domingo, 28 de abril de 2019

2º Domingo da Páscoa

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!”. Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”. Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”. Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. (Jo 20,19-31)


O Ressuscitado é um misericordioso, é aquele que nos traz a profunda misericórdia de Deus

A graça do Ressuscitado vivo no meio de nós é nos trazer o seu dom. O dom do Ressuscitado é a paz. Onde Jesus está, a paz está presente, porque Aquele que vive vence o poder da morte, Ele vence o poder de tudo aquilo que traz morte e a destruição para o nosso interior. Somos tomados pela incredulidade, pelos sentimentos negativos, somos tomados por um mundo que nos torna cada vez mais materialistas, no sentido que precisamos sempre da experiência material para podermos viver. Vivenciaremos e experimentaremos Jesus se mergulharmos no Espírito. Tomé foi tomado por essa incredulidade, por esse sentimento material da vida. O material não é somente aquilo que compramos, mas é a experiência carnal até da fé. A nossa experiência com o Senhor precisa ser cada vez mais mística, espiritual, do fundo da alma. Com a nossa alma e o nosso espírito, tocamos e mergulhamos em Deus. Se alimentarmos o nosso espírito, ele viverá da fé, mas se alimentarmos o nosso espírito só das coisas materiais, não experimentaremos o Ressuscitado, não experimentaremos a sua paz nem a sua presença no meio de nós. Tomé foi mais incrédulo do que um homem de fé, ele foi mais mundano do que um homem espiritual. Ele se deixou levar pela sensibilidade do mundo e não pela sensibilidade divina. O Ressuscitado é um misericordioso, é aquele que nos traz a profunda misericórdia de Deus que se compadece até das nossas incredulidades e nos convida, hoje, a tocarmos n’Ele, a experimentarmos Ele, a sentirmos Ele presente e vivo no meio de nós. Precisamos abrir o nosso coração, precisamos que a bem-aventurança aconteça em nossa vida: “Felizes os que creem sem terem visto”. Não precisamos ver para crer, precisamos experimentar para crescer na intimidade com Deus. Experimentamos Deus na nossa vida quando nos abrimos para o Seu amor misericordioso, amor que cura, liberta, transforma e nos coloca no coração de Deus. Experimentemos, em cada dia da nossa vida, viver com o Ressuscitado.

sábado, 27 de abril de 2019

A misericórdia de Deus é infinita

No diário de Santa Faustina encontramos a seguinte passagem de um dos seus diálogos com Jesus Misericordioso: ‘Coloquem a esperança na Minha misericórdia os maiores pecadores. Eles tem mais direitos do que os outros à confiança na Minha misericórdia. Minha filha, escreve sobre a minha misericórdia para as almas atribuladas. Causam-Me prazer as almas que recorrem à minha misericórdia. A estas almas concedo graças que excedem os seus pedidos. Não posso castigar, mesmo o maior dos pecadores, se ele recorre a minha compaixão, mas justifico-o na Minha insondável e inescrutável misericórdia. Escreve: Antes de vir como justo juiz, abro de par em par as portas da Minha misericórdia. Quem não quiser passar pela porta de misericórdia, terá que passar pela porta da Minha justiça…’ ( D. 1146).


Quanta bondade do coração de Jesus para conosco! Mesmo que sejamos pecadores, e principalmente se somos muito pecadores, Jesus vem ao nosso encontro e nos convida a entrarmos na fonte de sua misericórdia, ou seja, a nos aproximarmos Dele com confiança pelo sacramento da confissão e da Eucaristia.

Não há pecado que seja capaz de afastar de nós o amor e a misericórdia de Deus, ao contrário, quanto mais pecadores, mais a misericórdia nos persegue porque deseja nos ver limpos e puros de toda mácula e muito perto Dele pela santidade.

O que você está esperando para se lançar nos braços de Jesus misericordioso? Ele te espera. Esqueçamos a errada concepção que temos de que Deus é um Pai severo e que está a todo momento nos acusando, isso não é real, mas uma grande mentira que o demônio quis incutir em nós. A misericórdia de Deus é INFINITA.

Estamos no tempo da misericórdia, tempo onde o próprio Deus vem ao nosso encontro e nos mostra que muito mais do que nós desejamos encontrá-lo, é Ele quem deseja e espera ansioso a nossa volta para os seus braços. Tome posse dessa graça e se deixe inundar pela presença da Misericórdia Divina.

domingo, 21 de abril de 2019

Domingo da Páscoa do Senhor

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido tirada do túmulo. Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos. (Jo 20,1-9)


A presença do Ressuscitado cura os nossos medos

As mulheres foram as companheiras de Jesus durante a vida e a morte, e elas são as primeiras que podem proclamar para o mundo que Jesus está vivo. No primeiro momento, o Senhor nos diz: “Não tenhais medo”, porque o medo invade o nosso coração diante das incertezas, diante dos impactos e das coisas negativas pelas quais passamos. O sentimento de medo toma conta do nosso coração. Quando não desenterramos o medo de dentro de nós, ele vai nos aniquilando, tirando a nossa alegria de viver. O medo vai nos matando aos poucos. Por isso, o Ressuscitado está vivo para vencer o medo que carregamos dentro de nós. Muitos de nós temos medo de viver, de morrer, temos medo de ficar doentes, de passar por dificuldades ou tribulações, mas aquele que está com o Senhor vivo e ressuscitado pode passar por todas as dificuldades da vida, mas por todas elas ele sobrevive, porque tem olhos fixos em Jesus.

Entregue ao Ressuscitado seus medos e seus temores

Entregue ao Ressuscitado seus medos, seus temores, seus receios e tudo aquilo que tem aniquilado e tirado o seu sabor de viver, porque Jesus veio e trouxe a Boa Nova. Tiraram a vida do Senhor, mas Ele vive para sempre, Ele está no meio de nós. Quando temos a experiência do Ressuscitado em nós e permitimos que Ele vença os medos da nossa vida, experimentamos a alegria que só vem d’Ele, a alegria de experimentá-Lo, que está presente em nossa vida. Podemos ter muitos motivos para estar tristes, porque você passa por essas dificuldades, por essas aflições, mas a presença do Ressuscitado cura as nossas tristezas, a presença d’Ele ressurge em nossa vida, tira-nos da sombra da morte, tira-nos de tudo aquilo que, de fato, tem tirado o nosso sabor de viver. Ide anunciar para o mundo, para as pessoas, ide anunciar com quem trabalha, com quem convive, com quem mora com você que não podemos ser vencidos pelo medo, pela tristeza nem pela morte, porque o Senhor vive e está no meio de nós, e Ele veio trazer ao nosso coração a alegria de viver.

sábado, 20 de abril de 2019

Sábado Santo: Esperança da Ressurreição

As primeiras comunidades cristãs honravam a sepultura de Jesus, passando o Sábado Santo no descanso e na espera, na oração silenciosa e num rigoroso jejum. Nenhum alimento deveria ser ingerido, a fim de não quebrar o jejum que antecedia a comunhão na noite de Páscoa. Hoje, o jejum não é tão rigoroso, nem o silêncio tão absoluto, mas é um dia de serena e alegre espera.


O Sábado Santo, com o Jejum e com a Oração silenciosa, expressa também nossa inquebrantável esperança na ressurreição final e na Segunda vinda do Senhor. A terra, grávida de Cristo, está para dar à luz o Senhor ressuscitado, como primícias da nova criação.

A Vigília Pascal é densa e grande. A Celebração da Vigília Pascal é o centro da Semana Santa. Toda a quaresma e os dias santos preparam-nos para o momento culminante: o da ressurreição. A celebração compreende quatro partes: A liturgia da Luz – a primeira parte desta Vigília celebra a Cristo, Luz que ilumina a todo homem, simbolizado no Círio Pascal, imagem de Cristo Ressuscitado.

Com a benção do fogo e do Círio, a Igreja às escuras na entrada do Círio lembra que o Cristo Ressuscitado é a luz do mundo, quebra a escuridão e enche de luz a todos aqueles que se aproxima dele com fé viva. É o triunfo da luz sobre as trevas do mal. Essa primeira parte termina com a ação de graças ou proclamação da Páscoa ( Exultet) , que exprime o caráter cósmico da vitória de Cristo.

A Liturgia da Palavra: As leituras do Antigo e Novo Testamento mostram em grandes pinceladas o amor maravilhoso de Deus. Desde a criação do mundo, todas as promessas e a aliança até a sua realização plena na morte e ressurreição de Cristo, mediador da Nova Aliança.

A Liturgia Batismal: Na terceira parte da Vigília, tudo o que é anunciado se faz realidade através dos sacramentos, dos quais, o batismo é o primeiro. O sinal sacramental do batismo é a água. O celebrante, enquanto mergulha o Círio Pascal na água, benze-a e consagra-a, pedindo a deus para que envie o Espírito Santo sobre ela, para torná-la fecunda e, assim, dessa água poderem nascer os filhos de Deus.

A Liturgia Eucarística: É a expressão de viver a nova vida de ressuscitados junto com Jesus . A eucaristia é o ponto alto da noite pascal. O encontro pessoal com o ressuscitado, na comunhão, torna-nos participantes do triunfo sobre a morte e sobre o mal. A Páscoa de Cristo é a nossa Páscoa, a Páscoa da Igreja (Rm 6, 9).

O centro da Semana Santa é a Vigília Pascal. Muitas coisas nos alegram na vida, assim como outras nos entristecem. Nenhuma nos pode alegrar tanto como a Ressurreição do Senhor. Desde que Cristo ressuscitou, a vida não é um caminho que fatalmente desemboca na morte, mas a morte é um caminho que fatalmente desemboca na vida.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Sexta-feira Santa

A Sexta-feira Santa é uma lembrança cheia de esperança e de certeza da vitória. É um dia centrado na Cruz de Cristo e no mistério da Morte salvadora do Redentor. A Ação Litúrgica se centra na leitura da Paixão e na Adoração da Cruz. Nesta celebração fazemos a Oração Universal exercendo hoje o povo o seu ‘ofício Sacerdotal’de maneira especial.


Na imagem de Jesus Crucificado contemplamos a vitória da Cruz: ‘escândalo para os judeus e loucura para os pagãos‘. Após a adoração da Cruz, reza-se o Pai-nosso como preparação para comunhão. Como nesse dia não há missa, as hóstias distribuídas no momento da comunhão são trazidas do altar da reposição ou altar do Santíssimo, onde foram consagradas durante a missa da Quinta-feira Santa.

A celebração termina com a Oração do Presidente sobre o povo que se retira em silêncio. Em muitas paróquias neste dia se realiza a Via-Sacra e também o Sermão das Sete Palavras. Na noite de Sexta-feira há o Sermão do Descimento e a Procissão do Enterro. É extremamente interessante perceber o número imenso de pessoas que participam desta procissão. É como se o povo percebesse que nas situações de morte e sofrimento que vivemos todos os dias, prolonga-se a morte do Senhor.

A Sexta-feira Santa quer nos lembrar que Cristo morreu na Cruz para nos salvar. De fato, Cristo continua morrendo cada vez mais que somos infiéis a Ele, ‘pisoteando ao Filho de Deus, profanando o sangue da Aliança com que fomos santificados, ultrajando ao Espírito da Graça‘ (Heb 10, 29).

Ao venerar a Cruz de Cristo quando é trazida solenemente pelo sacerdote na celebração, imaginamos que estão cravados nela todos os que sofrem e nos reconhecemos a nós mesmos, com os nossos sofrimentos, misticamente presente no 'Cristo da Paixão'.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

A espiritualidade da Quinta-feira Santa

Neste dia, começa o Tríduo Pascal, a preparação para a grande celebração da Páscoa, a vitória de Jesus Cristo sobre a morte, o pecado, o sofrimento e o inferno.


Este é o dia em que a Igreja celebra a instituição dos grandes sacramentos da ordem e da Eucaristia. Jesus é o grande e eterno Sacerdote, mas quis precisar de ministros sagrados, retirados do meio do povo, para levar ao mundo a salvação que Ele conquistou com a Sua Morte e Ressurreição.

Jesus desejou ardentemente celebrar aquela hora: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa antes de sofrer” (Lc 22,15).

Na celebração da Páscoa, após instituir o sacramento da Eucaristia, ele disse aos discípulos: “Fazei isto em memória de Mim”. Com essas palavras, Ele instituiu o sacerdócio cristão: “Pegando o cálice, deu graças e disse: Tomai este cálice e distribuí-o entre vós. Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.” (cf. Lc 22,17-19)

Na noite em que foi traído, mais Ele nos amou, pois bebeu o cálice da Paixão até a última e amarga gota. São João disse que “antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou.” (Jo 13,1)

Instituição do sacramento da confissão

Depois que Jesus passou por toda a terrível Paixão e Morte de Cruz, ninguém mais tem o direito de duvidar do amor de Deus por cada pessoa.

Aos mesmos discípulos ele vai dizer, depois, no Domingo da Ressurreição: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23). Estava, assim, instituída também a sagrada confissão, o sacramento da penitência; o perdão dos pecados dos homens que Ele tinha acabado de conquistar com o Seu Sangue.

Na noite da Ceia Pascal, o Senhor lavou os pés dos discípulos, fez esse gesto marcante, que era realizado pelos servos, para mostrar que, no Seu Reino, “o último será o primeiro”, e que o cristão deve ter como meta servir e não ser servido. Quem não vive para servir não serve para viver; quem não vive para servir não é feliz, porque a autêntica felicidade o tempo não apaga, as crises não destroem e o vento não leva; ela nasce do serviço ao outro, desinteressadamente.

Nessa mesma noite, Jesus fez várias promessas importantíssimas à Igreja que instituiu sobre Pedro e os apóstolos. Prometeu-lhes o Espírito Santo, e a garantia de que ela seria guiada por Ele a “toda a verdade”. Sem isso, a Igreja não poderia guardar intacto o “depósito da fé”, que São Paulo chamou de “sã doutrina”. Sem a assistência permanente do Espírito Santo, desde Pentecostes, ela não poderia ter chegado até hoje e não poderia cumprir sua missão de levar a salvação a todos os homens de todas as nações.

E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.” (Jo 14, 16-17).

Igreja, coluna e fundamento da verdade

Que promessa maravilhosa! O Espírito da Verdade permanecerá convosco e em vós. Como pode alguém ter a coragem de dizer que, um dia, a Igreja errou o caminho? Seria preciso que o Espírito da Verdade a tivesse abandonado.

Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.” (Jo 14, 25-26)

Na Última Ceia, o Senhor deixou à Igreja essa grande promessa: O Espírito Santo “ensinar-vos-á todas as coisas”. É por isso que São Paulo disse a Timóteo que “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3, 15). Quem desafiar a verdade de doutrina e de fé, ensinada pela Igreja, vai escorregar pelas trevas do erro.

Na mesma Santa Ceia, o Senhor lhes diz: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade…” (Jo 16,12-13)

Jesus sabia que aqueles homens simples não tinham condições de compreender toda a teologia cristã; mas lhes assegura que o Paráclito lhes ensinaria tudo, ao longo do tempo, até os nossos dias de hoje. E o Sagrado Magistério dirigido pelo Papa continua assistido pelo Espírito de Jesus.

São essas promessas, feitas à Igreja na Santa Ceia, que dão a ela a estabilidade e a infalibilidade em matéria de fé e costumes. Portanto, não só o Senhor instituiu os sacramentos da Eucaristia e da ordem, na Santa Ceia, mas colocou as bases para a firmeza permanente da Sua Igreja. Assim, Ele concluiu a obra que o Pai Lhe confiou, antes de consumar Sua missão na cruz.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Mensagem do Bispo para a Semana Santa

A “semana maior” é a Semana Santa, que se inicia com o Domingo de Ramos, no qual também celebramos a 34ª jornada mundial da juventude (em nossa Diocese a fazemos em outra data). Que os jovens não tenham vergonha de manifestar todo entusiasmo por Jesus, que entra em Jerusalém com a multidão O acompanhando em festa e gritando: “Bendito seja o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas” (Lc 19,38).


Os ramos são sinais de alegria e vitória. Jesus desperta tantas esperanças no coração, especialmente das pessoas simples, humildes e abandonadas; compreendendo as misérias humanas, mostrando o rosto misericordioso de Deus e inclinando-se para curar o corpo e a alma de todos. O coração de Jesus vê a todos. Grande é o amor de Jesus! Acompanhemos os passos de Jesus na sua humilhação, sofrimento e condenação à morte, para participarmos do triunfo de sua ressurreição gloriosa.

Na segunda, terça e quarta-feira da Semana Santa, contemplamos o Servo sofredor. Os textos bíblicos e as orações nos introduzem, aos poucos, no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.

Na Quinta-feira Santa, pela manhã, a Missa do Crisma (Bênção dos santos Óleos e consagração do Crisma) e da Renovação das Promessas Sacerdotais nos recorda que somos o povo sacerdotal, e que Jesus reúne todos em torno de si. Ao mesmo tempo, Jesus institui o sacerdócio ministerial, para que os sacerdotes, ungidos, continuem a ser, para o povo sacerdotal, aquilo que Ele foi e continua a ser através deles: sacerdote, profeta e pastor.

À tarde, na Missa (Ceia do Senhor), sentamos à mesa pascal com Cristo. Ele institui a Eucaristia, sacramento da “vida doada” em sacrifício amoroso pela salvação da humanidade. No “lava-pés”, ele nos deixou o exemplo, para que O imitemos no serviço humilde e dedicado aos irmãos. É um dia de alegria, amor, gratidão, compromisso, partilha e missão.

Na Sexta-feira da Paixão, não há celebração de Missa, apenas a comemoração da paixão e morte do Senhor. A atitude de respeito pelo jejum, abstinência, tristeza e silêncio é feita na Esperança. Pela morte vem a vida! Só entende a vida quem compreende o Mistério da Dor e do Sofrimento. Comprometamo-nos com o Cristo Verdade e Vida. Como o Cirineu, ajudemos a carregar a cruz, que pesa nos ombros de tantos irmãos sofredores. Arrependidos dos nossos pecados, estendamos a nossa mão à mão misericordiosa de Deus. Jesus nos convida a seguir seus passos, que levam à vida.

No Sábado Santo, somos conduzidos à sepultura de Jesus, aguardando, na esperança, a ressurreição do Senhor. Sábado de vigília e de certeza que a vida já venceu a morte. Celebrar esta noite é ressuscitar com Cristo. A vitória de Cristo é a vitória de todo cristão.

Com firme fé, estamos com nossas velas acesas, à espera que o Senhor da Vida nos comunique a plenitude da sua vida, já manifestada no mistério Pascal. Corramos ao seu encontro, professemos nossa fé no Senhor ressuscitado. Jesus Cristo, o Cordeiro imolado, tirou o pecado do mundo; morrendo, destruiu a morte; ressurgindo, deu-nos nova vida. Jesus está sempre conosco!

Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que ela nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar, o entusiasmo do coração que O deve seguir nesta “semana maior” e por toda a vida.

Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo Diocesano de Nazaré

domingo, 14 de abril de 2019

A espiritualidade do Domingo de Ramos

A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, cuja liturgia celebra a entrada de Jesus Cristo, em Jerusalém, montado em um jumentinho (o símbolo da humildade), que é aclamado pelo povo simples. As pessoas O aplaudiam como “Aquele que vem em nome do Senhor”; esse mesmo povo que O viu ressuscitar Lázaro de Betânia, poucos dias antes, estava maravilhado e tinha a certeza de que este era o Messias anunciado pelos profetas. Porém, pareciam ter se enganado no tipo de Messias que o Senhor era. Pensavam que fosse um Messias político, libertador social, que fosse arrancar Israel das garras de Roma e lhes devolver o apogeu dos tempos de Davi e Salomão.


Para deixar claro a esse povo que Ele não era um Messias temporal e político, um libertador efêmero, mas o grande libertador do pecado, a raiz de todos os males, Cristo entrou na grande cidade, a Jerusalém dos patriarcas e dos reis sagrados, montado em um jumentinho; expressão da pequenez terrena, pois Ele não é um rei deste mundo!

Dessa forma, o Domingo de Ramos é o início da Semana que mistura os gritos de “Hosana” com os clamores da Paixão de Cristo. O povo acolheu Jesus abanando seus ramos de oliveiras e palmeiras. Os ramos significam a vitória: “Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas”. Hosana quer dizer “salva-nos!”.

Os ramos santos nos fazem lembrar que somos batizados, filhos de Deus, membros de Cristo, participantes da Igreja, defensores da fé católica, especialmente nestes tempos difíceis em que ela é desvalorizada e espezinhada.

Os ramos sagrados que levamos para nossas casas, após a Santa Missa [do Domingo de Ramos], lembram-nos de que estamos unidos a Cristo na mesma luta pela salvação do mundo, a luta árdua contra o pecado, um caminho em direção ao Calvário, mas que chegará à Ressurreição.

O sentido da Procissão de Ramos é mostrar essa peregrinação sobre a terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Ela nos recorda que somos apenas peregrinos neste mundo tão passageiro, tão transitório, que se gasta tão rapidamente. Mostra-nos que a nossa pátria não é neste mundo, mas na eternidade, que aqui nós vivemos apenas em um rápido exílio em demanda pela casa do Pai.

A entrada “solene” de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de Suas dores e humilhações. Aquela mesma multidão que O homenageou, motivada por Seus milagres, agora Lhe vira as costas e muitos pedem a Sua morte. Jesus, que conhecia o coração dos homens, não estava iludido. Quanta falsidade nas atitudes de certas pessoas! Quantas lições nos deixam esse dia (Domingo de Ramos)!

O Mestre nos ensina com fatos e exemplos que o Seu Reino, de fato, não é deste mundo. Que ele não veio para derrubar César e Pilatos, mas para derrubar um inimigo muito pior e invisível, o pecado.

A muitos o Senhor decepcionou; pensavam que Ele fosse escorraçar Pilatos e reimplantar o reinado de Davi e Salomão em Israel; mas Ele vem montado em um jumentinho frágil e pobre. “Que Messias é este? Que libertador é este? É um farsante! É um enganador e merece a cruz por nos ter iludido”, pensaram. Talvez Judas tenha sido o grande decepcionado.

O Domingo de Ramos ensina-nos que a luta de Cristo e da Igreja, e consequentemente a nossa também, é a luta contra o pecado, a desobediência à Lei sagrada de Deus que, hoje, é calcada aos pés até mesmo por muitos cristãos que preferem viver um Cristianismo “light”, adaptado aos seus gostos e interesses e segundo as suas conveniências.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Viver a Semana Santa

Semana Santa, tempo da misericórdia do Pai, da ternura do Filho e do amor do Espírito Santo. Esta semana chama-se Santa porque nos introduz diretamente no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Cada um desses acontecimentos tem um conteúdo eminentemente profético e salvífico.


O fiel cristão "verdadeiramente apaixonado por Jesus Cristo" não pode deixar de acompanhar ativamente a Liturgia da Semana Santa. Infelizmente, a maioria dos católicos tem outras preferências na semana mais santa do ano. Não são capazes de "vigiar e orar" uma só hora com Jesus (cf. Mc 14, 37-38).

Nós queremos acompanhar os passos de Cristo e sentir de perto o que vai acontecer a nosso melhor Amigo e Salvador, procurando sentir o que Jesus sentia em seu coração ao se aproximar a Hora decisiva de glorificar o Pai. Ele viveu esses dias com mansidão e serenidade na presença do Pai. Seu coração estava inundado por uma imensa ternura para com todos os filhos e filhas de Deus dispersos.

Mostremo-nos, pois, solidários a Jesus. Passemos esta última semana de sua vida terrena com Ele, num último gesto de amor e amizade, recolhidos em oração fervorosa e contemplação profunda, de modo que a Páscoa do Senhor seja um dia verdadeiramente "novo" para nós.

Ao participarmos da bênção e procissão de ramos, queremos homenagear a Cristo e proclamar publicamente a sua Divina Realeza.

No Evangelho lido na Segunda-feira Santa, contemplamos Maria de Betânia ungindo os pés do Mestre com o perfume do amor e da gratidão. Na Terça-feira, Cristo revela o que se passa no coração de Judas Iscariotes. Na Quarta-feira, Mateus relata Cristo celebrando com os Apóstolos a festa da Páscoa judia e a traição de Judas.

Na Quinta-feira Santa, pela manhã, é celebrada a Missa Crismal. Esta celebração, que o Bispo concelebra com o seu presbitério e dentro da qual consagra o santo crisma e benze os óleos usados no Batismo e na unção dos enfermos, é a manifestação da comunhão dos presbíteros com o seu Bispo.

No período vespertino, inicia-se o Tríduo Sacro. Com a celebração da Missa da Ceia do Senhor (cerimônia do Lava-pés), recordamos a instituição da Eucaristia e do sacerdócio católico, bem como o mandamento do amor com que Cristo nos amou até o fim (cf. Jo 13, 1).

A Sexta-feira Santa é o grande dia de luto para a Igreja. Não há Santa Missa, mas celebração da Paixão do Senhor que consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da Cruz e sagrada Comunhão. Vivamos este dia em clima de silêncio e de extrema gratidão, contemplando a morte de Jesus na cruz por nosso amor.

O Sábado Santo é dia de oração silenciosa e de profunda contemplação junto ao túmulo de Jesus. São horas de solidão e de saudade… É ocasião para acompanharmos Nossa Senhora da Soledade e as santas mulheres junto ao túmulo de Jesus, sentindo com elas a medida do amor que Cristo suscita nos corações que O conhecem de perto.

A Vigília Pascal, "a mãe de todas as vigílias", na qual a Igreja espera, velando, a Ressurreição de Cristo, compõe-se da liturgia da Luz, da liturgia da Palavra, da liturgia Batismal e da liturgia Eucarística.

A participação no Mistério redentor de Cristo leva-nos a ser "no mundo descrente" testemunhas autênticas da Ressurreição de Cristo. Não podemos retardar o anúncio da ressurreição. Que a alegria de Cristo ressuscitado penetre nosso ser, domine nosso pensamento, tome conta de nossos sentimentos e ações. Precisamos de gente que tenha feito experiência da ressurreição. Existe uma única prova de que Cristo tenha ressuscitado: que as pessoas vivam a Sua vida e se amem com o amor com que Ele nos ama…

Guiados pela luz do círio pascal, e ressuscitados para uma vida nova de fé, esperança e amor, sejamos testemunhas vivas da Ressurreição do Senhor Jesus.

Que a Mãe do Ressuscitado nos aponte o caminho para Jesus Cristo, nosso único Salvador.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Frei Damião: O capuchinho que evangelizou o nordeste brasileiro e é agora Venerável

Entre os sete decretos assinados pelo Papa Francisco que reconhecem as virtudes heroicas de novos Veneráveis está também o de Frei Damião de Bozzano, capuchinho que evangelizou o Nordeste brasileiro e dizia ser apenas um mensageiro de Deus.


Frei Damião nasceu em Bozzano, na Itália, em 5 de novembro de 1898, tendo recebido o nome de Pio Gianotti. Era o segundo dos cinco filhos do casal de camponeses Felice e Maria Giannotti, de sólida formação católica.

Ainda aos 10 anos, após ser crismado, começou a expressar os primeiros sinais de vocação e, aos 13 anos, ingressou no Seminário Seráfico de Camigliano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em 17 de março de 1911.

Aos 17 anos, em julho de 1915, emitiu os primeiros votos e recebeu o nome de Frei Damião de Bozzano. Entretanto, precisou interromper os seus estudos de Filosofia após ser convocado, em setembro de 1918, para o serviço militar na Primeira Guerra Mundial.

Retornou ao Convento ao fim da Guerra e emitiu sua profissão perpétua. Em 1920, foi estudar Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.

Frei Damião foi ordenado sacerdote em 25 de agosto de 1923, na igreja do antigo Colégio São Lourenço de Bríndisi, em Roma. E, em 1931, foi enviado ao Brasil, onde chegou em 17 de junho, tendo se estabelecido no Convento Nossa Senhora da Penha, em Recife (PE). Após esta chegada, foram 66 anos dedicados às Santas Missões.

As Santas Missões eram vistas como “tempo forte de graça e conversão”, que costumavam durar de segunda-feira a domingo. Durante esta semana missionária, o frade proclamava a Palavra de Deus em uma cidade, por isso, afirmava ser apenas um mensageiro de Deus.

As Santas Missões contavam com sermões, catequeses, encontros específicos com homens, mulheres, jovens, crianças, visitava os doentes, os presos. Além disso, dedicava-se ao sacramento da Reconciliação, atendendo confissões por mais de 12 horas por dia, orientando os corações para Cristo.

Com os anos, adquiriu uma deformação na coluna que o deixou encurvado, provocando dificuldades na fala e na respiração. Além disso, durante muito tempo, sofre de erisipela, devido à má circulação sanguínea.

Em 1990, sofreu uma embolia pulmonar, por isso, a partir de então, diminuiu o ritmo das Santas Missões, passando apenas para os finais de semana. Mas, sua saúde se agravou em 1997, ano em que realizou sua última Santa Missão na cidade de Capoeiras (PE), no mês de fevereiro.

Em 12 de maio de 1997, foi internado no Real Hospital Português, na capital pernambucana, onde foi visto realizando aquele que foi chamada “sua última missão”, rezou o terço com o povo em uma das salas do hospital.

No dia seguinte, 13 de maio, sofreu um derrame cerebral e foi levado para a UTI, vindo a falecer em 31 de maio de 1997, aos 98 anos. Seu corpo foi enterrado na capela de Nossa Senhora das Graças, de quem era devoto, no Convento São Félix, em Recife.

domingo, 7 de abril de 2019

5º Domingo da Quaresma

Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?”. Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo. Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles?”. Ninguém te condenou?”. Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”. (Jo 8,1-11)


Sejamos promotores da misericórdia

A Liturgia deste domingo nos apresenta os homens pecadores que levaram uma mulher pecadora à presença de Jesus. Ressalto, em primeiro lugar, a hipocrisia desses homens: eles a pegaram em flagrante adultério. Ninguém adultera sozinho! A mulher não adulterou sozinha. Se ela foi pega em adultério, onde está o homem que foi também surpreendido com ela? Há aquela coisa de acusarmos quem queremos; sobretudo, há algo maior, pois muitos fizeram o que essa mulher fez na sua fraqueza, mas quem acusa é porque não se conhece, não quer se conhecer nem quer esconder o que de fato é. Por isso, esses homens não estão ali para fazer justiça, porque a primeira justiça fazemos com nós mesmos. Estão ali para acusá-la e condená-la. Jesus, ao ver, inclusive, por que os homens invocaram a Lei de Moisés, a atitude d’Ele é surpreendente. Ele não diz sim e nem não, Ele não rejeita, mas também não acolhe o que os homens trazem; em um gesto Ele desce, inclina-se e começa a escrever no chão com o dedo. Alguns padres da Igreja disseram que Jesus escreveu os pecados da humanidade naquele chão, mas, a verdade é que o chão é de onde nós viemos. O chão é onde está o pó da terra e todos nós viemos do pó, todos nós precisamos nos inclinar para o chão, para a terra para reconhecer, de fato, o pecador que somos, a miséria humana que somos. Somos chamados por Jesus a sermos como Ele: promotores da misericórdia. Depois que Jesus desceu ao chão, Ele se ergueu e disse a sentença: “É simples, quem de vocês não tiver pecado, pode atirar pedras sobre essa mulher”. No fundo, como está a consciência de cada um? Quem já examinou a sua consciência hoje? Quem já parou na verdade e sinceridade da sua própria vida para dizer quem é melhor ou pior do que essa mulher? Jesus não está absolvendo essa mulher no primeiro momento, quanto menos condenando, Ele está colocando cada um, inclusive ela, para que reveja a sua própria vida. É o que precisamos fazer, precisamos nos rever acima de tudo. Quando fizermos um exame de consciência de verdade e formos sinceros em nos conhecer como de fato nós somos, nuca mais julgaremos nem condenaremos ninguém neste mundo. Ouvindo o que Jesus falou, os homens foram saindo um por um. Quem estava sem pecado naquele lugar? Jesus se levantou e disse: “Ninguém te condenou, eu também não te condeno, mulher. Apenas não peques mais para você mesmo não se julgar e condenar, para que os homens não te julgam nem te condenem, para que a sua vida não volte mais a ser deplorável”. Jesus resgatou, levantou e amou profundamente aquela mulher, e perdoou todos os seus pecados. Foi a misericórdia que a salvou e a libertou. Foi a misericórdia que conduziu a vida daquela mulher. Somos chamados por Jesus a sermos como Ele: promotores da misericórdia e não de julgamentos de um para com os outros.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Efeitos espirituais do Sacramento da Confissão

Uma vez absolvidos de nossos pecados e reconciliados com Deus, retomamos o nosso caminhar sob a plena graça do Senhor. O sacramento da confissão é a festa do perdão e da misericórdia. Confessados e perdoados nossos pecados, nossa alma é revestida de inúmeros efeitos espirituais, dentre os quais destacamos:


Reconciliação com Deus

O amor do Pai nunca nos abandona. Ele é sempre presente em nossa vida. No entanto, o pecado nos afasta do Senhor, embora Ele sempre permaneça conosco, mesmo que estejamos em situações graves de pecado. Deus não pode se afastar da obra do Seu amor, mas nós, em meio ao pecado, vamos progressivamente nos afastando d’Ele e rompemos nossa aliança, embora Ele permaneça fiel. Uma vez perdoados, restabelecemos a nossa reconciliação com Ele e voltamos ao nosso primeiro amor, abrasados de paz para iniciarmos um novo tempo nos caminhos da vida. O Senhor nos espera de braços abertos, e nós, plenos da graça do perdão, corremos ao seu encontro. Voltamos à origem do nosso amor, mergulhamos na fonte da misericórdia pela qual fomos lavados das antigas culpas.

Reconciliação com a Igreja

Nosso pecado fere nossa relação com a Igreja. No pecado, deixamos de testemunhar o amor de Jesus pelos irmãos, ferimos o Corpo de Cristo e nos ferimos. Se um membro está doente, todos os demais também sofrem. Na dor que o pecado causa, todos sentem os efeitos colaterais da enfermidade, mas o perdão de Deus nos devolve ao seio da comunidade cristã. Lavados no misericordioso Sangue do Cordeiro, tivemos a nossa alma alvejada por Seu amor. Plenificados de Sua graça, somos agora uma célula curada pela ternura da misericórdia divina. O corpo místico de Cristo, antes ferido pelo pecado de nossas culpas, caminha agora com novo vigor. Restabelecemos a unidade antes quebrada e, juntos, continuemos a missão que nos foi confiada.

Reconciliação com nós mesmos

O pecado deixa marcas em nossa alma e abre feridas dolorosas. Caminhamos pela vida sem direção. As trevas ofuscam a beleza do alvorecer, mas o sacramento da confissão nos devolve a beleza da ressurreição. Nossos dias retomam a beleza das manhãs de paz e nossa alma glorifica o Senhor. Dentre as muitas marcas negativas do pecado em nossa vida, uma delas é a descaracterização de nossa imagem original. O pecado, enquanto não confessado, retira de nós as digitais do amor divino, por meio do qual fomos gerados. E uma vez distantes de nossa origem, perdemo-nos de nós mesmos, de Deus e da Igreja. Mas o sacramento da confissão vem em nosso socorro e nos devolve o direito de sermos restaurados à imagem e semelhança de nosso Deus. Reconciliados com nós mesmos, voltamos a sonhar os sonhos de Deus, comprometemo-nos com a missão da Igreja e cumprimos plenamente a nossa vocação de ser sal da terra e luz do mundo.

O sacramento da confissão restaura em cada fiel a vida antes furtada pelo pecado. Não é possível nos reconciliarmos com Deus, com a Igreja e com nós mesmos se antes não procurarmos do mais profundo de nosso coração o perdão de nossos pecados.

A Igreja nos oferece o remédio que devolve a saúde à nossa vida espiritual, e este remédio todos conhecemos: a confissão. Não tenhamos medo de viver na graça sob os efeitos espirituais de uma vida nova que em nós começa com o perdão, a misericórdia e a ternura de Deus.