[...] sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a Escritura até o fim, disse: “Tenho sede!” Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. [...]. Jo 18,1–19,42
Nosso olhar diante do sofrimento do Homem que passou fazendo o bem
Nesse dia as palavras devem ceder lugar ao silêncio e à contemplação. Trata-se, ao fazer memória da paixão e morte do Senhor, de estar com ele. É a oportunidade de permitir que o nosso olhar, encontrando Jesus no seu sofrimento, nos transforme profundamente segundo a graça de Deus. Ao apresentar Jesus à multidão, depois de ser duramente açoitado e humilhado, Pilatos o faz com essas palavras: “Eis o homem!”. De fato, Jesus é o homem que realiza o projeto de Deus para o ser humano feito à sua imagem e semelhança. Mas esse homem é, também, o homem desfigurado pelo mal presente na humanidade, desfigurado a ponto de não parecer humano pela maldade do coração do ser humano. O que desfigura o servo de Deus é o mal que seduz e destrói. Aquele que “passou pela vida fazendo o bem” é acusado, segundo nosso relato, de ser um malfeitor. Aquele que só falou o bem e fez a muitos viverem pelo sopro de sua palavra, aquele que é a Palavra encarnada do Pai, é condenado como blasfemo. A iniquidade humana ceifa dramática e violentamente a vida, apoiando-se na mentira, na confusão e na dissimulação. Mesmo no que a história humana tem de mais perverso, Deus revela o seu plano de amor. Para nós que celebramos a paixão do Senhor é ocasião de, olhando para o Crucificado, nos perguntarmos: “Que poderei retribuir ao Senhor por tudo aquilo que ele me fez?”.
Carlos Alberto Contieri - Paulinas / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/
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