Nesta Semana Nacional da Família, poderíamos refletir sobre tantas coisas que dizem respeito a essa instituição: foi o próprio Senhor quem a instaurou, ela é a célula que mantém a sociedade e é nela que aprendemos as primeiras noções de relações interpessoais etc.
Sem dúvida, temos, pelo menos, a compreensão de que a família é ou deveria ser o nosso lugar de repouso, onde poderíamos ser nós mesmos e encontrar amor incondicional.
Partindo dessa consciência e do desejo inerente a todo ser humano de ter e ser família, percebemos o esforço das pessoas em tornar isso possível e concreto. A maioria de nós, mesmo quem não é cristão, luta e está disposto a construir um ambiente cercado dessa plena acolhida.
Preocupações financeiras e patrimoniais
Cada vez mais percebemos que a noção das pessoas sobre o que é edificar uma família está sendo a base de preocupações financeiras e patrimoniais. Como se amor e formação humana estivessem ligados a conforto e bem-estar material. Desde os preparativos do casamento até quando pensamos no convívio e na harmonia entre o casal, principalmente se o assunto for filhos, a primeira coisa que nos vêm à cabeça são as cifras (dinheiro).
Já imaginou alguém desistindo de ter filhos, porque não pode fazer uma viagem, porque contabilizou as fraldas ou por imaginar quanto custará a faculdade daqui a alguns anos?
Estamos investindo demais no trabalho e na carreira profissional, interpretando a harmonia familiar como uma associação financeira, que também divide as tarefas. Assim, as famílias têm se tornado frias e desprovidas de diálogo e afeto. Um praticamente não conhece o outro, pois onde não se demonstra o verdadeiro amor, as pessoas não adquirem confiança entre si.
Sua família precisa muito mais de você, da preciosidade que você é e dos dons que possui, do que do capital que possa produzir.
Quanto tempo você tem tido para seus filhos?
Grande parte dos problemas dos jovens com quem converso tem a ver com a ausência de seus pais. Moram na mesma casa, mas falta amizade, diálogo, testemunho, ensinamentos de vida, transmissão de experiências, confiança, sorrisos em vivências simples do dia a dia, que ficam gravadas para sempre na vida do jovem e que os preparam para as dificuldades. Mas sobram roupas e calçados de “marca”, aparelhos eletrônicos de última geração, viagens e uma casa cheia de coisas belas e de qualidade. Terceirizamos o aprendizado dos filhos; falta-nos tempo para estar com eles. Quanto tempo você tem tido para seus filhos?
Eu aprendi a nadar, a dirigir e até algumas aventuras com meu pai. Não digo que todos tenham de ensinar tudo isso a seus filhos, mas não vejo como positivo que tudo seja aprendido numa escolinha, com outras pessoas.
Ensine valores. São nas atividades corriqueiras de todos os dias que infundimos princípios nas pessoas que amamos. Os seus filhos precisam do seu material intelectual e espiritual, mas nem tanto dos bens que talvez você anda trazendo tanto para dentro de casa. Caso contrário, ficar improdutivo teria como consequência não ser mais amado.
Um casal que cultiva entre si os valores cristãos vence qualquer desafio da vida, pois Cristo venceu o mundo e nos deu a vitória. “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores” (Rm 8,37).
Ter a família como base
Família não é um grupo de pessoas que simplesmente encontraram afinidades, porque tem de existir disposições além da amizade. Num lar, um dá a vida pelo outro, tem de haver um vínculo maior que o de sangue, que é de coração e alma. Família é a base, o alicerce para a construção da pessoa, por isso não pode estar condicionada a acabar se as afinidades uma hora chegarem ao fim.
Meus pais não tinham condições de “bancar” uma faculdade para mim, mas um dia nós sentamos para conversar e eles se disponibilizaram a isso. Mas me ensinaram a ser um homem honrado e trabalhador, responsável e de bem. Foi exatamente isso que me garantiu uma promoção na empresa que eu trabalhava, seis meses antes de terminar o ensino médio. Com esse novo cargo e salário, consegui arcar com os custos do meu curso superior.
Sou muito grato a meus pais, tanto pela disposição ao sacrifício quanto, e principalmente, por me transmitir valores que são base para toda e qualquer decisão minha até os dias de hoje.
Um dia, ouvi essa frase: “Não se preocupe em deixar herança para seu filho. Se ele tiver só isso, ele gastará e perderá tudo. Se você transmitir amor e valores, ele conquistará o mundo inteiro”.
A família sobrevive muito mais de amor e valores morais do que de patrimônio e bens que possam acumular.
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