
No entanto, o encontro pessoal com o Senhor não pode ser entendido como um fato
meramente histórico, aprisionado no passado. Precisamos urgentemente compreender
que esse encontro precisa se tornar uma espécie de seiva vivificante da nossa
caminhada: é daí que haurimos forças para enfrentar toda e qualquer tribulação e
não nos damos por vencidos frente à primeira queda ou dificuldade.
Jesus nos dá esta graça especialíssima, a qual recorremos, infelizmente, com tão
pouca frequência: vivenciar o encontro pessoal com Ele no nosso hoje, diante de
cada situação; não apenas como algo a se rememorar, mas fato concreto que
perdura em nossa história de salvação e ajuda a dar sentido à caminhada, ainda
que em meio a tantas adversidades.
Somente vive pela fé quem busca atualizar no dia a dia a experiência do encontro
pessoal com o Senhor, quem vive de modo perene esse deixar-se encontrar e
invadir pelo Amado. Por isso, podemos afirmar que aquele que vive pela fé, vive
a experiência constante do encontro com o Senhor.
“Embraçai o escudo da fé” (Ef 6, 10), exorta São Paulo. Esse escudo não apenas
nos protege do Maligno, mas também de nós mesmos. Apenas quando vivemos de modo
comprometido a realidade da fé conseguimos entender que não somos propriedade
nossa, mas de Alguém, cujo poder salvífico somos constituídos testemunhas.
Viver na fé, no encontro com o Senhor, é condição fundamental para conseguirmos
contemplar e discernir de modo correto a ação d’Ele em nossa vida, especialmente
quando ela foge do esquema por nós planejado. Caso contrário, corremos o sério
risco de viver sob o jugo de um legalismo maldito, no qual já não há mais espaço
para uma ação livre do Senhor, como alerta São Paulo: “Todos os que se apoiam
nas práticas legais estão sob um regime de maldição” (Gl 3, 10).
Viver na fé, no encontro com o Senhor é abraçar com convicção a verdade de que a
única lei bendita é a liberdade para amar e construir comunhão. “Todo o reino
dividido contra si mesmo será destruído. [...] Quem não está comigo, está contra
mim” (Lc 11, 17.23).
O Senhor deixou-se encontrar e revelou-se a nós para que vivêssemos esta grande
alegria: pela fé, viver, estar com Ele e resplandecer Sua presença no mundo.
Fonte: Leonardo Meira / Canção Nova
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