar que ele também recebeu uma anunciação do anjo, diante da qual às sagradas Escrituras não registraram uma resposta verbal, mas um simples e contundente “fez como o anjo do Senhor lhe ordenara” (Mt 1, 24). E assim, sem ter o registro de uma palavra sequer, conhecemos São José como o homem justo, que cumpriu em todos os momentos a vontade do Senhor.


Essa palavra, Justo, com o qual a Bíblia caracteriza São José, tem um significado profundo. Ela nos lembra de sua retidão moral, de sua sincera adesão ao exercício da lei e a sua atitude de abertura total à vontade do Pai celestial, como nos disse São João Paulo II em uma audiência geral do ano 2003. É interessante notar que o próprio Deus é qualificado de Justo muitas vezes no antigo testamento. Isso nos mostra o peso que essa palavra possui. E vemos essa justiça de José sendo expressada no silencio de suas muitas ações. Lembremos, por exemplo, o serviço que prestou de paternidade, a longa caminhada até Belém para o recenseamento, a circuncisão do Senhor (Era um dever religioso do pai essa prática), a imposição do nome de Jesus, sua apresentação no templo, etc.

Todos esses serviços, José prestou na humildade e no recolhimento de uma vida silenciosa. Na exortação apostólica redemptoris custos, João Paulo II diz que foi justamente esse silêncio que nos permitiu, ao longo dos anos, “captar perfeitamente a verdade contida no juízo que dele nos dá o Evangelho: o “justo” (Mt 1, 19). Quanto isso não pode nos ensinar. Parece até contraditório pensar, na época das redes sociais e da facilidade de comunicação que existe, que é em uma vida silenciosa, sem fazer muito barulho, que pode-se perceber o profundo de quem somos. Por outro lado, é fácil perceber que muitas vezes as redes sociais transmitem apenas uma pequena parcela daquilo que nossa vida realmente é.

Hoje em dia talvez valha mais o parecer bom do que o realmente ser bom. Em São José vemos justamente o contrário. Vemos uma pessoa sendo justa sem querer parecer justa. É fácil lembrar aqui daquela outra passagem bíblica na qual Jesus chama a atenção para os que fazem jejuns e se deixam ver de caras tristes para que outros percebam que estão jejuando, ou que fazem orações larguíssimas em praças públicas para que outros os vejam, ou ainda os que fazem caridade pelo mesmo motivo. Diz Jesus que todos eles já receberam a sua recompensa (que é o louvor dos homens). São José certamente não foi um desses, mas daqueles que oravam com a porta fechada e que ao darem com a mão direita, a mão esquerda não se inteirava. A recompensa destes será abundante no Reino de Deus.

Olhemos para São José e lembremos que assim como ele era o custódio da Sagrada Família, continua sendo o protetor da Igreja. Podemos recorrer a ele por ajuda em nossas necessidades espirituais e materiais confiantes de que com seu estilo silencioso sempre escutará as nossas preces e as colocará na presença de Deus.

domingo, 17 de março de 2019

2º Domingo da Quaresma

Naquele tempo, Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. E, quando estes homens se iam afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro não sabia o que estava dizendo. Ele estava ainda falando, quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem. Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!”. Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto. (Lc 9,28b-36)


Da oração vem a presença de Deus em tudo aquilo que vivemos

Jesus está nos levando para o monte, a fim de que possamos orar com Ele. Quando o Senhor nos leva para o monte, quando a oração sai do nosso coração, somos também transfigurados e transformados pela presença de Deus. O discípulo que carrega a sua cruz, a cada dia, contempla sua glória na oração, pois é dela que vem a força, o estímulo, a luz, a graça e a presença de Deus em tudo aquilo que vivemos. A caminhada quaresmal não nos conduz à morte apenas, mas para a morte que nos leva à vida. É morrer para viver, é morrer para ressuscitar, é morrer para contemplar a glória e sermos glorificados. É por isso que, neste segundo domingo da Quaresma, somos convidados a subir ao monte com Jesus para contemplarmos Sua face, para vermos Sua face resplandescente de glória e, ao mesmo tempo, contemplarmos que n’Ele se cumprem as profecias e leis do Antigo Testamento. Jesus é a plenitude de toda a revelação divina, é para Ele que devemos voltar o nosso olhar, deixar que a Sua voz chegue aos nossos ouvidos. Escutá-Lo é a principal missão do discípulo. Por isso, o pai está dizendo aos nossos ouvidos: “Escutai-O, esse é o filho amado, predileto, ungido, iluminado, enviado por Deus para nos salvar” (cf. Lucas 9,35). Quando nós O escutamos, todo o nosso ser é transformado, é transfigurado pela Sua presença. Os nossos sentidos O contemplam com os olhos, os nossos olhos são transfigurados pela Sua presença, falamos da presença d’Ele, porque é bom ficar diante d’Ele, mas só O contemplamos e só falamos d’Ele quando O escutamos. Precisamos abrir o nosso coração, colocarmo-nos em atitude de oração, para que Jesus fale a nós, fale a nossa vida e ao nosso coração.

terça-feira, 12 de março de 2019

Teatro: Paixão de Cristo de Umari promete novidades para esta temporada

Parábola do Filho pródigo e Ressurreição da Filha de Jairo integrarão cenas sobre a vida pública de Jesus

Um dos maiores espetáculos do seguimento Paixão de Cristo do Agreste Setentrional pernambucano chega a sua 5ª temporada com a maturidade das grandes produções. Entre os dias 17 e 19 de abril de 2019, o povoado de Umari, distrito de Bom Jardim, que ajudou a contar a história do malandro, aventureiro e conquistador Leléu e da mocinha sonhadora Lisbela, no longa nacional Lisbela e o Prisioneiro (Globo Filmes), em 2003, receberá centenas de famílias de toda a região, durante a Semana Santa, para assistir, de maneira reflexiva e única, à encenação dos últimos dias de Jesus na terra, no espetáculo da Paixão de Cristo de Umari.


Realizado no Ginásio Esportivo Deoclécio Mendes, o espetáculo é famoso por apresentar uma lógica peculiar na disposição e realização das cenas, fazendo com que haja uma maior acomodação e proximidade do público com o elenco e a equipe de produção. Como todos os anos, talentos da terra e das cidades circunvizinhas viverão os personagens bíblicos. Jesus será interpretado pelo jovem músico e estudante de Educação Física Jardeson Lopes; Maria, Mãe de Jesus, pela bailarina e professora de balé Yonne Lopes. Pelo segundo ano consecutivo, Jeisy Vitória viverá Maria Madalena. As novidades no elenco principal ficam por conta de Fagner Hay (Judas Iscariotes), Cássio Batista (Herodes Antipas) e Deivid Lucas (Pôncio Pilatos). “Um dos nossos principais objetivos, além da catequese que é própria da época, é, justamente, proporcionar à comunidade um protagonismo único. Infelizmente, ter acesso à cultura e lazer, no Brasil, não é barato. Fazer cultura não é barato. Mas, graças ao empenho de todos, contamos a mais bela história de amor da humanidade de forma ‘agregadora’, onde os jovens da própria comunidade possam ter oportunidade de mostrar os seus respectivos talentos”, afirma o Diretor Geral do espetáculo, Inácio Moura.

Entre as novidades, está previsto a encenação das passagens bíblicas: Menino Jesus Ensinando no Templo, abrindo as sessões, Parábola do Filho Pródigo e Ressurreição da Filha de Jairo, integrando o conjunto de cenas que recriam artisticamente a vida pública de Jesus. Na parte técnica, luz, som, figurinos e interpretação será conferido um “cuidado a mais se tratando de qualidade. “Mesmo não atuando profissionalmente nas diversas áreas que compõem o espetáculo, durante as oficinas de dramatização, ensaios artísticos e técnicos, enxergo na equipe grandes professores, que têm muito a ensinar. Minha missão de tentar captar a essência de cada personagem e prepará-los acaba se tornando uma troca de conhecimentos muito positiva”, explica Eliel Souza, preparador de elenco e ator da peça.


No marketing e publicidade, Fagner Hay é a aposta que substitui Bruno Araújo após três anos consecutivos na direção e produção do material de divulgação da peça. O estreante promete apresentar um olhar diferenciado através dos vídeos publicitários, gravados nos dias 23 e 24 de fevereiro de 2019, tendo como pano de fundo as belezas naturais e arquitetônicas de Umari, do material impresso e dos produtos digitais que apresentam a nova identidade visual do espetáculo. “Jesus: meu verdadeiro herói!”, lema da temporada 2019, traz a salvação por meio do sacrifício do Filho unigênito de Deus, Jesus Cristo, como referência inalcançável de doação e amor para com a humanidade, assumindo um caráter evangelizador.

A temporada também marca a despedida do Haran Grupo de Dança do número coreográfico do Bacanal do Rei Herodes, assinado pelo professor, figurinista e coreógrafo Wagner Lima. O Grupo, criado em 31 de outubro de 2000, promete resgatar os trabalhos já feitos junto ao espetáculo com uma roupagem inovadora, trazendo, desta vez, o elemento terra como proposta de composição. “Fechando o ciclo, vamos, nesta temporada, buscar enaltecer, homenagear e celebrar a história do Haran Grupo de Dança na Paixão de Cristo de Umari; inclusive, abrindo espaço para os novos talentos”, diz Wagner Lima.

Nos dias 17 e 18 de abril, haverá uma única sessão por dia de espetáculo, ambas às 19h30. Na Sexta-feira Santa ou Sexta-feira da Paixão do Senhor, dia 19 de abril, sessões às 18h00 e 20h00. Os interessados já podem reservar o seu ingresso individual, no valor simbólico de R$ 5,00, através dos fones: (81) 99626-5894 e (81) 99845-4607; podendo ser resgatado na portaria do espetáculo, no dia correspondente à reserva. No próximo domingo, dia 17 de março, os ingressos também estarão disponíveis no Salão Arte e Beleza, próximo a Praça dos Reis Magos, em Umari.

domingo, 10 de março de 2019

1º Domingo da Quaresma

Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e, no deserto, ele era guiado pelo Espírito. Ali foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome. O diabo disse, então, a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se mude em pão”. Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem’”. O diabo levou Jesus para o alto, mostrou-lhe por um instante todos os reinos do mundo e lhe disse: “Eu te darei todo este poder e toda a sua glória, porque tudo isso foi entregue a mim e posso dá-lo a quem eu quiser. Portanto, se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu”. Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’”. Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, e lhe disse: “Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo! Porque a Escritura diz: ‘Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado!’. E mais ainda: ‘Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. Jesus, porém, respondeu: “A Escritura diz: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’”. Terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus, para retornar no tempo oportuno. (Lc 4,1-13)


O Espírito Santo nos guia para o deserto porque ele é necessário

A liturgia de hoje nos coloca em comunhão com a Quaresma de Jesus. Por quarenta dias Ele foi guiado pelo Espírito ao deserto e, no deserto, o Espírito o guiou. Aqui, é muito importante estar ciente disso, porque o Espírito Santo nos leva ao deserto porque ele é necessário. O deserto é o lugar do encontro consigo mesmo; é o lugar do esvaziamento; É o lugar onde somos preenchidos pela graça de Deus. Mas quando nos colocamos para ir ao deserto, enfrentamos tentações. Jesus não tinha o mal dentro de si, era o mal externo que o impelia. Mas dentro de nós há muitos demônios que não querem deixar nossas vidas. Demônio de alojamento, gula, prazeres, egoísmo, orgulho, vontade própria. Precisamos ir ao deserto para lutar contra os demônios que atormentam nossas vidas; para purificar nossa alma e nosso coração. Somos tentados quando queremos expulsar esses demônios de nós, porque eles não querem deixar nossas vidas. Além disso, se nos deixarmos guiar pelo Espírito, no poder da Palavra lutaremos contra as tentações da nossa vida. Neste tempo de graça, somos chamados a não apenas parar de comer e fazer penitência, mas também somos chamados a combater o mal. Jesus lutou contra o mal da tentação, do prazer e da glutonaria. O homem de Deus não vive apenas do que come, dos prazeres desta vida e do que é a Palavra de Deus. Por essa razão, o sentido primordial de nos encontrarmos com a nossa espiritualidade é nos voltarmos inteiramente para a Palavra de Deus. Precisamos deixá-la guiar nossa vida. Jesus, no deserto, foi levado pelo diabo a ser tentado pela grande tentação de ter o poder. Quem de nós não quer ter tudo? Quem entre nós é tentado pelo consumismo, pelo desejo de possuir? Está dentro de nós, despertando a ganância. Precisamos superar esse terrível demônio que, muitas vezes, está dentro de nós e quer nos encorajar a viver no consumismo. As pessoas hoje não são medidas pelo que são, mas pelo que possuem. É a tentação dos tempos em que vivemos. Há outra tentação que é desonrar o nome de Deus, ou mesmo tomar o seu nome em vão. O diabo convida Jesus a se atirar, e assim Deus poderia ajudar. Colocar Deus à prova, colocar Deus de maneiras que não são necessárias, mesmo nas práticas erradas que fazemos, e depois jogar tudo fora Dele é uma terrível tentação. É uma tentação terrível elevar a vida em nome de Deus, em tudo para colocar Deus, mas as práticas não correspondem à vontade Dele, portanto, Jesus diz: "Você não vai tentar o Senhor, teu Deus". Não vamos tentar colocar Deus onde Ele não está e não tentar para as nossas necessidades, onde jogamos tudo para Ele. Deus, pelo Seu Espírito, nos leva ao deserto para nos purificar de muitas coisas que não correspondem à Sua vontade em nossas vidas.

quinta-feira, 7 de março de 2019

CF 2019: Fraternidade e Políticas Públicas

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nos propõe neste ano, o tema da Campanha da Fraternidade: "Fraternidade e Políticas Públicas" e o lema: "Serás libertado pelo direito e pela justiça" (Is 1,27). O Texto-Base nos apresenta a contribuição valiosíssima da Doutrina Social da Igreja, fundamentando, com suas raízes na Sagrada Escritura e Sagrada Tradição, as ações pastorais da transformação do mundo em Reino de Deus. Reino do Amor fraterno, da solidariedade, da justiça e da paz.


Nesta esteira, todos os católicos devem seguir a missão e mandato de Cristo de ser "sal da terra" e "luz do mundo". Não se pode ser católico desprezando a Doutrina Social da Igreja, ou seja, o Magistério da Igreja sobre o Bem comum e a destinação universal dos bens, a dignidade humana, o valor e a dignidade do trabalho e o salário justo, a solidariedade, a subsidiariedade, a inviolabilidade da vida humana desde a concepção até a morte natural, a família, projeto de Deus, sua beleza e missão, os direitos naturais, sociais, a educação para a liberdade, a ética, a política e cidadania, para os valores e deveres. A equidade e a justiça, a contribuição dos princípios e iniciativas cristãs para a iluminação e mudança das realidades e contextos da sociedade para a concretização da civilização do Amor, da economia de comunhão, partilha e fraternidade do Evangelho.

No VER do desenvolvimento temático, temos a realidade do Poder público com os tipos de Políticas Públicas, suas razões e condicionantes diante do nosso sistema econômico. Destaca-se o ciclo das políticas públicas, com a identificação do problema, a sua formulação, a tomada de decisão, a implementação e a avaliação/monitoramento da Política Pública. Também se situa o papel dos atores sociais nesta missão, no espírito de participação e cooperação, com o protagonismo dos jovens em sua elaboração e a colaboração dos movimentos sociais. Ressalta-se a importância da família como destinatária das Políticas Públicas, não só com medidas que afetam a família, mas com uma verdadeira política familiar de Estado.

No JULGAR, iluminam as reflexões, o Antigo Testamento, com o Pentateuco e a legislação do direito e da justiça, o anúncio dos profetas, a sabedoria como educadora da justiça; o Novo Testamento com Jesus e o Evangelho do Reino de Deus, o combate à fome a partir da reflexão da multiplicação dos pães em Marcos, a atenção aos doentes crianças, mulheres e trabalhadores, aprendendo com Jesus a ter compaixão dos sofredores: os Padres da Igreja e o cuidado com os mais vulneráveis; os conceitos de participação, cidadania e Bem comum, com os ensinamentos da Doutrina Social da Igreja.

No AGIR, a básica proposta da superação da dualidade no campo da fé e da política. Colocam-se a participação ativa da sociedade e os valores fundamentais, nas pastorais sociais, com capacitações, no acompanhamento e formação política, na perspectiva humano-cristã, na Doutrina Social da Igreja, engajamento nos conselhos paritários, na mídia tradicional, internet e mídias sociais, com a colaboração e responsabilidade de todos, educando para o humanismo solidário. São propostas várias pistas de ação, além destas, favorecendo a participação, à cidadania, na visão do Bem comum, com Políticas Públicas que despertem para a cultura do diálogo, dentro da globalização da esperança, gerando a verdadeira inclusão, antenadas ás redes de cooperação, conduzindo à ética e à justiça, produzindo o fruto da honestidade. Acentuam-se o Observatório Social do Brasil, como exemplo para os estaduais e municipais e a Jornada Mundial do Pobre, esclarecendo ao final quem são os destinatários destas ações.

Muito importante é ler o Texto-Base e aplicá-lo, não só durante a quaresma, tempo da Campanha, mas ao longo de todo o ano e como base para a estruturação do trabalho pastoral eclesial na dimensão sócio-transformadora. O Papa Francisco, de forma profunda e profética nos tem convocado insistentemente para esta dimensão essencialmente entranhada na profissão de Fé no Cristo Salvador e libertador integral da pessoa humana. E, sobretudo, na imitação do seu exemplo de humildade, simplicidade, misericórdia, solidariedade, amor que dá a vida, especialmente pelos mais pobres, marginalizados, perdidos e afastados da dignidade do Reino do Pai.

Que o Espírito Santo, pelas mãos de Maria, Nossa Mãe das Graças, ilumine e fortaleça nossos passos e ações nesta missão para a Campanha da Fraternidade que encharque a nossa vida inteira e todo o nosso coração.