Neste ano jubilar mariano, no qual celebramos os 300 anos de Aparecida e os 100 anos de Fátima, é significativo meditarmos sobre Nossa Senhora como Rainha e Mãe da fé, pois, se a incredulidade de Eva fez o pecado e a morte entrarem no mundo, por sua fé, a Virgem Maria fez com que o Filho de Deus, a vida (cf. Jo 14, 6) e a santidade (1 Pd 1, 14) se encarnassem no ventre da Virgem de Nazaré. Dessa forma, ao crer no anúncio do anjo e obedecer a vontade de Deus (cf. Lc 1, 26-38), nossa Rainha abriu as portas do Paraíso, que haviam se fechado pela desobediência de Eva.
A fé incomparável da Virgem Maria
A virtude teologal da fé em Maria é superior a de todos os homens e anjos, pois ela via tudo com olhar de fé: “Via o Filho na manjedoura de Belém e cria-o Criador do mundo. Via-o fugir de Herodes, sem, entretanto, deixar de crer que era Ele o verdadeiro Rei dos reis. Pobre e necessitado de alimento, ela O viu, mas reconheceu Seu domínio sobre o universo. Viu-O reclinado no feno e confessou-O onipotente. Observou que Ele não falava, mas Lhe venerou a infinita sabedoria. Ouviu-O chorar e O bendisse como as delícias do paraíso. Viu, finalmente, como morria vilipendiado na cruz, e, embora outros vacilassem, conservou-se firme, crendo sempre que ele era Deus”.
São João testemunha que a Mãe de Deus estava junto à cruz de Jesus no Calvário (cf. Jo 19,25). Embora todos vacilassem, ela permaneceu firme, na sua jamais abalada fé na divindade de seu Filho Jesus Cristo, e em tudo que Ele havia revelado, especialmente quanto à sua ressurreição. Em memória de seu ato de fé, no Ofício das Trevas tradicionalmente se conserva uma vela acesa. Por isso, São Leão atribuiu a Nossa Senhora a seguinte passagem do livro dos Provérbios: “A sua candeia não se apagará durante a noite” (31,18).
Santo Alberto Magno dizia que a Virgem Maria exercitou a fé por excelência. Enquanto até os discípulos vacilaram em dúvidas, ela permaneceu firme na fé. Por causa dessa grandiosa e inabalável fé, São Metódio atribuiu a ela o título de “Virgem da luz de todos os fiéis”. Por sua vez, São Cirilo de Alexandria a saudava como Rainha da fé.
A Virgem Maria e a vivência da fé
Santo Ildefonso nos exorta a imitar a Virgem Maria na fé, ou seja, a viver conforme a nossa fé, pois já dizia São Tiago: “Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2,26). Sendo assim, não podemos nos dizer cristãos pela fé e pelas palavras, e não ser cristãos pelas obras. Ou mudamos de nome ou de vida. Se cremos que há uma eternidade feliz à espera dos bons e uma infeliz para os maus, não podemos viver como se não crêssemos nessa doutrina.
São Luís Maria ensina que um dos efeitos da consagração a Virgem Maria é a participação da sua fé: “A Santíssima Virgem vos dará uma parte na fé, a maior que já houve na terra, maior que a de todos os patriarcas, profetas, apóstolos e todos os santos. Agora, reinando nos céus, ela já não tem esta fé, pois vê claramente todas as coisas em Deus, pela luz da glória. Com assentimento do Altíssimo, ela, entretanto, não a perdeu ao entrar na glória; guardou-a para seus fiéis servos e servas na Igreja militante”.
Imitemos a fé da Virgem Maria
Sendo assim, quanto mais ganhamos a benevolência desta Rainha e Mãe da fé, mais profunda será a nossa fé em toda a nossa conduta: “…uma fé pura, que vos levará à despreocupação por tudo que é sensível e extraordinário; uma fé viva e animada pela caridade que fará com que vossas ações sejam motivadas por puro amor; uma fé firme e inquebrantável como um rochedo, que vos manterá firme e contente no meio das tempestades e tormentas; uma fé ativa e penetrante que, semelhante a uma chave misteriosa, vos dará entrada em todos os mistérios de Jesus Cristo, nos novíssimos do homem e no coração do próprio Deus; fé corajosa que vos fará empreender sem hesitações, e realizar grandes coisas para Deus e a salvação das almas; fé, finalmente, que será vosso fanal luminoso, vossa via divina, vosso tesouro escondido da divina Sabedoria e vossa arma invencível, da qual vos servireis para aclarar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte, para abrasar os tíbios e os que necessitam do ouro candente da caridade, para dar vida aos que estão mortos pelo pecado, para tocar e comover, por vossas palavras doces e poderosas, os corações de mármore e derrubar os cedros do Líbano, e para, enfim, resistir ao demônio e a todos os inimigos da salvação”.
Assim, se quisermos alcançar a salvação, imitemos a fé da Virgem Maria, Rainha e Mãe da fé. Mas se quisermos progredir na vida espiritual, buscar a santidade, a consagração a Nossa Senhora, segundo o método de São Luís, é um caminho fácil, rápido, perfeito e seguro de chegar a Jesus Cristo. Por meio da consagração, cresceremos de fé em fé, pois não dependeremos somente de nossos esforços. Mas a Santíssima Virgem nos comunicará a sua fé e, consequentemente, produziremos bons frutos pela caridade. Nossa Senhora, Rainha e Mãe da fé, rogai por nós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário