Por trás de um copo com álcool há uma pessoa, uma história e, com certeza, um impulso que mobiliza o ato de levar esse copo até a boca e se deixar devanear por tal bebida. Mas que impulso é esse? Que necessidade é essa?
Freud escreve em ‘O Mal-estar na Civilização’: “Devemos a tais veículos não só a produção imediata de prazer, mas também um grau altamente desejado de independência do mundo externo, pois se sabe que, com o auxílio desse ‘amortecedor de preocupações’, é possível, em qualquer ocasião, afastar-se da pressão da realidade e encontrar um refúgio num mundo próprio, com melhores condições de sensibilidade. Sabe-se igualmente que é exatamente essa propriedade dos intoxicantes que determina o seu perigo e a sua capacidade de causar danos”.
Partindo disso, podemos encontrar alguns “para quês”, ou seja, alguns “motivos” para beber!
O álcool como fonte de prazer
Muitas pessoas têm no álcool uma fonte de prazer. É aí que eu me questiono: será que fui feito para o prazer de um gole ou para o efeito de uma dose? Se Deus me promete o prazer de uma eternidade, por que me contentar com efêmeros prazeres? Não! Minha alegria não pode estar contida em uma dose. Preciso ir além e não determinar a fonte de minha alegria em coisas que passam.
Outras pessoas bebem “para quê” possam ter independência do mundo externo, mas não dá para, nesta vida, querermos tal estado de apatia! Somos gente em relação, o mundo externo é onde nosso mundo interno se situa. Não adianta querer fugir. É preciso reagir, lutar, para que a força do nosso mundo interno mude o que está externo.
Para esquecer os problemas
Ainda há pessoas que, para amortecerem suas preocupações, encontram no álcool uma solução. Mas fica a mesma reflexão acima: por que amortecer aquilo que precisa ser enfrentado? Atos de coragem precisam ser tomados em doses de verdade e luta!
Há ainda pessoas que, para se afastarem da pressão da realidade e refugiar-se em um mundo paralelo, bebem todas doses possíveis! Porém, junto à ressaca do dia posterior surge a pressão do dia anterior e um mundo mais cruel ainda! Sobriedade para encarar pressão pode ser a saída mais certa nesses momentos.
Além dos “para quês” acima, fica ainda uma última reflexão: sabe-se que é exatamente essa propriedade dos intoxicantes que determina o seu perigo e a sua capacidade de causar danos. De fato, muitas doenças são ocasionadas pelo alcoolismo (ele já é uma doença em si).
Meu pai é vítima dessa realidade, pois até hoje sofre com fortes dores devido à pancreatite ocasionada pelo consumo excessivo de álcool. Além de males físicos, o exagero de álcool causa, em muitas famílias, situações traumáticas, abandono e negligência. Beber “para quê”?
Encerro essa reflexão querendo que você descubra o seu “para quê” beber. Mais que levantar uma bandeira de certo e errado, de pode e não pode, faz mal e faz bem (pois há no pensamento “moderno” uma necessidade de categorização absurda), quero levá-lo a uma reflexão profunda, pois por trás de um copo de álcool há uma história, uma vida! Mas que vida está sendo vivida?
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