quarta-feira, 25 de julho de 2012

Último dia do novenário em preparação para a grandiosa festa

   Sant’Ana foi escolhida e preparada para conceber a Mãe de Jesus. Essa concepção, ou conceição, nomenclatura própria da Teologia ao se referir a Nossa Senhora, deu-se num relacionamento conjugal normal. Porém, não foi apenas isto. Naquele momento, Deus agiu com seu poder. E o amor humano - meio necessário para se conceber com dignidade uma criança - foi engrandecido pelo amor do Espírito Santo, segundo o plano do Pai, nele operando a força redentora de Cristo, em previsão do Mistério Pascal que Ele iria abraçar, ao término de sua vida terrena.
   Assim esta criança, Maria de Nazaré, foi concebida sem a mancha do pecado original que pesa sobre toda a humanidade, tendo sido preservada pelos méritos do próprio Filho, que ela iria conceber no tempo de sua maturidade feminina. Não seria admissível que Jesus, nascendo o Santo dos santos, o vencedor do mal e da morte, tivesse Mãe sujeita ao pecado. Maria pertence à nossa raça, à humanidade pecadora, que traz consigo toda a avalanche do mal, desde suas origens. Mas o próprio Jesus impediu que sua Mãe estivesse submetida a esta avalanche do mal, para fazê-la sua colaboradora mais próxima e mais poderosa na redenção dos homens.
   Este milagre se deu através do concurso de Joaquim e de Ana, sem que eles o soubessem, evidentemente. Se algum dia isto lhes foi revelado, não temos conhecimento. O fato é que conceberam uma filha toda pura, abençoada por Deus, num matrimônio santo, como certamente eles viviam. E a mãe Sant’Ana transmitiu a essa filha o que ela tinha de melhor: o conhecimento dos profetas e a oração bíblica dos Salmos. Ensinou-lhe toda a história de Israel, e também lhe apresentou a perspectiva do futuro daquele povo, escolhido por Deus. O Magnificat não nasceu por acaso. Brotou em Maria, pelo conhecimento que ela tinha de personagens do passado. Uma outra Ana, que vivera séculos antes, a mãe do profeta Samuel, havia proclamado uma oração muito semelhante.
   Quando nos referimos a Sant’Ana, não podemos deixar de engrandecê-la como o tronco, de onde nasceu a flor que nos deu o fruto, Jesus. A árvore é a estirpe: são os avós de Jesus, Joaquim e Ana; a floração desse amor extraordinário, aperfeiçoado quase à potência incalculável, pela ação do Espírito Santo, nos deu Maria toda pura, e dela nasce o Cristo, o Santo de Deus.

Texto: Cardeal D. Eusébio Oscar Scheid   

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