A festa dos Reis Magos (Epifania – manifestação do Senhor) no Oriente é celebrada com mais ênfase que o próprio dia do Natal, devido a grande devoção que se presta lá a este acontecimento. Além do Evangelho de São Mateus, há documentos apócrifos no Vaticano, muito antigos e de grande valor, que relatam a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. Há um mosaico sobre eles em Ravenna, Itália, do século 6, com os nomes dos três.
A palavra “mago” era empregado para o “sábio”, especialmente aos sacerdotes da Caldeia que foram os primeiros a estudar a astronomia no mundo. Mago aqui nada tem de esotérico.
O grande doutor da Igreja São Beda, o Venerável (673-735), muito respeitado, que foi monge beneditino na Inglaterra, historiador, pesquisou e escreveu sobre os Reis Magos, e foi o primeiro e escrever seus nomes. Segundo ele, “Melquior tinha setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, na Caldeia. Gaspar era jovem de vinte anos, e teria partido de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”. Gaspar significa “aquele que vai inspecionar”; Melquior quer dizer: “Meu Rei é Luz”, e Baltasar “Deus manifesta o Rei”. Nota-se, então, que eles não vieram do mesmo lugar… mas os três viram o sinal misterioso da Estrela de Jesus.
Para São Beda e para os doutores da Igreja, os três representavam as três raças humanas existentes, os reis e os povos de todo o mundo. O nosso Catecismo diz que: “A epifania é a manifestação de Jesus como Messias Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo… Nesses “magos”, representantes das religiões pagãs circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações que acolhem a Boa Nova da salvação pela Encarnação. A vinda dos magos a Jerusalém para “adorar ao Rei dos Judeus” mostra que eles procuram em Israel, à luz messiânica da estrela de Davi, aquele que será o Rei das nações. Sua vinda significa que os pagãos só podem descobrir Jesus e adorá-lo como Filho de Deus e Salvador do mundo voltando-se para os judeus e recebendo deles sua promessa messiânica, tal como está contida no Antigo Testamento. A Epifania manifesta que “a plenitude dos pagãos entra na família dos patriarcas” e adquire a “dignidade israelítica”. (n.528)
Algo relevante foi que no século VII, quando os persas dominaram Jerusalém, destruíram as igrejas católicas ali construídas, mas preservaram a basílica da natividade, em Belém, onde Jesus nasceu, porque viram na fachada da basílica um dos Magos representados com roupas persas. É um sinal de onde um deles veio.
Os presentes que ofereceram ao Menino Jesus têm um significado importante. Segundo São Beda, Melquior deu ao Menino Jesus ouro, reconhecimento da realeza; Gaspar ofereceu-Lhe incenso, reconhecimento da divindade; Baltasar ofereceu mirra, reconhecimento da humanidade e símbolo de sofrimento, era usada para embalsamar corpos; simboliza o Cordeiro a ser imolado para tirar o pecado do mundo.
Assim, os Reis Magos, representando os pagãos, reconheciam o Menino Jesus como Rei, Deus e Vítima a ser imolada. A Igreja interpreta essa visita dos Magos como o cumprimento da profecia de Davi:
“Os reis de Társis e das ilhas lhe trarão presentes, os reis da Arábia e de Sabá oferecer-lhe-ão seus dons. Todos os reis hão de adorá-lo, hão de servi-lo todas as nações”. (Sl 71, 10-11)
Segundo São João Crisóstomo (†407), mártir e doutor da Igreja, Patriarca de Constantinopla, os três Reis Magos foram mais tarde batizados pelo Apóstolo São Tomé e trabalharam muito pela expansão da Fé (Patrologia Grega, LVI, 644). Segundo esta tradição, seus restos são venerados na Catedral de Colônia, numa bela urna de ouro e de pedras preciosas. As relíquias deles teriam sido descobertas na Pérsia por Santa Helena, mãe do imperador romano Constantino, e levadas para Constantinopla. Depois foram levadas para a do Império, Milão, e depois transferidas para a Catedral de Colônia, em 1163, e guardadas em riquíssimo relicário (Acta SS., I, 323).
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