Todos sabemos da importância de se rezar bem o Santo Terço, diariamente. Com ele meditamos, junto à nossa Mãe, Maria Santíssima (cf. Jo 19, 26), os mistérios da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo e as glórias que nos esperam, ao contemplarmos a Assunção e Coroação de Nossa Senhora no Céu (Ap 12, 1).
O Beato João Paulo II, papa, escreveu em 2002 a Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae”, da qual seleciono algumas recomendações:
1- A enunciação do mistério, com a possibilidade até de ter diante dos olhos um ícone que o represente, para abrir um cenário sobre o qual se concentra a atenção. As palavras orientam a imaginação e o espírito para aquele episódio ou momento concreto da vida de Cristo.
2- A escuta da Palavra de Deus, a fim de dar fundamentação bíblica e maior profundidade à meditação. É útil que a enunciação do mistério seja acompanhada pela proclamação de uma passagem bíblica alusiva, que, segundo as circunstâncias, pode ser mais ou menos longa. Assim acolhida, ela entra na metodologia de repetição do Rosário, sem provocar o enfado que derivaria duma simples evocação de informação já bem conhecida. Não, não se trata de trazer à memória uma informação, mas de deixar Deus "falar". Em ocasiões solenes e comunitárias, esta palavra pode ser devidamente ilustrada com um breve comentário.
3- O silêncio. A escuta e a meditação alimentam-se de silêncio. Por isso, após a enunciação do mistério e a proclamação da Palavra, é conveniente parar, durante um pequeno período de tempo, a fixar o olhar sobre o mistério meditado, antes de começar a oração vocal. Tal como na Liturgia se recomendam momentos de silêncio, assim também na recitação do Rosário é oportuno fazer uma pausa depois da escuta da Palavra de Deus enquanto o espírito se fixa no conteúdo do relativo mistério.
4- O "Pai nosso". Após a escuta da Palavra e a concentração no mistério, é natural que o espírito se eleve para o Pai. Em cada um dos seus mistérios, Jesus leva-nos sempre até ao Pai, para Quem Ele Se volta continuamente porque repousa no seu "seio" (cf. Jo 1,18). O "Pai nosso", colocado quase como alicerce da meditação cristológico-mariana que se desenrola através da repetição da Ave Maria, torna a meditação do mistério, mesmo quando é feita a sós, uma experiência eclesial.
5- As dez "Ave Marias". Este elemento é o mais encorpado do Rosário e também o que faz dele uma oração mariana por excelência. A primeira parte da Ave Maria, tirada das palavras dirigidas a Maria pelo Anjo Gabriel (cf. Lc 1, 28) e por Santa Isabel (cf. Lc 1, 42), é contemplação adoradora do mistério que se realiza na Virgem de Nazaré. Exprimem, por assim dizer, a admiração do céu e da terra, e deixam de certo modo transparecer o encanto do próprio Deus ao contemplar a sua obra-prima – a encarnação do Filho no ventre virginal de Maria. A repetição da Ave Maria no Rosário sintoniza-nos com este encanto de Deus: é júbilo, admiração, reconhecimento do maior milagre da história. É o cumprimento da profecia de Maria: "Desde agora, todas as gerações Me hão de chamar ditosa" (Lc 1, 48).
O centro da Ave Maria, é o nome de Jesus. Às vezes, na recitação precipitada, perde-se tal centro e, com ele, também a ligação ao mistério de Jesus que se está a contemplar. Ora, é precisamente pela acentuação dada ao nome de Jesus e ao seu mistério que se caracteriza a recitação expressiva e frutuosa do Rosário. É profissão de fé e, ao mesmo tempo, um auxílio para permanecer em meditação, permitindo dar vida à função assimiladora, contida na repetição da Ave Maria, relativamente ao mistério de Cristo. Repetir o nome de Jesus – o único nome do qual se pode esperar a salvação (cf. At 4, 12) – enlaçado com o da Mãe Santíssima constitui um caminho de assimilação que quer fazer-nos penetrar cada vez mais profundamente na vida de Cristo.
Desta relação muito especial de Maria com Cristo, que faz d'Ela a Mãe de Deus, deriva a força da súplica com que nos dirigimos a Ela depois na segunda parte da oração, confiando à sua materna intercessão a nossa vida e a hora da nossa morte.
6- O "Glória". A oração do “Glória” é a meta da contemplação cristã. De fato, Cristo é o caminho que nos conduz ao Pai no Espírito. Se percorrermos em profundidade este caminho, achamo-nos continuamente na presença do mistério das três Pessoas divinas para As louvar, adorar, agradecer. É importante que o Glória, apogeu da contemplação, seja posto em grande evidência no Rosário. Na recitação pública, poder-se-ia cantar para dar a devida ênfase a esta perspectiva estrutural e qualificadora de toda a oração cristã. Na medida em que a meditação do mistério tiver sido – de Ave Maria em Ave Maria – atenta, profunda, animada pelo amor de Cristo e por Maria, a glorificação trinitária de cada dezena, em vez de reduzir-se a uma rápida conclusão, adquirirá o seu justo tom contemplativo, quase elevando o espírito à altura do Paraíso e fazendo-nos reviver de certo modo a experiência do Tabor, antecipação da contemplação futura: "Que bom é estarmos aqui! " (Lc 9, 33).
7- Fundamentação Bíblica dos Mistérios:
Mistérios da Alegria (Gozosos) – recitado às segundas-feiras e aos sábados
1º Mistério: A anunciação do Anjo à Virgem Maria. (Lc 1, 28-38)
2º Mistério: A visita de Maria a Santa Isabel. (Lc 1, 39-45)
3º Mistério: O nascimento de Jesus em Belém. (Lc 2, 1-20)
4º Mistério: A apresentação de Jesus no Templo. (Lc 2, 21-40)
5º Mistério: A perda e encontro de Jesus no Templo. (Lc 2, 41-51)
Mistérios da Luz (Luminosos) – recitado às quintas-feiras
1º Mistério: O batismo de Jesus no Jordão. (Mt 3, 13-17)
2º Mistério: A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná. (Jo 2, 1-12)
3º Mistério: O anúncio do Reino e o convite à conversão. (Mc 1, 14-15)
4º Mistério: A transfiguração de Jesus no Tabor. (Lc 9, 28-36)
5º Mistério: A instituição da Eucaristia. (Lc 22, 14-20)
Mistérios da Dor (Dolorosos) – recitado às terças e sextas-feiras
1º Mistério: Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. (Mc 14, 32-36)
2º Mistério: Flagelação de Jesus, preso à coluna. (Jo 19, 1)
3º Mistério: Coroação de espinhos. (Jo 19, 2)
4º Mistério: Jesus carrega a cruz a caminho do Calvário. (Jo 19, 16-17)
5º Mistério: Jesus é crucificado e morre na cruz. (Lc 23, 44-46)
Mistérios da Glória (Gloriosos) – recitado às quartas-feiras e aos domingos
1º Mistério: A ressurreição de Jesus. (Mt 28, 1-6)
2º Mistério: A ascensão de Jesus ao céu. (At 1, 3-11)
3º Mistério: A descida do Espírito Santo. (At 2, 1-18)
4º Mistério: A assunção da Santíssima Virgem ao céu. (1 Cor 15,20-23.52-55).
5º Mistério: A coroação de Nossa Senhora, como Rainha do céu e da terra. (Ap 12, 1-5)
Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/
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