sábado, 30 de agosto de 2014

Podemos mudar os rumos da política

Enquanto vai se desenhando o cenário político partidário no horizonte das eleições 2014, os cristãos devem assumir o seu lugar próprio no enfrentamento deste desafio cidadão. Neste caminho, devem ser iluminados com os valores do Evangelho, que proporcionam uma leitura mais adequada da realidade complexa, contribuem para discernimentos e podem dar rumos novos às escolhas políticas. Há um momento primeiro que não pode ficar fora da pauta do cidadão que se orienta pela indissociável relação entre fé e vida. Trata-se de uma discussão ética, ampla e fundamentada, a respeito de candidaturas, programas de governo e representatividade.


Esse momento primeiro é indispensável durante a preparação para as eleições e a protege da influência de certa espetacularização, por vezes cômica, presente na apresentação de nomes, propostas e compromissos. A incidência da propaganda eleitoral não pode ser – por muitas vezes não ter a qualidade para tal – o meio determinante para juízos sobre nomes e propostas. É indispensável uma movimentação por parte de igrejas, escolas, associações de diferentes identidades, meios de comunicação e outros, para formatar uma linguagem capaz de contribuir com um avanço na qualidade do exercício político na cidadania brasileira. Nesta direção, é determinante a contribuição das redes sociais como portais da verdade. Aqui reside um sério desafio ético para não deixar que o deboche, a exposição caricata de pessoas e outros ruídos roubem a cena deste serviço importante.

A vivência e o testemunho da fé têm muito a contribuir para a transformação da vida, com incidências próprias no âmbito político e partidário. A complexidade do processo eleitoral exige empenhos educativos, abertura ao diálogo, debates éticos. Pede também o deixar-se impactar pela gravidade da escolha de nomes para composição de quadros que vão influenciar os rumos da história do país. A oportunidade é de uma participação qualificada de todos. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em interconexão com sua rede de regionais, paróquias e comunidades, instituições educacionais e de cuidado social, está em cena para contribuir com a qualidade da vivência deste momento decisivo para o país. Espera-se uma resposta comprometida de todos. O caminho oposto configura omissão e indiferença, contramão do que é exigência intrínseca da fé cristã, a defesa e a promoção da dignidade da pessoa humana.

Cada instância da sociedade, portanto, precisa assumir a tarefa de qualificar a política, consciente da importância de sua contribuição e da possibilidade de mudar rumos, nomes e configurações partidárias que não raramente debilitam a cidadania e se apropriam do que pertence ao bem comum.

Cada um é convidado a compreender a política, conforme ensina o Papa Francisco, como uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. As eleições 2014 nos dão a oportunidade de aperfeiçoar a democracia a partir de reflexões, reuniões, voto consciente contra a corrupção e a favor da honestidade, construindo a cultura da vida e da paz. Esta participação pode garantir à sociedade o seu direito de exercer democraticamente o poder político, melhorando a representação. Agora é hora privilegiada de grandes contribuições e de qualificado serviço à política.

Dom Walmor Oliveira - Canção Nova Formação / Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant'Ana - http://matrizdesantana.blogspot.com.br/

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