domingo, 26 de abril de 2020

Evangelho do 3º Domingo da Páscoa

Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. Então Jesus perguntou: “O que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?”. Ele perguntou: “O que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”. Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?”. E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar com eles. Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?”. Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros. E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!”. Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. (Lc 24,13-35)


Voltemo-nos para Jesus na Sua Palavra e na Eucaristia

Caminhar com os dois discípulos de Emaús, que partiam desse povoado, é ter a certeza de que Jesus também caminha conosco. Ele caminha conosco quando estamos juntos em casa e nas estradas da vida. Andamos nas estradas da vida conversando sobre tudo, inclusive, sobre nossas inquietações, nossos medos e temores. Tenho a certeza de que a maioria de nós não conversa sobre outra coisa, neste tempo, a não ser sobre aquilo que nos preocupa e nos causa inquietações. Não são poucas as nossas inquietações, elas vêm dos nossos medos, das nossas incertezas, dúvidas e inseguranças humanas, materiais e financeiras. Mas enquanto vamos passando por tudo isso, não nos esqueçamos de que Jesus caminha ao nosso lado, pois quando estamos mais voltados para os nossos medos, temores e preocupações, não conseguimos enxergar que Ele caminha e fala conosco. Jesus caminha de todas as formas, mas as duas formas mais ordinárias e extraordinárias são por meio da Palavra e do partir do pão. O partir do pão, como os primeiros cristãos chamavam, é a Eucaristia. Por isso, se quisermos caminhar ao lado de Jesus, precisamos reconhecê-Lo entre nós na Sua Palavra e na Eucaristia. Os discípulos discutiam de tudo pelo caminho, e enquanto discutiam, Jesus iluminava o coração deles por meio das Sagradas Escrituras. Direcionava o coração deles para que compreendessem tudo à luz da fé e à luz de Jesus. Precisamos permitir que Jesus nos forme, que nos eduque, ensine e direcione por meio da Sua Palavra, ouvindo-O, deixando que Ele mesmo ilumine a nossa alma e o nosso coração. Dediquemo-nos à oração, sobretudo, à oração da Palavra. Meditemos a Palavra de Deus. Cada vez que nos voltamos às Sagradas Escrituras para orarmos, o nosso coração vai arder, porque Deus vai falar conosco, Ele vai nos direcionar, arrancar as inquietações e perturbações que temos dentro de nós. Jesus vai nos conduzir para nos sentarmos à mesa com Ele, e assim iremos reconhecê-Lo ao partir do pão. A Eucaristia é o pão partido e repartido para nos alimentar. Por isso, mais do que nunca, mesmo que não tenhamos condições físicas para participar da Missa, que possamos nos voltar para Jesus na Eucaristia e na Palavra. É bonito a pessoa que, do alto do seu apartamento, dentro da sua casinha ou no lugar mais longínquo do mundo, sabe onde está a Igreja e se ajoelha para estar na presença de Jesus. Faz isso depois de meditar e se alimentar da Palavra. Se nos alimentarmos de Jesus na Palavra e na Eucaristia, não faltará consolo para o nosso coração, o nosso coração vai arder sempre mais, porque Jesus, vivo e ressuscitado, está no meio de nós.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

CNBB lança nota contra a ADI 5581 que pede descriminalização do aborto em infectadas por Zika vírus

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em sintonia com segmentos, instituições, homens e mulheres de boa vontade, convocou a todos, por meio de uma nota oficial, pelo empenho em defesa da vida, contra o aborto. A entidade se dirigiu, publicamente, como o fez em carta pessoal, aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para compartilhar, ponderar argumentações e considerar, seriamente, o dever de todos em valorizar o dom inviolável da vida.


Reiterando que a fé cristã compromete, de modo inarredável, na defesa da vida, em todas as suas etapas, desde a fecundação até seu fim natural, a nota salienta que este compromisso de fé é também um compromisso cidadão, em respeito à Carta Magna que rege o Estado e a Sociedade Brasileira, como no seu artigo quinto, quando reza sobre a inviolabilidade do direito à vida.

No texto, a presidência demonstra preocupação e perplexidade, diante do grave momento de luta sanitária pela vida, neste tempo de pandemia, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de pautar para este dia 24 de abril, em sessão virtual, o tratamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 5581, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos – ANADEP, que pede, dentre outras questões relacionadas ao zika vírus, a descriminalização do aborto caso a gestante tenha sido infectada pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti.

Na oportunidade, a Conferência reiterou sua imutável e comprometida posição em defesa da vida humana com toda a sua integralidade, inviolabilidade e dignidade, desde a sua fecundação até a morte natural comprometida com a verdade moral intocável de que o direito à vida é incondicional, e disse que o mesmo deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana.

“Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto. São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto”, diz um trecho da nota.

A CNBB reafirma, ainda, fiel ao Evangelho de Jesus Cristo, o repúdio ao aborto e quaisquer iniciativas que atentam contra a vida, particularmente as que se aproveitam das situações de fragilidade que atingem as famílias. “São atitudes que utilizam os mais vulneráveis para colocar em prática interesses de grupos que mostram desprezo pela integridade da vida humana. (S. João Paulo II, Carta Encíclica Evangelium Vitae, 58)”.

A entidade espera e conta que a Suprema Corte, pautada no respeito à inviolabilidade da vida, no horizonte da fidelidade moral e profissional jurídica, finalize esta inquietante pauta, fazendo valer a vida como dom e compromisso, na negação e criminalização do aborto, contribuindo ainda mais decisivamente nesta reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça, do respeito incondicional à dignidade humana e na reorganização da vivência na Casa Comum, segundos os princípios e parâmetros da solidariedade.

Confira, aqui, a nota na íntegra.

domingo, 19 de abril de 2020

Evangelho do 2º Domingo da Páscoa

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”. Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”. Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. (Jo 20,19-31)


Mergulhemos na paz do Ressuscitado

Hoje, estamos nos encontrando com Jesus misericordioso. É Ele que vem ao nosso encontro. Três coisas são importantes para que a nossa alma se abra nesse encontro com a misericórdia de Deus. O Ressuscitado nos traz a Sua misericórdia e a Sua paz. Que a paz esteja conosco, no nosso coração, no nosso lar, e esteja também nos nossos sentimentos, pensamentos e na nossa alma. A paz verdadeira que cura, liberta e resgata; a paz que traz a alma para o coração viver a serenidade e a sobriedade. Permitamo-nos ser mergulhados na paz do Senhor, para nos libertarmos das angústias, das tribulações, da ansiedade e da temeridade que toma conta da nossa vida. É o Ressuscitado que nos traz a paz. Mergulhemos na paz d’Ele. A paz vem pelo perdão, primeiro, dos nossos pecados. Como precisamos, realmente, encontrar o perdão de Deus, porque, uma vez que somos perdoados, a iniquidade que o pecado provoca em nós é cancelada, a força que o pecado produz em nós é vencida. Por isso, precisamos encontrar todo o perdão de Deus hoje. O perdão vem do arrependimento, da contrição e do reconhecimento de que falhamos e erramos. O perdão vem para quem consegue vencer a soberba, o orgulho e a vaidade pessoal. É para quem consegue reconhecer as suas próprias fraquezas e erros, não para se condenar, mas para se levantar, para sair da ignorância e da cegueira, para que a misericórdia de Deus nos coloque de pé. O Ressuscitado, Jesus misericordioso, vence a nossa incredulidade e a nossa falta de fé, porque todos nós somos como Tomé: só acreditamos no que vemos e tocamos. Só temos a certeza do que vemos quando tocamos. É feliz, de verdade, quem crê sem ver, porque experimenta, na alma e no espírito, a experiência viva e real com Jesus Ressuscitado. Por isso, cresça na sua fé para ser feliz, comungue, profundamente, com Jesus Ressuscitado para ter paz, perdão, mansidão e a cura do coração.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Como lidar com ansiedade e ataques de pânico?

Nos dias atuais, é cada vez mais comum ouvirmos que alguma pessoa é “ansiosa” e, não raras vezes, encontrou-se em um “ataque de pânico”. Frente a tais situações, é sempre recomendada ajuda médica e terapia especializadas para avaliar se há sinais de um transtorno de saúde instalado, como este pode ser tratado e quais as ferramentas necessárias para isso.


Em linhas gerais, a ansiedade pode ser definida como uma reação do organismo diante de uma situação de ameaça ou perigo. Portanto, todo ser humano, em algum momento, fica ansioso frente às realidades da vida. As características próprias e o nível de resposta de cada um ajudará o profissional de saúde mental a entender quando essa resposta natural esperada passa a ser um problema clínico, que necessita de tratamento.

Sintomas

O ataque de pânico é distintamente uma situação súbita, imprevisível, incapacitante, com manifestações não apenas “mentais” de medo e angústia, mas também “fisiológicas”, como batimentos cardíacos acelerados, dores no peito, falta de ar e sensação de sufocamento, tonturas, calafrios, medo de morrer, de perder o controle, medo de enlouquecer… Como as crises podem ocorrer nas mais variadas ocasiões e lugares, as pessoas em geral se sentem assustadas e até mesmo envergonhadas após o término do ataque.

Muitos que sofrem desse mal desenvolveram sua primeira manifestação após uma situação traumática na vida. Tendências familiares, a própria constituição biológica do indivíduo e a experiência ou não com uso de drogas podem estar associados a surgimento e evolução da doença.

Como agir?

Embora nada substitua o tratamento psiquiátrico e psicológico, há algumas dicas que você pode saber para se ajudar ou auxiliar alguém caso isso aconteça. Vamos lá! Respire fundo e lentamente por alguns minutos. Imagine uma cena calma e que o leve ao relaxamento. Procure interromper os pensamentos de catástrofe ou morte. Deixe os pensamentos passarem, procurando entender que eles não o matarão nem enlouquecerão. Procure lembrar-se de que o ataque de pânico é temporário, que sempre vai passar. Procure pensar em alguém em quem confia e que você acredita que se preocupa contigo e que cuida de você.

Neste último ponto, é extremamente importante lembrar que Deus está sempre ao lado de seus filhos e que nunca os desampara. Em situações de pânico, nunca se esqueça que apesar das ondas revoltas e ventanias que podem vir durante a viagem, o Senhor está sempre ao lado, “dentro do barquinho” e, em alguns minutos, acalmará a tempestade, o vento e o mar, que Lhe obedecem. (Mc 4,41)

terça-feira, 14 de abril de 2020

O Sepulcro está vazio

O porquê de tudo está na verdade. Mas qual verdade? Qual a razão de uma Igreja permanecer inabalável por longos vinte séculos? Qual o sentido de cristãos enfrentarem a morte, derramarem o seu sangue, de gastarem as suas vidas para anunciar? A verdade da Ressurreição de Cristo! A ressurreição de Jesus é a base da nossa fé, o ponto central da doutrina cristã.


Quando os apóstolos viram o Mestre preso e condenado, ficaram aterrorizados, sem ânimo. Entretanto, o primeiro acontecimento da manhã do Domingo de Páscoa foi a descoberta do sepulcro vazio. E foi a partir desta constatação que se deu o fundamento, a coragem, a força para toda ação e pregação dos apóstolos, ou seja, para eles, ser testemunha de Cristo era dar testemunho da Ressurreição. “Ide depressa e dizei aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos.” (Mt 28,7)

O sepulcro está vazio. O Senhor verdadeiramente ressuscitou! A Páscoa tem o objetivo de reavivar a nossa vida na fé. Quando Jesus morreu, a fé dos discípulos também morreu, mas a certeza de que Ele ressuscitou os fez serem testemunhas da Verdade, da verdade de que Cristo vive.

Páscoa é o tempo propício para a passagem de uma vida nova, uma vida de santidade. O homem velho, a mulher velha precisam morrer. Que a certeza da ressurreição revigore a nossa fé e nos faça ser testemunhas da verdade!

“Por sua morte Jesus nos liberta do pecado, por sua Ressurreição Ele nos abre as portas de uma nova vida.” (CIC 654)

sábado, 11 de abril de 2020

Sábado Santo: Esperança da Ressurreição

As primeiras comunidades cristãs honravam a sepultura de Jesus, passando o Sábado Santo no descanso e na espera, na oração silenciosa e num rigoroso jejum. Nenhum alimento deveria ser ingerido, a fim de não quebrar o jejum que antecedia a comunhão na noite de Páscoa. Hoje, o jejum não é tão rigoroso, nem o silêncio tão absoluto, mas é um dia de serena e alegre espera.


O Sábado Santo, com o Jejum e com a Oração silenciosa, expressa também nossa inquebrantável esperança na ressurreição final e na Segunda vinda do Senhor. A terra, grávida de Cristo, está para dar à luz o Senhor ressuscitado, como primícias da nova criação.

A Vigília Pascal é densa e grande. A Celebração da Vigília Pascal é o centro da Semana Santa. Toda a quaresma e os dias santos preparam-nos para o momento culminante: o da ressurreição. A celebração compreende quatro partes:

A liturgia da Luz: a primeira parte desta Vigília celebra a Cristo, Luz que ilumina a todo homem, simbolizado no Círio Pascal, imagem de Cristo Ressuscitado. Com a benção do fogo e do Círio, a Igreja às escuras na entrada do Círio lembra que o Cristo Ressuscitado é a luz do mundo, quebra a escuridão e enche de luz a todos aqueles que se aproxima dele com fé viva. É o triunfo da luz sobre as trevas do mal. Essa primeira parte termina com a ação de graças ou proclamação da Páscoa ( Exultet) , que exprime o caráter cósmico da vitória de Cristo.

A Liturgia da Palavra: As leituras do Antigo e Novo Testamento mostram em grandes pinceladas o amor maravilhoso de Deus. Desde a criação do mundo, todas as promessas e a aliança até a sua realização plena na morte e ressurreição de Cristo, mediador da Nova Aliança.

A Liturgia Batismal: Na terceira parte da Vigília, tudo o que é anunciado se faz realidade através dos sacramentos, dos quais, o batismo é o primeiro. O sinal sacramental do batismo é a água. O celebrante, enquanto mergulha o Círio Pascal na água, benze-a e consagra-a, pedindo a deus para que envie o Espírito Santo sobre ela, para torná-la fecunda e, assim, dessa água poderem nascer os filhos de Deus.

A Liturgia Eucarística: É a expressão de viver a nova vida de ressuscitados junto com Jesus . A eucaristia é o ponto alto da noite pascal. O encontro pessoal com o ressuscitado, na comunhão, torna-nos participantes do triunfo sobre a morte e sobre o mal. A Páscoa de Cristo é a nossa Páscoa, a Páscoa da Igreja (Rm 6, 9).

O centro da Semana Santa é a Vigília Pascal. Muitas coisas nos alegram na vida, assim como outras nos entristecem. Nenhuma nos pode alegrar tanto como a Ressurreição do Senhor. Desde que Cristo ressuscitou, a vida não é um caminho que fatalmente desemboca na morte, mas a morte é um caminho que fatalmente desemboca na vida.

Paixão por inteiro

Na Semana Santa celebramos a Paixão do Senhor. A liturgia cristã coloca esta palavra na sequência de outras, que lhe completam o sentido e lhe dão o contexto vital: Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.


A partir deste contexto a palavra paixão foi recolhendo diversos significados, que permanecem com suas nuances semânticas, mas que acabam convergindo neste mistério maior, vivido por Cristo. Na Semana Santa estes significados se fazem presentes, e dão consistência ao mesmo drama, que continua na humanidade.

Em primeiro lugar, paixão significa sofrimento. É daí que nasceu a palavra, derivada do latim, da caprichosa forma depoente, que não existe em português, do verbo sofrer. Para a língua latina, a pessoa que sofre é ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo da ação que a envolve. Na experiência de Cristo, o sofrimento humano encontrou sua intensidade mais profunda, sua fecundidade, e seu sentido misterioso. Em Cristo, o sofrimento virou "sagrada paixão".

A palavra paixão passou também a significar a motivação que leva a pessoa a enfrentar o sofrimento, guiada por uma força que a impulsiona a amar sem medida. Então, paixão significa amor, que anima, fascina e leva à entrega total. Foi assim que Jesus amou, como testemunha o Evangelho:. "tendo amado os seus, amou-os até o fim" (Jo 13, 1). A Paixão do Senhor significa também o amor sem medida de Cristo. Por isto, paixão pode significar um grande amor, que envolve por inteiro uma pessoa.

Mas a intensidade da motivação, que abre o coração para a generosidade do amor, pode também fechar a mente e perverter as intenções, quando as pessoas perdem o equilíbrio e subvertem o sentido da vida. Então a paixão se torna impulso cego, que arruína ativa e passivamente, não só na forma depoente do verbo latino, mas na realidade concreta da existência humana. A paixão cega prejudica o apaixonado e suas vítimas. Então o amor se torna traição, vira ódio, se transmuta em vingança.

É ali que o drama humano se revela na complexidade do seu mistério, e se faz presente no simbolismo da Semana Santa. Ela não é feita só da Paixão de Cristo. Ela revive também a traição, o ódio, a cegueira. A paixão de Cristo é celebrada junto com a paixão cega de Judas, a paixão fanática dos fariseus, e a paixão iludida do povo que votou em Barrabás.

Por isto, na Semana Santa somos chamados a perceber que a PAIXÃO continua. Nossa realidade é hoje uma grande paixão. Paixão dos Povos Indígenas, vítimas da mesma ganância que sacrifica vidas humanas em troca de vis moedas. Paixão dos excluídos e jogados na miséria por um sistema econômico incapaz de perceber a dignidade das pessoas e suas necessidades vitais. Paixão das vítimas das guerras, da violência urbana, da ganância financeira dos Judas engravatados das grandes instituições financeiras. Paixão gananciosa dos traficantes, dos ladrões e dos corruptos. Paixão cega dos assaltantes e dos sequestradores. Paixão corrompida dos políticos inescrupulosos ou pusilânimes como Pilatos. Paixão tola, iludida e vazia da multidão que se deixa enganar e continua votando nos Barrabás apontados por campanhas astutas e maliciosas.

É na encruzilhada de tantas "paixões", que o Cristo se coloca, convidando-nos a viver com a mesma paixão com que ele viveu. Com amor profundo, sincero, esclarecido, firme, constante, generoso, capaz de vencer o mal como ele venceu a morte pela força da ressurreição. De tal modo que coloquemos nossa vida a serviço da vida de todos, como ele fez. "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida por seus amigos" (Jo 15,13).

A medida verdadeira da existência humana é, de fato, a paixão. Precisamos todos viver com paixão. Mas segundo a sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Quinta-feira Santa – Ceia do Senhor

Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: “Senhor, tu me lavas os pés?” Respondeu Jesus: “Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”. Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!” Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. Simão Pedro disse: “Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”. Jesus respondeu: “Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos”. Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: “Nem todos estais limpos”. Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”. (Jo 13,1-15)


Estejamos dispostos a lavar os pés uns dos outros

Nesta quinta-feira da Semana Santa, entramos com mais profundidade no mistério da Páscoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. O Tríduo Pascal é a celebração do mistério central da vida de Jesus e dos mistérios da nossa fé. Jesus começa a celebrar a Sua Páscoa lavando os pés dos Seus discípulos, lavando-os como fez durante toda a Sua vida: amou, cuidou, entregou-se e deu a vida pelos seres humanos. Por isso, na Sua consumação final, Ele não estava fazendo teatro, mas estava celebrando a vida, e a vida d’Ele foi cuidar dos Seus. Ele não veio para ser Senhor como os senhores deste mundo, mas se tornou servidor de toda a humanidade. Ele não veio apenas para morrer na cruz, na cruz Ele veio dar a vida, e para dar a vida em todos os Seus gestos e Suas atitudes. Hoje, precisamos olhar para a atitude e para o gesto de Jesus para nos convertermos. Precisamos, primeiro, despirmo-nos de toda a carapuça que carregamos do orgulho, da soberba, da vaidade, do egoísmo e do individualismo. Despirmo-nos disso, para nos revestirmos da humildade de Jesus. O amor provém da humildade, e a humildade promove o amor de Deus em nós. As pessoas que têm humildade no coração não se elevam, mas se rebaixam para cuidar do outro, descem ao nível do outro e cuidam dele. O amor autêntico é aquele que se doa, que faz e cuida. Precisamos começar, em nossas casas, a lavar mais os pés uns dos outros. Gostamos muito de lavar roupas sujas, que são aquelas conversas, discussões e coisas mal resolvidas. Quando temos verdadeiros gestos de amor e humildade, lavamos a alma e o coração, tiramos todo o orgulho e prepotência que há em nós. Precisamos lavar os pés uns dos outros na Igreja, na comunidade e na sociedade. Precisamos, de uma vez por todas, despirmo-nos daquelas atitudes acusatórias que temos. Precisamos deixar de lado as guerras que criamos, os combates que travamos, as atitudes que temos de nos colocarmos acima dos outros, para seguirmos o exemplo do Mestre Jesus no silêncio, na humildade e no mais profundo amor. Jesus não escolheu quem amar, amou a todos. Dos pés de Judas aos pés de Pedro e de todos… os meus pés, os seus pés, Jesus não escolheu de quem lavar os pés. Ele veio para servir e amar a todos. Amemos até as pessoas com quem temos dificuldades de nos relacionar, a quem não queremos bem. Se queremos seguir Jesus, saiamos das alturas, desçamos ao nível, porque a Páscoa do Senhor começa no chão. Quando estamos dispostos a lavar os pés uns dos outros, estamos lavando o nosso próprio coração.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Reze com as sete dores de Nossa Senhora

“Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo” (Jo 19,25-27).


Nossa Senhora das Dores, Mãe de todos os homens, foi aos pés da cruz, onde viveu a sua dor mais crucial. Ali, ela recebeu do Filho a missão de ser a Mãe de todos homens, Mãe da Igreja (Corpo Místico) e de todos os fiéis.

Foi, naquele momento de dor, que Jesus disse a ela: “Mãe, eis aí o teu filho” (este filho simboliza todos nós cristãos). Nesse mesmo momento, Jesus diz a São João, que ali nos representava: “Filho, eis aí tua Mãe”.

Nós, filhos de Deus, temos uma Mãe que sofreu por nós e quer nos acompanhar por toda nossa vida. Ela quer nos ensinar que, em meio à dor, podemos conservar a fé e a confiança nas promessas do seu Filho Jesus. Revistamo-nos de respeito e devoção, meditando as sete dores da Virgem Maria.

Contemplando cada dor, podemos rezar: 1 Pai-Nosso e 7 Ave-Marias em cada dor contemplada.

As sete dores de Nossa Senhora são:

1. A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas 2,34-35);
2. A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus 2,13-21);
3. O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas 2,41-51);
4. O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas 23,27-31);
5. O sofrimento e morte de Jesus na Cruz (João 19,25-27);
6. Maria recebe o corpo do filho tirado da cruz (Mateus 27,55-61);
7. O sepultamento do corpo do filho no Santo Sepulcro (Lucas 23,55-56).

Mãe de todos os homens, ensina-nos a dizer, Amém!

domingo, 5 de abril de 2020

Domingo de Ramos

Naquele tempo, Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes: “Ide até o povoado que está ali na frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada, e com ela um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! Se alguém vos disser alguma coisa, direis: ‘O Senhor precisa deles, mas logo os devolverá’”. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta”. Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes havia mandado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles suas vestes, e Jesus montou. A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo caminho, enquanto outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam pelo caminho. As multidões que iam na frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!”. Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou, e diziam: “Quem é este homem?”. E as multidões respondiam: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia”. (Mt 21,1-11)


Preparemos o nosso coração para a Ressurreição do Senhor

Iniciamos a Semana Maior, a Semana Santa, a semana de graças em nossa vida, quando celebramos os ramos e a Paixão de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Igreja faz questão de trazer para a Liturgia, deste domingo, dois Evangelhos. O primeiro narra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém; o segundo narra a Paixão do Senhor, porque as duas coisas estão entrelaçadas e não podem ser separadas. O Cristo da Glória, o Cristo que está sendo aclamado em Jerusalém, é o Cristo que vai ser julgado por essa cidade, vai ser condenado e crucificado, mas é também o Cristo que vai reinar e ressuscitar glorioso. Não é com a glória humana que Ele há de reinar, mas é com a glória do Pai. A glória de Jesus não são as palmas dos homens; a glória de Jesus é a vida eterna que o Pai Lhe dá e ninguém pode tirar. Por isso, não podemos nos conter nem nos contentar com glórias humanas, não devemos as buscar de forma nenhuma. Precisamos, realmente, glorificar Aquele que é o Glorificado e que, em Sua vida terrena, sequer buscou qualquer glória humana. Precisamos ser a Igreja que glorifica o Senhor, que O exalta e proclama como Senhor da nossa vida com palmas, cânticos, louvores e ação de graças. Aclamemos, proclamemos e exaltemos Jesus como o Senhor da vida. Hosana a Ele no mais alto dos Céus! A Igreja que segue o Senhor, na Sua glória, é a Igreja que segue o Senhor na Sua Paixão. Aqueles que querem glorificar o Senhor não podem se esquecer de que não há glória sem Paixão e não se chega à glória se não for pela via crucis, pela via da Paixão. Jesus não se deixa iludir pelas palmas nem pela aclamação dos homens, porque Ele sabe que dias duros, difíceis, cruéis e desumanos O esperam em Jerusalém. Ele está, ali, para enfrentar tudo por amor a cada um de nós, para nos ensinar a viver, a encarar a vida com seus dramas, suas durezas e paixões, inclusive, encarar a morte. É para nos ensinar que o salário daquele que é fiel e obedece a Deus, daquele que leva a vida com dignidade, é a glória. Por isso, essa semana que iniciamos, não nos conduz à Paixão, ela nos conduz para a glória da Ressurreição. Não chegamos à glória da ressurreição sem passarmos pelas paixões. E quando digo paixões, não são as paixões humanas, mas a paixão do viver, da entrega, a paixão de ser de Deus. Não chegamos à glória sem enfrentarmos a luta, o sofrimento e a dor de cada dia. Glorifiquemos e exaltemos Jesus Cristo aclamado na Sua cidade, carreguemos a nossa cruz de cada dia e estejamos unidos ao Senhor no mistério da Sua Paixão, da Sua Morte, da Sua Cruz, para participarmos também da Sua Ressurreição. Uma boa e abençoada Semana Santa para todos nós.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

CNBB propõe que Domingo de Ramos seja celebrado de modo especial em tempos de coronavírus

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convida a todos a viverem de forma muito especial o Domingo de Ramos durante a quarentena do coronavírus. Cada um e cada família, em suas casas, são chamados a celebrar o próximo domingo com fé e esperança. Por isso, A CNBB propõe cinco pontos para ajudar os fiéis na celebração do Domingo de Ramos.


Vamos celebrar o Domingo de Ramos?

1. Rezar pedindo a graça de bem viver a Semana Santa, ainda que em recolhimento em casa.

2. Colocar no portão ou na porta de casa (em lugar bem visível) alguns ramos. Marcar a casa é uma característica do povo de Deus.

3. Participar das celebrações transmitidas pela televisão ou pelas redes sociais.

4. Comprometer-se a, no futuro, participar ativamente da Coleta da Campanha da Fraternidade. Com ela, ajudamos os mais pobres.

5. Motivar pelas redes sociais, telefonemas ou outros meios que mantenham o distanciamento social, outras pessoas a também celebrarem o domingo de Ramos desse mesmo modo.