sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A fugacidade da vida

Jeferson Alves

Esse texto surgiu como que uma inspiração do Espírito Santo, queria escrever algo, porém estava sem nenhuma ideia sobre o quê escrever. Como gosto muito das músicas da Irmã Kelly Patrícia, certo dia escutando no meu celular a música “Meu canto de hoje” me encantei por sua letra, letra esta que descobri que é de uma poesia de Santa Teresinha.

Dias depois; me deparei com um livro chamado “Uma hora com os místicos do Carmelo”, comecei a folheá-lo e eis que encontrei o mesmo escrito da Santa das Rosas. O Senhor, então, colocou no meu coração escrever algo sobre as eleições, fazendo isso em sintonia com o trecho desse escrito e algumas citações.

A Santinha do Carmelo nos vai dizer: “Minha vida é um instante, uma hora passageira. Minha vida é um só dia, que escapa e que foge. Tu sabes, ó meu Deus, pra te amar na terra eu só tenho HOJE”

Passado todo esse período político, que diga-se de passagem é um período bastante turbulento, deveríamos não nos deixar levar pela euforia do momento, mas sim optar por um candidato verdadeiramente apto a ocupar aquele determinado cargo.

Aqueles que aspiram a algum cargo, muitas vezes como que por um “canto de sereia”, influenciam muitas pessoas, a influência é tamanha que o ser humano chega assim a colocar-se não apenas a sua pessoa, mais quem sabe até a sua própria família a disposição total de algum candidato e que a partir daí começa-se um roteiro: participação nos comícios, distribuição dos famosos “santinhos” nas ruas e casas, além de quem sabe, debaixo de chuva forte ou até mesmo de sol escaldante esforçar-se e fazer o impossível e até o impensável para tornar seu candidato conhecido e assim eleito.

Não reprovo tais atitudes, pois possuímos o direito a liberdade de expressão!!! Mas, o que quero lembrar, é que muitas vezes nós cristãos, e especialmente nós católicos nos colocamos a serviço de tantas coisas passageiras, e vamos vivendo uma vida voltada para esta terra, penso meus queridos, que estamos nos esquecendo que: “a nossa cidadania, porém, está lá no céu, de onde esperamos ansiosamente o Senhor Jesus Cristo como Salvador” (Fl 3,20), e que “mas, como diz a Escritura: “o que os nossos olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, foi isso que Deus preparou para aqueles o amam” 1° Cor 2, 9.

Será que estamos nos lembrando daquilo que o Senhor Jesus disse em tom de ordem: “Não ajuntem riquezas aqui na terra onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões assaltam e roubam. Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça, nem a ferrugem corroem e onde os ladrões não assaltam nem roubam. De fato, onde está o seu tesouro, aí estará também o seu coração” Mt 6, 19-21? Não estou aqui generalizando, mas quantos se colocaram a serviço da política neste ano, e quando chamamos alguma dessas pessoas para proclamar uma leitura na missa; por exemplo; ela diz que tem vergonha; se chamamos para um grupo de oração, a resposta é que não tem tempo; o dia o impede de ir ou talvez coloque a culpa no horário; aí surgem uma série de desculpas que as chamamos geralmente de “desculpas esfarrapadas”!

Se formos ver o quanto essa mesma pessoa se dedicou, se cansou, gastou sua saliva, seu tempo, seu corpo andando rua acima e rua abaixo para assim atrair e/ou ganhar votos, ficamos boquiabertos, e é de gerar em nós ao mesmo tempo uma surpresa e um espanto por tamanha disponibilidade para as coisas passageiras!

Eis duas perguntas que deveríamos nos fazer de forma individual e coletiva: “Será que estou (estamos) me (nos) empenhando com o mesmo ardor que tive(tivemos) nas eleições para anunciar o Evangelho?” e “Será que assim como me (nos) gastei (gastamos) - no sentido corporal - nas eleições estou (estamos) me (nos) gastando pela causa do Evangelho?”

Amados, parece que nossa visão ficou turva em relação a eternidade, a Carta a Diogneto diz que: “Os cristãos estão na carne, mas não vivem segundo a carne. Passam a sua vida na terra, mas são cidadãos do céu” (CIC 2796), e o nosso amado papa Bento XVI na sua encíclica Spe Salvi no número 10 completa dizendo: “[…] Aqui , porém surge a pergunta: queremos nós, realmente, isto: viver eternamente? Hoje, muitas pessoas rejeitam a fé, talvez simplesmente porque a vida eterna não lhes parece uma coisa desejável. Não querem de modo algum a vida eterna, mais a presente; antes a fé na vida eterna parece, para tal fim, um obstáculo. Continuar a viver eternamente – sem fim – parece mais uma condenação do que um dom […].”.

Recordemos que o Senhor Jesus só poderá ser amado e adorado por toda a humanidade, se começarmos a anunciá-lo primeiramente com a nossa vida e que temos apenas algo no tempo chamado HOJE para fazê-lo.

Para finalizar, recorro mais uma vez ao Santo Padre: “[…] A palavra “vida eterna” procura dar um nome a esta desconhecida realidade conhecida. Necessariamente é uma expressão insuficiente, que cria confusão. Com efeito, “eterno” suscita em nós a ideia do interminável, e isto nos amedronta; “vida”, faz-nos pensar na existência por nós conhecida, que amamos e não queremos perder, mas que, frequentemente, nos reserva mais canseiras que satisfações, de tal maneira que, se por um lado a desejamos, por outro não a queremos. A única possibilidade que temos é procurar sair, com o pensamento da temporalidade de que somos prisioneiros e, de alguma forma, conjeturar que a eternidade não seja uma sucessão de dias do calendário, mas algo parecido com o instante repleto de satisfação, em que a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade. Seria o instante de mergulhar no oceano do amor infinito, no qual o tempo – o antes e o depois – já não existe. Podemos somente procurar pensar que este instante é a vida em sentido pleno, um incessante mergulhar na vastidão do ser, ao mesmo tempo que ficamos simplesmente inundados pela alegria. Assim o exprime Jesus, no Evangelho de João: “Eu hei de ver-vos de novo; e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria” (16,22). Devemos olhar neste sentido, se quisermos entender o que visa a esperança cristã, o que esperamos da fé, do nosso estar em Cristo.” Ibid 12

*Jeferson Alves é Pré-Noviço da Sociedade Joseleitos de Cristo e reside atualmente na cidade de Nova Friburgo no Rio de Janeiro

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