sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

260 Anos da Paróquia de Sant’Ana

Foi na metade do século XVIII que tudo começou, quando um colonizador português mandou edificar uma capela dedicada a sua santa de devoção, a Senhora Sant’Ana, após receber do Donatário de Itamaracá, Pero Vaz de Souza, uma sesmaria. O sentimento religioso impulsionou o rico fazendeiro a contratar um sacerdote para dar assistência religiosa aos poucos moradores do lugar.


Só em 1757, que a solicitação foi atendida pelo Regente Eclesiástico de Olinda, Dom Frei Luiz de Santa Tereza, sendo enviado ao lugarejo o Vigário José Inácio Teixeira, aos 24 dias do mês de novembro do mesmo ano, formando, por Ato da Mesa da Consciência e Ordens, a Freguesia ou Curato de Sant’Ana, bem como a Paróquia, que recebera o mesmo nome.

O Cura José Inácio Teixeira, encantou-se com a paisagem, classificando o local como majestoso, cercado por “árvores de ouro”, referindo-se às flores amarelas dos paus-d’arco (ipês), dando origem ao nome do futuro município com a seguinte frase: “Este sim é um bom jardim! Sítio que possui árvores de ouro, que os outros sítios não possuem. Será este lugar, de hoje por diante, chamado de Bom Jardim!”.

A partir desta conotação, a cidade de Bom Jardim começara a desenvolver-se em torno da Capela de Sant’Ana, construída à moda europeia, em cima de um monte, favorecendo o surgimento das primeiras casas da vila, organizadas em forma de quadrado, com uma população de quinhentos habitantes.

Pelos fins do XVIII, o lugarejo ficara conhecido em todo o Agreste de Pernambuco, uma vez que o local onde estava instalada a capela, próxima à fazenda do Sesmeiro do lugar, tornara-se o ponto de referência da mais bela e hospitaleira acrópole da Capitania de Pernambuco, que comercializava algodão entre os tropeiros do Sertão da Paraíba com os Mascates do Recife.

O desenvolvimento do povoado está ligado intrinsecamente com a fundação da capela, cuja religião católica fora responsável pelo processo de colonização da futura Instância, que crescia progressivamente em torno do templo religioso dedicado à Sant’Ana, que se tornou padroeira da comunidade.

Com a transição do século XVIII para o XIX, vários fatores levaram a solidificar a história local. Bom Jardim recebera os Foros de Distrito, no ano de 1800, estabelecendo sua autonomia como um povoado aguerrido em busca de sua distinção política, alcançada no ano de 1871, através da Carta Magna de Emancipação, outorgada pelo Governo do Império do Brasil.

Esse fator impulsionou, ainda mais, o desenvolvimento do município, atraindo a Companhia italiana da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, dirigida pelo Frei Cassiano de Comacchio, que, em 1874, juntamente com o Frei Caetano de Messina e a população local, deu início a ampliação da Igreja Matriz de Sant’Ana, então pequena para abrigar uma população que crescia consideravelmente.

A reforma da igreja veio a ser concluída no ano de 1876, trazendo uma construção imponente, em estilo toscano, fachada voltada para o poente medindo 44 metros de comprimento por 20 de largura, duas torres, telhado elevado, coro sobre a entrada, corredores e altares laterais; sem exceções a outros exemplos coloniais: nave única e capela-mor profunda.

Os adornos dos altares foram inspirados na concepção clássica italiana. Foram entalhados santos em madeira com detalhes (nas vestes) em ouro, com exceção das imagens dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, esculpidas em pedra sabão e tamanho natural, com o objetivo de ocupar os altares externos, ao lado da porta central da igreja. Além disso, grandiosas pinturas orgânicas, painéis e peças em mármore português compõem e embelezam aquilo que é considerado como um dos principais patrimônios do povo bonjardinense.

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