Existem três aspectos a considerar quando falamos do consumo de drogas. Em primeiro lugar, temos as pessoas; depois, temos a droga e, finalmente, temos o ambiente. A interação entre os três fatores é que chamamos de problema das drogas.
Como cristãos, naturalmente, devemos dar prioridade sempre à pessoa. O ser humano é a parte mais importante do sistema e deve ser tratado com prioridade. A Igreja é especialista em humanidade.
As pessoas
Deus nos criou seres únicos, especiais e irrepetíveis. Dentre os mais de seis bilhões de habitantes do planeta Terra, não existem, nunca existiram e nem existirão dois iguais.
Nós recebemos dons especiais que nos tornam diferentes dos demais animais. São dons que nos identificam como seres humanos. Entre estes dons temos: a autoconsciência (poder atuar como observador de seu próprio caminho); a imaginação (capacidade de criar na mente imagens que transcendem a realidade); a moral (consciência profunda do que é certo ou errado; a livre escolha (capacidade de agir conforme nossa autoconsciência, livre de qualquer influência).
Mas há muito mais! Se tudo isso não bastasse, nós acreditamos que Deus nos deu talentos e nos assiste com a Sua graça para que saibamos usar desses dons especiais que nos tornam humanos. A nós, só é preciso vontade e disciplina para que nossa vida esteja sempre no rumo certo.
E como esquecer que Deus, através de seu filho, nos revelou o caminho, a verdade e a vida (João 14, 6), e que veio para que todas as pessoas tivessem vida em abundância? (João 10,10)
Tenhamos consciência dessas maravilhas que Deus nos fez, porque é exatamente sobre elas que agem as drogas, inclusive o álcool e o cigarro.
O usuário de drogas torna-se um dependente, isto é, precisa de uma bengala, de um arrimo para se manter. Em outras palavras, torna-se um imbecil.
O usuário de drogas perde a autoconsciência, a imaginação, a moral, a liberdade de escolha e o humor, ou seja, perde a sua racionalidade. Torna-se um animal.
As drogas
Quando falamos de drogas, estamos falando de substâncias ou produtos de origem natural ou de laboratório que produzem alterações da percepção, do humor e das sensações, ainda que temporariamente. São sensações de prazer, de euforia ou alívio do medo, da dor, das frustrações, das angústias. Algum tempo após o uso, causam sintomas muito desagradáveis. Com a constância do uso, causam dependência. Fica cada vez mais difícil ficar sem usar. O usuário torna-se um escravo da droga.
As drogas incluem: álcool, tabaco, inalantes, vários medicamentos (calmantes, estimulantes, moderadores de apetite) e tóxicos (maconha, cocaína, crack, heroína, ecstazy, lsd).
No Brasil, as drogas mais usadas são: o álcool, o cigarro, os inalantes, a maconha, os medicamentos, a cocaína e seus derivados: crack e merla.
O álcool é ainda a droga responsável por cerca de 75% dos acidentes de trânsito, 90% das internações hospitalares por dependência química e, apesar disso, continua tendo seu consumo aceito socialmente, apesar de existir leis que proíbem seu consumo por menores de idade e por condutores de veículos.
A grande maioria dos casos de violência doméstica e das mortes violentas são consequências do uso do álcool.
O uso do cigarro começa a ser restringido pelo governo e, aos poucos, pela sociedade. Já existem ambientes em que não se pode fumar, a publicidade do cigarro é limitada e o consumo começa a ser reduzido em termos nacionais. Entretanto, diversos ambientes ainda relutam em assumir campanhas contra o fumo.
Os solventes ou inalantes são usados mais intensamente pelos menores em condição de risco social, vivendo nas ruas, longe das famílias e são considerados as portas para as drogas ilícitas.
A maconha, cannabis sativa, vem sofrendo intensa campanha tentando convencer de sua reduzida toxidade e inclusive da liberação de seu consumo, comércio e produção. Em consequência disso, muitos adolescentes, jovens ou pessoas menos esclarecidas vêm experimentando seu consumo com a convicção de que não existe nada de mal. Isso tem causado grandes problemas sociais e de saúde pública.
Os medicamentos tranquilizantes, sedativos ou moderadores de apetite, são largamente utilizados especialmente pelos idosos, pelas mulheres, pelos caminhoneiros, em geral sem receita médica.
A cocaína e seus derivados, crack e merla, são as drogas cuja utilização é proibida e cujos estragos, em termos sociais e de saúde, são mais visíveis e desastrosos. Alguns casos registrados apresentam dependência após apenas algumas semanas de uso.
O ambiente
No mundo das drogas existe o produtor, o agente financeiro, o intermediário e o usuário. Em geral, nos detemos no usuário, às vezes no intermediário. O sistema de drogas é interligado com o do crime organizado, do tráfico de armas e da prostituição.
O sistema das drogas causa muito mais vítimas do que parece à primeira vista: assaltos, homicídios, violência, acidentes, doenças, prostituição, desemprego, desestruturação familiar.
Também somos responsáveis pelo problema das drogas. Não podemos fechar os olhos para o problema. O primeiro passo é a tomada de consciência. Depois podemos tomar atitudes pessoais e coletivas.
Existem as leis, mas elas são ignoradas não só pela justiça, pela polícia e pelo Governo, mas, principalmente, pelas famílias e pela sociedade como um todo. Basta ver o que acontece com o álcool, apesar de proibida a entrega, a venda e o consumo para menores de idade, nem em nossas casas nós fazemos tal restrição.
É preciso iniciar uma conscientização, como aconteceu com o fumo, para que se restrinja o consumo de álcool e assim se recupere a esperança de futuro para toda uma geração de adolescentes, nossos filhos, nosso futuro.
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