A Virgem Maria sempre esteve presente na vida da Igreja, mas, nos últimos
tempos, ela está ainda mais próxima de nós.
A devoção a Nossa Senhora Aparecida teve início em 1717,
quando dois pescadores encontraram a imagem em suas redes, em Guaratinguetá, no
rio Paraíba do Sul. Esta devoção foi muito importante pois o Brasil vivia uma
época de transformações. O domínio por parte dos portugueses e a escravidão eram
os maiores problemas enfrentados em nossas terras. Além disso, havia muita
pressão por parte do império sobre a Igreja, que se opunha ao modo como o país
era governado, principalmente em relação ao uso de escravos nos mais diversos
trabalhos. Nesse contexto, a imagem milagrosa da Virgem Maria despertou a fé
daquele povo sofrido.
Em 1760, os jesuítas foram retirados de seus trabalhos com os indígenas e,
posteriormente, são expulsos do Brasil, por influência do Marquês do Pombal. Em
1777, sessenta anos depois da imagem da Virgem de Aparecida ser encontrada, o
Marquês foi processado e condenado. Em 7 de setembro de 1822, depois de muitas
dificuldades, foi declarada a independência do Brasil de Portugal. Poucos anos
depois, em 1843, os jesuítas voltam para o Brasil. Cento e onze anos depois da
condenação de Pombal, em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinava a lei
Áurea, abolindo a escravatura.
Nesse tempo de grandes transformações na política e na religião do
Brasil, o povo brasileiro, especialmente os afro-descendentes, os índios, e os
mais pobres, sofriam com a miséria, a exploração e a perseguição religiosa.
Nesses tempos difíceis, foi a devoção a Nossa Senhora Aparecida, e também
outras devoções a Maria, que sustentaram a fé desse povo, mas também dos mais
ricos e poderosos. A própria princesa Isabel era muito devota da Virgem Maria.
A prova disso é que ela doou a Nossa Senhora Aparecida, em 1884, uma coroa de
ouro e um manto anil, bordado em ouro e pedrarias, que simbolizam sua realeza
da Mãe de Jesus.
Em 1712, na França, cinco anos antes da imagem de Nossa Senhora Aparecida ser
encontrada, São Luís Maria Grignion de Montfort terminava de escrever seu
“Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, num contexto de pobreza e
de perseguição religiosa. Esta devoção mariana sustentou a fé de muitas pessoas
naquela época e, principalmente mais tarde, durante a Revolução Francesa, na
qual os cristãos foram perseguidos e muitos morreram mártires. Esta também foi a
devoção mariana de Santo Antônio de Santana Galvão, primeiro santo brasileiro, e
de muitos dos cristãos católicos do Brasil, da França e de muitos outros
países. Graças à devoção mariana, muitos permaneceram fiéis a Cristo e à Igreja
numa época muito difícil da história da humanidade.
Duzentos anos depois do início dos milagres atribuídos a intercessão de
Nossa Senhora Aparecida, em 13 de maio de 1917 a Virgem Maria aparece a três
pastorezinhos em Fátima, Portugal. Num contexto de perseguição contra os
cristãos e na iminência da primeira guerra mundial, Nossa Senhora pede a eles
que propaguem a oração do Terço e incentivem o jejum e a penitência pelos
pecadores. A devoção mariana sustentou a fé daquele povo e também dos países
vizinhos, muitos deles devastados pela Primeira, e depois pela Segunda Guerra
Mundial.
Neste ano de 2012, quatro acontecimentos importantes parecem estar
intimamente unidos pela providência divina. O primeiro e o mais importante,
pois diz respeito a toda a Igreja, é o Ano da Fé, que se iniciou no dia 11 de
outubro, aniversário de 50 anos do Concílio Vaticano II e véspera da Solenidade
de Nossa Senhora Aparecida. O segundo, é a comemoração dos 300 anos do Tratado
da Verdadeira Devoção, de São Luís Maria. O terceiro fato é o início dos
preparativos para a comemoração dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora
Aparecida, com a novena da Padroeira de 3 a 12 de outubro. O quarto fato
importante são as aparições de Fátima, que completam 100 anos da primeira
aparição em 2017, no mesmo ano dos 300 anos da Padroeira do Brasil.
A história atesta que a Virgem Maria, desde os inícios do cristianismo,
foi aquela que sustentou e confirmou a fé dos discípulos de Jesus. Por isso,
neste Ano da Fé, somos chamados a nos entregar inteiramente a Jesus Cristo
pelas mãos de Nossa Senhora, como nos ensinou São Luís Maria. Ela nos ajudará a
permanecermos fiéis nesses tempos difíceis em que vivemos. Nesse sentido, a
grandiosa devoção popular de Aparecida parece se completar com a consagração
pelo Tratado e com a espiritualidade de Fátima. A devoção mariana no
Brasil, que o Papa Bento XVI disse, na V Conferência de Aparecida, precisar de
purificação, se completa com a entrega total a Jesus por Maria de São Luís
Maria e com o triunfo do Coração de Maria no coração dos cristãos, como nos
disse a Virgem em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.
Natalino Ueda - Com. Canção
Nova
http://blog.cancaonova.com/tododemaria/
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